domingo, setembro 30, 2007

Um Caderno de Capa Castanha XVII - A Lingerie

«Olha, Clara, não penses que este ponto não era importante e era tudo bem diferente da actualidade. Podes calcular que, se não existia nenhum pronto-a-vestir, a roupa interior também não se comprava feita. Ou se fazia em casa, ou se mandava fazer a especialistas. Como no resto do vestuário, se era para meninas ou para mulheres de classe baixa, fazia-se em casa. Quanto às senhoras da burguesia, mandavam fazer em modistas próprias e especializadas os seus soutiens, cintas, combinações. Os ateliers destas especialistas podiam ser locais requintados e luxuosos.
Como, diferentemente dos chapéus ou luvas onde até se podiam ver em montras, ou dos vestidos que se podiam ver em figurinos, a roupa interior era um reino secreto e oculto e só posso falar de mim própria e da minha família. As minhas cuequinhas, ou combinações, eram feitas pela costureira, de um pano mais delicado, uma cambraia ou um pano acetinado, com umas rendinhas ou nervuras, ficava bonito embora como disse não pudesse comparar com outros, só o que porventura descobrisse num estendal da vizinha…
A minha mãe, que era um tanto anafadinha, mesmo que na altura não fosse ainda ‘moda’ ser-se tão magro como se passou a ‘usar’, mandava fazer por medida em modista especializada uns soutiens resistentes, nuns tons salmão, ou rosa, ou creme, que usava todos os dias e um ou outro em cetim e mais enfeitado para os dias especiais onde se queria vestir melhor. Eu nunca a acompanhei quando ia a essas modistas, só podia imaginar… Aliás a recordação que tenho do meu primeiro par de soutiens é que foram costurados pela minha avó, senhora muito dotada para tudo o que fosse arte doméstica, que aí pelos meus 12 anos me avaliou com ar crítico e considerou que eu precisava de algum amparo nesse ponto da minha anatomia. Fiquei orgulhosa que ela tivesse pensado isso e bem contente quando me apareceu com umas ‘amostras’ de soutien, ainda quase miniaturas mas que me alçavam ao nível de adulta.
Mas havia uma outra peça importante: a cinta. Ai, as cintas! Quando eu comecei a usar, já os anos 50 iam lançados e portanto já se podia comprar em lojas, uma peça toda de elástico e com um reforço à frente na zona da barriga para a manter comprimida e encolhida. Mas quando era criança via as cintas da minha mãe, de um tecido fortíssimo, reforçado com umas varetas muito duras a que chamavam barbas de baleia, e apertavam com uns atilhos que passavam por umas ilhoses. Uma senhora devia usar aquilo bem apertado, reduzindo o volume da barriga e ancas, e tornando a silhueta bem mais airosa mas à custa de que sofrimento diário! Era das poucas coisas que me tiravam o desejo de crescer depressa! Quando por minha vez as usei, como te expliquei, eram mais suaves porque com mais elástico e para além da questão de «ter-de-ser-porque-todas-as-raparigas-usam», tornava-se necessário para prender as meias.
As meias altas, nos anos quarenta de ‘fio-de-escócia’, seda, ou mais fininhas com nylon e chamadas ‘de vidro’, para ficarem bem esticadas ou eram seguras com ligas ou se prendiam à cinta com uns pequenos fechos. Portanto a função dessa cinta para as raparigas era também a de um cinto de ligas de outro tipo. Acabávamos por a aceitar bem. A minha recordação é de que me sentia mais «aconchegada» com essa peça.
E depois o alívio de, à noite, despir isso tudo antes de vestir a camisa de dormir… Que bom! »

Clara

Uma música ao Domingo

Como amanhã é o Dia Mundial da Música Clássica, decidi mudar de registo.
Esta ao menos toda a gente conhece, não é?

sábado, setembro 29, 2007

A verdade

A cada um a sua verdade.
Podemos ter a noção de que assim é, mas é coisa que custa aceitar. O que eu vejo como Verdade, tem uma tal carga de evidência que dificilmente se concebe que outra pessoa perante o mesmo acontecimento «veja» algo diferente. E contudo assim é.
Fui ontem ver um filme excelente, à Cinemateca: RashoMon, ou «As Portas do Inferno», o filme de Akira Kurosawa que em 51 ganhou a 'Palma Ouro' em Veneza e o 'Óscar' de melhor filme estrangeiro. Há mais de 50 anos, e entende-se que assim tenha sido.
Passando por cima da belíssima fotografia e do modo de filmar, vou directa ao argumento. Há uma história que se conta em meia dúzia de palavras: no tempo dos samurais, um deles que viaja com a sua mulher, é encontrado morto e a mulher foi violada por um bandido famoso.
O interesse é que a história contada pelo bandido que foi preso, pela mulher, pelo espírito do morto, e por uma testemunha, mostra 4 versões diferentes da mesma verdade. O bandido tem de defender a sua fama de grande salteador e sedutor, portanto na sua história a violação nem o foi completamente uma vez que ela foi seduzida, o marido foi morto em duelo leal e a pedido da mulher que declarou ficar com 'o melhor'. Já na visão da mulher, ela é uma vítima passiva, toda em choros, abandonada pelo bandido e rejeitada pelo marido que a acha conspurcada e indigna dele. O nobre samurai vem contar (do outro mundo) que a mulher, autêntica víbora, não contente em querer fugir com o salteador ainda o incita a matá-lo, coisa que ele não faz, e é o samurai que se dignamente se suicida. A testemunha, um lenhador, descreve o tal duelo de um modo muito menos heróico, mostrando os dois lutadores com algum medo, e a mulher depois de um prolongado pranto parecendo enlouquecer, rindo enquanto o marido e o bandido lutam e fugindo dos dois.
Ou seja as narrativas vão variando conforme o seu estatuto social, conforme a sua visão da vida.
Qual a verdade? O que é a verdade? Vista pelos olhos de quem?
Essa mensagem de compreensão e relativização é o mais importante deste filme, e o que nos fica da chuva torrencial que cai sobre o templo das Portas do Inferno

