domingo, agosto 31, 2008

Uma música ao Domingo

Para terminar o mês como comecei, de novo Adamo, com outro seu 'clássico': Inch Allah


sábado, agosto 30, 2008

A invasão das lesmas

Quando se vive no campo sabemos que temos de coabitar com bichos.
Não há a menor dúvida, e faz parte do contracto. Bichos grandes – cães, gatos, galinhas, patos, burros, cavalos – e bichos pequenos. Formigas, aranhiços, caracóis, lagartixas, esse tipo de fauna. Não me incomodam. Já aqui o confessei que o único animal que me tira do sério por uma irreprimível repugnância, é a barata. E essas nunca aqui as vi!
Não foi o ano passado, deve estar agora a fazer dois anos que deixei por aqui um post sobre uma famosa lesma que durante a calada da noite vinha passear na minha sala de estar. Eu só sabia da sua presença por encontrar um rasto prateado no tapete, todas as manhãs. (não encontrei o post para fazer link, mas sei que o escrevi...)
Passou-se bastante tempo, não faço a menor ideia do tempo de vida daqueles bichos, mas penso que só possam ser as suas tetranetas que continuam a tradição familiar e a fazer-me visita de madrugada.
Acontece que eu sou mulher de me recolher cedo e portanto nunca tinha visto nenhuma, só o seu rasto prateado. Mas o meu filho, que já não sai a mim nesse aspecto e só gosta de se deitar lá para as 3 da manhã, uns dias depois de aqui chegarmos informa-me «Ai, mãe! Que bicho horroroso estava esta noite no meio da sala. Que nojo!…» Quis saber o que lhe tinha feito. Nada! «Então o que é que eu podia fazer?… Aquilo não se pode pisar!» Lá isso… Mas aconselhei que pegasse numa pá e vassoura e a varresse!…
No dia seguinte, declarou-me vitorioso, que assim o fizera. Varreu-a para longe, para bem longe do quintal.
Durante uns dias a coisa parecia resolvida.
Só que ou a família é grande ou ela chamou todas as amigas, o certo é que desde há uma semana que todas as manhãs sou informada que na noite anterior mais um exemplar daquele bicho tinha de novo vindo passear no chão da minha sala, e essa também tinha sido convenientemente varrida! É uma invasão, pacífica mas… invasão!
Hoje à tarde vou à drogaria ver se me aconselham algum produto eficaz neste combate sem tréguas.
É que para a semana não vamos estar cá, e não tenho quem se dê ao trabalho de estar atento às 3 da matina, para caçar lesmas no tapete da sala.
Se elas passam palavra de que a costa está livre, quando voltar no fim de semana que vem estou feita!….

sexta-feira, agosto 29, 2008

Meios extremos



….por medo de usar os mais moderados.

Ontem vi na TV duas historietas numa destas séries de crimes, desvendados uns à moda antiga, outros que se descobrem graças aos mais modernos processos de investigação, mas o que me deixou a pensar não foram os casos em si – histórias de crimes mais ou menos bem imaginadas – mas o facto dos dois casos terminarem com um investigador a fazer a ‘mesma’ pergunta, que era também a minha dúvida.
Numa das histórias, um sujeito, criatura detestável, odiado por todos devido a um comportamento abaixo do que devia ser tolerado, com tantos inimigos que nem dava para enumerar, de tal modo detestado que a dificuldade era escolher entre quem o tinha morto que motivos todos tinham, tinha afinal sido morto por uma sua empregada.
Claro que ela era uma vítima. O tipo era uma víbora, ela tinha sido humilhada e explorada de um modo inacreditável. Mas, o que o detective perguntava à criminosa já no fim da sua confissão era «Mas se trabalhar para ele era tão mau (e estava provado que o era) porque é que não se despediu…?» Atenção, não era um caso onde aquele fosse o único trabalho possível; pelo que se adivinhava na história, ela, boa profissional, arranjaria um bom emprego sem dificuldade.
A outra história, era uma situação familiar. Descobria-se que o culpado tinha sido o marido, a mulher era uma peste, mas … a questão era igual «Se a vida em casa era tão má, porque é que não se divorciaram?» ou até: porque não se foi embora? (nota: não havia filhos)

Isto foi na América, mas no nosso meio também encontramos muitas vezes situações que, sem este dramatismo, têm algo de semelhante. Pessoas que vão aguentando situações que os magoam durante muito tempo. Não tomam a decisão, aparentemente instintiva, que é a de fugir à dor. [Pelo menos a mim parece-me ‘instintiva’ - assim como se vir uma pedra vir na minha direcção fujo dela, também se convivo com alguém que me agride psicologicamente, será natural ‘fugir dela’… ] e que, de repente, rebentam de um modo excessivo e desadequado.
O que me faz mais espécie não é o ‘rebentar’, é como é possível aceitar-se situações muito dolorosas sem se encarar logo a resposta aparentemente mais fácil que seria… fugir delas!



quinta-feira, agosto 28, 2008

Contagem decrescente


dois momentos nesta altura do ano em que, inevitavelmente, se entra em contagem decrescente.
O primeiro é nos dias ANTES de se ir para férias. Os preparativos. A escolhas. (isto faço quando voltar; isto tenho de fazer antes de ir…) A importância relativa que as coisas assumem (quero lá saber! Depois de amanhã já estou em férias…!) As expectativas. Os votos de que haja algumas surpresas para quebrar a rotina, mas das boas…
O segundo momento é no FINAL das férias.
Claro que estas sensações só fazem sentido quando estas são de um tamanho razoável. As mini-férias de 3 ou 4 dias que conseguimos durante o ano, não chegam para tanta sensação, essas vivem-se e pronto. Mas nas «grandes», nas férias de um mês, pelo menos eu, todos os anos passo por esses momentos .
E estou agora na tal contagem decrescente do fim. Pensando, «na quarta que vem já estou a fazer isto e aquilo», ou «não me posso esquecer de assim que chegar ir buscar o aparelho tal que ficou a consertar», ou «que gaita, este ano a minha fada-do-lar tirou férias até meio de Setembro e vou ter a porcaria do arranjo da casa à minha espera»…
Mas sobretudo pensando em aproveitar todos os momentozinhos «oxalá o tempo se mantenha bom», «vamos ver se ainda há tempo de fazer a visita aos X, e se eles estão cá», «ai que estou a espirrar, agora não me apetece nada apanhar uma constipação que me estraga os últimos dias!», ou seja, os dias apanham outra dimensão com esta nuvem pairando de que … são os últimos!

Bem se diz «Para onde vais? Vou p’rá festa!!!» «De onde vens? Venho da feeestaaa…»

quarta-feira, agosto 27, 2008

Pavões na capoeira


Neste sítio onde passo as minhas férias, tinha há uns anos a companhia de vários grupos de amigos. Aliás viemos morar para aqui atrás de uns amigos nossos que por terem cá casa nos desafiaram e de seguida fizemos nós esse papel – fomos convidando outros casais para virem morar para aqui. Ou seja, houve uma época onde não faltava aqui companhia, quase era demais! Depois os filhos cresceram e queriam ir para onde estavam os seus próprios amigos, muita gente começou a rumar para o Algarve onde a água é bem mais quente, outros, mais velhos, já achavam esta terra desconfortável e vêm cá muito pouco. Ou seja, actualmente a minha companhia são visitas que vêm de fóra.
Na segunda-feira encontrei-me com uma amiga, ex-colega de trabalho, a quem trouxe à minha casa para lancharmos. Foi agradável, ela está hospedada aqui num hotel de uma praia próxima mas é claro que a vida de hotel é uma seca, a vantagem é que sai do quarto e entra na praia, contudo gostou de uma tarde de conversa num ambiente caseiro e eu também, porque há muitíssimo tempo que não conversávamos com calma e sossego.
Nós temos feitios muito diferentes e ela tem mantido contacto com ex-colegas que nunca foram da minha simpatia, e desde que me tinha mudado de trabalho nunca mais tinha sabido nada delas, nem pensava em tal. Mas claro que também não repeli as informações que ia recebendo agora.
Esse grupo destas 3 ou 4 criaturas (de quem eu nunca gostei) tinham entre si uma habilidade maravilhosa: sabiam fazer as famosas omeletes sem ovos! Ou, pelo menos, com uma única clara, e uns pós de perlimpimpim saía um prato de encher o olho. Recordo-me de uma delas, há já muitos anos, ainda nem se sonhava em usar power-points a apoiar as nossas exposições, ter no final do ano ao expor o trabalho que tinha efectuado deixado tudo de olho arregalado com a projecção de umas transparências onde aquilo que tinha feito – igualzinho ao trabalho dos outros colegas – brilhava em gráficos com umas cores tão vistosas que só com isso a sua avaliação subiu muitos pontos! O trabalho em si mesmo não era nada de especial, mas com o embrulho de celofane e laçarotes de cetim, arrumou a concorrência.
Bom, não era a única. O truque nem era difícil e desde que se tenha estômago para isso, valia a pena. E fui reparando que aparecia afixado nas portas de alguns gabinetes «coordenador do projecto XYZ», mesmo que só se coordenassem a si mesmo, e então no caso de terem de facto alguma função de chefia a arrogância com que intervinham e falavam aos outros era coisa de pasmar. Eu tenho mau feitio para esse tipo de pessoas. Não as suporto. E, ou começo a ser trocista e agressiva ou me afasto, o que é o mais vulgar. Portanto há muito que não sabia nada delas.
A conversa com esta amiga deixou-me consolada porque tal como eu previa, os pavões só ficam bem nos jardins, mas nas capoeiras se se pretende é ter ovos, dão mais jeito as pobres e feias galinhas. Ou seja, aquelas brilhantes cozinheiras que faziam a mousse de chocolate completa com um quadradinho de uma tablette, verificaram que quando os convidados começaram a avaliar a sério os seus cozinhados o brilho desapareceu.
Não é «com o mal dos outros posso eu bem», neste caso é «o mal dos outros dá-me um grande gozo»….
Cá por coisas!

