quarta-feira, janeiro 31, 2007

Sem net... que frustração!


Sniff…
Não é costume. É mesmo muito raro mas… acontece: Hoje acordei sem net.
Para mim a netcabo costume ser constante e ter poucas falhas (quando tem passam mais ou menos depressa) mas desta vez todo aquele período de tempinho que guardo para colaborar no blog, tive a net desligada. E agora não me dá para a participação que costumo fazer.
Paciência.
Agradeço a quem costuma passar por cá, mas hoje não há post matutinos.
Esperemos que a birra lhe passe durante o dia!

terça-feira, janeiro 30, 2007

Pudor e intimidade

A noção de pudor é humana e social. Os animais não sofrem disso e se uma pessoa vivesse isolada também não o devia sentir. Mas nós sentimos. Conforme a educação que tivemos, pode ser mais ou menos forte, assim como o nosso carácter pode acentuar ou atenuar essa sensação.
Nos últimos dias tenho pensado muito nisso e nos limites da nossa intimidade. Numa prolongada conversa que uma noite destas tive com uma amiga ela desabafou:
«Estou muito chocada, sabes? E afinal sem razão nenhuma, tudo se passa na minha cabeça. Lembras-te da Zé, a minha prima? Ela foi o primeiro bebé que eu tive ao colo. Tem uma diferençazinha de idade de mim, não muita mas o suficiente para quando nasceu eu a ver como um ‘bebé chorão’ – assistia ao banho, a mudar-lhe a fralda, a vestirem-na e tudo me maravilhava. Um ‘nenuco’ rechonchudo, cor-de-rosa, que se manipulava a rir e correspondia com sorrisos também. Agora está bastante doente e perdeu a sua autonomia. Está acamada, e tem de usar fralda. Estive no outro dia a ajudar a pessoa que lhe faz a higiene e portanto foi necessário despi-la para a lavar, mudar-lhe a fralda, limpá-la bem, pôr-lhe creme e uma fralda nova tal como em bebé. Mas aquela «exposição» da sua nudez e das suas pares mais íntimas causou-me um abalo!...Meti-me na pele dela, pessoa tão recatada, tão cuidadosa…Era a mesma pessoa mas olhamos para um bebé de um modo e para uma mulher adulta de outro, completamente diferente. Contudo tenho dúvidas. Será que isto são noções que tenho na minha cabeça…?»
Não sei se é apenas na cabeça dela que as coisas estão baralhadas, porque sinto o mesmo. O certo é que nos hospitais usam cortinas à volta das camas por causa dessa intimidade. E senti exactamente o mesmo que a minha amiga, uma vez que tive de ajudar na higiene da minha avó. O enorme respeito que tinha por ela não «encaixava» com a manipulação, mesmo que carinhosa, do seu corpo. Sentia que estava a ultrapassar os limites de intimidade, que é um direito que todos temos.
São sentimentos complicados, estes.

Que susto

Um amigo mandou-me um FW chamado «a coisa anda depressa» e não há a menor dúvida.
Até faz vertigens.

Os bois e o carro

Também se podia falar de cavalos ou qualquer animal que estivesse atrelado a uma carroça. É da sabedoria popular que para uma carro andar o animal que o puxa tem de ir à sua frente. Sei lá se empurrando com a cabeça (no caso dos bois têm muita força na cabeça, é sabido…) ele não se moveria um pouco, mas prático não era…
Mas muitas vezes temos esse estranho costume – queremos que a carroça ande e esquecemo-nos de quem a vai puxar.
A ideia de limitar a entrada de carros nas cidades não é disparatada. Tem algum sentido, assim como o tem, que os próprios habitantes das cidades se desloquem em transportes colectivos ( ou de bicicleta quando possível). Mas para que tal seja possível havia que criar primeiro mecanismos que permitissem guardar os carros à entrada das cidades e facilitar depois a deslocação dentro delas.
Ontem falou-se em
instituir «portagens» à entrada das cidades. Hoje a Associação dos Municípios vem dizer que não concorda e que não discutiu tal assunto. Não sei bem em que ficamos, que o assunto é importante, não haja dúvidas, mas comparar Lisboa com Londres e Estocolmo, parece uma brincadeira. Quem fez a proposta já deve ter andado nos transportes de Londres, mas duvido que utilize regularmente os da nossa capital!




(acrescento por proposta de um comentário)

Ainda a referendo

Ontem passou-se um «Prós e Contras» importante e desta vez como estava cansadíssima e não o consegui ver, não poderei dizer nada. A esta hora ainda não está nada escrito no Troll Urbano, mas acredito que a Isabel se refira ao programa, e outros blogs – como o «Sim ao Referendo» onde se encontram já muitos testemunhos de quem lá esteve.
Esse blog tem opiniões tão interessantes que apetecia linkar todas elas… Pelo menos dêem uma vista de olhos a
esta , ou também a esta , ou curiosamente esta: As sociedades podem mudar as leis mas devem sempre aplicá-las de um polémico ex-bastonário.
Mas não posso deixar de passar para o Pópulo a contribuição do Gato mais famoso:


E mainada!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Sapatos com GPS

Era de prever.
O «Sistema de Posicionamento Global» ou
gêpêésse como toda a gente lhe chama, vai-se divulgando.
Era para automóveis - e automóveis de luxo! - ao princípio. Ter um carro com gps era qualquer coisa! Era, e ainda é para muita gente, que eu cá não tenho isso. Mas agora já se vê anúncios onde carritos mais fundo-de-gama orgulhosamente anunciam que têm esse brinquedo. Até porque começaram a ser portáteis e mais facilmente «transportáveis».
Depois aparecem telemóveis com esse brinde. Uau! Isso é que é. Deixa de haver desculpa para a gente se perder. Nem é preciso perguntar o caminho a um transeunte, coisa que vexa algumas pessoas. Ná, agora olhamos para o telemóvel e ele diz-nos o caminho (alguns telemóveis, é certo…)
Mas agora, vem o último grito:
sapatos com GPS !!!!!
Lógico, não? Os sapatos é que nos levam. E como diz o fabricante "as pessoas podem esquecer-se do telefone em casa, mas nunca se esquecem de calçar os sapatos".
Bem pensado.

Continuamos na mesma

Parece uma conversa de surdos.
Dizem-se a «favor da vida» e afirmam que «A vida é bela, não podemos dar cabo dela». Ora isso é o que também pensam os seus opositores. Quem vai votar Sim no referendo, é a favor da Vida e não quer dar cabo dela.
Por outro lado há muitos que declaram que não querem ver mulheres presas pelo crime de aborto, que é exactamente o que dizem os defensores do Sim.
Então, afinal qual é a diferença?
Parece bem que existe um mal-entendido provocado. Porque quando vejo debaixo escrito debaixo desta foto


«Vários movimentos contra o aborto»

alguma coisa soa mal. Não há «movimentos a favor do aborto» que é uma situação terrível que ninguém deseja. O que se deseja é reconhecer que existe e encará-la de frente. Mas a conversa de surdos parece estar para continuar…

