sábado, julho 26, 2008

Bairros antigos

Tenho aqui dito vezes sem conta que quando se fala em Lisboa como um local onde não há vizinhança e não se dá os bons dias nem quando entramos num elevador, isso é um esterotipo como outro qualquer. Claro está que existem algumas zonas da cidade onde isso talvez se se passe mas não nos bairros mais antigos de casas mais pequenas.
Uma das coisas que acho sempre graça é a solidariedade das donas de casa entre si em relação à malvadez da chuva.

A gente lava a roupa e põe-na a secar no estendal das traseiras.
Eis senão quando, aparece uma nuvem mais escura e sai de lá uma bátega de água que irá arruinar a nossa pobre roupa que já está quase seca.
Quem dá conta disso, corre para o seu estendal a recolher a sua própria roupa e solta um grande grito:

«Tá a choveeeeeeer!!!!!!!»

Logo de seguida assomam às janelas as vizinhas que estão em casa, e vão passando palavra de prédio para prédio

«Tá a choveeeeeeer!!!!!!!»

Pelo menos nas minhas traseiras é assim.

E hoje bem útil foi, que esta chuva se foi boa foi para as plantas, que a gente dispensava-a...


12 comentários:

josé palmeiro disse...

Tens toda a razão!
Essa é a Lisboa que eu recordo de quando morei por lá, em Campo de Ourique e em Campolide.

cereja disse...

Sebes, Zé, é que hoje muitas vezes mora-se em «torres» que não têm 'traseiras'. E as traseiras fazem muita falta nesta questão social...

Anónimo disse...

Já morei numa assim.
É muito mais 'humano' e afectuoso.
Infelizmente, como dizes, quase deixou de haver trazeiras. Mesmo quando não são essas torres são casas que só t~em janelas para um lado. E não dá para essa confraternização.

Mas gostei da memória.

Anónimo disse...

E já agora parabéns pelas visinhas...

cereja disse...

Obrigada Mary.
Até são mesmo simpáticas, apesar daqueles gritos um tanto estridentes. :D

Anónimo disse...

È porque vocês nunca tiveram como vizinhos uma Assembleis de Deus...De resto o mais próximo que tive dessa história de avisos gritados foi o "sentinela alerta" do quartel de Artilharia Um ,qd. morei em Campolide.AB

Anónimo disse...

Essa da parte traseira da socialização, fez-me para aqui uns sorrisos e lembrei-me logo das "conversas do tanque",uns workshops que por aí aconteceram.AB

Anónimo disse...

Mas o Palmeiro tem razão qt. às traseiras de Campolide.Para já havia terraços onde até se podia patinar e depois permitiam,na adolescencia, saltar de prédio para prédio sem passar pela censura paterna.AB

cereja disse...

Olha que quando escrevi ali «E as traseiras fazem muita falta nesta questão social...» também o escrevi comum sorriso. Esta questão dos jogos de palavras tem que se lhe diga.
....
Aqui que é um bairro mais «modesto» fazem-se muito esses avisos do «Tá a choveeer!», mas quando vivi ali pelas 'avenidas novas' ao Saldanha, apesar de os estendais também serem nas varandas das traseiras, não me lembra deste ritual de aviso de chuva.
Mas aqui nunca falha e eu acho graça!

Anónimo disse...

:D

Um post sorridente.
Sabe bem.

Anónimo disse...

Minha mãe contava que,numa conversa de consultório,uma doente dizia para outra que isso do amor já o tinha atirado para as traseiras,rigorosament para trás das costas.

cereja disse...

Mas está bem visto. As traseiras são mesmo as costas das casas, não é?...
Calculo o que a tua mâe deve ter gozado!