Passeio por debaixo da Baixa

Que ninguém é profeta na sua terra, já se sabe. E também se sabe que, muitas e muitas vezes, residimos numa terra e muitas das suas belezas só as visitamos quando queremos mostrar a algum amigo de outra região. É fatal! Casa de ferreiro, espeto de pau.
Eu, até me prezo de ser uma lisboeta que conhece razoavelmente bem a sua cidade. Pelo menos bem melhor do que muitos amigos meus. Mas foi preciso um telefonema de uma amiga para me decidir a visitar as Galerias Romanas da Rua da Prata.
Só abrem ao público uma vez por ano, ou seja agora. E se só puderam começar a ser visitadas a partir de meados dos anos 80, o certo é que agora têm já muito público. Ontem a fila era enorme já uma hora antes da abertura e quando saí alongava-se por vários quarteirões.
O facto de este monumento (Criptopórtico, e não termas como inicialmente foi chamado) estar aberto tão pouco dias tem a ver com estar sempre alagado e ser necessário muito trabalho logístico para escoar a água e iluminar o local. A senhora cicerone explicou que inicialmente se tinha associado à construção a ideia de «termas» por haver ali tanta água e terem encontrado na parede uma lápide a Esculápio – hipótese de aquilo servir para tratamentos. Claro que não podia ser, o espaço é muito pequeno e umas termas têm de ter uma área espaçosa, mas compreende-se.
É impressionante saber-se que aquelas paredes e aqueles arcos têm mais de 2.000 anos! E ali, em plena Baixa!!! Descendo-se para ali através de um buraco no meio da linha do eléctrico 28...
Realmente não há-de o Município de Lisboa meter água tanta vez, a cidade está construída sobre ela…!

O malfadado crédito

Vamos lá a ver:
Por um lado, as empresas lamentam-se de que os portugueses demoram cada vez mais tempo a pagar as suas compras a crédito.
OK.
Nada de espantar, a verdade é que o custo de vida não pára de aumentar e os salários é o que se sabe…

Por outro, desenvolvem-se técnicas cada vez mais engenhosas para levar a consumir. A publicidade não nos deixa fugir envolvendo-nos por todos os lados, e a insistência do «compre agora e pague depois» é constante.
Até há pouco era apenas pelo telefone fixo (eu até olhava de lado para ele quando o ouvia tocar porque em metade das vezes eram chamadas a propor vendas de produtos) e agora até já por telemóvel me chegam desses telefonemas insistentes.

Depois, quando «um homem não for de pau», cede-se a essa insistência e... já está! Apanhado nas malhas de uma compra que tem dificuldade em pagar.
Os senhores vendedores é melhor meterem a mão na consciência antes de se queixarem.

Skinheads com o freio nos dentes

Vandalismo num cemitério judeu.
Um ódio tão orientado e dirigido tem uma marca de origem: nazismo.
O fenómeno da expansão deste movimento é um tanto assustador apesar de eu acreditar que seja um pequeno grupo. Pequeno mas feroz que isto são cães que ladram e mordem.
Contudo se em relação os judeus, que se dizem chocados mas habituados, até ao momento foram agressões psicológicas molestando os sentimentos da comunidade, em relação a imigrantes sobretudo de raça negra, já a agressão tem sido muitas vezes física e violenta.
Entendo que não lhe aplicassem a prisão preventiva, sobretudo segundo normas do actual código penal, mas não poderiam passar a usar a pulseira electrónica? Ao menos para saber por onde andam…

Ufff...Acabou

O PSD muda de líder.
«Menezes falou aos militantes, destacando os dois meses de disputa dura, mas frontal, e a lição de democracia que o PSD deu ao país»
Deram por isso?

Portando, todas estas histórias rocambolescas e as peixeiradas que se viram... afinal era democracia da boa, daquela que dá lições e tudo!

(nota - Marcelo Rebelo de Sousa considerou um «erro monumental» a estratégia adoptada por Luís Filipe Menezes. Talvez com outra estratégia tivesse ganho por muito mais, presume-se...)



(Do KAOS , é claro)

sexta-feira, setembro 28, 2007

O Baú da Méri

A Méri há uns tempos começou a passear pela blogosfera. Visitava-me com frequência, e um dia decidiu-se a «montar» também o seu estaminé.
Não faz concorrência ao Pópulo, que os nossos estilo são bem diferentes e eu não tenho a habilidade dela, mas está ali linkada é direita – é o
Agulhas
Acontece que, tendo passado por cá e lido os posts do «Era uma vez…» em relação ao vestuário, foi ao seu baú e encontrou lá várias preciosidades que teriam dado para umas belas ilustrações ao que aqui se disse.
Ora vão lá espreitar.
Uma amostra do que se pode ver, as tais luvas de renda que se usavam no Verão:

Uma «opinião» a ler

Há poucos dias chamei a atenção para o facto de os imigrantes indocumentados terem receio de recorrerem aos serviços de saúde.
Leio agora um artigo de opinião, de quem sabe sobre estes assuntos, que chama a atenção para o disparate
do espectro de um "turismo médico mundial, pago pelos contribuintes europeus".
Segundo as suas palavras
«Estas pessoas não deixaram os seus países, as suas famílias, todo o seu passado por prazer ou para ser tratadas. Fogem da guerra, da opressão e da miséria. E a Espanha, a França e a Itália, que na Europa são os países que disponibilizam os melhores acessos a cuidados de saúde a estrangeiros em situação irregular, não estão submersos por vagas de imigrantes indocumentados doentes, que arrisquem as suas vidas nas chalupas dos passadores para virem cá tratar-se». Pelo contrário Os exilados indocumentados que se dirigem às equipas de Médicos do Mundo existentes em 11 países da União Europeia não procuram tratamento senão em último caso, por vezes demasiado tarde.
Mas a Europa não se porta bem.
Muitas vezes não apenas não os trata como até os reenvia para os países de origem sabendo que assim os condena à morte.
No artigo propõe-se que «
que as instituições europeias imponham aos estados-membros que não se expulsem, mas antes se regularizem e tratem os estrangeiros gravemente doentes que não possam obter tratamento médico apropriado no seu país» terminando:

Isto demonstraria que a Europa não considera que algumas vidas têm mais valor do que outras.

