terça-feira, setembro 25, 2007

Saída


Foi-se embora.
Com mais de 80 anos, André Gortz e a mulher suicidaram-se juntos
‘Conheci-o’ desde sempre. Posso dizer que passei a adolescência e cresci com ele. Com ele, com Sartre, com Simone de Beauvoir, com Les Temps modernes, com o Nouvel Observateur. Tenho ali na prateleira a primeira edição, julgo eu, de «Le Traître».

Agora partiu.
Escolheu a sua hora de partir. Tinha escrito «Nous aimerions chacun ne pas survivre à la mort de l’autre. Nous nous sommes dit que si, par impossible, nous ¬avions une seconde vie, nous voudrions la passer ensemble.»
E realmente abalaram juntos – levando consigo parte da minha adolescência.

4 comentários:

Anónimo disse...

Faz muita impressão.
Se lêssemos num romance ia pensar-se que era 'literatura piegas' e afinal... Um casal que vive quase 60 anos junto, e decide «ir-se embora» também juntos. Fosse quem fosse fazia um arrepio, mas neste caso, é uma figura que marcou muitos de nós.
A imagem que este post me deixa (ou a notícia em si ) é a de um lenço branco a acenar.
Adeus....

josé palmeiro disse...

É uma atitude de muita coragem e só possível em pessoas da estirpe, de André Grotz e da mulher. Resta-nos o legado que nos deixou, encimado por esta última e defenitiva atitude, que a todos tocou.

Anónimo disse...

Também são «do meu tempo», Emiéle.
Acho que foi este post que li primeiro que os outros esta manhã, que me fez voltar a escrever aqui.
Como tu lembras, este tipo fez muito por nós na nossa adolescência. respeito-o imenso, assim como respeito o direito a marcar o fim na altura que achou certa.
Os seus escritos estão ali na estante e marcam uma época.
Como vai longe...

cereja disse...

Zorro - quando as figuras que nos marcaram começam a desaparecer, é a sombra da velhice a aproximar-se...
Hoje tou melancólica, não liguem!