Venho contar uma história «interessante» e verdadeira.
Tenho uma amiga, sujeita muito certinha em questões de dinheiro. Tem uma conta no banco como toda a gente, o dinheiro que lá tem nem é muito, mas como nunca usa cartões de crédito e tem muito cuidado em não entrar na ‘conta-ordenado’ está sempre tudo muito certinho e dívidas é coisa que não tem.
Aqui há uns tempos precisou de cheques, e quando os pediu recebeu uma mensagem no Multibanco informando que a conta não permitia o uso de cheques. Ficou pasma!!!!
Lá vai ao seu balcão, onde de início não lhe sabem explicar o que se passa, porque ela não devia nem um tostão nem tinha sido fiadora de ninguém, mas numa busca generalizada, dizem que a ordem vem do Banco de Portugal, onde afirmam que existe uma dívida (de cento e pouco euros). A minha amiga nem sabia que se podia ir ao Banco de Portugal pedir informações, mas lá lhe explicaram que sim senhor, existe um atendimento para casos como os dela.
OK, um belo dia vai até lá para ser informada, que a questão se prende com a Caixa Geral de Depósitos. Ficou de boca aberta, e até me disse que insistiu que tinha de ser um erro, porque não se lembrava de ter nenhuma ligação com a CGD.
Engano. Logo a seguir lá se lembrou.
Tinha de facto uma conta conjunta com uma colega amiga porque tinham um consultório a meias, e aquela era a ‘conta do consultório’ onde ela nunca mexia portanto nem se lembrou dela...
Bom, vai então a esse balcão onde lhe confirmam que essa conta está impecável, não há qualquer débito e até se oferecem para lhe passar uma declaração para ela levar ao Banco de Portugal a confirmar isso. Muito bem. Quando lá volta para pedir esse papel, informam-na então que, como aquilo era uma conta conjunta, a outra signatária é que tinha uma outra conta onde existiria «qualquer coisa». :(
Desta vez é a colega que se pôe em campo, porque também se sentia inocente. Fala para a sua agência e explicam-lhe que aquela outra em questão era também conta conjunta com os irmãos, e há ali um nome que... etc, etc...
Passa-se a bola ao dito irmão. Esse vai averiguar e, apesar da tal conta com a irmã estar bem, ele tem uma outra conta conjunta com um sócio...
Desculpem, mas já estou a ficar cansada.
Não sei bem onde é que esta rede de malha tão fina irá acabar, mas a verdade é que a minha amiga que nem conhece o irmão da colega, muito menos o sócio do dito (e isto é na hipótese de a coisa ficar por aqui!) está impedida de usar cheques e tem a sua inocente conta sob suspeita por esta sinistras sucessão de contas conjuntas!
Livra!