A realidade e a banda desenhada

Não sabia quem era o Sr. Paulo Casaca até o famoso episódio do vídeo. A verdade é que deputados e euro deputados a gente só conhece, de uma forma geral, o cabeça-de-lista ou os que se destacam por um motivo ou outro. Este destacou-se pela tal história de haver um vídeo onde o viam a dançar num «grupo terrorista». De qualquer modo por bom ou mau motivo, o senhor ficou conhecido e atraiu interesse para aquilo que diz.
Hoje escreve um artigo no DN onde procura esclarecer algumas coisas. Segundo ele os «Mujahedines do Povo» são exactamente o oposto de terrorista. Afirma que
vivem num campo localizado no meio do deserto, onde não entram armas e as únicas que existem estão à sua volta nas mãos das forças americanas
Acrescenta que «na mesquita local, sunitas iraquianos rezam lado a lado com xiitas iranianos ou iraquianos, nas salas de reunião, árabes, curdos e turcomanos, cristãos e muçulmanos, membros de infindáveis partidos, clérigos de todas as religiões e tendências discutem livremente, faz-se a cultura da tolerância e do diálogo».
Será assim? Ele chama-lhe «Os irredutíveis gauleses do Iraque» mas a verdade é que os primeiros «irredutíveis gauleses» faziam parte de uma banda desenhada…não era para levar a sério.

domingo, janeiro 28, 2007

O erro não estava na palavra…

Um senhor, que é ministro no Japão, disse:
«O número de mulheres entre os 15 e os 50 anos está fixo... Dado que o número de máquinas de fazer crianças... está fixo, tudo o que exigimos é que elas façam o seu melhor»
Bom, este foi o primeiro acto, esta cena como é de imaginar levantou alguma indignação e pateada. Portanto o senhor pensou melhor e emendou:
«Perdão por ter utilizado a palavra máquina»
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Cai o pano.
Porque deve ser impossível fazer entender aquela criatura, que não é a palavra que ele deve corrigir é o conceito. Uma criança é produto de duas pessoas – um homem e uma mulher. Quando se diz «o que exigimos é que elas façam o seu melhor» até parece que aquilo é produção individual e autónoma…
Aquele Japão!
Ainda há pouco vi um documentário sobre o ‘sindroma marido reformado’. Tal e qual! As pobres japonesas quando recebem o marido de volta a casa no estado de «reformado» passam-se completamente. Não os podem nem ver! E agora já entendo porquê, com a amostra de um senhor que por acaso até é Ministro…

Falar Escrever ao telemóvel…



Isto é que é dar ao dedo, heim..?!

Se dizem que 17 é uma média, deve querer significar que como há quem mande muito menos ( e eu conheço vários casos) é porque há também quem mande muito mais!
É uma epidemia, esta coisa dos recadinhos via telemóvel.
Pelo que o estudo nos conta, toda a gente manda. De todas as idades. Mas 50 % tem uma média «razoável»: dez mensagens por semana. Vá lá… nem chega a duas por dia. Onde a contagem dispara para valores impressionantes é entre gente mais novinha, dos 15 aos 24, que parece que enviam em média 120 sms por semana
E toda a gente pode confirmar isso, vemos jovens a dedilhar o telemóvel nos transportes, a passear na rua, nos restaurantes, nas lojas, e não tenho a menor dúvida que durante as aulas
Passado esse pico de entusiasmo, a coisa decai para níveis mais «normais» aí umas 50 por semana...
E ainda se diz que os jovens não apreciam a escrita. Depende, né?

Pobres teclas!

Títulos que chamam a atenção

Não é por nada, mas quando lemos que houve um fogo no Bairro do Cavaco ou que se prepara o julgamento do serial-killer em Santa Comba Dão as imagens de que nos lembramos não são exactamente as que correspondem à notícia, não é…?
Ele há coisas...

Uma cantiga



Quente e doce para uma manhã de chuva...

Manhã de Inverno


Hoje temos um dia de Inverno como-deve-ser.
Pelo menos no local onde estou. (é melhor dizer já isto porque, muitas vezes, num país tão pequeno como o nosso o tempo que faz num sítio não tem nada a ver com aquele que se sente mais adiante…)
Temos frio. Temos chuva. Temos cinzento.
Pela minha janela vejo tudo desfocado que não sei se será provocado por uma vaga neblina, ou pela chuva miudinha…
É bom ser domingo e não obrigar a sair de casa.
Sinto tanta preguiiiiça…. Acho que me vou aninhar de novo no sofá e continuar a minha leitura ouvindo um cd a tocar muito baixinho. Vou deixar a net para quando me apetecer.
Aaaaaah…!


sábado, janeiro 27, 2007

Em Lisboa

Cenas de Lisboa...
Ontem ao fim da tarde, descia a Av. Da Liberdade quando comecei a sentir um cheiro bem desagradável e inconfundível. Bolas! , pensei, o que raio fui pisar!? (escuso de bater na tecla de que as ruas da nossa capital não são o modelo do asseio que desejaríamos). Levantei a perna direita para inspeccionar a sola do sapato, estava limpa. Devia ser o esquerdo. Lá levantei o esquerdo, olho com atenção, mas ... nada! Que raio...?! Encosto-me a uma parede para poder levantar melhor cada pé e retomo a inspecção com mais atenção. Nada! Desisto, depois de por precaução ter ainda esfregado as solas no chão.
Uns metros a seguir encontro um casal a proceder à mesma operação: ele segurava-a a ela para verem as solas e depois era ela que o apoiava para o mesmo exame. Estranhei. Ando mais uns minutos e encontro um rapaz na mesma ginástica. Aí já me comecei a rir...! Im-po-ssí-vel! Uma coisa era uma coincidência, outra aquela epidemia.
Começo a olhar então de um modo mais abrangente, e reparo que ao longo do passeio corre um canteiro de flores com um ar de ter sido remexido muito recentemente.
Bingo! Ninguém tinha pisado nenhuma porcaria, era simplesmente o ‘perfume’ do estrume que nos entrava pelos nariz acima de um modo enganador.
Citadinos, é o que nós somos. Acredito que numa aldeia se identificasse logo à primeira o que é que se estava a cheirar. Mas nós...

Palavras

Estão a decorrer as discussões sobre regimes de carreiras, vínculos e remunerações na Função Pública. Já se sabe e já se prevê o pior do pior para quem trabalha na administração pública. Contudo o modo como as notícias são dadas, tem muito que se lhe diga…
Quando se lê
«Só os bons serão premiados» isto parece o supra sumo da justiça. Até tem um certo tom bíblico, não é? Os maus são castigados, os bons são premiados.
Mas seria interessante ver a proposta à lupa. Porque o «prémio» não é exactamente um prémio. Eu, nos últimos tempos, não tenho andado tão informada e pode ser que alguma coisa me escape. Mas o que se passava é que os trabalhadores eram avaliados pelo seu desempenho, coisa normal e justa, é claro. E só quem tinha uma boa avaliação é que teria hipóteses de concorrer a uma promoção, o que também parece justo. O que já não o será tanto é que existia uma espécie de quotas: cada serviço só podia ter X trabalhadores Bons e Y Muito Bons. Mai nada! Isso porque o ser «Muito Bom» abria a porta à tal possibilidade de promoção e …não podia ser! Ora para além de fomentar uma grande competição entre colegas (o que podia não ser mau) acontecia que muitas vezes, pelo contrário desmotivava, porque se pensava que havendo um colega já na linha para o «muito bom» o esforço era inútil. Para além de que essas «quotas» eram discutíveis – um serviço sereno onde o trabalho não fosse stressante, pelo número de trabalhadores poderia ter as mesmas candidaturas a Muito Bom que outro com um número semelhante de trabalhadores mas cujo trabalho fosse de os deixar arrasados.
Enfim, anda a cozinhar-se qualquer coisa que não sei o que é e me palpita que seja a fórmula mágica de conseguir fazer omoletas sem ovos.

