segunda-feira, abril 23, 2007

O que pode ser um «acidente de trabalho»

As palavras podem muito bem enganar. E engana, neste caso, por ser o seu nome um caso onde o português não é muito explícito. O certo é que o ‘DE’ leva a confusões e podemos bem pensar que se é «de trabalho» é porque é causado «pelo trabalho».
Há muitos anos, ia eu para uma reunião de um andar para outro no meu serviço e, como não conseguia apanhar o elevador e detesto atrasos, decidi ir a pé. Mas ia com os braços carregados de dossiers, falhou-me um pé na escada e rebolei por ali abaixo agarrada estupidamente aos dossiers! Resumindo - grande traumatismo craniano, hospitalização e estive em risco de vida. Mas quando me disseram que tinha tido um «acidente de trabalho» fiquei admirada porque achava que não tinha tido nada a ver com «o meu trabalho» em si mesmo, apenas tinha sido naquele local! Depois lá entendi que o ‘de’ queria dizer ‘no’.
Recentemente o Supremo Tribunal de Justiça numa sentença deixou tudo bem claro: por acidente de trabalho
"estão compreendidos os acidentes que se verifiquem no trajecto normalmente utilizado e durante o período de tempo ininterrupto gasto habitualmente pelo trabalhador entre a sua residência habitual ou ocasional desde a porta de acesso para as áreas comuns do edifício ou para a via pública, até às instalações que constituem o seu local de trabalho", ou até "entre o local de trabalho e o local da refeição", ou "entre o local onde por determinação da entidade empregadora presta qualquer serviço relacionado com o seu trabalho e as instalações que constituem o seu local de trabalho habitual".
Tenho contudo uma dúvida, voltando ao meu acidente, como eu era funcionária pública como é que o Estado segura os seus trabalhadores?

7 comentários:

Anónimo disse...

Não «segura».
Também já tive um acidente no meu trabalho, fui levada para uma urgência normalíssima, fiqueo lá internada, e a única benesse foi não perder esses dias de trabalho, contudo tive o desconto que se tem por estar doente. Lá esa «doença» ter sido em serviço não serviu para nada.. E a classificação final baixou porque trabalhei menos!

Rita Inácio disse...

E o como se aplica a lei aos que levam trabalho para casa?

josé palmeiro disse...

As habituais "fugas" às responsabilidades. Os nossos representantes, que passam os dias na Assembleia da República, parindo leis que nos oprimem e destroem, deveriam ter essa consciência e sensibilidade, para que o "de", se não confunda com o "no", de forma a que o "acidente", não se vire contra o "acidentado"

Anónimo disse...

Joaninha said

Anónimo disse...

Pois é. Bem prega Frei Tomás. Aliás uma coisa escandalosa é (ou era até há pouco tempo, não sei se mudou) os carros do Estado não terem seguro. Dizia que o Estado se segurava a si mesmo...
Olha, Rita, isso já não te sei dizer porque é uma noção muito abrangente.

Rita Inácio disse...

Por exemplo, fiquei sem placa gráfica no Pc a fazer um render de um 3D, seria correcto pedir ideminização, é que placa gráfica custa perto de 250€?!

A verdade é que levo trabalho para casa, e já aconteceram pequenos incidentes, mas estou sempre de mãos atadas, estou a recibos verdes...

cereja disse...

Ritinha, os desgraçados dos trabalhadores-recibos-verdes é qualquer coisa de «híbrido». A verdade é que o trabalhar-se a recibo verde é como se se trabalhasse por conta própria. E não poderás fazer tu um seguro de acidentes que cubra desastres desses?? Não sei se existe e se não é estupidamente caro, mas seria de pensar.
Quanto aos outros comentários, era tal como eu achava. O Estado lava tanto as mãos que já deve ter uma doença de pele.