Fiz as pazes com a RTP
Andei muito tempo zangada. Que as tvs privadas fossem aquilo que se sabe, aborrecia-me mas era lá com elas, eu simplesmente não as sintonizava. Pronto! Quanto à RTP tinha outras obrigações, mas não as cumpria.
Com a vinda de TVCabo e alguns canais temáticos interessantes eu para além de, de um modo geral, ver pouca televisão, o certo é que passei a raramente ligar a rtp para além do telejornal.
Mas há umas semanas tive uma boa surpresa, o programa do António Barreto. Muito bem feito, interessante, informativo, acessível a todos e (milagre!) transmitido a uma hora decente.
Bom, agora «o milagre» repete-se: uma série chamada «Conta-me como foi» que revê Portugal dos anos sessenta pelos olhos de um miúdo da época, filho mais novo de uma família de poucos recursos, vivendo numa casa com os seus pais, um irmão mais velho que estuda muito para entrar num curso superior e adiar a entrada na tropa, e uma irmã que trabalha numa cabeleireira, e uma avó. O dia a dia dessa família, no tempo onde os preços de tudo tinham menos dois zeros do que têm hoje, onde a tv era a preto e branco e em muitas casas era um luxo, onde se ia ao cinema com o pai ‘fintando’ a regra do «maiores de 12» porque o porteiro era amigo do pai e se maravilhava com Lawrence da Arábia.
Pelos olhos dessa criança passa uma época ainda tão próxima mas que para muitos é História, quase ao mesmo nível da Primeira República. E narrado ao estilo simples de uma série de tv.
Bom serviço. E a horas. E a uma hora ‘decente’, admitindo que quem a está a ver deve ir trabalhar no dia seguinte. Gostei.