A importância da cor da pele

A história veio nos jornais já há alguns dias. Eu li-a e passei adiante apesar de me ter ficado a incomodar. E digo que «passei adiante» não porque não me tivesse escandalizado logo, mas exactamente por sentir que, infelizmente, era uma ‘banalidade’. Porque se passou nos EUA mas, noutros moldes, podia passar-se em muitos outros locais com muitas pessoas que dizem com a maior sinceridade «Eu não sou racista, mas...» e naturalmente que a seguir ao ‘mas’ vem qualquer história a provar o contrário.
Este caso passa-se com um homem de cerca de 40 anos, nascido em Portugal mas que vivia nos EUA desde os 6. Pelo seu comportamento não indicava que se pudesse suspeitar de que tivesse intuitos terroristas mas foi retirado de surpresa de um avião e interrogado durante horas. Curiosamente, durante o interrogatório «um dos polícias perguntou-lhe quatro vezes qual era a sua nacionalidade» e não aceitando a resposta de que era cidadão dos Estados Unidos, insistia
"Qual é a tua raça?" E aqui é que está o busílis. Mesmo sem bola de cristal, posso imaginar que esse homem de ascendência portuguesa fosse moreno. Talvez até muito moreno. E o mito da raça ariana afinal não é apanágio nazi. Então depois dos ataques do Bin Laden e companhia, pele mais escura é sinónimo de candidato a terrorista. Mesmo que, como no caso aqui falado, os causadores da questão fossem israelitas. Isso era outro ponto, mas o homem sentado na mesma fila, se era moreno devia ser terrorista. E, o que motivou depois o pedido (concedido pelo tribunal) de indemnização, é que o sujeito nem pode viajar na mesma companhia.
Sendo de «raça duvidosa», pelo sim pelo não o melhor é ir noutra companhia...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Somos muitos

A aproximação do referendo teve uma boa consequência: passamos a conhecer-nos melhor na blogosfera. De link em link, vamos encontrando muita gente que partilha a mesma estrada, e isso sabe muito bem.
Hoje fui encontra um blog que não conhecia (são tantos…) chamado
Estados Gerais . Um bom blog tanto quanto deu para apreciar, mas que no momento me interessou mais pela sua posição em relação ao referendo. Um post lá deixado Declaração de voto é, para mim, particularmente lúcido. Diz:
«O referendo de 11 de Fevereiro de 2007 será sobre uma alteração no código penal. Trata-se portanto de uma questão exclusivamente legislativa e política.
Não se trata de determinar o início da vida, nem de retirar a governos futuros a prerrogativa de decidir que actos médicos serão pagos pelo SNS
».
Este é um ponto importantíssimo e que repõe as coisas nos seus lugares.
Aliás afirma mais adiante - «A maternidade é um direito mas não um dever» coisa que também parece esquecida.
E ainda:
«A vida não começa com a fecundação: transmite-se. Um espermatozóide e um óvulo separados são ambos células vivas. Um espermatozóide que fecunda um óvulo origina um ou mais seres humanos individuais, que terão a mesma informação genética (é o caso dos gémeos univitelinos). A fecundação dura uma vintena de horas e a nidação (implantação no útero) demora seis a oito dias. Considero importante, pessoalmente, que o crescimento se acelere pela 12ª semana, mas parece-me mais relevante que só pela 24ª semana a taxa de sobrevivência do prematuro (viabilidade) se aproxime dos 50%, e que nesse momento já haja indícios de controlo do próprio corpo pelo feto (e portanto actividade cerebral consequente).
Mas as duas únicas fronteiras biologicamente claras, ao longo das quarenta semanas da gravidez, são mesmo a fecundação e o nascimento: a origem de um indivíduo e a sua separação física da progenitora.
.....
Entre as fronteiras biológicas parece-me razoável intercalar o momento em que há viabilidade e actividade cerebral - porque a partir daí temos um ser capaz de sentir dor e de que a sociedade teoricamente poderia ocupar-se
»
Mas chega de citações! Vão mas é lá ao blog e leiam tudo na fonte, vale a pena!


Em todo o pano cai a nódoa

Isto é que é cá um desconto!





Na Fnac, heim...?

A borboleta e a tempestade

Marcelo Viana, Prémio Universidade Coimbra 2007.
Para quem anda longe da esfera da ciência, se calhar o nome não nos diz quase nada.
Mas por outro lado se falarmos na história/fábula da borboleta que bate as asas na China e provoca uma tempestade na Europa já sabemos do que se fala…
A noção é conhecida e é de que
"pequenas perturbações nas causas podem provocar diferenças enormes nas consequências" - todos temos, em maior ou menor grau, essa sensação. Assusta um pouco porque nos responsabiliza muito.
Até por vezes exageramos, ou... será que não ?...



Jovens problemáticos

O velho conceito, do século passado, de «Casa de correcção» desapareceu. Desapareceu o racional que sustentava essa noção mas não desaparecerem e em certa medida até se agravaram as condições que favoreciam o aparecimento de crianças e jovens a quem essa solução era dedicada. Quando há cem anos se enviava um adolescente para «uma casa de correcção» era porque o seu comportamento era tão desviado socialmente que a estrutura familiar não conseguia integrá-lo e educá-lo dentro dos padrões desejados.
Acontece que hoje não desapareceram esses casos mas tudo se complicou, não apenas com o aumento da população, mas com a salada russa que foi o misturar-se no mesmo espaço, crianças e jovens sem família (os que nesses tempos remotos iriam para o que se chamaria «asilo») que estão carentes de tudo, vivendo situações muito traumáticas e esses outros pequenos delinquentes, os tais candidatos às antigas «casas de correcção».
Não se conseguiu fazer melhor. Mas salta aos olhos que a solução é péssima! E sobretudo quando o Estado se demite da sua função como apoio destas difíceis situações e delega noutras organizações, IPSS na sua maioria, a resposta que se dá.
Vieram para as páginas dos jornais sucessivamente dois casos de contornos semelhantes: O da Oficina S. José, no Porto, e
Casa do Sagrado Coração de Jesus em Évora. Os miúdos que lá estão queixam-se de ser maltratados, alguns técnicos (curiosamente, entretendo despedidos) confirmam, e o assunto salta para a ribalta. De comum nestes casos há também o facto de serem geridos por religiosos.
A resposta correcta a crianças muito problemáticas implica uma grande preparação e formação. Não é nada fácil. Que a Igreja tenha uma longa experiência no campo do ensino é um facto sabido. Ao longo dos tempos os Colégios geridos por religiosos tiveram fama. Só que aqui trata-se de uma outra área difícil e delicada, que não tem a ver com a pedagogia mas sim com técnicas específicas de psicologia e até psiquiatria. E o velho conceito de «correcção» como era há 100 anos está ultrapassado. Está na altura – e já vai tarde, na minha opinião – de o
IRS reformular a sua política. Tem de tomar nas suas mãos as rédeas destes processos ou vamos muito mal!

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Afinal «o crime não compensa»?