terça-feira, agosto 26, 2008

Dormir e sonhar


Ontem, aqui num post mais de estilo ‘confessional’, reconheci que me sabia bem, na moleza da digestão do almoço, passar pelas brasas mesmo simplesmente recostada num sofá em frente da televisão. As sestas, mais pequenas ou maiores, que são aceites e respeitadas em alguns países e mesmo a ciência médica anda actualmente a recuperar, por muita gente são ridicularizadas, o sono é visto como uma fraqueza, e então se for durante o dia é sinal de velhice. Como num livro de Mia Couto:
O velho quase adormece. Conforme ele mesmo diz : «A velhice é assim. Faz noite a qualquer hora».
Eu discordo completamente. Não do Mia Couto, é claro, até porque aquilo é a fala de uma personagem, mas sim do conceito de que dormir é uma fraqueza. Dormir, para além de uma necessidade, é um prazer. É curioso que não existe o mesmo desdém em relação à comida (que também é uma necessidade e um prazer…) mas quanto ao sono sim.
Há a ideia de que ‘dormir é perder tempo’ e cita-se o exemplo do Marcelo R.S. que afirma só necessitar de 4 horas de sono. Pode ser. Também há pessoas que ficam saciadas com um prato de sopa ao almoço e um iogurte ao jantar, mas são estranhos metabolismos que não servem de modelo. O ser humano normal precisa de dormir e isso não é nenhuma perda de tempo, é um reequilibrar do organismo, e até mesmo dos nossos pensamentos. Por isso se fala em ‘dormir sobre o assunto’ ou ‘aconselhar-me com o travesseiro’, afinal é dar tempo ao nosso subconsciente de assimilar alguns acontecimentos, ao dormir não há uma paragem, entramos é noutra área de pensamento.
Não, senhor! Dormir é bom. Dormir bem é um prazer e na vida tem de haver «tempo» para tudo, para estar acordado, lúcido, activo, disponível, e para dormir e sonhar.
Até porque sonhar já é outra coisa, já se entra noutro sector.
Para citar de novo o mesmo romance do Mia Couto:


Nos reais tempos nocturnos o mecânico é atacado por insónias, acaloradas friagens, frígidas febres. Medo de fechar os olhos, medo de desligar a televisão, esse ecrã para onde ele transfere os trabalhosos sonhos.
«Essa máquina é porreira, Doutor, ela sonha por mim, me alivia dessa canseira de sonhar»
…….
«Sonhar me deixa muito cansado. Dá um trabalhão enorme, sonhar»
«Todos elogiam o sonho, que é o compensar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa de viver para descansar dos sonhos.»


segunda-feira, agosto 25, 2008

Ritmo de férias

Não há volta a dar. O «tempo» nas férias tem outra qualidade.
Quando estamos no nosso ritmo diário normal, pensa-se «quando estiver de férias vou fazer isto e aquilo, ler esta pilha de livros, fazer aquelas visitas, dar uns passeios aqui e acolá, experimentar aquela receita de cozinha… enfim, nessa altura ‘tenho tempo’ ». E é verdade. Medido por o tempo ‘normal’ dava para isso tudo e um par de botas!
Só que este não é ‘tempo normal’, é ‘tempo de férias’. Tudo se passa ao ralenti como em certos momentos de cinema.
Acorda-se mais tarde como é evidente. A manhã desaparece nem se sabe como! Ir à vila do lado tomar um café, meter no blog o post que está alinhavado, espreitar os títulos dos jornais e, sem se dar conta como, já estamos a ouvir a sirene dos bombeiros a anunciar o meio-dia!
Depois comprar a fruta ou a alface ou o pão fresco que são coisas de comprar todos os dias, ou o carrinho de linhas, ou a aspirina, que de repente fez falta, encontramos uma amiga que tem casa por aqui e lá vão dois dedos de conversa, olhamos para o relógio e já passa muuuito da 1 hora. Ui!
Preparar o almoço que mesmo muito simples não se faz sozinho, almoçar e lavar a loiça e quando me deito no sofá com um comando de TV na mão, já a tarde vai a meio. E depois está-se de férias, o sofá é fofo, as cortinas estão corridas por causa do sol, a TV está baixinha, e cá vem a bela sesta!!!! Até pode não ser muito tempo, mas ajuda a relaxar, e a sentir a plenitude do descanso-rei. Quase hora do lanche, e dos tais projectos para férias… nem pó! Um mini passeio para acordar bem, fato-de-banho e praia. E, pronto, voltamos a tempo de preparar o jantar porque o dia está mesmo a acabar.
OK, ainda há o serão.
É certo, posso ler um bocadinho, conversar, ver o tal DVD, mas… Nada que corresponda aos projectos grandiosos do que pensava fazer quando estivesse de férias. Até mesmo aqui para o blog, havia um tema ou outro mais importante que pensei poder abordar agora, com mais tempo. :D Olhem bem para tudo o que tenho vindo a escrever! Ehehehe!

Pelo contrário, é um bom exemplo de uma mão cheia de nada.
Mas, é assim mesmo.
Ali, à direita, lá em cima, preveni lá do meu balanço da cama-de-rede, que o Pópulo estava de férias, não foi?!

E está!


domingo, agosto 24, 2008

Uma música ao Domingo

Em memória de Dorival Caymmi


sábado, agosto 23, 2008

Outra vez os estereótipos


Este é um tema recorrente, tenho de o reconhecer. Volta não volta falo no mesmo, mas não é por acaso, é que os exemplos de estereótipos aparecem por todo o lado. E eu a cair neles, também, é claro!….
Como povo meridional que somos, o nosso tipo mais vulgar é moreno. Trigueiro, como se diria dantes. Claro que há portugueses que nascem loiros e de olhos azuis, mas são a excepção. E, nestas coisas, o mais banal é menosprezado e o que é raro é valorizado. Normal.
Assim, temos a tal conversa de que «os homens preferem as loiras», embora no género oposto a coisa não seja tão pacífica. Temos um pouco a ideia (também um tanto de lugar-comum) de que um homem loiro é ‘pãozinho-sem-sal’ e entre as mulheres há alguma tendência para os morenos – claro que podem ter também olhos verdes.
Claro que com o evoluir das técnicas de cabeleireiro já não se sabe bem quem é que é loira de nascença e até a cor dos olhos pode variar se forem escolhidas umas lentes de contacto coloridas. Mas o modelo está cá, no nosso íntimo. Conheço uma senhora, de uma família numerosa onde todos são altos, loiros, de olhos claros, e ela nasceu morena e até baixa!… Não consegue deixar de pensar que foi uma injustiça da natureza e quando olha para a mãe, uma valquíria pela sua descrição, fica a pensar como é que é filha dela!…
E o mais grave é que a sua filha, de 4 anos incompletos e também morena, já lhe lhe veio dizer quase a chorar «Mãe, a prima ***** diz que eu sou o patinho feio da família, todos são loirinhos e eu não…». Nem mais! O modelo em toda a sua força.

O giro é que ando a ler um romance onde a protagonista, alemã, é uma loira de nascença. Completamente loira, a típica ariana, e ainda há pouco tempo se glorificavam os arianos, essa ‘raça eleita’, iguais à protagonista do meu livro. Só que ela, não ‘se gosta’, acha-se banal, pãozinho sem sal, igual a todas e vai daí, tingiu os cabelos de preto.
Sucesso! Aqui nesta história, aquilo foi mesmo tiro e queda. Tornou-se o centro da atenção, - da boa atenção! – dos seus parceiros masculinos.