Esperanças

Já tinha reparado que o Euromilhões saía bastante em Portugal.
Bem, é natural se
somos dos povos que mais aposta no dito, não é?
Cá por mim é um misto de desespero e gosto pelo sonho. Pensa-se que a vida não pode estar pior, de dia para dia sentimos a crescente falta de dinheiro, o ter de se desistir de actividades que ainda há pouco se praticavam naturalmente, o recear-se o futuro, não só o nosso como o dos nossos filhos.
Por outro lado, sonhar é fácil….


Acertar a mira


Não será o momento da nossa Comunicação Social parar para pensar?
Nunca por nunca imaginei que havia de tirar o chapéu a Santana Lopes, sobretudo no que consta às suas relações com a comunicação social. Muito pelo contrário, se havia político que a utilizava muito habilidosamente era este senhor.

O facto é que a entrevista interrompida por um directo com um fait-divers, foi um erro grave e foi uma má educação. Contudo, não é a primeira vez que se faz, lembro-me de já o ter visto. E, de um modo geral, a TV nem sempre trata os seus convidados da melhor maneira. Por exemplo, uma das características de que usa e abusa, é de convidar as pessoas mesmo em cima da hora, ignorando olimpicamente outros interesses que os seus convidados possam ter, porque, na sua perspectiva, o estar presente em frente das câmaras é a coisa mais importante do mundo, e deve deixar-se tudo para ir para lá a correr.
Essa arrogância do «nós somos os mais importantes e não temos de prestar contas» manifesta-se por todo o lado. O não cumprir horários de programas, o alterar a programação sem aviso, o ignorar críticas quanto ao baixo conteúdo da maioria dos programas.
É curioso que, ainda por cima, a gaffe com Santana Lopes foi no Sic-notícias um dos canais com certa qualidade – imagine-se o que significa! E, contudo a resposta dessa estação de tv, em vez de reconhecer que se tinha excedido e apresentar desculpas, foi criticar o entrevistado pela sua «birra» (???) enterrando-se cada vez mais na asneira.

Será que a chuva de críticas que tem sofrido de todos os lados a vai fazer repensar?

quinta-feira, setembro 27, 2007

Who's there?

Fui ao Teatro, ontem à noite. Ver o Hamlet do João Mota.
João Mota fez 50 anos de carreira, e a Comuna 35. Só podia ser uma grande festa de teatro e quem ganhou fomos nós. De referir que a casa estava esgotada e, pelo que sei, a bilheteira está esgotada para muitos dias…
No Maria Matos, adaptado, aproximando-se simbolicamente de um teatro ‘elisabeteano’, o tema foi Teatro.
O Hamlet é teatro sobre teatro. As personagens são elas próprias e uma outra imagem simultaneamente. Para além da representação dentro da representação, (os actores que fazem de actores mimando a história que se vive) todo aquele drama são imagens sobrepostas de personagens que «se representam a si próprios», numa cadeia de acontecimentos sucessivos. Por alguma razão esta é a peça mais conhecida e mais representada até hoje.
João Mota fez um trabalho magnífico! Da beleza despojada do cenário, à criatividade dos figurinos intemporais de Carlos Paulo, a escolha da tradução de Sophia, o equilíbrio do trabalho dos actores que realçaram a beleza do texto, foi um espectáculo inesquecível.
O «achado» de ter ‘emoldurado’ a peça com um início e um final lindíssimo, um fundo forrado de espelhos de camarim de luzes acesas onde os actores se sentam de costas para nós e máscara na cara, enquanto perpassa um sussurro « Who's there?..., quem está aí?...»
Sabemos que vai começar, ou terminou.
Para este Hamlet, Diogo Infante optou por uma personalidade menos hesitante e mais agressiva de que a de outros Hamlets que tenho visto. Resultou muito bem.
Sabemos a resposta.

Who's there? Quem está aí? Está o TEATRO

Os antigos anúncios

Tenho mostrado aqui alguns vídeos com o que de mais engraçado se faz na publicidade actual. Como contraste, quando ontem falei em marcas muito antigas, lembrou um leitor do Pópulo que na Era A.T. (antes da televisão) os produtos se anunciavam na rádio e eram cantados.
Lembrei-me de várias dessas cantiguinhas, mas naturalmente que não as encontrei para deixar aqui.
Contudo ainda achei duas:
Aqui temos:

A «Rádio Victoria»

ou

Bolachas Triunfo




Lei ou Justiça

Não é fácil, essa coisa de «aplicar a lei».
Porque a verdade é que a Lei pode ser interpretada. E quando é friamente interpretada, pode vir a ser tremendamente injusta!
Quero dizer, a pobre da Lei não tem culpa disso, quem é justo ou injusto são os humanos que a aplicam, os juízes.
O caso da luta pela «posse» da menina de Torres Novas, está a tornar-se uma luta de galos advogados, onde a vida e bem-estar de uma criança é um peão num tabuleiro de jogo.

Já falei muito no Pópulo sobre isso, e nem me apetecia voltar a dizer nada mas o certo é que me dá volta ao estômago a hipótese de serem os tribunais a organizar um rapto, obrigando uma menina de quatro anos a sair de ao pé dos seus pais para a ir viver com um homem desconhecido que há quase cinco anos teve uma relação não assumida com a sua mãe - como é natural ela sente imenso medo.

É um destes casos, onde quem tenha umas noções de psicologia infantil, não pode ter dúvidas. O Tribunal tem lá os pareceres de especialistas de renome. Mas o certo é que é o Tribunal que «pode, quer e manda».
E vai querer, pelos vistos, fazer uma maldade enorme. Eu acredito que a tal «opinião pública», desta vez certa, consiga alguma coisa.

Malhar em ferro frio

Quanto aos problemas do ambiente, estamos conversados.
«Os Estados Unidos da América com apenas 5% da população mundial, são responsáveis por um quarto do total das emissões de gases com efeito de estufa (GEE)»
E são os mais renitentes em assinar e cumprir as medidas propostas.