De certo que não podemos pensar que vem aí a grande barrela, muito pelo contrário. Os sinais que temos infelizmente não vão nesse sentido, mas às vezes os deuses deixam de proteger sempre os mesmos, e abrem uma brechazinha…
Ora cá está uma prova da 'distracção' na protecção dos deuses:
A União Europeia encontrou prova de
entendimentos ilegais entre empresas em detrimento de uma concorrência sã no Mercado Interno , aquilo a que o calão do meio chama «cartel». Coisa feia. E foram APENAS estas - Alstom, Areva, Fuji, Hitachi, Japan AE Power Systems, Mitsubishi Electric, Schneider, Siemens-Alemanha, Siemens-Áustria e Toshiba - dez «pequenas» empresas, que durante 16 anos se aliaram de modo a controlar os preços que chegavam ao consumidor.
Gostava de ter visto estas inspecções às acções deste cartel. Pelo que se conta «as incursões dos inspectores comunitários às instalações das empresas prevaricadoras foram movimentadas, tendo certos quadros das mesmas protagonizado acções tão espectaculares quanto caricatas, como deitar pela janela disquetes e dispositivos USB
Dava uma série de TV gira, CSI-Bruxelas, ou coisa assim.

As «várias» faces da Igreja

Já se sabia, e era normal que assim fosse. A Igreja é uma força muito grande, formada por pessoas que, embora com dever de obediência às grandes regras, têm personalidades diferentes. E portanto era de esperar que surgissem com facetas diferentes como sempre o foi – uma mais rígida, intransigente, e agressiva, e outra mais aberta, flexível, e suave. Já vimos como o «famoso cónego» reagiu à aproximação do referendo do dia 11. Agora temos a outra faceta, o Bispo de Viseu que vem dizer «que votaria "sim" no referendo de 11 de Fevereiro caso a questão posta a votação falasse exclusivamente na "despenalização da mulher" e não em três questões que considera "independentes entre si".»
Vamos lá ver. A pergunta é: «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?» Parece assim que o senhor bispo concorda com a pergunta até à vírgula mas não concorda que seja «até às 10 semanas», e que seja «num estabelecimento de saúde legalmente autorizado» ou «por opção da mulher»?
Então...?
Se fosse por opção de outra pessoa, concordava?
Se não fosse nas primeiras 10 semanas, concordava?
Se fosse num local não legalmente autorizado, concordava?
Há aqui qualquer coisa que não bate muito certo. Mas enfim, vamos registar que o senhor bispo concordaria com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez em determinadas condições, o que é um passinho. Passinho pequenino, mas um passinho.

Universidade de Aveiro na berlinda

Mais uma.
Esta Universidade ‘colecciona’ boas notícias para os seus membros. Já não é de hoje nem de ontem que temos ouvido falar da importância do seu ensino. E como se vê quem semeia, colhe.
Chovem, para membros deste foco de ensino e investigação, boas notícias de reconhecimento no estrangeiro dos seus bons resultados.
Desta vez um seu investigador recebeu o título de «Fellow Member», distinção importante, concedida pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers . Explicam para quem não sabe que esse título é «uma das mais prestigiadas honras desta instituição, sendo atribuída por convite do Conselho de Directores a um número restrito de Membros Seniores que tenham contribuído com grande relevo para as tecnologias e ciências eléctricas e de informação em benefício da humanidade e da profissão».
Parabéns José Carlos Pedro.
Parabéns Aveiro.

Confusão

Não é a primeira nem a segunda vez que leio quando se fala no tal caso da Sertã, o pai "adoptivo" referido como «o sargento». Ontem vi mesmo num enorme cabeçalho de jornal «O pai biológico vai negociar com o sargento»
Vamos ver se nos entendemos.
Ou estamos a falar de pessoas referindo a sua actividade profissional e nesse caso a frase teria de ser «o assentador de tectos falsos vai negociar com o sargento» o que fazia a sua concordância ou então frase só poderia ser «o pai biológico vai negociar com o pai adoptivo» (ou candidato-a-pai-adoptivo se acharem que é melhor)

Mas decidam-se que assim nem é português nem é nada.
Serei coca-bichinhos, mas estas coisas enervam-me. Os homens têm nome, ou não é?

Será que se consegue salvar a Arrábida?

As notícias são boas.

«O Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada decidiu suspender a queima de resíduos perigosos (co-incineração) na Arrábida até a realização da avaliação de impacte ambiental»
Não estou nada preocupada se é mau ou bom para a imagem do governo.
Acredito que é bom para a Arrábida.
Acredito que aquele projecto era um erro grave.
Acredito que um parque natural como aquele, nem nunca devia ter tido a famigerada cimenteira quanto mais este pesadelo da queima de resíduos.
Talvez…
Talvez se veja agora alguma luz.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

«Achado não é roubado»

O velho ditado diz isso: «Achado não é roubado» :D
E que grande achado!!! Pelos vistos uma espécie de tesouro de piratas dos tempos modernos:
Dezenas de motas BMW, a estrear, diversas peças de automóveis e automóveis inteiros, ferramentas, caixas de perfumes e pipas de vinho
Uau!!!!
Imagino a corrida àquela praia onde o mar vinha depositar tais tesouros…
E também imagino a companhia de seguros a arrepelar os cabelos.
Mas afinal se tivesse ido tudo para o fundo do mar, tinham de pagar a indemnização à mesma não era…? Aquilo foi uma generosidade de Neptuno.

Nim?

Estou confusa.
Li:

"Aqui todos estamos de acordo com a despenalização."

"É claro que não quero mulheres nos tribunais e a legislação deve ser alterada."

"Não queremos ver as mulheres objecto de devassas públicas nos tribunais"


E pensei que estava entre pessoas que desejavam modificar a lei que leva as mulheres a tribunal. Olhem!!???!!! Afinal eram posições de figura de proa do movimento que deseja continuar com essa mesma lei.
Dá para entender?
Entre eles muitos juristas que acham que as leis não são para cumprir?
Não devo estar a ver bem a coisa, não...!

Uns «santinhos», é claro…

Quando foi o tempo dos debates a que se assistiu na TV, para mim foi o desmoronar da imagem do candidato à época, e actual presidente da CML. Eu, tão influenciável como qualquer pessoa ingénua, tinha até à altura engolido o isco e o anzol, de que aquele senhor com um apelido de más recordações, era apenas um técnico, ‘independente’ partidário apesar de na esfera do PSD, e marcaria uma grande diferença da gestão de Santana Lopes. Como não era aquela vereação que eu queria, estava de pé atrás e determinada a votar de outro modo, mas à partida a figura que a chefiava parecia-me simpática.
Tudo veio abaixo quando foram os debates. Em nenhum deles gostei da postura de Carmona. Oscilou entre o sonso, o arrogante, o trocista, a enguia escorregadia... Pensei então que a sorte dele tinha sido o tiro no pé do PS ao aceitar o Carrilho para candidato. E foi nessa altura que o modo como ele respondeu fugiu a responder às questões sobre as negociatas do urbanismo que Sá Fernandes insistia em lhe colocar, me deixou de pulga atrás da orelha.
Nesse tempo ouvi quem me dissesse que Sá Fernandes deveria ter sido mais insistente. Eu não via como era possível. Uma acusação sem mostrar provas (e nunca poderiam ser dadas ali em público e em directo) podia até reverter-se contra o acusador, acusado de calúnia. O que havia era forçar a polícia a desenvolver o seu trabalho até ao fim.
Foi isso que Sá Fernandes fez, vereador a tempo inteiro e apaixonadamente devotado à sua causa,
e cá vêm os resultados! Havia fogo por detrás daquele fumo!
«Participação económica em negócio, tráfico de influências e corrupção são os crimes de que as autoridades policiais suspeitam» diz a notícia. Há muitos negócios pouco claros que se fazem na nossa Câmara mais importante.
Será que agora vamos saber porque é que ficámos sem a nossa Feira Popular?