Assim são os mitos.

sexta-feira, agosto 22, 2008

A onda


A bruxa da Branca-de-Neve perguntava ao espelho «Espelho meu, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu?», mas eu imagino-me a olhar o espelho e indagar «… existe alguém mais tola do que eu
Na minha primeira semana de férias deixei aqui um post a ‘gabar-me’ dos meus bons hábitos, e um deles era o gostar de ir à praia pelo fim da tarde. Tinha mais prazer em estar na praia a essa hora e os entendidos diziam que era quando o sol fazia menos mal. Impecável. E assim o continuei a fazer nestes dias todos, até porque tem feito muito bom tempo.
Só que estava esquecida de que se os meus hábitos não mudam, a natureza tem lá as suas manias. Ontem estacionei o carro como de costume, pelas 5 horas, no parque junto da praia e até me gabei ao meu filho: «Vês! Esta hora é óptima. Isto está cheio de lugares de estacionamento, há muitos palermas que se vão embora à melhor hora. Sorte a nossa, heim?
É certo que assim que começámos a descer, reconsiderei «Ah! Pois é, a praia está muito pequena por causa da maré alta. Temos de escolher um sítio aqui mais em cima» mas avaliando a distância do mar, achei que o local ideal, seria aquele onde estendi a toalha, espetei o chapéu de sol, e lá arrumei os sapatos ao pé de mim e alguma roupa dentro da alcofa, de onde extraí o protector solar e o livro que estava a ler. Ainda tive tempo para essas operações todas, de me estender ao sol e ler uma frase completa do livro quando oiço um grito de todos os que me rodeiam:
«EEEEEEEEEEHHHHHHHH!»
e o meu filho «Oh, mãããããe!» mas quando levanto a cabeça é para apanhar em cima dela com uma bela onda que vinha a enrolar desde lá debaixo.
Não sabia o que havia de agarrar primeiro. Levantei a alcofa, que parecia um passador, escorria água por ela abaixo, deixando no interior a areia que acompanhava essa água. Vi um sapato que ia levado pela onda e corri para ele. O outro não o encontrei à primeira. A toalha, estava enrolada mais abaixo, nem se distinguia da areia… Finalmente lá encontrei o outro sapato, boiando numa poça de água. Do guarda-sol do lado, uma jovem muito loira e perdida de riso, perguntava-me «C’est à vous, ça? » estendendo-me um trapo encharcado que tinha sido a minha tee-shirt. O livro, esse, foi mesmo para o mar.
Quanto aos sapatos, vim a conduzir descalça, em casa lavei-os com água doce, mas… Porque, para a asneira ser completa, não tinha levado sandálias de praia, eram mesmo normais sapatos de cabedal!…
Mas o mais idiota é que pela primeira vez o meu filho tinha levado com ele o seu telemóvel, por sugestão minha (!!!) Tinha achado uma boa ideia «olha, para ficarmos mais independentes, se eu quiser vir-me embora mais cedo não espero por ti; ficas o tempo que quiseres enquanto eu vou para a esplanada e depois dás-me um toque para irmos juntos para cima». Boa ideia, não era…?

Pronto, pronto, hoje vamos comprar um telemóvel novo!


Medalhas


Ontem Portugal fez as pazes com os seus atletas nos Jogos.
Os milhões de desportistas de sofá que somos nós, muito despachados em dar opiniões e sentenças sobre tudo, perante resultados piores do que se estava à espera (esquecendo que os Jogos Olímpicos são mundiais, onde se reúne o melhor do melhor de todos os países!) viraram o disco.
Até ontem não se estava a levar em conta o esforço feito. Nem mesmo aquilo que aqui lembrou o Farpas num comentário quando falei da Vanessa Fernandes, que alguns dos atletas portugueses censurados por não atingirem marcas que os qualificassem, tinham contudo batido os seus próprios recordes. Isso passava em branca nuvem, só interessava os resultados da competição.
Claro que alguns atletas desiludiram, mas os mais desiludidos e infelizes eram eles próprios, como se calcula. Ouvi ontem entrevistarem umas concorrentes da modalidade «marcha»: duas tinham sido apuradas e estavam naturalmente radiantes mas outra não tinha conseguido. A sua cara era de cortar o coração! Dizia «não sei, não sei… no quilómetro tal comecei a morrer. Ouvia a voz da Rosa Mota a gritar, ‘vai, vai, tu consegues’ e eu sentia que ia morrendo, que morria…» Comovente. Não sei se a frase é vulgar quando não se consegue correr tanto, mas ali parecia perfeitamente real.

Mas ontem, Nelson Évora ganhou a quarta Medalha de Ouro de Portugal.
Desde que competimos esta foi a 4ª vez que se conseguiu uma tal proeza.
Dado a falta de meios – ou pelo menos mal distribuídos – e as dificuldades com que os nossos desportistas têm de lutar, estas medalhas são bem mais do que Ouro, são de platina, ou diamantes, ou qualquer material super-precioso.
Vale muito mais do que se pode imaginar olhando para ela.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Sem titulo Em memória (II)

Bem, se me demorei algum tempo a descrever a loja em vez de falar na D. Júlia, é que não se imagina bem uma sem a outra. Que me lembre nunca vi a D. Júlia fora da loja. Como vivia por cima dela quando bem à noitinha fechava as portas, bastava-lhe subir a escada e estava em casa. Sair para quê? os fornecedores traziam-lhe tudo o que precisava. Quanto à roupa, devia gastá-la muito pouco e como vestia o tradicional luto de viúva, uma ou outra saia ou blusa, a costureira da terra devia com facilidade satisfaze-la. E, de resto, como viúva que se preza não sai de casa, aquela loja era um mundo completo.
Em conversa percebi que era viúva já há bastante tempo, tinha criado a filha e creio que um filho (mas que nunca vi porque creio que orientou a sua vida longe ) com a sua energia e independência. Falo da filha, porque a D. Júlia com muito carisma, era uma matriarca.
Já disse que se via pelos seus traços que devia ter sido bastante bonita, mas a filha infelizmente, deve ter herdado as feições de outro lado. Feiínha e apagada, tinha casado com um rapaz, esse bastante bem apessoado, ex-desportista, que não era destes lados mas passou pela terra engraçou com a Julinha e casaram. Quatro filhos, 3 raparigas – nenhuma parecida com a avó – e um rapaz que saiu ao pai. Mas quando lhe chamo matriarca, é que de facto o tronco daquela família era a D. Júlia e a loja que ela «vestia» todos os dias.
A filha e o genro tiveram vários negócios mas nenhum com grande sucesso. Era deles o café, quando conheci esta aldeia. Pelos vistos pensariam que a ‘costela comércio’ era de família, mas não. Aquilo não resultou. Sei que entretanto tiveram várias actividades, sem nenhum sucesso por aí além, apesar de agora me terem dito que finalmente acertaram.
Mas a D. Júlia era quase o ex-libris desta aldeia. Toda a gente a conhecia, toda a gente a respeitava. A sua loja era antiquada, de vez em quando insistiam que comprasse uma balança mais moderna (e chegou a estar lá uma mas que nunca vi usar) usasse uma máquina de calcular, um balcão frigorífico transparente em vez da sua velha arca, mas ela encolhia os ombros e ficava na dela. Era ela quem mandava, ou não?!
Da sua vida privada, fiquei a saber pouco. Como já o disse, que era viuva há bastante tempo, e que existia um outro filho, mas era da família próxima que falava um pouco mais. Quando o meu filho nasceu ela achava-lhe muita graça e chamava-o para dentro do balcão de onde vinha com rebuçados ou uma tablete de chocolate. E no Natal trocávamos prendas, ele levava-lhe uma bugiganga como lembrança porque eu já sabia que ela lhe ia dar um doce ou brinquedo. Ternuras.
Aliás, era no Dia de Natal, e talvez no de Ano Novo, que a porta estava fechada. De resto, todo o ano, sábados, domingos, feriados, nunca vi a loja fechada. E, como ela vivia por cima, aconteceu mais de uma vez, já depois da porta fechada, faltar-me alguma coisa com urgência e ainda lhe bater ao ferrolho e ela lá descia a escada para me socorrer. Durante anos, muitos anos, vi-a sempre igual, a cara enrugada mas bonita, o cabelo todo branco com um rolo na nuca, vestida de preto de cima abaixo. O tempo parecia ter parado.
Há uns anos, por motivos diversos, estive bastante tempo sem cá vir. Quando cheguei vi a porta fechada, e perguntei à neta mais nova «A tua avó? Aconteceu alguma coisa?» «Morreu!». Fiquei sem respiração!… Sabia que decerto tinha já bastante idade, mas…
A loja mudou de mãos.
Uma vez.
Mais vezes.
Este ano está toda moderna, e tem um letreiro «Loja da Aldeia». Até é simpático, tinha esperado uma coisa mais pretensiosa, mas sinto um aperto no coração. Para mim deveria chamar-se qualquer coisa como «Antiga loja da D. Júlia».

quarta-feira, agosto 20, 2008

Sem Titulo Em memória ( I )