Palavras para quê?


quarta-feira, setembro 26, 2007

Os «resistentes»

No Expresso do último sábado, vinha uma reportagem muito sugestiva sobre «grandes marcas» portuguesas que têm resistido à passagem dos anos. O levantamento creio que quase exaustivo, ia desde nomes, que nasceram há mais de cem anos, a outros que têm apenas, «só» umas dezenas de anos.
No primeiro caso estava por exemplo a «Água das Pedras», nascida em 1871 – que agora anda aí numa campanha de rejuvenescimento – ou a «Vista Alegre» nascida em 1827 renascida em 1947.
Depois, muito mais novinhos, ainda aí andam o «Restaurador Olex» ou o «Atum Bom Petisco», nascidos juntamente com a década de 60. Pelo meio, dá para recordar a «Pasta Medicinal Couto» (que agora não pode ser ‘medicinal’), 1932, os «Chocolates Regina», 1927, os lápis Viarco, 1931, os rebuçados do Dr. Bayard, 1949 e os Jogos Majora, 1939. Temos o Sumol que vem de 1954, e as Pastilhas Gorila, quase contemporâneas, 1968!
O interessante é são marcas que no meio da invasão dos produtos do mercado actual, têm resistido e não é apenas por saudosismo, é porque têm qualidade.









A destoar, e é com um apertozinho no coração que falo do fim da «Loja das Meias» que existe desde 1899. Era um símbolo do comércio de qualidade na Baixa. Onde as pessoas de bom gosto e bom dinheiro se forneciam. Claro que nessa classe havia sempre quem optasse por se vestir na Itália ou em Paris, mas o certo é que na Loja das Meias se encontrava boa qualidade. Houve um período onde também fizerem saldos (que eu saiba, ao início não ‘desciam’ a isso) e a fila para esses saldos quase dava a volta ao Rossio.
Aos anos!

O Tegevezinho

A auto-estrada Lisboa-Porto durante anos e anos era uma amostra de um bocadinho ao pé de Lisboa e outro bocadinho ao pé do Porto. Uma rábula célebre do Raul Solnado na pele de um turista, diz que entrou na auto-estrada aqui em Lisboa, depois se perdeu e andou por atalhos até que finalmente atinou e a descobriu quando ia chegar ao Porto.
Esta coisa do TGV, a valer a pena construir-se (14 mil milhões de euros num país que corta todas as despesas, das que parecem mais urgentes…) parece-me a mim que seria para ligar Portugal ao estrangeiro.

Afinal, pelos vistos,
irá ser apenas de Lisboa ao Porto a 250 km/hora bastante mais lento do que se tinha pensado.
Uma obra, onde se vai gastar estes milhões todos, para quê? É que quem tiver mesmo muita pressa vai pelo ar, que assim como assim sempre é mais rápido.
E se calhar mais barato.

É lá com «eles»

Como devem ter reparado, eu não falo aqui da Igreja. Pela razão simples de que não me interessa. Posso ter feito, muito pontualmente, qualquer referência ao Papa mas como faria a um dirigente de uma nação, mais nada.
E neste caso estou a escrever esta nota e ainda na dúvida de ponho o post online ou fica em rascunho. Porque o certo é que «é lá com eles».
O caso é que em Fátima se vai inaugurar uma igreja que custou 80 milhões, dinheiro esse totalmente doado pelos peregrinos
Como não sou peregrina nem tenciono ir a Fátima, nada disto me diz respeito.
Mas… Oitenta milhões? Para construir uma igreja? Não posso deixar de questionar em que é que isto vai beneficiar os católicos.
Enfim, que ao menos seja como as obras dos papas do renascimento, também pagas com dinheiro das indulgências etc e tal mas ficou obra asseada e incentivou grandes artistas.
Talvez daqui a 300 anos se venha de longe ver a igreja de Fátima…
Será?


terça-feira, setembro 25, 2007

Mais um para a colecção

Estou aqui a pensar em abrir ali uma nova categoria só para «Publicidade». É raro o dia em que não me chega uma coisa interessante que desejo partilhar convosco. Desta vez foi a Saltapocinhas que me mandou em FW, como ela não o colocou no blog dela, aproveito-o aqui para o meu (desculpa lá!) É mesmo muito bem imaginado!!!!
(quem é que fala em macacos de imitação?)


Outra nomeação simpática



Foi já no dia 13, quinta-feira da outra semana, que a Hipatia escreveu um post sobre Schomooze
Na altura, passou-me. Só quando passei pelo «Voz em fuga» bastante mais tarde reparei nele, até por me ver lá referida.

Ora bem, a cadeia vem de longe, lá do estrangeiro pelos vistos. E a Hipatia teve a simpatia (rima e é verdade) de considerar que aqui o Pópulo devia pertencer à categoria de «blogs que são adeptos dos relacionamentos inter-blogs fazendo um esforço para ser parte de uma conversação e não apenas de um monólogo» conforme reza a nomeação.
Identifico-me.
Eu faço realmente um esforço, se bem ou mal sucedido já não o sei dizer. Sei que tenho muitas visitas pelos números que me chegam e ainda alguns comentadores, gente que têm a simpatia de deixar a sua opinião – um núcleo duro e outros que aparecem esporadicamente. E, de facto, sou adepta do relacionamento inter-blogs.
Portanto cito facilmente mais cinco com quem me relaciono muito bem e facilmente:


a Saltapocinhas

o Farpas

a Mar

a Nise

o Zé Palmeiro

a malta do Ante e Post

e fico por aqui, mas ainda tenho para ali uma dúzia em carteira…


(um dia destes ainda deixo ali ao lado os ‘logotipos’ destas distinções todas que recebi desde
os Tomates ao «thinking blog»: é que já faz vista. heim?...!)

Pronúncia e sotaque

Conheci algumas crianças que adoravam uma brincadeira onde eram exímias: diziam uma série de sons ou palavras inventadas, mas com uma determinada entoação, tão bem concebida que quem os ouvisse ao longe acreditavam que estavam a falar alemão, ou italiano, ou francês, ou inglês… Não era nada, que não conheciam nenhuma dessas línguas mas sabiam imitar na perfeição a modulação dos seus sotaques.
No domingo ouvi parte da entrevista do Mourinho.
(entre parêntesis deixem-me dizer que não é nada mau ouvir um português que não é ‘coitadinho’, que é orgulhoso mas tem razão para o ser)
Fiquei a pensar. O seu inglês era fluente, o vocabulário variado, a construção gramatical certa. As palavras estavam bem pronunciadas. Então porque nos ficava no ouvido a certeza de que era um português a falar? Porque não reproduzia a melodia da língua, faltava-lhe um sotaque característico.
Quero eu dizer, um sotaque característico de uma qualquer região britânica; porque sotaque ele tinha – português.

