sábado, setembro 29, 2007

Passeio por debaixo da Baixa

Que ninguém é profeta na sua terra, já se sabe. E também se sabe que, muitas e muitas vezes, residimos numa terra e muitas das suas belezas só as visitamos quando queremos mostrar a algum amigo de outra região. É fatal! Casa de ferreiro, espeto de pau.
Eu, até me prezo de ser uma lisboeta que conhece razoavelmente bem a sua cidade. Pelo menos bem melhor do que muitos amigos meus. Mas foi preciso um telefonema de uma amiga para me decidir a visitar as Galerias Romanas da Rua da Prata.
Só abrem ao público uma vez por ano, ou seja agora. E se só puderam começar a ser visitadas a partir de meados dos anos 80, o certo é que agora têm já muito público. Ontem a fila era enorme já uma hora antes da abertura e quando saí alongava-se por vários quarteirões.
O facto de este monumento (Criptopórtico, e não termas como inicialmente foi chamado) estar aberto tão pouco dias tem a ver com estar sempre alagado e ser necessário muito trabalho logístico para escoar a água e iluminar o local. A senhora cicerone explicou que inicialmente se tinha associado à construção a ideia de «termas» por haver ali tanta água e terem encontrado na parede uma lápide a Esculápio – hipótese de aquilo servir para tratamentos. Claro que não podia ser, o espaço é muito pequeno e umas termas têm de ter uma área espaçosa, mas compreende-se.
É impressionante saber-se que aquelas paredes e aqueles arcos têm mais de 2.000 anos! E ali, em plena Baixa!!! Descendo-se para ali através de um buraco no meio da linha do eléctrico 28...
Realmente não há-de o Município de Lisboa meter água tanta vez, a cidade está construída sobre ela…!

6 comentários:

josé palmeiro disse...

A conclusão é obvia, mas não é essa a razão porque aqui estou. Como tu, há anos que tenho interesse em descer a essas catacumbas, por esse buraco na linha do 28, mas nunca consegui. Tenho uma adoração e respeito, enormes, por esses legados, que formam a razão da nossa existência. Que pena ser tão pouco tempo, e eu estar tão longe. Ficam os registos, como o teu, para aguçar o apetite.

Anónimo disse...

Respeito muito, mas a mim, catacumbas, grutas etc e tal, não me apanham lá... A minha claustrofobia não deixa.
OK, ficam as imagens!!!
Realmente, 2000 anos e ali, firmes. Hoje, um prédio com 20 anos já abre brechas nas paredes!!!

Anónimo disse...

Mas por onde é que andas metida, mulher...????!!!
Agora são catacumbas?...

Anónimo disse...

Olha que o terem sido chamadas termas parece que era por terem uma ligação com outros corredores que levariam ao que se chamou depois "banhos de S.Paulo" que não seriam só balneario público.Outra coisa interessante e que nunca mais está acabado(completamente à vista)é o Teatro Romano que além da entrada por S.Mamede,R.da Saudase tinha uma outra pela Praça da Figueira.Na altura em que se começou a falar dos trabalhos era responsável pela secção Olissiponense da Camara uma mulher(aliás em areas diversa 3 mulheres)a Irisalva Moita.Usava uma capa preta rodada e comprida e um chapéu de abas largas igualmente preto.Quando desaparecia chão abaixo pelo alçapão da praça parecia tal e qual o homem do Porto Sandeman...AB

cereja disse...

Pelo que a senhora cicerone dizia, aquilo eram realmente uns alicerces para construções à superfície e terminavam ali mesmo, sem prolongamentos. Mas fico com a ideia de que não está completamente bem explorado as ligações daquela construção com o resto das construções «da época»

saltapocinhas disse...

eu ouvi na rádio. já sabia que as visitas são só uma vez por ano e adorava visitar. ainda bem que foste, deve ser giro!