Não sei como chamar à história que se vou contar. Havia dantes, nas Selecções do Riderg’s Digest, umas crónicas chamadas «O meu tipo inesquecível» e era isso que gostaria de chamar a este post, mas não faço ideia se existe ‘marca registada’ e assim não me atrevo.
Eu tenho a casa na aldeia onde estou de momento a passar férias há muitos, muitos anos. A aldeia é muito pequenina e não tem muito por onde crescer; aliás como fica pertíssimo de uma outra maior, embora também pequena, algumas das historietas que tenho contado passam-se nessa outra ao lado, a «grande», onde se situa este dito «ciber-qualquer-coisa» que me permite manter a escrita mais ou menos em dia, e há farmácia, talho, uma feira ao Domingo e até um multibanco. Progresso.
Mas o comércio resume-se a uma loja e um café.
Quando pela primeira vez, há muitos anos assentei aqui arraiais, essa loja, no minúsculo largo e em frente ao chafariz, não tinha nome nem precisava. Era a loja da D. Júlia. E ia-se «à D. Júlia» sem precisar de dizer mais nada, «vou ali à D. Júlia…» e estava explicado.
Foi a primeira pessoa que cá conhecemos, porque ao entrar pela primeira vez na terra e procurando a morada desta casa, instintivamente entramos na primeira porta aberta procurando (e recebendo) a localização que era preciso. E conheci a D. Júlia, a guia turística da aldeia, que sabia tudo!.
Pequenina, de preto dos pés à cabeça, cabelo branquíssimo penteado para trás e fazendo um rolo na nuca, feições ainda bonitas apesar da idade que não se conseguia adivinhar, olhos escuros penetrantes, um sorriso leve e expressão interessada. Era uma fonte inesgotável de conhecimentos, aquela senhora. De tudo o que se passava por aqui não lhe escapava nada, tanto mais que toda a gente se juntava na sua loja para conversar e trocar informações.
A loja em si era um espectáculo! Isto era antes dos hiper, super, esses mercados todos, mas ali estava a sementinha de uma coisa dessas, porque ela tinha de facto tudo em porções reduzidas. Era simultaneamente mercearia, leitaria, padaria, lugar de legumes, drogaria, retrosaria, e tinha tachos, panelas, copos, tudo o que podia fazer falta de repente.
E tinha o telefone.
Se calhar parte dos seus conhecimentos vinham das conversas que ouvia ao telefone. Não havia cá cabines, nem nada disso. Talvez 4 ou 5 telefones particulares, e o da loja dela. Também era particular, mas tinha um contador de minutos e ela deixava que quem precisava o utilizasse. Não era assim lá uma grande samaritana, porque tenho a certeza de que depois ‘arredondava’ os minutos, mas quem é que se ralava muito com isso?… Durante muitos anos usámos o telefone da D. Júlia não apenas quando precisávamos de falar, mas também dávamos o seu número a quem nos queria contactar. Ela recebia a chamada e mandava alguém correr à nossa casa, gritando «Telefoooone!!!!» Prático.
A sua loja nunca estava vazia, e também não dava para pressas. Quando se entrava havia quase sempre uma ou duas pessoas encostadas ao balcão, à conversa, esquecidas do que as tinha levado lá. A desabafar dos genros, da cunhada, das mil e uma intrigas que se formam nas terras pequenas. Com a nossa entrada a conversa por vezes interrompia-se, e a D. Júlia lá ia buscar os ovos que precisávamos ou a barra de sabão, ou o pacote de manteiga. Mas muitas vezes enquanto eu reflectia se me faltava alguma coisa, ela voltava-se para a outra cliente e continuava a conversa « Não me diga! Mas então…» e dessa forma acabei por me ver sabedora de intrigas domésticas iguaizinhas às que se encontram em qualquer parte do mundo. Só que diziam respeito aos meus vizinhos do fundo da rua, ou da porta ao lado…
Mas não é que a D. Júlia fosse cuscuvilheira. Nada disso. Nunca a ouvir espalhar nenhuma notícia, ela podia ‘responder’ a perguntas, esclarecer alguma dúvida, mas espontaneamente não vinha contar que o Zé do Ó tinha deixado de falar à irmã por causa das partilhas do tio, ou que a cunhada da Mariazinha andava a beber demais e aquilo ia acabar mal, ou que o Jaquim da quinta tinha vendido uma parte da horta e feito um grande negócio, que aquela parte não prestava para nada e o Tó tinha enfiado um grande barrete. Isso ia eu ouvindo, enquanto ela pesava as batatas, ou fazia a conta - a lápis, numa ponta de papel de embrulho. Se a conta era mais complicada, fazia ao lado a prova dos noves. Máquina de calcular…?!
Como eu disse, a loja era pequena mas estava sempre cheia que nem um ovo. Atrás do balcão uns recipientes de madeira com tampa, onde guardava cereais, rações para animais, ou legumes secos, e armários até ao tecto com latas de conservas, chás, cafés, e pacotes de tudo o que se podia imaginar. Logo à esquerda da porta, estavam os caixotes de madeira com os legumes e fruta da época. Um pouco de tudo. Lá para o fundo da loja, meio às escuras, estavam o que se podia chamar os ‘perecíveis’ – ovos, manteiga, margarina, queijos, compotas, e também o azeite, o óleo, produtos que para ela estariam associados. Num corredor ao lado, era a ‘drogaria’ – detergentes, lixívia, solarine, sabão, esfregões…
E, o mais característico era o tecto. Pendiam que nem cachos ao longo de todo o espaço da loja tudo o que podia ser pendurado! Para além das réstias de cebolas e alhos, eram vassouras pequenas e as suas pás, esponjas de banho, mata-moscas, sacos de rede com brinquedos para as crianças, alguidares de plástico, dezenas de produtos que a D. Júlia tirava para baixo com um pau e um camarão na ponta, geringonça muito prática para ela que era baixinha.
(bem, mas o resto fica para amanhã, que a conversa está a ficar muito comprida…)

Sniff....ou grrrr!


Caríssimos amigos e leitores:
Tinha aqui já prontinho um post, até bem grande. Tão grande que o dividi em dois, e tudo!... Ia sair um hoje e a continução amanhã.
Ia...
Acontece que tinha escrito o texto numa disquette e o parvo do pc onde escrevo agora não a abre!
Pronto. Fica a explicação da minha ausência de hoje acompanhada da minha raiva.
Inté!...

terça-feira, agosto 19, 2008

Os Jogos e Vanessa

Quando foi a cerimónia da Inauguração dos Jogos, depois de me sentir encantada com o esplendor do espectáculo de abertura, aquele gigantesco desfile que se seguiu deixou-me um tanto desanimada. Por um lado eram muitíssimos os países concorrentes (e para ali estarem decerto que aqueles atletas tinham atingido pelo menos os mínimos necessários à participação) alguns com nomes tão estranhos que a minha geografia os ignorava completamente, e por outro havia também delegações enormes, com centenas de participantes. Aquele desfile que demorou tanto tempo a passar, deixou-me com dúvidas de quais as possibilidades que teria aqui a nossa terra.
E confesso que não tenho seguido tudo. Nem pouco mais ou menos. Passo apenas por lá de vez em quando, quando se trata de alguma daquelas provas mais famosas. Mas é certo que quando vejo a lista dos concorrentes, seja de que modalidade fôr, e ao pé do nome um rectangulozinho vermelho e verde, não consigo depois disso desligar a televisão até saber como acabou aquela parte… Se passa à eliminatória seguinte já é um triunfo.
Bem, até aqui as coisas não têm corrido lá muito bem, mas a verdade é que era mais ou menos o que esperava, numa competição deste tipo. Como comecei por dizer fiquei logo orientada quanto a isso naquele primeiro desfile.
Mas ontem, vi a nossa campeã de triatlo, chegar destacadamente em segundo lugar. É verdade que as outras medalhas foram para a Austrália, e a primeira concorrente ganhou a medalha de ouro com distinção. Mas, apesar de tudo, ver uma nossa atleta, competir daquela maneira com um país com as capacidades da Austrália, aquece o coração.
Numa prova tão violenta, tão desgastante, uma jovem portuguesa foi a segunda melhor do mundo!…
Viva a Vanessa!!!!