Sejo!

Conheci há muitos anos uma criança que estando a teimar sobre qualquer coisa, ouviu o conselho
«O menino não seja teimoso!» a que de imediato respondeu:
- «Sejo!!!»

Eu tenho uma amiga que ontem foi operada.
Não terá sido das operações mais graves, mas foi coisa delicada, e uma operação é sempre uma operação. Ou seja, ela estava bastante nervosa antes de ir para a clínica. Nada de mais natural, pensando bem o contrário é que seria de estranhar.
Mas, parvamente, tentando animá-la eu aconselhei:
- Não estejas nervosa!
Por acaso, ela não me respondeu «estejo, pois!», mas mal eu tinha dito a frase, lembrei-me de imediato de do outro menino.
Pois é.
Para se dar certos conselhos é melhor estar calada…




Doentes de medo

Dizem que na Europa três quartos dos imigrantes ilegais não recebe cuidados de saúde
A verdade é que dado a sua situação, receiam ser denunciados.

Compreende-se.
Mas não pode ser mais triste.
É um dos casos onde o medo pode matar.

Contracepção


A boa notícia -
85 por cento das portuguesas recorre já ao uso de contraceptivos. A notícia não diz qual é o universo estudado mas assim, sem mais, parece que essa prevenção vai avançando.
A má notícia -
entre as que 15% que não usam nenhum método, estão sobretudo mulheres entre os 15 e os 19 anos Onde está a famosa educação sexual?

Saída


Foi-se embora.
Com mais de 80 anos, André Gortz e a mulher suicidaram-se juntos
‘Conheci-o’ desde sempre. Posso dizer que passei a adolescência e cresci com ele. Com ele, com Sartre, com Simone de Beauvoir, com Les Temps modernes, com o Nouvel Observateur. Tenho ali na prateleira a primeira edição, julgo eu, de «Le Traître».

Agora partiu.
Escolheu a sua hora de partir. Tinha escrito «Nous aimerions chacun ne pas survivre à la mort de l’autre. Nous nous sommes dit que si, par impossible, nous ¬avions une seconde vie, nous voudrions la passer ensemble.»
E realmente abalaram juntos – levando consigo parte da minha adolescência.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Ena tantos...

Um visitante habitual aqui do Pópulo tinha deixado um link, mas simultaneamente uma amiga também mo enviou por FW. Nesta função de «serviço público», o Pópulo mostra os milhares de serviços a que podemos ter acesso se clicarmos






Só por brincadeira, se clicarem na imagem ficam com o monitor quase cheio…

A melhor concorrência

Ficamos a saber que «são cada vez mais os exemplos de empresas de calçado que encontraram o caminho certo para combater a crescente invasão do mercado europeu com produtos asiáticos»
Aleluia!

Será que é desta que os empresários e gestores entendem que esta guerra não se irá ganhar baixando indefinidamente os custos à conta dos salários (porque os salários asiáticos serão durante muuuuito tempo mais baixos do que os europeus !) e sim explorando a melhor qualidade dos produtos?
Sobretudo, no calçado onde não é de agora que se sabe que os nossos sapatos têm boa qualidade. Quem não teve a experiência de estar no estrangeiro, ver um par de sapatos especialmente bonito e ao espreitar a etiqueta ler «made in Portugal»?
Pois se temos a experiência e temos bons profissionais, parece evidente que o caminho é por aí.

Infecções nos hospitais

O senhor director-geral da Saúde, produz uma interessante e grave declaração: «Pelo menos sete por cento dos doentes internados sofrem infecções hospitalares devido a erros médicos», coisa que deixa uma pessoa abananada.
É que assim, para já, 7% parece uma grande percentagem.

Explica depois que
«Controlar a resistência das bactérias aos antibióticos e lavar frequentemente as mãos» são medidas que podem chegar para que esta percentagem baixe. Parece simples demais. Lavar as mãos?
É interessante, ler
os comentários que este artigo provocou porque é fácil de imaginar que grande parte deles é escrita por médicos. Reparem: 1-«O Dr Francisco George já trabalhou em algum hospital? Conhece a prática hospitalar? Seria interessante apresentar o estudo em que se baseou para tais afirmações»; ou 2-«muitos hospitais não têm condições mínimas para se lavarem as mãos...e isso não diz este sr director político» ou 3-«Já agora podiam também dizer que muitas das infecções hospitalares são transmitidas pelas visitas. À semelhança daquilo que existe no Reino Unido, deveria ser obrigatório lavar as mãos com uma solução asséptica à entrada do quarto dos pacientes. Para além disso, há muitos hospitais que têm muito poucas condições para os profissionais realizarem bem o seu trabalho e com diminuição do perigo para os pacientes». Interessante, não?
Por outro lado, se a DECO « identificou níveis de bactérias no ar superiores ao recomendado na maioria de 19 hospitais públicos e privados» parece que essa do ‘lavar as mãos’ é o que o Sr. Director Geral da Saúde está a fazer… metaforicamente.


A política na sua versão mais negativa

Quando se ouve «Não gosto de política», ou «A política é uma porcaria» ou «Política…» com um encolher de ombros, é a cenas como esta de «um militante pagar de uma só vez [às 2 da madrugada num multibanco] 200 quotas», ou haver milhares de quotas pagas por 4 militantes que se está a pensar.
Porque é evidente que toda a gente se interessa e fala de política. Se está a ganhar pouco ou tem um familiar desempregado, é por política do trabalho que se interessa. Se protesta por ter de gastar um balúrdio no início do ano escolar, ou por o seu filho não aprender na escola, é por política da educação que se interessa. Se tem de se levantar de madrugada para ir trabalhar é por política dos transportes que se interessa. Se anda doente e desesperado, porque o SNS não responde às suas necessidades, é por política de saúde que se interessa…

Mas
estas caldeiradas e a doença da partidarite de que sobretudo os grandes partidos são um triste exemplo, explicam a má imagem da «política» e não apenas em Portugal.

domingo, setembro 23, 2007

A falar é que a gente se entende

Não é.
Muitas vezes pelo contrário, a falar é a gente se engana...
Mas a comunicação pela mímica, essa sim é universal.
Desapareceu um grande comunicador, o maior: já não temos Marcel Marceau.
Fica-nos a sua memória.

