terça-feira, julho 22, 2008

As crianças e a comida - I

Ultimamente fala-se muito no assunto.
Desde que se deu conta de que as crianças do ‘primeiro mundo’ andam a ficar obesas, com todo o perigo que a obesidade acarreta, soou um sinal de alarme.
Alerta!!!
Este tema é muito importante e não se vai esgotar num post, é caso para demorada e grande reflexão.
É curioso ver como o problema entrou nas nossoas preocupações quotidianas com pezinhos de lã.
Porque sempre existiram meninos com «má boca». Aliás a tal ‘anorexia infantil’ não é de hoje nem de ontem e, mesmo sem ir tão longe e chegar a esse palavrão, quase que se pode dizer que não há família onde não existiu alguém que era niquento, aborrecido para comer, desde criança que não tinha apetite e muitas vezes mesmo em adulto não seria um bom garfo.
Normal. Mas o que no século passado era algo que se encontrava num ou outro elemento de uma família, vê-se agora a situação invertida e o mais raro é encontrar quem goste de tudo e tenha «boa boca»!
E o alarme em parte parece justificado.

A semana passada a Saltapocinhas chamava a atenção
para um programa inglês, onde um bom cozinheiro tentava numa cantina escolar convencer os miúdos a provarem mais alguma coisa sem ser a fast-food, sem qualquer sucesso. O menu daquelas crianças era três pratos, e só três pratos: hambúrguer, piza e ‘douradinhos’, acompanhados com batatas frita. Nem legumes crus ou cozinhados, nem fruta, nem fibras. Recusavam-se a engolir qualquer dessas coisas.
No outro dia vi, por acaso, um bocadinho de um programa que não conhecia e nem por isso me interessou o suficiente para me informar em que canal era transmitido. Mas tinha um ponto curioso. Do que percebi, tratava-se de duas famílias, pai, mãe e filhos, que «trocavam de mãe». Quero dizer, a mãe de uma das famílias ia passar uma semana na casa da outra e vice-versa, sem elas se conhecerem antes, apenas se encontravam por uns minutos em terreno neutro no final da experiência. Um destes concursos meio parvos.
Ora o ponto curioso era que uma das famílias era vegana (pelo menos a mãe era-o de uma forma fundamentalista!) e a outra comia de tudo, inclusivamente crocodilo, porque vivia numa região onde havia muitos, nem sei mesmo se viviam disso.

As crianças da tal família dos crocodilos quando a ‘outra mãe’ lhes punha na mesa os hambúrgueres de soja, uns croquetes de plantas, uns guisados só com legumes, lá engoliam mas via-se que ficavam cheios de fome; os meninos da outra família, a única vez em que a «mãe trocada» se atreveu a fazer um prato que até lhe deu muito trabalho mas onde entrava peixe ou carne (já nem sei) até vomitaram…
Esta foi a parte instrutiva da história. Uma pessoa aprende a gostar daquilo que é ensinada a gostar. Uma criança oriental até pode comer cobra, ou gafanhotos, ou insectos e achar um pitéu, enquanto quem foi criado por cá ficaria bem enjoado.
Se as crianças do actual mundo ocidental, andam a reduzir a sua dieta alimentar ao mais puro e duro do fast-food, só podemos apontar o dedo a quem lhes criou esses hábitos e mais nada.
Essa é a minha opinião.


14 comentários:

Anónimo disse...

Reconheço que os esforços para as boas práticas (estou hoje politica e verbalmente correcta)alimentares são de louvar.Tão de louvar que até os MAC Donnald's que rebentaram de dinheiro por terem apostado no Fast-food, reformulam ao menu ao gosto Végan.E quem não souber ler isto que coma o que lhe apetecer.AB

cereja disse...

Mas a questão é para quem já está viciado, não há salada do MacDonnald que ajude.
Esse caso dos putos ingleses, é impressionante. Até porque as cozinheiras (???) da cantina estavam 300% a favor deles.

Anónimo disse...

Bem, este é o post de reflexão de hoje. O tema tem muuuito que se lhe diga, mas resumes bem - afinal «a culpa» é de quem permite este tipo de alimentação e de caprichos. Os putos vão abusando, mas porque a porta está aberta.
Aberta? Escancarada!!!!

Anónimo disse...

Espero o 'As crianças e a Comida II'
:D

(isto é para poupar comentários...)

Anónimo disse...

Quando falas em fundamentalismo cá para mim acertas na mouche!
É que de uma parte e doutra parece uma guerra daquelas ferozes.
Tão absurdo é esse caso dos putos que SÓ comem a de plástico, como as 'religiões' dos vegans, ou vegetarianos, ou as mil-e-uma dietas com que nos massacram os miolos.
Cá por mim é comer um pouco de tudo, e sobretudo não se empanzinar de nenhuma dessas coisas.