terça-feira, janeiro 23, 2007

Tentáculos

Quando a Isabel usou a imagem de um polvo para falar da corrupção manifesta, que vai vindo a lume numa das nossas mais importantes autarquias, houve quem brincasse - isso ofendia o bichinho que muitos gostam de comer com arroz malandrinho. Claro que ela se referia à excelente série que agora estamos a rever na RTP-Memória, onde podemos seguir os movimentos da máfia. Porque a máfia pode ter muitas formas…
Assim como a corrupção.
Eu não faço finca-pé na imagem do Polvo apesar de a achar bastante boa, mas aceito que me sugiram um predador com muitos braços, que possa deitar tinta para se esconder, e ataque onde menos se espera. Que a aliança do muito dinheiro com a corrupção não me parece discutível, acontece por todo o lado.
Um caso «interessante» é este do
Casino de Lisboa
Sabemos que os Casinos são fábricas de dinheiro. Não exactamente para quem lá vai jogar… Bem, parece que ao abrir-se um Casino em Lisboa muitas influências se movimentaram para modificar várias leis, tais como as que regulamentavam as máquinas de jogo. Onde é que entra aqui o CDS? « Um processo transparente» diz Telmo Correia. OK, ainda bem porque a tranparência é muito bonito.
É o diabo, é aquela coisa das coincidências das datas… Que arrelia!


(esta chama-se «medusa» e é bastante transparente...)

Brrrrrrrr!!!!



Ná. ná, não é cá!
Mas lá que está um taró daqueles isso sim!
Não dá é para estas obras de arte:




Lindo, não é?...

SE

Quando se for votar no dia 11 seria bom que as pessoas tivessem claro na cabeça o que estão a votar. Com tantos apelos sentimentais, muitas vezes esquecemo-nos que neste assunto se juntam, como disse Maria de Belém, questões sociais, de saúde pública e jurídicas Sendo ainda e sobretudo, como nem todos estranhamente reconhecem, uma questão também do foro íntimo. Tão íntimo e pessoal que, independentemente da questão do risco da penalização, muitas mulheres não falam dos seus casos por pudor, por sentir que se está a tocar em algo de muito profundo e íntimo apesar de se reconhecerem quando ouvem as palavras de outras mais afoitas que são capazes de abrir o coração.
E acho sempre curioso como nestas alturas, aparece o argumento de que a prática do aborto não devia existir SE as coisas fossem de outro modo. Porque no período anterior a uma votação destas – e isso já aconteceu da outra vez – aparecem prometidas uma série de medidas que … ficaram nas promessas!
Já se sabe que deveria haver melhor informação, mas não há. Já se sabe que as consultas de planeamento familiar deveriam ser muito incentivadas, mas não são. Já se sabe que devia existir um bom apoio à grávida, mas não existe. Já se sabe que devia haver uma boa política de apoio à família, mas não há. Já se sabe que as respostas sociais para cuidar convenientemente de uma criança até entrar na escola deviam ter sido implementadas, mas não foram. Já se sabe que devia haver pediatras nos Centros de Saúde, mas não há.
É claro que SE tudo isto funcionasse muito bem, talvez nem se pusesse esta questão que vamos votar no dia 11. Só que esta utopia estranhamente funciona apenas antes de uma votação destas, depois evapora-se rapidamente.
Foi
aqui também lembrado essa questão tão simples: com o SNS que temos, uma grávida é seguida na sua consulta de gravidez, sem custos, mas todos os exames necessários ao bom acompanhamento do caso saem da sua bolsa… Claro que quem for claramente carenciado pode ter o estatuto de isento, mas quem tenha «a sorte» de ter um emprego começa logo a pagar durante esses 9 meses e … nunca mais pára.
Pois é, amigos, SE...!

segunda-feira, janeiro 22, 2007

O factor S

Já em tempos, a respeito de um excelente filme «A Melhor Juventude», falei aqui de um médico que ao ser classificado pelo seu professor, teve a sua nota de curso melhorada, por possuir aquilo que o sábio professor classificou de factor S = Simpatia. Dizia esse professor que para exercer medicina, tanto ou mais do que os conhecimentos, importava sentir simpatia pelo doente.
Lembro-me muitas vezes disso, pela frequência com que acontece a ausência ou presença de esse factor, que não custa dinheiro nem se ensina: sente-se.
A saga da minha prima continuou. Mais uma vez voltou a uma urgência de hospital. Operada a uma fractura do colo do fémur há 15 dias, teve alta e em casa foi seguindo as orientações do médico – fisioterapia 3 vezes por semana. Hoje queixou-se da perna, inchadíssima, e a enfermeira que a visita foi de opinião que devia ir já ao hospital onde foi confirmada uma trombo-flebite.
Escuso de contar que mais uma vez teve de passar pela urgência com o seu rastreio, de esperar horas, da dificuldade do atendimento porque isso, já todos nós sabemos, faz parte da história. O que queria contar foi que o médico importante que finalmente a atendeu, num tom agressivo, frio e desagradável a acusa: «Pois! A senhora não se mexe, e agora está neste estado!» A doente, pessoa muito tímida, nem dizia palavra, mas a irmã que a acompanhava explicou que ela tinha seguido a orientação do hospital, fisioterapia 3 vezes por semana. Novo surto de irritação do médico «Isso não é nada! Ela devia era sair da cama. Há senhoras de 80 anos que vão para casa, se sentam sozinhas e começam a andar! A sua irmã tem 50, devia fazer isso e muito mais» Lá se recordou ao senhor, que apesar dos 50 tinha um ‘parkinson’ grave pelo que a mobilidade estava reduzida. Ele encolhe os ombros «Não tem nada a ver! Não se mexe porque não quer» e ao explicar-se que havia momentos em que nem conseguia levantar a cabeça da almofada, ouviu a resposta «Ela anda com as pernas não é com a cabeça»
Conclusão óbvia: a culpa de estar doente é do próprio doente, e deveria até ser castigada. Temos a sensação de que se pudesse era o que fazia.
Esta criatura tinha um forte factor A (antipatia) Se tivesse sido aluno do outro chumbava decerto.
Que pena não ter sido...