Um Caderno de Capa Castanha XV - Vestuário II

E quanto à roupa das senhoras…?
«Esse ponto, sim, era mais importante do que o das crianças ou o dos homens que também obedeciam à moda, é claro. Para focalizares bem a época é importante, Clara, que percebas que na vida corrente existiam muito mais normas e muito mais rígidas do que na actualidade. Nós regíamo-nos muito pelo que «se deve» fazer, ou usar, ou dizer. Havia um 'espartilho social' invisível mas ao qual não se pensava fugir, porque se tinha sido educado dessa forma. Por um lado, era mais visível a diferença de classe social nessa época do que hoje. Uma mulher do povo ou uma criada não vestia do mesmo modo que uma senhora da burguesia - a classe social via-se logo, ao longe. E as senhoras andavam muito mais cobertas do que hoje em dia, para além do vestido e casaco, meias e sapatos, não se saía sem chapéu e luvas fosse de Inverno ou Verão. Para a minha avó esquecer-se das luvas eram tão impensável como seria eu hoje esquecer-me dos sapatos! E, durante a década de 40, também não saía sem chapéu, mesmo que fosse quase «uma amostra» de chapéu. Lembro-me de ver a minha mãe, que era mais liberal nos seus hábitos, nos finais desses anos só usar uma boina, mas… a cabeça tinha de estar tapada. Aliás, quando o chapéu começou a desaparecer vieram os lenços de cabeça, mais práticos, mas que tapavam o cabelo na mesma. E as luvas, de Verão até podiam ser de renda, mas uma senhora tinha de andar de luvas, ponto final.
E a moda era, como disse, rigorosa. Se um ano as saias fossem pelo meio da perna, todas as bainhas desciam, se no ano seguinte fosse só abaixo do joelho, subiam todas. As costureiras adaptavam os vestidos de um ano para outro, porque ‘parecia mal’ usar um vestido «errado» com a altura da baínha trocada...
Por outro lado também havia um código rigoroso do que fica bem ou fica mal. Certas cores não se misturam, o azul e o verde, o vermelho e o verde, por exemplo, porque se ficava «vestido de bandeira». E certas cores muito vivas também só se devia usar uma de cada vez, se a blusa era vermelha a saia seria cinzenta ou azul escura. Assim como era de mau gosto misturar padrões, não se ia usar pintas com riscas, ou com quadrados, ou com flores. Se uma peça de vestuário tivesse um desenho a outra devia ser lisa, ou o mesmo tipo de padrão. Havia normas rigorosas para tudo isso, e aprendia-se quase automaticamente porque era o que todos faziam.
E agora vamos ver: sapatos, importante e também se seguia a moda. A toillette de uma senhora começava pelos sapatos! Podia não ter muitos pares, uns mais práticos e uns mais elegantes, já podia ser. Depois as meias de seda, muito esticadas, presas às ligas ou ao cinto de ligas e mais vulgarmente à cinta (aparelho de tortura que desapareceu hoje, mas ainda vou falar nisso) A costura da meia tinha de estar direitinha como um fio de prumo. A meio da década começaram a aparecer as meias de vidro, muito fininhas e transparentes, por isso se chamavam «de vidro», que já tinham fibra não era só a seda. E também muito esticadas e com a costura direitinha.
Os fatos eram sobretudo tailleurs - quanto melhor a modista melhor o corte e todas as senhoras os usavam. Ou vestidos com um casaco de abafar por cima, se estava mais frio. Depois luvas, chapéu e carteira de mão. Chamaria a atenção pelos piores motivos quem saísse à rua sem estes atavios.
Claro que também havia os vestidos de «andar por casa», de um tecido menos bom, ou aproveitando os mais usados. Porque a norma para as crianças, também se fazia sentir nos adultos – aproveitava-se tudo, o desperdício era um defeito bem grave».
Clara

Uma música ao Domingo

Outra canção, de Portugal, de um músico que deixou um lugar nunca ocupado.





sábado, setembro 22, 2007

Exageros

Para quem pensa que as regras anti-tabágicas estão a ser muito fortes em Portugal, aqui vai uma história:
Um casal foi a Inglaterra. Vivem na Dinamarca onde também há regras anti-tabaco, mas são os dois fumadores. Estiveram toda a semana em trabalho mas no fim-de-semana decidiram conhecer outra cidade próxima e alugaram via net, um quarto numa pensão «bed and breakfast», casa pequena com meia dúzia de quartos.
Chegaram, deixaram as malas no quarto e foram conhecer a cidade. Regressaram bastante cansados e foram para a cama cedíssimo. Mas antes de se deitar, ele apetece-lhe fumar um cigarro. A mulher avisa-o de que está ali um letreiro proibindo fumar no quarto mas ele insiste – de janela aberta, fuma o cigarro e desfaz-se da beata. Deitam-se.
Quase duas horas depois acordam sobressaltados com um barulho ensurdecedor. Saltam da cama, vestem-se de qualquer maneira, encontram-se no corredor com os outros seis hóspedes também assarapantados e fogem todos para a rua.
A dona-da-casa apareceu e desligou o detector. Enquanto eles esperavam na rua a senhora dá uma volta a todos os quartos e regressa a dizer que está tudo em ordem, devia ter sido um falso alarme, e desfaz-se em desculpas. Ora, enquanto esperavam na rua, os meus amigos dinamarqueses tinham acendido um cigarro que apagaram quando voltaram a entrar em casa. Entram no quarto e preparavam-se para voltar para a cama quando ouvem umas violentas pancadas na porta, e deparam com a senhoria que lhes atira «Estiveram a fumar no quarto?…» O ‘culpado’ pensando que não seria grande crime, confessou «Sim, um cigarro, à janela, e já foi há 2 horas…»
Com esta frase a mulher tornou-se numa fúria «RUA! Façam as malas e saiam IMEDIATAMENTE!» Karl, que é tipo pachorrento, responde «A estas horas? Mas que ideia… Se quiser multe-nos, mas não saímos agora!» resposta que fez a criatura dar meia volta, descer as escadas e levantar o telefone. A minha amiga, que tinha ido atrás dela, pergunta-lhe «Mas o que está a fazer?» «A chamar a polícia. Vocês invadiram a minha casa e vou mandar prendê-los
Conclusão, fizeram mesmo as malas à meia-noite e acabaram num hotel caríssimo, o único onde havia quarto.
À saída, o culpado ainda lhe atirou «Olhe que deve mandar consertar esse detector. Se leva duas horas a dar sinal, da próxima vez que tiver um incêndio quando cá chegar só vai encontrar cinzas…»