Os putos obesos é também porque comem até rebentar e não mexem uma palha para nada.

cereja disse...

Olá, Estrela, Raphael, Joaninha!

Estrela, olha que é batota!!! Claro que penso escrever «a sequela» deste posr para não ficar demasiado comprido, mas devias dizer da tua justiça... Preguiçosa!
Raphael - por mim tens 100% razão! Claro que os extremos de um lado e de outro são uma parvoíce, e mesmo os dietistas dizem-nos que podemos comer de tudo. São exactamente os «fundamentalistas» das diversas 'dietas' que acham que certas coisas são venenos. Calma. O que pode 'envenenar' é a quantidade, como tu dizes. Um pouquinho disto ou daquilo até é bom!

Joaninha, eu de um modo geral não gosto nada de culpar os pais ou educadores, coitados. Na esmagadora maioria das vezes estão a fazer o que muito sinceramente imaginam ser o melhor. Contudo, neste caso das crianças que desde pequeninas comem «exclusivamente» essa comida pré-fabricada, devem ser responsabilizados. É um modelo errado e devem ficar a saber isso.

josé palmeiro disse...

Este é um escrito que não se esgota, como dizes, de uma penada.
Eu agora que convivo com a realidade de três netos, com idades de seis, dois e um recém nascido, com birras e desvarios diários em que cada um quer sua coisa. Hoje gosta-se e amanhã já se não gosta. Um não quer, o outro imita, enfim tudo aquilo que se possa adivinhar, cabendo aos adultos, ter essas coisas em atenção e ser firme, sem ser ortodoxo e não vacilar ao primeiro, não gosto ou não quero comer.
Relativamente às cantinas escolares, aqui, para lá de ementas bem cuidadas e variadas, os educadores e professores, deverão ter um papel preponderante a realizar.

josé palmeiro disse...

Estava a escrever, às 09h30, depois tive que sair e nem consegui publicar e agora já fico, no fim do pelotão.

cereja disse...

;D
Caríssimo, nunca ouviste que os últimos serão os primeiros?...
Só uma nota: como avô e tendo portanto apanhado duas gerações (três se contares com a tua) podes ver a evolução porque se anda a passar. Há 50 anos a alimentação era de um tipo (mesmo em famílias com 'posses') aqui há 20/30 já era de outro tipo, e actualmente é o que se vê, com extremismos de um lado e outro.
Haja bom senso e paciência...

josé palmeiro disse...

Sim, as coisas têm mudado, sem dúvida mas, há coisas que são imutáveis.
Estivemos a almoçar, os adultos porque as crianças já o tinham feito e, de repente a mais pequena resolveu chorar. A hora da mamada estava próxima, lá a tentámos enganar, a ver se a mãe comia, mas nada. A rapariga, tinha mesmo fome e aí vai disto, maminha para fora e grande mamada até ficar a dormir. Este é um princípio que reputo de imutável, as crianças serem alimentadas por leite materno, depois, o caminho para que os alimentos lhes saibam bem, está desbravado. Não que não tenham modas e birras, mas que facilita, não duvido.

cereja disse...

Percebo a tua boa intenção Zé Palmeiro, mas olha que são coisas diferentes. O bebé até aí ao ano vai comendo tudo o que lhe dão e, de uma forma geral, nessa fase da vida segue-se o conselho do pediatra. O complicado é quando se começa a 'variar' e por amor e ternura se imagina que se lhes está a dar o melhor. Daí os miúdos hoje terem uma dieta hiperproteica por um lado e com excesso de goluseimas, e por outro comerem poucas fibras e vegetais. Eram comifas que «dantes» eram baratas e de pobrezinhos, e as mães e avós ainda consideram que o bife é muito melhor do que a sopa de legumes.

saltapocinhas disse...

essa deve ser também a opinião de gente com juízo!

entretanto, num site de educação uma comentadora contava qu e a CML resolveu mandar fazer numa escola, um almoço gourmet!!

vou ver se te arranjo o link para não estar aqui a explicar!!

saltapocinhas disse...

está aqui:

http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=52263CA088D173F4E04400144F16FAAE&opsel=2&channelid=0

cereja disse...

Obrigada, Saltapocinhas!
De facto essa da cozinha gourmet é mesmo parvoíce, mas já uma bonita apresentação... porque não? A única coisa que pode dar é mais trabalho!

Uma vez também vi numa revista (e para isso é que não há links para ninguém que já nem sei onde foi) uma série de pratos para miúdos muito engraçados. Claro que se calhar não daria para todos os dias (e mesmo assim, porque não?) Por exemplo, espalhavam o puré de batatacom um feitio circular, punham duas almôndegas a fazer de olhos, a cenoura ralada em cima a fazer de cabelo, e uma grossa rodela de beterraba a fazer de boca. Estava uma cara!!! Mesmo um miudo pequeno pode achar graça a comer aquilo.