Ganchos, molas, e outras coisas que tais

Alguns amigos meus que sabem que tenho o blog, olham-me de revés e perguntam de um modo um tanto trocista que piada é que isto tem. Deixam implícito que manter o blog é um exercício narcisístico como outro qualquer, um modo de falar para o boneco mas imaginando que o boneco tem ouvidos… Sei que não é bem isso (talvez seja um nadinha…) e de vez em quando tenho uma surpresa a provar o contrário e que caem no Pópulo de pára-quedas alguns leitores que até se dão ao cuidado de deixar comentários interessantes.
Uma vez, já há bastante tempo, escrevi qualquer coisa sobre «a praça de taxis do aeroporto» e esse título atraiu aqui um taxista que entrou em diálogo comigo e contou coisas interessantes, que isto da vida de taxista tem que se lhe diga!… Desta vez, foi um antigo post onde se falava em ganchos de cabelo, que atraiu um colega blogger, António Cortêz, cabeleireiro de profissão, que me deixou um comentário muito esclarecedor, sobre este tema:
«Bem se vê que ninguem aqui percebe de cabelos e e respectivos acessorios...
GANCHOS, é uma palavra generalizada que se divide em duas, MOLAS e INVISIVEIS (O link dá acesso à imagem do gancho mola)
Existem ganchos mola de diversas cores e tamanhos da mesma forma que existem nos ganchos invisiveis. Estes no entanto existiram no passado em material tão fino (quase como um fio de cabelo) dando aí origem ao nome.
Os ganchos mola são duros, servem para apanhar o cabelo com mais força e suporte.
Os ganchos invisiveis são geralmente flexiveis, servem para aconchegar determinadas madeixas de cabelo e não têm resistencia alguma, no entanto e no caso do penteado banana, trabalhando em sintonia com os ganchos mola, criam uma rede de suporte sustentada bastante resistente e invisivel (quando devidamente aplicados)
São cruciais em penteados elaborados que exigem altura e sustentação areada, como no caso de penteados de grande gala e penteados de noiva.
São os ganchos invisiveis na cor certa que suportam os enormes veus de noiva quando estes não trazem uma travessa.
Houve antigamente, quando as mulheres transformavam os seus cabelos em obras de arte, grande uso deste genero de ganchos (invisiveis) que tiveram origem nos classicos de tartaruga, osso ou massa plastica (estes sim, grandes raridades) que eram usados para apanhar em monho ou toutiço grandes porções de cabelo (como a imagem da actriz Catarina Avelar mostra).
Eram ganchos grandes e bastante visiveis, havendo inclusive alguns adornados na curvatura principal.
As classicas travessas, tambem feitas em tartaruga, osso ou massa plastica, deram de alguma forma origem aos ganchos mola pois são utilizados 'quase' da mesma forma.
A moda de acessorios de cabelo foi mudando sempre e acompanhando as necessidades da mulher e seus penteados, hoje em dia quase já não se usa nas mulheres mais modernas este tipo de ganchos, no entanto os ganhos mola são bastante utilizados por adolescentes e raparigas de conceito alternativo que usam e abusam deles. Existem simples e bastante adornados.
Sobre os cabelos apanhados e respectivos ganchos, travessas e demais acessorios do genero, que chamar aqueles pauzinhos que se utilizam sozinhos ou em dois, nos cabelos retorcidos que se apanham de forma blazé!? Tudo é uma reposição de tudo e apenas se alteram algumas coisas.
Espero ter esclarecido os mais leigos».

Obrigada!!!! :D

segunda-feira, agosto 18, 2008

Cultura geral pessoal

Acabei de ler um ‘romance de férias’. Como faço sempre (e se calhar vocês também…) trago para férias duas pilha de livros. Uns, grandes, obras importantes, que durante o ano de trabalho não tive ocasião de ler e considerei que teria todo o tempo para o fazer nas longas tardes e noites onde não há obrigações; outros, pequenos, para distrair, de-levar-no-saco-de-praia. E claro que são estes, que considero ‘romances de férias’, que mais leio, marcham como bombons…
:D
Este é de um escritor indiano, intitula-se «Q and A» no original, e bem vistas as coisas é uma colecção de uns 11 ou 12 contos unidos de modo a formar um romance de um modo muito engraçado. Em poucas palavras: existe na TV indiana o conhecido concurso «Quem quer ser milionário?» e um pobre rapaz, muito novo, ignorante, trabalhador não qualificado, ganhou o prémio máximo. Não é possível! Os responsáveis pelo concurso estão furiosos, uma vitória não lhes convêm porque ainda não ganharam o suficiente até àquele momento, e mandam prender o rapaz por fraude. Claro que a luta entre os grandes interesses dos promotores de um concurso daqueles e um rapazito indefeso é muito desigual e ainda por cima a verdade verdadeira é inacreditável. Ele teve uma sorte imensa. Não foi de responder ao acaso e o acaso o fazer acertar na alínea da resposta, foi terem-lhe calhado 12 perguntas cujas respostas ele sabia por várias histórias da sua vida!
E a ideia é plausível.
Existe a cultura geral. OK, é aquilo que a generalidade de nós sabe. Mas há também uma «cultura pessoal», pormenores que nós sabemos ‘porque-sim’, mesmo que nessa área do conhecimento sejamos completamente ignorantes! Se eu fosse a esse concurso, não devia acertar nenhuma resposta mesmo fácil da área do desporto, por exemplo. Mas, se me perguntassem os nomes completos dos irmãos Serpa, jogadores de hóquei em patins de há 50 anos, eu sabia. Eram da minha família!!! Ou ainda outro exemplo - não acertaria com uma única fofoca do que se passa nos bastidores do teatro, mas até sei o verdadeiro nome de uma actriz que toda a gente conhece pelo nome que adoptou desde adolescente, mas isso porque a conheci nessa altura! Ou, não sabendo nadinha sobre moeda, sou capaz de dizer o valor que tinha a pataca nos finais dos anos 80…
O que quer dizer que, se fosse a esse concurso e me fizessem «as perguntas certas», também eu tal como o protagonista deste romance, poderia chegar a milionária!… era a minha velha e querida cultura pessoal
.

domingo, agosto 17, 2008

Uma música ao Domingo

Esta música é uma piscadela de olho para mim própria...
É uma cantiga que me deixava sempre bem disposta e me fazia sorrir.

Quem a cantarolava era a minha mãe.
É mesmo muito, muuuuito antiga, mas ainda hoje me deixa a sorrir quando por acaso a oiço ou me lembro!






.... não há nada como ter um «bon copain»!!!


A Publicidade nos anos 30

Não podia faltar a Coca-Cola que cura dores de cabeça, e combate a fadiga.
Olaré!



sábado, agosto 16, 2008

Cenas de pantomina

É sabido que o facto de agarrar um volante de um carro é mais revelador do que uns copos de vinho – faz vir ao de cima as facetas mais violentas e agressivas de cada um. Já tenho visto doces mães de família a soltarem palavrões que na sua vida normal nem sequer pensam, ou serenos intelectuais, magrinhos pacifistas, que saltam como leões de dentro do seu carro, dispostos à maior violência contra quem lhes provocou uma microscópica mossa… Também já repararam, não? É um estranho fenómeno, mas para mim é quase uma lei. Assim como tantos e tantos condutores que sentem uma perturbação profunda que lhes agita as entranhas ao contemplar por pouco tempo que seja, as traseiras de qualquer veículo. Custe o que custar têm de tirar de frente dos olhos aquela visão arrepiante, e ver apenas à sua frente a estrada limpa e sem mais ninguém, o que se apressam a fazer passando pela esquerda, pela direita, furando seja por onde for!
Mas o mais interessante é quando a raiva de constatar que afinal não são os «filhos únicos» do trânsito os leva a situações completamente estúpidas:

Estava ontem, aqui no estaminé onde deixo os meus posts (diários, sempre que possível) e assisto à cena mais caricata que imaginar se pode!
Este local é o que se poderia chamar uma 'tabacaria' – vende sobretudo jornais e revistas, tem uma maquinazinha que serve cafés, tem uns escaparates com brinquedos e bijouterias de adolescentes, e no fundo da sala dois computadores um dos quais é o que eu costumo usar e no outro estão frequentemente uns putos em grande algazarra a jogar os seus jogos preferidos.
A porta, emoldurada de jornais e revistas, dá para uma rua, estreitinha como todas aqui. A aldeia foi construída no tempo onde se andava de burro ou de cavalo, e as ruas dão à vontade para passarem dois cavalos, mas um carro já tem de ter cuidado com as paredes. E claro que é de sentido único! Só pode!...
Pois estava eu ontem aqui no fundo da loja a abrir o Pópulo e entra um sujeito a comprar o jornal. Normal. Como não quis andar dois metros e deixar o carro no largo – como eu fiz – veio até à porta de carro, e deixou-o no meio da rua enquanto veio comprar o jornal. Enfim, também normal...
Mas acontece que teve o azar de um outro querer passar por ali e lhe apitar para tirar o caro. Fez ouvidos de mouco e continuou a escolher o jornal e a olhar os títulos. O outro toca a buzinar! Ele lá arranca, furioso, enquanto o dono da loja, tipo bem disposto, ironiza «Pois. Julgam que aqui é o Alentejo ou quê? Não é o Alentejo onde só passa um carro por dia. Aqui é um trânsito infernal!» e fica-se a rir, enquanto o freguês deu a volta ao quarteirão e poisou exactamente no mesmo sítio. Estava o dono a brincar com ele e a repetir a piada do Alentejo, quando Oh, azar!, a cena se repete, e chegou outro carro a querer passar e a buzinar.
Agora o caricato disto tudo: É que o sujeito que das duas vezes tinha estacionado a bloquear uma rua, ameaçava aos berros «Eu devia era ir chamar a Guarda! Não se pode buzinar a não ser uma emergência!… qual é a sua emergência, diga lá??? Se está atrasado levantasse-se mais cedo!!!» e lá foi aos urros com o jornal debaixo do braço, para calmamente o ler numa esplanada…
Quase que desejei que ele fosse realmente fazer queixa à polícia pela businadela do outro, que vinha de lá com uma multa bem maior pelo seu mau estacionamento!….