A desburocratização avança



São boas notícias.
Assim se concretizem e, ao menos nesta área, o governo fez obra. Tal como não me tenho cansado de criticar os sectores onde tudo parece andar para trás, devo dizer que
as medidas que ouvi são boas e até devem ser implementadas em mais locais.
Não só nas áreas fiscais, onde se tem verificado que o sistema está mais ágil e desburocratizado (mas aí o interesse era também do próprio governo) como parece que se começa a estender a mais serviços.
A ligação dos centros de saúde aos hospitais será uma boa medida. Se as consultas de especialidade forem «marcadas directamente pelo médico de família por via electrónica» é realmente uma melhoria para os doentes (pelo menos os que tiverem médico-de-famíla…)
E o aumento de «lojas do cidadão», sobretudo se forem de 2ª geração como dizem, também é de aplaudir. Esse balcão "Perdi a Carteira" será uma boa medida, na linha da simplificação dos processos de atendimento.
Pronto, nem tudo vai mal!

sexta-feira, setembro 21, 2007

Cortesia e respeito

Há dias em que ando com mau feitio. (Eu digo que «há dias» se calhar nos outros também me acontece só que não o mostro…) Mas, ou é de mim, ou de facto anda a aparecer cada vez mais uma categoria de pessoas com quem não se consegue falar, porque o que quer que se diga vem, qual boomerang, devolvido pelas suas questões pessoais.
Uma conversa pressupõe que cada um dê a sua opinião sobre diversos assuntos, e as suas palavras sejam ouvidas e enquadradas pelas considerações do outro parceiro de conversa. Pelo menos parece-me o normal. E, tenho a sorte de ter amigas e amigos com quem essa troca se dá de um modo muito agradável e é um prazer estar com eles.
Contudo, o certo é que cada vez mais encontro pessoas que seja o que for que se diga, o que vem à tona é o que se passa com ela própria, seja importante ou corriqueiro.

-Cheguei atrasada que o autocarro nunca mais chegava.
-Nem queiras saber! Ontem estive meia hora à espera, debaixo de chuva e acabei por chamar um táxi. E o pior é que bláblábláblá…
......................

-Sabes? Estou agora a ler um livro muito interessante. Trata-se de ****

-Pois. Eu acabei de ler o *****, e digo-te que bláblábláblá….
..............................

-Ando ralada com a minha mãe. Vou ver se a levo ao médico,…

-Eu já nem digo nada à minha. Da última vez que lhe chamei a atenção blábláblá…
.........................

-Tenho tido tantas chatices no meu trabalho. A minha colega tal, tem-me feito a vida negra.

-Olha que eu agora estou numa fase boa. Andei com muitos problemas, lembras-te? Mas blábláblá…
.......................

Isto acontece a todos, não é? Por favor, digam-me que não sou eu que ando com manias…? O escutar o que nos dizem, sem interromper, e mostrar que se ouviu e está interessado, é uma das mais simples formas de respeito.
Mas que está, definitivamente, em vias de extinção.


Um engraçado artigo de opinião

De um modo geral gosto de ler a Fernanda Câncio. Não assinaria tudo o que ela diz, mas o balanço é claramente positivo. Vou-a lendo no Cinco Dias e, quando o que escreve no DN aparece online, também não falho.
Esta última «
opinião» está excelente.
Vão lá espreitar:
«Maria José Nogueira Pinto anda muito bem-disposta. Ou a vida lhe anda a correr bem, ou foi à Zara - que é, diz ela, a sua terapia».
E não vou transcrever o resto que seria batota. Mas acaba assim:
«Sucede que alguém que acha que o problema do comércio da Baixa é causado pelas lojas "de chineses" é alguém que, para além de exibir a xenofobia descomplexada que se espera de uma salazarista, ainda não percebeu nada da Baixa. Perante isso, que, convenhamos, nem indicia competência nem garante bons resultados, Costa não pode senão mandar Zezinha passear. Pela Baixa, sugiro eu. Tem lá três Zaras, sabia? A não ser que prefira dar uma volta na China. Diz que lá mandam lindamente.»
:))

Vivam os Açores!

Mas que notícia simpática!
Fiquem sabendo que
as ilhas do Corvo e da Graciosa foram classificadas pela UNESCO como Reservas da Biosfera
Por mim já tenho no meu imaginário que os Açores são um lugar de eleição quando se quer combater o stress e fazer uma vida serena e equilibrada. As minhas visitas à região deixaram-me sempre com fome de mais. A essas duas ilhas pequeninas nunca fui.

Mas o título de «Reserva da Biosfera» é de deixar os açorianos, e mais concretamente os habitantes dessas ilhas premiadas, mesmo vaidosos.

