domingo, janeiro 21, 2007

Educar não é fácil

Um artigo do «Portugal Diário» é interessante não tanto por aquilo que diz como por alguns dos comentários dos seus leitores. O texto fala de castigos corporais às crianças e a sua penalização no nosso Código Penal. Tenta esclarecer o leitor com alguns exemplos, não sei bem onde os foi buscar, se ouviu algum ‘especialista’ se ao seu ‘bom-senso’. Se escrevi especialista ente aspas é porque não sei quem é especialista neste caso: um jurista, um psicólogo, um educador/professor, um pedopsiquiatra, um pedagogo?
O que os juristas dão a entender é que pode ser penalizada a violência continuada. Isso é óbvio. Um acto de violência esporádico, se calhar deve ser entendido no seu contexto. Claro que os exemplos que depois se dão, que vão desde a palmada no rabo à sova de cinto, percorrem todo um leque enorme de violência. Gostei contudo de ver referido, que um acto que não é de violência física directa (o de fechar uma criança num cubículo às escuras e não a deixar sair, por exemplo) pode ser também um mau trato. Há tendência a não pensar nisso…
Mas o que achei muito interessante foram
os comentários dos leitores . Encontramos ali autênticos testemunhos de experiências próprias, ou cenas observadas em directo que fazem pensar.
Por um lado muitos dos leitores falam dando apenas voz às emoções, tipo «se não foi mau para mim também é para os outros», ou «fiquei muito sentido e nem quero ter filhos!» mas há também quem conte cenas de pais que não conseguem disciplinar os filhos não lhes dando limites e tornando-os os seres anti-sociais. E esse é um ponto importante e melindroso, pais que são incapazes de bater num filho (OK) e que suportam que os filhos batem neles (???) desvalorizando o acto.
Vamos ter bom-senso! Uma família é uma estrutura hierarquizada, onde uns - pais - têm mais responsabilidades e poder, e outros - filhos - devem ser protegidos e… não têm poder.
Simples!...

2 comentários:

Anónimo disse...

Nem sempre os comentários deste tipo de artigos valem nada. E olha que aqui também aparece cada disparate!!! Mas realmente há ali dois ou três que nos fazem pensar. Aquela pessoa que reve uma mãe agressiva e um pai tolerante é um caso curioso - costuma ser ao contrário, e é engraçado ela ter descoberto que os problemas da mãe não eram contra ela e sim contra si própria.
É que muitas vezes as pessoas que agridem os filhos, estão a reproduzir o modelo a que foram submetidas. Não é sirva de justificação, atenção! estou só a cosntatar um facto.
O segundo ponto, dos pais que não conseguem levantar limites aos filhos está a ser um problema cada vez maior. e é transversal à sociedade, não tem a ver com classes económicas, vemos que isso acontece com gente de todos os estractos sociais. É digno de um estudo.

cereja disse...

Tudo isto é digno de estudo como dizes. Neste artigo e respectivos comentários estão dois problemas diferentes mas no fundo complementares. Repara Joaninha que quer os pais que batem exageradamente nos filhos quer aqueles que deixam que os filhos lhes batam (como disse uma senhora num comentário e eu conheço muitos casos) são sempre casos de desajuste. Não há normas aceites por todos, não se está a saber lidar com uma criança. De uma forma geral, a própria palmada é um último recurso, não deve ser necessário porque deve haver outras formas de autoridade reconhecidas e aceites. Bater disparatadamente é descarregar numa criança problemas que muitas vezes são pessoais. É um erro grave. Por outro lado, aceitar que uma criança, de 6/7 anos ainda por cima como é contado ali, comece a bater na mãe e aos pontapés, é outro erro grave. Em qualquer dos casos há pais que não conseguem transmitir correctamente as normas de convívio aos filhos.