Ele há cada maduro!

sexta-feira, agosto 15, 2008

Contrastes

Hoje parece que é feriado.
Esperem! Tenho de começar de novo.

Hoje é feriado.
E até é um feriado importante e que se leva em consideração quando se planeia as férias. Muita gente (sobretudo no tempo em que elas se contavam por meses e não por dias úteis) ou começa ou acaba hoje férias porque com este feriadinho, ganha um dia a mais. Eu fiz este truque muitas vezes, começá-las a 14 de Agosto, ou terminá-las a 16… Mas como agora estou mergulhada em plenas férias e todos os dias são feriados, nem reparava que hoje era um dia diferente se não visse as lojas fechadas!…
Assim são as coisas, é sempre preciso um contraste porque muitas vezes olha-se e não se vê.
Ontem à tarde estava preguiçosamente sentada a ler, no meu jardim quintal, quando achei que havia alguma coisa estranha na casa ao cimo da minha rua. Olhei com muita atenção, mas parecia-me que estava a ver um desenho e não uma cena real. Entre as duas janelas da casa dessa minha vizinha, estava um estendal de roupa. E seria natural que existisse roupa nesse estendal, é claro. Só que o sobrenatural, o que me fez arregalar os olhos e até pôr em pé e dar uns passos abismada, é que a roupa desse estendal parecia um desenho. Toda num tom esfumado e muito alongada. Que coisa!?! Uma «roupa fantasma»??? Juro que era essa a imagem, uma camisa, uma fronha, uns panos, um avental, mas que pareciam feitos de sombra.
Não podia ser.
Olhei fixamente mas um pouco nervosa, confesso. (devo andar a ver science fiction a mais...) E, de repente, o reflexo de um botão ou coisa assim deu-me a chave do ‘milagre’: a parede estava caiada de branco, um branco sem mácula, a roupa que aquela minha vizinha tinha a secar era também branquíssima, devia mesmo ter passado pela lixívia para ter tal aspecto, e o resultado é que branco sobre branco com o sol a bater-lhe de frente, NÃO SE VIA. Aquilo que eu notava a dançar ao vento eram as sombras dessa roupa pendurada, que tinha ficado invisível por essa magia do branco sobre branco.
OK, parece uma metáfora, mas é uma história verdadeira.
O branco sobre branco não se vê, só a sua sombra.
Um feriado no meio das férias, também não.

quinta-feira, agosto 14, 2008

Conversas de xaxa



No Domingo deixei aqui no Pópulo um anúncio que achei engraçado, de umas pastilhas que seriam muito fresquinhas e portanto apareciam numa embalagem que se assemelhava a couvettes de gelo. Não sei bem se seriam umas que não têm açúcar e já ouvi num programa de TV um dentista em entrevista afirmar que quando não se pode lavar os dentes após uma refeição, usar uma daquelas pastilhas elásticas tem quase o mesmo efeito, porque aumenta a produção de saliva (na altura achei estranho, e ainda hoje…)
Bem, mas por associação de ideias lembrei-me de uma cena a que assisti a semana passada:
Estava na bicha de pagamento de um mini-mini-mini-mercado aqui da minha zona e à minha frente estava uma senhora com um filhote, aí dos seus 4 a 5 anos. Estava atrapalhado com 3 ou 4 guloseimas que lhe escorregavam da mão e queria metê-las nos bolsos, mas a mãe explicava-lhe que não podia ser porque tinham de mostrar ao chegar à caixa, e até aproveitava para lhe ensinar que não devia levar tantas.
Até aqui, tudo normal.
Mas eis senão quando, outra senhora que também esperava na bicha, mete-se na conversa. Vai buscar um saquinho de plástico da zona dos legumes e dá à criança aconselhando «Vá, mete aqui! Assim não te caem». Se ficasse por aí, tinha sido uma intervenção bem intencionada. Mas tomou balanço e acrescenta «E esse saco é grande! Podes encher com muitos mais!….» ainda assim essa ideia não tivesse ocorrido à criancinha. A mãe aqui interveio, um tanto aflita, murmurando algo sobre açúcar e dentes estragados, ao que a outra com grandes risadas e piscadelas de olho para o miúdo, contrapunha «Ora! Isso é conversa! O meu Fábio passa o dia todo a comer chupa-chupas e tem ali uns dentes que são uma beleza. Eu cá não acredito nessa coisa»
O que fazer num caso destes?!
Aquela criatura de uma cajadada matou vários coelhos: estimulou uma criança a praticar um erro, desautorizou a decisão de uma mãe, difundiu para quem a quis ouvir uma teoria errada e enfim… meteu-se onde não era chamada.

Só para terminar, quando à saída demos uma olhadela ao «seu» Fábio que tinha esperado por ela, deu para concluir que os dentes podiam ainda estar bons (por fora) mas o Fábio era uma verdadeira bola com uma cabecinha em cima.
Pois é.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Os tais « micro-climas»



Costumam ser chatos.
De um modo geral, quando a justificação que nos dão é do «micro-clima» isso quer dizer que todo o mundo está com bom tempo, e no local onde estamos o estupor do micro-clima faz com que não se possa sair de casa: faz calor quando não se precisa, por exemplo durante a noite, mas para compensar chove quando se quer andar a passear…
Assim uma espécie de versão do princípio de Murphy, onde na perspectiva do copo meio cheio, só se vê mesmo uma pinguinha lá no fundo por mais optimista que se queira ser.

Isto é «o costume».
Mas claro que há excepções! E quando aparecem as excepções, então fazemos as pazes com o raio do micro-clima, e pensamos que assim é que é!
Desde Domingo que temos ido à praia, (neste plural está implícito que já cá tenho o resto da família, é claro…) às tais horas de que eu gosto. Realmente de manhãzinha o tempo faz umas caretas e até chuvisca, mas depois do lanche arriscamos a descer até à praia e tem estado esplendoroso!
Segunda-feira ao chegar, pela hora do jantar, tinha o telefone a piscar com o sinal de uma chamada não atendida. Era o número de uma amiga a quem eu tinha telefonado depois do almoço e tinha mandado dizer pelo filho que ‘não podia mas já me ligava’. Falei-lhe.
«Olá! Então onde foste?!»
«Ora essa?! À praia! Já sabes que ao fim da tarde vamos sempre à praia»
«Com ESTE TEMPO ????!»
«Qual tempo? Tá óptimo. Nem fazia vento nem nada…»
«Não acredito! Aqui está escuríssimo, tem chovido todo o dia, parece Inverno»
Grande sorriso deste lado do telefone.
«É que estamos muito longe.»
(Tenho de explicar que, pelo contrário, estamos pertíssimo. Se subir aqui ao alto de um monte com um binóculo consigo avistar a zona onde ela vive!…)

Pois é. Isto dos micro-climas às vezes têm as suas vantagens.
Quando o vento sopra a nosso favor, é claro...

terça-feira, agosto 12, 2008

Manias

Manias todos temos.
Penso que não estou a ofender ninguém a dizer isto. Claro que há muitos casos onde o próprio não o reconhece, mas há sempre alguém que o avisa «Olha que isso é uma mania!» e… até é. Felizmente, na grande maioria dos casos são coisitas tão insignificantes que não chateiam ninguém, nem o próprio nem os seus amigos. De vez em quando lá aparece uma pessoa, mais ‘complicada’ com uma mania das aborrecidas, das que interferem com ‘o-resto-do-mundo’, tipo o-c (obsessivo-compulsivo) mas não é vulgar felizmente.
Aqui há uns dias, ao contar a minha instalação na ‘casa de férias, falei em arrumações, confessei que era o meu um dos meus defeitos e prometi voltar ao tema. OK, hoje aqui está neblina e o tempo parece estragado, há tempo para paleios, venho então confessar-me:
Eu gosto das coisas arrumadas.
Gosto muito.
Considero que também sou asseada, quer comigo própria quer na minha casa, mas se os móveis tiverem um pouco de pó, o chão não for aspirado, as janelas não brilharem, não me sinto desconfortável. Mas já me sinto muito, muito desconfortável, no meio de uma grande bagunça. Reconheço-o como mania. Não tanto pelo desagrado pela desarrumação, mas sobretudo pelo prazer que sinto ao ver as coisas em ordem. É capaz de entrar na tal O-C…
Creio ter lido algures que estas coisas estão ligadas aqui ao nosso interior. O acto de pôr em ordem e arrumar o que está for a de nós, vai simbolicamente atingir ali a psique, e ajuda a «arrumar» as nossas emoções e sentimentos que tantas vezes andam aqui aos saltos, e todas numa confusão. Será?… Faz algum sentido, porque a verdade é que depois de uma «sessão» onde mentalmente as catalogo e depois descubro uma ordem ‘perfeita’ para pôr como deve ser as roupas nas gavetas, as latas na dispensa, os livros nas estantes, há um sentimento de paz e dever cumprido. «Já está!» Como se o meu mundo interior também se arrumasse.
É engraçado que para puzles nunca tive muita paciência, e contudo deve ser o mesmo mecanismo. Mas já gosto das paciências que tenho no pc (lembro-me da minha mãe que passava horas a faze-las com cartas verdadeiras…) e quando chego ao fim com sucesso há uma noção de ‘tudo arrumado’. Tenho uma amiga, pior do que eu, que nestas paciências virtuais se as perde, manda reiniciar e repete-a até conseguir acertar!…
Manias, não é?