Até eu já estou vaidosa por procuração…


Parece-me exagero

É claro que o facto do SNS não integrar os cuidados de saúde oral e não haver dentistas que nos Centros de Saúde assegurem a quem o necessite o tratamento necessário nesse campo, explica que haja tanta gente com os dentes em muito mau estado.
Mas a Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária passou ao ataque e um estudo em que considera que «cerca de 99 por cento das crianças portuguesas têm problemas dentários, na sua maioria cáries ou falta de dentes» mas « apenas metade vão ao dentista» parece-me exagerado. É certo que o mesmo número se repete nos adultos – só 1% tem uma dentição sã.
Mas 99% é quase o universo todo! É pensar que numa escola que tenha 500 meninos só 5 têm dentes bons. Não é exagero…?
Sei que as nossas crianças consomem excesso de açúcar, a oferta de alimentos doces ou muito doces cerca-os por todos os lados. Isso é muito mau e os países mais avançados já andam a lutar contra tal com a criação do «dia dos doces» semanal - só num certo dia da semana se pode comer doces…
Claro que os nossos pais estão longe de conseguir essa disciplina e o doce é ainda o presente habitual ou o pedido a que não conseguem resistir. E o resultado vê-se.


quinta-feira, setembro 20, 2007

Hoje devo ter acordado assim

Com a licença da B.I., acho que hoje acordei assim


É que estive a reler os posts abaixo, e vi-me com mau feitio, é tudo amargo…
Desculpem lá.
Amanhã já deve ter passado.

(quero dizer, o país vai ser o mesmo, o meu mau humor é que talvez não…)

e-Government


Pronto.
Podemos esquecer os lamentos sobre o estado da Saúde, Educação, Justiça, Transportes, Emprego…
Estamos muito bem no que trata a comunicar com o governo por serviços on-line. Ena, ena…
Em dois anos Portugal subiu 11 posições no que trata de serviços on-line.
Os serviços podem não ser bons, mas ao menos estão on-line!

Catita, heim!

Será gralha?

Interessante.
Envergonhado por se saber que, graças a um protocolo de geminação de Vila real de Santo António com a cidade de Playa em Cuba, 14 doentes de oftalmologia que estão há anos há espera de operação vão ser lá operados em 15 dias, o senhor ministro promete que tudo vai mudar.
Vai passar a contratar ele médicos estrangeiros.

Mas tudo se passa porque os nossos médicos são preguiçosos, pensa ele. A verdade é que a saúde continua a funcionar mal, e o senhor ministro «para sustentar essas declarações baseou-se num relatório da inspecção-geral de saúde… finanças».
Finanças?

Gralha do jornal, só pode ser.


Democracia?

Cena – um debate numa universidade com orador e direito a perguntas

Local – EUA

Claro que a história já correu o mundo graças às possibilidades que as novas tecnologias nos dão. Se fosse há cem anos nunca se viria a saber fora daquela cidade, ou se calhar nem lá, e... poderia sempre ser desmentida.
Também é certo que se fosse há cem anos não se usariam bastões que dessem choques eléctricos!
A história é «simples»: John Kerry foi interrogado por um estudante universitário no decurso de um debate e não gostou das perguntas. Normal. Começaram por desligar o microfone onde o rapaz falava. Menos normal e menos democrático. Mas para finalizar ele acabou por ser detido pela polícia que estava na sala no modo que se pode observar no vídeo.
Já no chão foi atingido por choques eléctricos.
Bonitos métodos, não?


quarta-feira, setembro 19, 2007

O «Caderno» da AB - Vestuário

Volta não vira e toca ao mesmo

Não faço ideia de quando foi a primeira escolha de roupa.
Uma coisa era o desejo, outra a realização do mesmo. E nem sei mesmo se o desejo era assim tão claro, mas a haver, era sofrido...porque a concretização dos desejos era convertida em prémio de comportamento ou prenda de Natal ou anos. Tirando uma ou duas birras noutros campos, com resultados francamente positivos, essa do vestuário era um dado adquirido - nada a fazer. Fazendas do Sr. Henrique, amostras de azuis-escuros e cinzentos para os casacos compridos à inglesa: macho atrás, meio cinto, pespontos nas golas e bolsos de pala e oito botões. Saias de pregas, do mesmo tom dos casacos, com peitilho num outro tecido para que ao vestir se não ficasse "ponta abaixo ponta acima" e camisolas de malha de três cores. Cinza clarinho, azul escuro e vermelho, todas
com um botãozinho no cós, junto ao pescoço, para prender o maldito colarinho de goma. Dois vestidinhos de "ver a Deus" ou de "ir à madrinha"como hoje se diz…"Voile de lã."
O que faltava em imaginação (os vestidos eram bonitos, vistos agora à distância) sobrava em bainha...para o ano seguinte. Depois era fácil: quando a "parure" de sair ficava, enfim, em menor apresentação (????) passava para uso na escola e vinha a seguinte sempre com o mesmo critério...Sapatos de carneira ou botas da mesma, para a escola, sapatinhos de botão ao lado para sair (um número acima). Meias a condizer com as camisolas e um resquício de luxo nas fitas do cabelo. Acessórios: luvas, chapéu de feltro ou boina para sair e... "carteirinha, mas está parva ou quê? Coisa mais pires...as meninas não usam coisas dessas ".E lá se iam as ilusões que essa da carteira (malinha) nem no Natal, nem com obras pias...porque os "braços se devem levar direitos, sem ser a dar-a-dar . Excepção: ao Domingo o missal pequenino e o véu branco na mão e aí nada de chapéu. O Verão era mais criativo e lá vinham as popelines e os tobralcos e os inefáveis bibes: bibe de brincar, mais simples e bibe de ir à mesa ou de sair. Brancos, nervuras e grandes folhos de bordado inglês. com goma. Para não sujar o vestido, e a recomendação: Faz-Favor-De-Não-Sujar-o-Bibe.

Oh Deuses!...

AB

Incentivos ao aluguer de casa

Como?
Ah! Claro…
Não foi cá, foi em Espanha.
Que distracção a minha.

Uma notícia simpática

Quando um jovem se distingue pela positiva ( muitíssimo ‘positiva’ até!) é caso de festa.
Um estudante de 18 anos não vai ter a menor dificuldade em entrar para o curso que quer: o seu professor da disciplina de projecto, deu-lhe a nota 20 «porque não podia dar mais».

Aliás ele deve estar habituado aos 20, uma vez que coleccionou mais quatro «vintes»

Palmas para este futuro engenheiro!
Sabe bem começar o dia com uma boa notícia.