Telemóvel - o vício

Ehehehe! Ainda vamos ver por aí «clínicas de desintoxicação de telelé»!
Como muita coisa, o aviso vem da América:
Há um número cada vez maior de pessoas que entram em ansiedade se desligam o telemóvel ou a Internet mesmo que seja por uma hora e meia…
Um aparelho que foi concebido para facilitar a nossa vida (e assim é quando usado apenas como uma máquina a que podemos recorrer) torna-se um vício de que ficamos dependentes! Dizem-nos que "não se trata de quanto tempo passamos a falar ao telemóvel, o que é igualmente um problema, mas da necessidade de estar conectado para saber o que se passa e permanecer disponíveis".
Detestaria saber que me consideram permanentemente disponível!!! Livra!
Bom, a boa notícia é que se está a começar a estudar este vício. A má é que como é diferente do vício do álcool ou do tabaco, as premissas são diferentes, e o estudo vai ser mais demorado…


Apoios (?) à Família

Quem conheça um pouco da «nossa história» em questões de apoios à família sabe que nunca foi famosa. Uma profunda contradição entre o desejo expresso oficialmente de que a natalidade em Portugal aumente e a prática que mostra que para isso acontecer seria necessário um apoio ao agregado familiar que de modo nenhum existe. Com a justificação da famosa crise que dura há anos e cada vez está pior, o Estado tem andado a descartar-se de tudo o que pode custar-lhe dinheiro mesmo que sobretudo quando se trate de um «investimento a longo prazo» como é o caso das políticas sociais.
No caso da Infância os casos são gritantes e só não sabe quem anda afastado dos problemas. Os meses de licença que a mulher trabalhadora tem por parto aumentaram um pouco, é certo. Agora podem ser 4 meses, e o pai pode também ter uma licença para ficar ao pé do seu bebé. Contudo, estes 4 meses como sabemos é ainda muito pouco e a o certo é que a partir daí o casal terá de deixar o seu bebé num sítio seguro para ir trabalhar. E é aí que começa o drama!
Cada vez mais vão desaparecendo os pouquíssimos serviços oficiais que dão resposta a essa necessidade com uma verba que corresponde àquilo que os pais podem despender. A nossa Segurança Social tem passado, de um modo que começou lento mas tem vindo a acelerar rapidamente, essa responsabilidade para outras mãos. Afirmam (será que o acreditam?) que fica tudo na mesma e as crianças são igualmente bem tratadas numa instituição privada, o custo é identico e os pais não têm que se preocupar.
Obviamente que qualquer coisa não está certo. Se essas instituições pretendem ter lucro, não podem funcionar nos moldes de um serviço público. O caso de uma delas que neste momento
está debaixo dos holofotes é apenas um exemplo, a pontinha do icebergue. Os pais desta instituição, uma IPSS com diversos infantários e creches, afirmam que se verificou «uma política de diminuição do número de funcionários da instituição». E note-se que não se estavam a comparar com uma correspondente no sector público, estavam a comparar com ela própria. Mesmo assim, começam a cortar nos trabalhadores porque evidentemente que quanto maior for a rácio adulto/criança, menor os custos que têm…
O que se deve pensar é que este é apenas UM caso. Há milhares deles. Mesmo para se deixar uma criança pequena num infantário do sector privado onde se paga o valor de um SMN, tem de se pedir por favor ou ir para uma fila de espera. E a percentagem de vagas para famílias carenciadas, que as IPSS têm de ter por acordo com o Governo uma vez que são subsidiadas, é mínima.
Assim vai a nossa política de apoio à Família.


Mas isto não pára?!

Já falei aqui no Pópulo, várias vezes, da ‘volta ao estômago’ que dá a total falta de respeito pelos Direitos da Criança que mostra o Tribunal de Torres Novas em relação ao triste caso da menina que por pouco não foi legalmente adoptada e agora corre o risco de perder os seus pais, por o Tribunal se ter sentido desrespeitado. Resta perguntar que respeito mostra esse tribunal pela criança cujo futuro se está a jogar?
A notícia é de arrepiar. Diz que «no mandado que autoriza a Judiciária e a PSP a actuarem, o magistrado ordena o «recurso aos meios julgados necessários» pelas autoridades, autorizando-as, em última análise,
a forçar a entrada na habitação onde a menina se encontre »
Tal e qual. Admite-se e aceita-se a hipótese de
arrombar uma porta e arrancar uma criança de cinco anos das mãos da sua mãe.
Não, isto não é nenhum filme de terror, não estou a falar de um triller imaginado por uma mente criativa, estou a referir um despacho de um tribunal em Portugal, em 2007 D.C.

domingo, janeiro 21, 2007

Educar não é fácil

Um artigo do «Portugal Diário» é interessante não tanto por aquilo que diz como por alguns dos comentários dos seus leitores. O texto fala de castigos corporais às crianças e a sua penalização no nosso Código Penal. Tenta esclarecer o leitor com alguns exemplos, não sei bem onde os foi buscar, se ouviu algum ‘especialista’ se ao seu ‘bom-senso’. Se escrevi especialista ente aspas é porque não sei quem é especialista neste caso: um jurista, um psicólogo, um educador/professor, um pedopsiquiatra, um pedagogo?
O que os juristas dão a entender é que pode ser penalizada a violência continuada. Isso é óbvio. Um acto de violência esporádico, se calhar deve ser entendido no seu contexto. Claro que os exemplos que depois se dão, que vão desde a palmada no rabo à sova de cinto, percorrem todo um leque enorme de violência. Gostei contudo de ver referido, que um acto que não é de violência física directa (o de fechar uma criança num cubículo às escuras e não a deixar sair, por exemplo) pode ser também um mau trato. Há tendência a não pensar nisso…
Mas o que achei muito interessante foram
os comentários dos leitores . Encontramos ali autênticos testemunhos de experiências próprias, ou cenas observadas em directo que fazem pensar.
Por um lado muitos dos leitores falam dando apenas voz às emoções, tipo «se não foi mau para mim também é para os outros», ou «fiquei muito sentido e nem quero ter filhos!» mas há também quem conte cenas de pais que não conseguem disciplinar os filhos não lhes dando limites e tornando-os os seres anti-sociais. E esse é um ponto importante e melindroso, pais que são incapazes de bater num filho (OK) e que suportam que os filhos batem neles (???) desvalorizando o acto.
Vamos ter bom-senso! Uma família é uma estrutura hierarquizada, onde uns - pais - têm mais responsabilidades e poder, e outros - filhos - devem ser protegidos e… não têm poder.
Simples!...

É muita gente

Como sempre que os números entram em campo, têm de ser olhados com cautela e vistos quase que ‘caso a caso’, coisa difícil e contraditória se falamos de números. Mas enfim, se nos dizem que em mais de um quarto dos casais portugueses a mulher depende exclusivamente do rendimento do marido devemos acreditar e reflectir. Como em todos os grandes números, creio haver um desequilíbrio e as camadas mais idosas contribuírem de um modo exagerado para este resultado. Mas, mesmo colocando esse ponto entre parêntesis, é de realçar que «só em cerca de 25% dos casos existe equilíbrio nos rendimentos entre os dois membros do casal».
Dá muito que pensar!
Porquê? Vemos que as raparigas estudam e até na globalidade obtêm melhores notas que os rapazes. Vemos que as mulheres têm uma boa capacidade de trabalho. Então como é que há esta desproporção?! Será que todas as mulheres vivem com homens com capacidades superiores às suas?
Também este estudo diz (e quem viagem confirma isso) que há diferença entre os casais mais jovens com filhos de Portugal e do resto da Europa, onde as mães passam a trabalhar em part-time. Cá não é possível, porque o seu salário é indispensável. Aliás a investigadora que assina este trabalho é de opinião que "Portugal dispõe de uma rede significativa de apoio às crianças, mas, em alguns casos, o acolhimento providenciado seria considerado inaceitável noutros países europeus." E eu acrescento, para além de caro, porque metade do ordenado de uma mulher vai muitas vezes para sustentar o pagamento da creche do seu filho…
Mas voltando ao ponto inicial, o facto de uma mulher depender completamente daquilo que o marido ganha, tem inevitavelmente que afectar as suas relações. Quer dele para ela quer dela para ele. Relações de igualdade? Quando uma pessoa é sustentada por outra?
Há muito caminho a percorrer. Muito.