segunda-feira, agosto 11, 2008

Tempos diferentes

Estava ontem a ler uma história traduzida do inglês (e o quê nem interessa porque isso acontece quer num romance de qualidade quer num inocente policial) e, mais uma vez encontrei duas personagens que a brincar trocaram citações de Shaskespeare.
Sabemos como isso acontece constantemente, em romance anglo-saxónicos. Por vezes vão mais longe, citam outros poetas, outros escritores, mas o tal «
famoso bardo», desse, estamos a ouvir constantemente citações que são de imediato risonhamente identificadas. É certo que todos dizem que andamos a ler muito menos e, portanto, é talvez natural que ocorram por cá com menos frequência e naturalidade, citações idênticas. Mesmo o Eça que ainda há poucos anos era ainda bastante citado, por algumas das suas célebres frases trocistas ou muito definidoras de certo tipo de mentalidade, cada vez se citar ouve menos. Para não falar de outros escritores ‘menores’. Lembro-me muito bem de ouvir na minha família a frase «Toma arsénico, João!» quando se falava de uma teimosia, o que será hoje, muito provavelmente, uma frase sem o menor significado. Tenho uma amiga chamada Leonor que já fazia um sorriso amarelo quando era apresentada a alguém porque logo lhe perguntavam se ‘ia para a fonte, pela verdura’…? mas as pequenas Leonores de hoje não costumam ouvir essa pergunta e talvez nem entendessem a gracinha.
É que a cultura é outra.

Hoje entremeamos na conversa – e falo por mim própria! – slogans publicitários, quando são mais conseguidos, ou frases de humoristas. O Herman José deu-nos bastantes, - ainda falamos como o Diácono Remédios ou o Tony Silva - os Gatos Fedorentos deram-nos outras.
Com toda a sinceridade, acreditem que isto não é uma censura. Se as frases têm graça, se encaixam no que queremos dizer, porque não usá-las…?

Mas é pena que não haja lugar para tudo. Para as graças dos dias de hoje, e para as citações literárias.
É que não ‘havia nexessidade’ de esquecer que o Conde de Abranhos ou o Conselheiro Acácio, ainda são carapuças que se podem enfiar em muitas cabeças. E o arsénico que o Daniel receitava ao João da Esquina, pai da casadoira Francisquinha, não será muito diferente de um medicamento experimental... a vida não muda assim tanto, a nossa cultura é que é outra.

domingo, agosto 10, 2008

Uma música ao Domingo

Alguém aqui se lembra:

Funiculì, Funiculà...
Há umas versões mais elegantes, até cantadas pelo Pavarotti, mas gostei muito desta com o acordeon e o ambiente de feira.

Estamos em férias, não é?...




Não lhes pula pezinho...?!

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Com este calor, vem mesmo a calhar...

sábado, agosto 09, 2008

Praia




Já disse que também gosto de praia, e prometi que haveria de falar dela.
Cá vai:
«Tudo o que gostamos mais ou faz mal ou engorda» costuma-se dizer.
Bem, nem sempre!
Por exemplo, sempre gostei de comer muitas vezes por dia e poucochinho de cada vez. Achava que devia ter um estômago pequenino que se enchia depressa, e é claro, também se esvaziava mais ou menos depressa. Nunca fui daquelas pessoas que se aguenta horas sem comer, e depois se regala com uma bela refeição. Durante bastante tempo pensei que era um defeito meu, até ter começado a ouvir que assim é que devia ser, e uma pessoa bem alimentada devia comer várias refeições por dia mas não precisava de nenhuma gigantesca… Afinal, «eu gostava» e não fazia mal… nem engordava!
E quanto à praia, gosto bastante de praia mas de manhã ou ao final do dia. Também não sou mulher para aguentar um dia inteiro de praia, mesmo que fique debaixo de um toldo, não gosto nada das horas de maior calor. Aí até ao meio dia, e depois ao final da tarde é que é «a minha praia». Também muitas vezes me sentia ‘diferente’ da maioria dos meus amigos, e escondia um pouco estes meus gostos, até que ultimamente também nos têm ensinado que realmente «as minhas horas» são as melhores e onde o sol não faz mal. Adivinhava, sem o saber!
Esta semana, a minha primeira de férias, tenho ido à praia sim. Mas, como de manhã está neblina e o sol fica oculto pelas rochas (isso na 'Minha Praia', aquela de que eu mais gosto) as horas preferidas têm sido mais para o final do dia. Vou para lá entre as 4 e meia e as 5 e depois deixo-me ficar enquanto está bom, o que ainda dá umas duas ou três horas muito boas.
É excelente! Àquela hora tenho lugar para o carro (nos espaços dos outros que entretanto se foram embora) há muito menos toalhas na areia e a praia muito mais sossegada.
É.
Afinal, há pelo menos duas coisas de que gosto e resultam bem.
Ah! Muitas vezes a bandeira está vermelha, mas caros amigos, lá por isso ela também não amadureceu das duas para as cinco.
Isso é mania desta(s) praia(s), mas enfim, não se pode ter tudo!…

sexta-feira, agosto 08, 2008

OITO


Hoje, dia 8 do oitavo mês de 2008, pelas 8 horas (e possivelmente e 8 minutos 8 segundos) já que um atrasozito não é de estranhar

OS JOGOS VÃO COMEÇAR


Claro que talvez o tiro tenha saído pela culatra, porque estar na berlinda de todo o Mundo é muito bom e muito mau simultaneamente. E a China tem sido falada por maus motivos.
Contudo…
… os chineses apostaram tudo para que fosse neste ano.
Tinha de ser um ano terminado em 8.

No ocidente chamam-lhe superstição, para a mentalidade chinesa é algo de mais sério e mais profundo. É difícil «traduzir», a força da numerologia, mas é uma realidade que quem passou pelo oriente não pode negar.
De qualquer modo espera-se que corra tudo bem, que se assistam a bons espectáculos, e não seria mau se ganhássemos 8 medalhas…

O Google

... não deixa ninguém distrair-se!

Hoje vestiu-se assim:


«A partir de …»

É claro que eu sei.
Sei até muito bem, porque de cada vez que caio como um patinho, volto a criticar-me «Burra! És mesmo parva… estava mesmo a ver-se…» e julgo que aprendi, até… à próxima.
Todas as lojas, mas mesmo todas, usam um sistema que nem chega a ser um truque. Na época (ia dizer ‘dos saldos’ mas como depois são ‘as promoções’ e isso pode durar todo o ano) onde querem despachar alguns stocks, colocam grandes letreiros onde se lê em letras garrafais nalguns produtos TUDO a partir de 5 EUROS, ou noutro mostruário TUDO a partir de 10 EUROS.
O resultado é garantido, e nem sequer é propaganda enganosa. É apenas o jogo das letras grandes e pequeninas. O TUDO e o preço convidativo, destacam-se a vermelho e de um modo que não se pode deixar de ver. E, como é natural o produto que está à frente ou por cima, é excelente, se aquilo fosse ao preço que se vê seria uma compra magnífica.
A gente entra, pega nessa peça atraente e repara que está marcada 25 euros… E por aí fora, 20, 15, 25, até que lá se vê a dita tee-shirt/justificação marcada a 5 euros. Está lá, no meio de tudo o resto e ninguém mentiu, era tudo «a partir de…».
Imagino que tenham um montinho dessas mais mixurucao, guardadas para se alguém se decidisse a levá-la, ser substituída com um novo isco. É a camisola «a partir de».
Porque, evidentemente, que entretanto eu (muitas outras pessoas, é claro) acabámos por nos tentar por outras 3 vezes mais caras mas bem mais bonitas e o expositor vai ficando mais vazio…