Prova de Português

Ontem, em sessenta escolas, muitos imigrantes foram a exame. Foram fazer uma prova de Língua Portuguesa, necessária para conseguir a nacionalidade.
Por um lado parece-me bem. Se a anterior alternativa era essa avaliação ser feita por funcionários (dizem que notários…?!) desta forma parece ser uma coisa mais justa. Porque o que se pretende não é apenas viver na nossa terra como imigrante – e seria importante que o estatuto de imigrante tivesse dignidade – mas sim passar a ser português, a ter a nossa nacionalidade. E se «a minha pátria é a língua portuguesa» então o dominar-se o idioma é um passo decisivo.
Gostaria de ter uma ideia o que foi esta prova.
A Saltapocinhas diz
tenho a certeza absoluta que se o governo retirasse a nacionalidade a todos os portugueses que não a conseguissem fazer, íamos ficar com menos população que o deserto do Sahara em tempo de rali...
Não irei tão longe, mas fiquei interessada. Quando Pessoa escreveu aquela frase que ficou tão famosa, dizia exactamente «Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente, Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse
Muito teria de odiar este homem, ou de se espantar enormemente, se fizesse uma viagem no tempo até aos nossos dias.

sábado, janeiro 20, 2007

Lisboa tinha Barcas Novas

En Lixboa, sobre lo mar
Barcas novas mandei lavrar.
Ai, mia senhor velida!

En Lixboa, sobre lo ler
Barcas novas mandei fazer.
Ai, mia senhor velida!

Barcas novas mandei lavrar
E no mar as mandei deitar.
Ai, mia senhor velida!

Barcas novas mandei fazer
E no mar as mandei meter.
Ai mia senhor velida!



Lisboa tem barcas
agora lavradas de armas

Lisboa tem barcas novas
agora lavradas de homens

Barcas novas levam guerra
As armas não lavram terra

São de guerra as barcas novas
ao mar mandadas com homens

Barcas novas são mandadas
sobre o mar

Não lavram terra com armas
os homens

Nelas mandaram meter
os homens com a sua guerra

Ao mar mandaram as barcas
novas lavradas de armas

Barcas novas são mandadas
sobre o mar

Em Lisboa sobre o mar
armas novas são mandadas

("Barcas Novas" - 1967)

Adeus, Fiama

Fui apanhada de surpresa com a notícia do desaparecimento de Fiama.
Sabia que não estava bem, sabia que era uma pessoa frágil, parecia que um sopro mais forte a levava. Mas a imagem que tinha era de alguém com tanta força interior, que me parecia que isso chegava.
Têm sido tantas as perdas dos últimos anos, que por vezes penso que começo a estar habituada. Mas não consigo, estes tempos tem sido demais, o vento é muito forte e arranca da árvores folhas que não estão secas, têm seiva, têm vida, deviam resistir mais.
Sinto um grande desgosto.

Daquela geração começam a faltar tantos…

De «Em Cada Pedra um voo imóvel» em 1957, até «As Fábulas» em 2002, quis tirar um poema para deixar aqui, e estou completamente baralhada.
Talvez deixe um exemplo de como se podia ser combativo e forte usando palavras de poesia:
Lisboa tem Barcas Novas

A difícil vida dos gestores


É assim: Ser gestor de uma empresa pública é uma vida dura. De sacrifício. Portanto para se condescender em «aceitar» essa dura cruz, tem de se compensar os desgraçados de alguma forma. Como já não se podem dar títulos de nobreza nem coisas dessas lá tem de ser com dinheiro.
Dizem para aí que está na forja o Estatuto do Gestor Público, mas o parto é difícil e pelos vistos era para final de 2005 mas ainda tem uns retoques a fazer… Portanto nesta altura
«As disparidades entre os ordenados dos gestores públicos continuam sem enquadramento legal que o justifique e sem critérios» . Parece que há casos onde ultrapassam mais 400% que o valor fixado na lei. Ena!
E não estamos a falar dos simples ordenados, aquela coisa sobre a qual se paga o IRS, falamos também de
em carro, telefone, seguros e prémio de gestão.
Parece um jogo. Como descobrir maneira de ficar tudo legal e o resultado que vem a público não ser aquele que vai agradar aos beneficiários.


Complicado, mas é um desafio, como se diz!


E aposto que vão conseguir.

A abrangência do SIM

Quando ontem deixei aqui, uma citação de uma citação, uma comentadora mostrou-se admirada por o texto inicial vir no Blasfémias e eu própria de início também me admirei. Depois reflecti e reconheci que esta questão percorre realmente toda a sociedade de uma ponta a outra. A confirmá-lo, a criação do Blog SIM NO REFERENDO que tem a participação de gente que nunca esperei ver junta: Vasco Rato e Daniel Oliveira, Fernanda Câncio e Helena Matos, Ivan Nunes, maradona, Ricardo Araújo Pereira, Pedro Adão e Silva, Miguel Vale de Almeida, etc, etc.
Fiquei satisfeita.
Há realmente causas importantes que unem as pessoas. Reparem que é Paula Teixeira da Cruz, insuspeita de 'esquerdismo' que diz:
"Nas questões de consciência, como o aborto, não há partidos"
E acredito que esta unidade dê frutos, porque a campanha do outro lado é mesmo intelectualmente pobrezinha…

Bruxas e fadas

Este vai ser um post comprido porque vai ter duas partes (pelo menos).
1) Eu tenho uma superstição. Creio que toda a gente tem alguma, mesmo que o não confesse. A minha tem a ver com 3 anéis. Uso sempre uns anéis especiais. E quando digo sempre quero realmente dizer sempre. Nunca os tiro. Um foi usado pelo meu pai, outro pela minha avó, e o terceiro...é meu. Ter estes anéis nos dedos é como se a minha avó e o meu pai ainda me dessem a mão e me protegessem. Faz-me ter confiança na vida. Se tirasse um iam-me acontecer montes de desgraças. São anéis muito discretos, dois deles que uso juntos parecem um só, e o outro também é simples para uma argolinha que tem mais de cem anos.

2) Na 5ª feira precisei de fazer uns exames radiológicos e a técnica pediu: «Tem de tirar o relógio, pulseiras ou anéis». Lá me esforcei para os extrair a poder de sabão, porque ‘a operação’ era difícil. E depois embrulhei-os no papel de limpar as mãos guardando-os num pequeno saco que levava.
Bom, fiz umas compras que guardei no saco e voltei para casa. Entretanto uma amiga precisava de umas coisas e meti-as no tal saquito que já estava vazio.
Ontem saio de casa, faço a minha vida normal mas às tantas olho para as mãos e tenho um baque: Os anéis!!!! Onde é que deixei os anéis?!!! Imaginam, já tudo me começou a correr mal e à hora do almoço, corro a casa e dou volta a tudo. Grande reboliço mas não os encontrei. Falo à pessoa que levou o saco, na esperança de que estivessem lá no fundo. Nada. Virou-o ao contrário, sacudiu-o, estava vazio!
Volto, a conter as lágrimas, ao tal Centro de Diagnóstico, falo com toda a gente mas lá não estavam. A hipótese de alguém lhes ter pegado, era o mais provável e eu até deixei um cartaz a dizer que gratificava quem os achasse (no caso de terem sido levados “por engano”).
No regresso a casa, vem-me à memória, uma frase que ouvi lá «Se estavam embrulhados num papel, até podem ter ido para o lixo!» Só que o 'meu lixo' já estava àquela hora no contentor do prédio. Quero lá saber, abro aquilo e identifico o meu saco.
3) Ajoelho-me no chão da cozinha e despejo o lixo todo. Grande bodega, restos de comida, papelitos sujos, algodão, sacos de plástico sujos, cascas de batata e de fruta - o lixo de uma casa. Muitos papeis de rolo de cozinha sujos e amarrotados, e... (!!!!!!) uma coisita toda molhada [parecia um brinde de bolo-rei] com os meus anéis!
Quando despejei o saco na bancada ao vir das compras, o embrulho deve ter ficado no meio de tudo o resto e foi varrido com as cascas para o lixo.
Agora já só via estrelinhas à minha volta! Ria-me no meio das lágrimas, enfiei-os nos dedos e... a vida voltou a correr-me bem.


sexta-feira, janeiro 19, 2007

Natalidade em França

Uma notícia interessante:
A França, com uma média de duas crianças por mulher, está à cabeça da natalidade na Europa. Será por ser um país onde o aborto é condenado?
Surpresa!
Desde 1975, há 30 anos, quando Simone Weil era ministra da Saúde, que é legal abortar nesse país. Então… que milagre é este?
Bom talvez uma política de família inteligente. Talvez uma politica fiscal que beneficie a natalidade. Talvez o favorecimento do trabalho parcial. Talvez os apoios às mães que trabalham, as creches, as assistências ao domicílio, uma escola pública gratuita desde os 2 anos. Dizem-nos que o nascimento de um filho, mesmo nas famílias mais modestas é uma bênção porque lhes baixa os impostos e aumenta os subsídios. Talvez isso sim, isso ajude o aumento de natalidade.

Valha-nos o tempo

Às vezes ele é nosso amiguinho.
A gente barafusta e zanga-se com ele, ou faz calor a mais ou excesso de frio, e temos razão que isto dantes era um clima temperado mas o tempero anda a esgotar-se.
Contudo também é certo que as construções «modernas» só o são por serem mais vistosas, porque não nos defendem nada dos excessos do clima… As antigas, tradicionais, tinham as grossas paredes, janelas pequenas, pátios interiores, e quem lá vivia ia-se aguentando com os calores e frios.
Depois começou-se a construir à pressão, os nossos actuais galinheiros edifícios, - alguns até bonitos à vista e seguindo padrões da Europa mais a norte com janelas grandes o que é muito agradável porque nos dá mais luz - mas esquecendo aquilo que no resto da Europa existe que é o aquecimento central, janelas duplas, paredes duplas. Conclusão, gasta-se imenso dinheiro em energia e andamos cheios de frio ou de calor.
Mas como comecei por dizer, de vez em quando S. Pedro dá-nos um bom-bom e desta vez parece que escapamos ao mau tempo
Uff…
.

Raciocínios

De transcrição em transcrição, aqui vem:
Encontrado no Glória Fácil, que transcreveu um comentário a um post de Helena Matos no Blasfémias. Esta respondendo a um artigo de Mário Pinto, diz essencialmente
«Como é óbvio o raciocínio inverso também é válido. PODE TER-SE UM FILHO POR «razões sérias, a razões perversas; desde reais dificuldades, até caprichos, negócios, feitiços, vinganças, crueldades, tudo»Tudo na nossa vida, mas mesmo tudo, pode resultar desde «razões sérias, a razões perversas; desde reais dificuldades, até caprichos, negócios, feitiços, vinganças, crueldades, tudo» Vamos colocar o casamento e o divórcio em referendo? Alguém sabe quanto custa aos nossos impostos os divórcios que se praticam diariamente em Portugal?»
esse comentário complementa: «o mais extraordinário, helena, é que mário pinto acha que alguém que quereria abortar por 'capricho, negócio, feitiço, vinganças, crueldades, tudo', deveria em vez disso ter e criar uma criança. que belo atestado de parentalidade, não há dúvida. isto é que é amor e respeito pela vida.
por outro lado, mário pinto acha que quem queira abortar por 'capricho, negócio, feitiço, vinganças, crueldades, tudo', vai mesmo deixar de abortar porque a lei diz que não pode. isto é que é lógica e razão e bom senso.a não ser que mário pinto não diga mas pense que quem queira abortar por 'capricho, negócio, feitiço, vinganças, crueldades, tudo' deva abortar em dor, hemorragias e tudo o que mais possa haver de mau, ou, se tiver dinheiro, numa clínica com anestesia por 500 euros, ao lado das outras todas que querem abortar por razões que o mário pinto talvez achasse atendíveis mas que pagam pelas outras que ele imagina que queiram abortar por 'capricho, negócio, feitiço, vinganças, crueldades, tudo'. isto é que é sentido da justiça social e humanismo.»

Milagres


É o seu nome. Ribeira dos Milagres.
Mas o milagre que se descortina é como é possível a reincidência sistemática do mesmo crime sem nunca ninguém ser suficientemente punido para acabar com esta história mal-cheirosa.
São tantas as vezes que esta notícia é dada que custa a acreditar que não seja a mesma que por acaso aparece de novo nos cabeçalhos. Mas não, a notícia é igual, mas é uma «nova» descarga. As empresas criadoras de porcos, atiram para o rio o conteúdo das pocilgas – quero dizer, os animais não!. Ora já é uma forma de expressão a referência a «uma pocilga» quando se quer dar a imagem de coisa imunda, portanto imagina-se o que é que vai cair naquele pobre rio… A contaminação é incalculável, mas quem a faz assobia para o lado, porque nunca se conseguiu provar nada. É engraçado a facilidade com que se consegue provar as coisas que interessam a quem procura a prova…
Mas pelos vistos
aqui não há um grande interesse em encontra as provas e punir os culpados
Milagres da Ribeira.

Mais sobre a «pílula doirada»

Quanto mais se vai sabendo, mais se pasma!
É que, como
eu previ ontem quando se começou a falar no caso, os-senhores-doutores-dos-tais-milhares-de-receitas, fartavam-se era de trabalhar! Olham que oitenta consultas, por dia é mesmo muito trabalho! A 15 minutos por consulta, daria aí umas 20 horas de trabalho, heim…?! Pobrezito. Ou, se trabalhou 7 horas por dia como qualquer funcionário público, então foram «consultas» de 5 minutos o que mal é o tempo de preencher a receita quanto mais de ouvir o que o doente tem para dizer… Em qualquer das hipóteses é maravilhoso, este médico «pepe-rápido».
Parece que a parva da OMS aconselha que se faça 12 a 18 (no máximo) consultas por dia. Só porque não conhece a qualidade destes senhores benfeitores que se desdobram, sobretudo em receitas
apesar de embirrarem com genéricos ,coisinha de que fogem vá-se lá saber porquê…
Claro que depois começa a levantar-se suspeitas de como com tanto trabalho ainda têm tempo para a formação e
a frequência de Congressos .
Que os Congressos são importantes e um modo de prolongar uma formação indispensável à actividade, nem deve ser contestado. Se a actualização e formação contínua que é indispensável a um bom médico não fosse feita deste modo não se vêm muitas alternativas. Mas seria conveniente haver um controlo e conhecimento do verdadeiro interesse destes encontros, ou as suspeitas podem naturalmente saltar.
E é mau quando tal acontece. Mau até para a dignidade da classe.