quinta-feira, agosto 07, 2008

A insustentável leveza do ser força do consumismo

É um facto curioso que enquanto os bens de primeira necessidade e consumo imediato vão subindo de preço a olhos vistos, pelo contrário, produtos a que nos habituámos mas não são de modo algum indispensáveis à vida, apenas ao nosso bem estar, descem de preço de ano para ano ou até quase de mês para mês.
E não é só essa questão do custo inicial ir baixando (que não é questão tão insignificante como isso…) o que é mais chocante é o incentivo que sofremos constantemente para adquirirmos modelos mais actuais.
Fala-se por aí de ‘crédito mal parado’ etc, etc, e muitos de nós facilmente criticamos quem compra montes de inutilidades a crédito, só porque não consegue resistir ao apelo dos excelentes publicitários que tratam dessas questões. Contudo, se olharmos com calma para os números, onde há maior peso do dito ‘crédito mal parado’ é afinal no crédito à habitação o que não é afinal um luxo supérfluo. E depois existem os tais extras que cada vez estão mais baratos: telemóvel (apesar de haver alguns modelos muito caros, hoje pode comprar-se um por quase nada), computador, TV, máquinas digitais, diverso equipamento doméstico.
A quem é que não aconteceu comprar uma maquineta qualquer e, poucos anos depois, ver outra muito melhor por muito menos dinheiro?…
Mas o que vinha aqui hoje lamuriar-me, é quanto aos «arranjos». Por feitio, sou mais ou menos poupada e quando uma coisa se estraga, gosto de a arranjar. Das solas dos sapatos, ao bibelot partido. Normal, não?! Huuummm…. isso era dantes!
Em pouco tempo é a terceira vez que se repete comigo a mesma cena quase sem diferenças. Um aparelho avaria-se. Foi um pequeno electrodoméstico, um PC, uma máquina fotográfica. E começa então uma saga em várias fases:
A primeira parte é descobrir onde é que aquilo se arranja. Vamos ao local da compra e lá dão-nos o endereço do representante. Liga-se para o representante (que fica sempre num local estranho) e depois de se ouvir uma mensagem de gravador e se carregar na tecla 3 por ser para arranjos, da tecla 5 se está fora da garantia, na tecla 2 se residimos em Lisboa, na tecla 7 se preferimos um atendimento directo, ficamos em espera. Quando uma menina de voz musical se identifica e pergunta em que nos pode ser útil, ficamos informados que para esse arranjo o melhor é ir à empresa XPTL que é a mais próxima da nossa casa.
Segunda parte, pegar no objecto e ir à dita empresa. Com sorte, ela está aberta (não é das que fecham às 5 da tarde, não faz um intervalo de 2 horas para o almoço, e está aberta em Agosto, aleluia!) e somos atendidos depois de tirar uma senha e esperar um bocado.
Terceira parte, quem nos atende olha de lado para o produto, abana a cabeça augurando logo o pior, e explica-nos que vai ter de ficar para fazer o orçamento. Esse famoso orçamento leva 8 dias a ser elaborado e custa uns 60 euros. Se concordarmos com ele, o arranjo levará de 3 semanas e um mês a ser efectuado. Depende de haver ou não peças.
Não estou a inventar nada! É exactamente assim!
Onde quero chegar, é que se aquilo que avariou for um pc portátil, por exemplo, o orçamento dos 60 euros, vale-me a pena. Mas se for uma máquina fotográfica digital que custou cerca do dobro, começa-se a hesitar. Ela afinal já não está nova, nem sei se vai ficar muito bem, e sempre posso comprar uma mais moderna com garantia…
É isso. Esse raciocínio enviesado, que acaba por desembocar em mais consumo porque se torna mais fácil e rápido comprar novo do que consertar o velho – o conserto dá trabalho, leva tempo e é caro.
É assim o mundo do mercado.
Não gosto. Mas submeto-me.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Suavidades


Já aqui tenho falado com alguma frequência na pena que sinto com o «desaparecimento» das estações ‘intermédias – o Outono e a Primavera.
Com as alterações climáticas, todos temos verificado que nos últimos anos temos um Verão muito quente e prolongado, tão prolongado que quase desemboca num Inverno - por sua vez também demasiado prolongado. O suave Outono fica reduzido muitas vezes a apenas alguns dias, e quanto à Primavera essa gosta de se dividir: aprecia espalhar-se ao longo dos 3 meses que deveriam ser seus - um dia em fins de Março, dois ou três em Abril, e outros dois em Maio. Depois desiste completamente e dá o lugar ao Verão.
Não sei se será por feitio feminino, mas tenho pena. Aprecio muito as transições entre extremos.
E era isso que estava a sentir ontem à tardinha.
Se reduzir o ano a 24 horas, temos também dois extremos – a noite e o dia. Dois momentos com muita força, digamos assim. O dia pleno, com o sol alto no céu, com a luz a jorros, (será o Verão dessas 24 horas) e a noite de trevas totais, tanto mais escuro quando se está no campo como eu, onde se conseguem ver muito bem as estrelas, mas na terra a escuridão é completa (o correspondente Inverno).
E a hora mágica do entardecer…? O Outono do dia? Que pena eu tenho de ser tão curto relativamente, mas é tão belo. Quando começam a aparecer as sombras muito compridas, quando o ar refresca, quando os sons ficam mais distantes… Adoro esse momento.
Assim como nem sei se gosto ainda mais da Primavera do dia – a madrugada! Como sou por natureza muito diurna, a madrugada é a promessa do dia que aí vem, e como todas as promessas deve ser bem saboreada.
O fresco da manhãzinha, a terra a cheirar forte pela humidade da noite, o som dos primeiros animais a despertarem, os primeiros raios do sol ainda fracos mas a darem cor a tudo… não há como a madrugada!
Pois é. São dois momentos muito suaves, muito serenos, e estes espero bem que não haja alteração climática que dê cabo deles!…
Viva o entardecer!
E viva a madrugada!…

terça-feira, agosto 05, 2008

A Itália e o separatismo


Tinha decidido de mim para mim, que neste período de férias só escrevia aqui no blog sobre banalidades quero eu dizer coisas levezinhas. Mas...
Já há uns tempos que ando a pensar
nesta história
E quanto mais penso mais me inquieta.
A esquerda europeia (e talvez não só) ficou espantada com a segunda eleição de Berlusconi. Dizia-se que à primeira podia ser um engano, como os mais optimistas pensaram no caso Bush, mas também tal como Bush este senhor voltou a ser reeleito o que já não dá para enganos. Quer mesmo dizer que a maioria dos italianos apoia as propostas políticas de Berlusconi.
A Itália como país unificado é muito, muito jovem. Tem bastante menos de 200 anos. E pelos vistos não se sente lá muito bem unificada, por mais voltas que Garibaldi e Vítor Manuel dêem nos seus túmulos...

O Norte e a sua Liga são muito mais ricos e sentem-se muitíssimo superiores ao Sul. Querem a separação.
O caso de que fala esta notícia é «apenas» que se pretende que
sejam banidos do norte os professores com origem no sul do país . Assim mesmo. Sem mais nada!... Arrogantemente afirmam que "Devemos lutar contra a canalha centralista. Há 15 milhões de homens dispostos a brigar por sua liberdade: ou conseguimos as reformas, ou será batalha!".
O que parece ter despoletado pretexto para toda esta crise é um verso do Hino Nacional italiano. Como todas as marchas concebidas no século XIX contém frases violentas. O nosso Hino diz-nos «contra os canhões marchar, marchar», e a Marselhesa «Marchons! Marchons! /Qu'un sang impur/Abreuve nos sillons». Era a época. Lá na Itália, cantam «Itália, escrava de Roma». Tudo isto são as tais liberdades poéticas, que vão mudando com o tempo e de importância relativa - que pode ser empolada (essa importância) quando convêm....

Ora o que parece é que começa a convir agora e muito.

O Norte de Itália tem muita força. A força do poder económico. Que já provou ser capaz de eleger um Presidente, mesmo que alegadamente corrupto, por duas vezes.
Esta ‘provocação’ de quererem banir os professores que vêm do Sul, parece-me uma experiência, um modo de medir a sua força.
Pode não passar, acredito.

Mas é de levar muito a sério.


segunda-feira, agosto 04, 2008

Sozinha em casa

Na segunda-feira passada foi a Cat do «100nada» a dizer que estava toda deshomenzada e a sentir-se um tanto estranha.
Deve ser das segundas, que hoje é a minha vez.

Estou um tanto sozinhinha, a minha malta foi divertir-se para outras paragens, mas a verdade é que estar sozinha por uns dias, cá por mim nem acho mau!

Quando se está completamente sozinha é que se sente o que é a perfeita liberdade ? independência!.

Acordar à hora que nos der na gana, pode ser cedíssimo ou tardíssimo que tanto faz!


Ter a casa de banho para nós, o tempo que se quiser, sem nos ralarmos se alguém está a precisar de lá ir, ou sem termos de bater à porta a perguntar se é para hoje ou para amanhã...


Pormos no leitor de DVD aquela série que só nós gostamos e vê-la toda, durante horas, a comer chocolates.


Não pensar em horas de refeições, nem sequer nas ditas refeições. É o que nos apetecer no momento e mainada!

Poder ficar uma hora ao telefone se nos der para isso, sem sentir má consciência pensando que há mais quem possa precisar de telefonar.


Grande vida!!!!