sábado, janeiro 20, 2007

Bruxas e fadas

Este vai ser um post comprido porque vai ter duas partes (pelo menos).
1) Eu tenho uma superstição. Creio que toda a gente tem alguma, mesmo que o não confesse. A minha tem a ver com 3 anéis. Uso sempre uns anéis especiais. E quando digo sempre quero realmente dizer sempre. Nunca os tiro. Um foi usado pelo meu pai, outro pela minha avó, e o terceiro...é meu. Ter estes anéis nos dedos é como se a minha avó e o meu pai ainda me dessem a mão e me protegessem. Faz-me ter confiança na vida. Se tirasse um iam-me acontecer montes de desgraças. São anéis muito discretos, dois deles que uso juntos parecem um só, e o outro também é simples para uma argolinha que tem mais de cem anos.

2) Na 5ª feira precisei de fazer uns exames radiológicos e a técnica pediu: «Tem de tirar o relógio, pulseiras ou anéis». Lá me esforcei para os extrair a poder de sabão, porque ‘a operação’ era difícil. E depois embrulhei-os no papel de limpar as mãos guardando-os num pequeno saco que levava.
Bom, fiz umas compras que guardei no saco e voltei para casa. Entretanto uma amiga precisava de umas coisas e meti-as no tal saquito que já estava vazio.
Ontem saio de casa, faço a minha vida normal mas às tantas olho para as mãos e tenho um baque: Os anéis!!!! Onde é que deixei os anéis?!!! Imaginam, já tudo me começou a correr mal e à hora do almoço, corro a casa e dou volta a tudo. Grande reboliço mas não os encontrei. Falo à pessoa que levou o saco, na esperança de que estivessem lá no fundo. Nada. Virou-o ao contrário, sacudiu-o, estava vazio!
Volto, a conter as lágrimas, ao tal Centro de Diagnóstico, falo com toda a gente mas lá não estavam. A hipótese de alguém lhes ter pegado, era o mais provável e eu até deixei um cartaz a dizer que gratificava quem os achasse (no caso de terem sido levados “por engano”).
No regresso a casa, vem-me à memória, uma frase que ouvi lá «Se estavam embrulhados num papel, até podem ter ido para o lixo!» Só que o 'meu lixo' já estava àquela hora no contentor do prédio. Quero lá saber, abro aquilo e identifico o meu saco.
3) Ajoelho-me no chão da cozinha e despejo o lixo todo. Grande bodega, restos de comida, papelitos sujos, algodão, sacos de plástico sujos, cascas de batata e de fruta - o lixo de uma casa. Muitos papeis de rolo de cozinha sujos e amarrotados, e... (!!!!!!) uma coisita toda molhada [parecia um brinde de bolo-rei] com os meus anéis!
Quando despejei o saco na bancada ao vir das compras, o embrulho deve ter ficado no meio de tudo o resto e foi varrido com as cascas para o lixo.
Agora já só via estrelinhas à minha volta! Ria-me no meio das lágrimas, enfiei-os nos dedos e... a vida voltou a correr-me bem.


14 comentários:

Anónimo disse...

Que bom que esses anéis tão preciosos já estão nos teus dedos.Por acaso tambem não gosto de passar por baixo de escadas, mas nunca tive em atenção que se o fizer, e ás vezes não tenho alternativa, alguma desgraça me aconteça.Mas essa do lixo fezme lembrar um acidente, em que ofereci um saco cheio de lixo, em vez do verdadeiro saco, que esse sim foi parar ao lixo e continha alheiras, batatas e grelos tudo vindo de Trás os Montes.Foi horrivel.. mas a destinatária depois do choque acabou por perceber e tudo acabou em bem

Anónimo disse...

Yo no creo en brujas pero que las hay... las hay

E, parabéns!!!

Anónimo disse...

Bela história e com final feliz!
Mas que ganda susto, imagino!!!!!!

josé palmeiro disse...

Olá Emiéle.
Voltei, agora mesmo,à blogosfera, depois de uns dois dias sem sequer dela me aproximar.
Dou, de caras, com este escrito, cheio de beleza e de sentimentos.
Revi-me, na obstinação com que procuraste o perdido. Sou exactamente assim, e fico verdadeiramente doente quando não encontro e não refaço, passo por passo, os sítios onde presumivelmente, essas coisas estarão. Já me aconteceu ter de abrir um saco de aspirador. Não te conto, ainda por cima numa casa de asmáticos.
Um bom fim de semana, feliz, por certo, dado o reencontro.
Beijinhos.

cereja disse...

Kati - eu tenho um historial de distrações que davam para posts e mais posts. Sou uma campeã em distrações, mas uma destas NUNCA me tinha acontecido!!!
Helen - Não te tenho visto por aqui. Começa a aparecer que gostamos de companhia. Pois é. Às vezes parecem coisas do outro mundo, mas a verdade é que a culpa é nossa. Neste caso foi uma inacreditável falta de cuidado, sendo uma coisa de tal modo prediosa para mim.
Joaninha - Foi grande em todos os sentidos! Olha que aqui contou-se depressa mas andei horas (HORAS!) nesta aflição...

cereja disse...

Olha!!!!
Quando escrevi a resposta debaixo ainda não estava o comentário do Zé Palmeiro (Olá amigo! Tinha visto que ultimamente não tinhas passado por cá; és tão constante que a gente nota logo quando não apareces)
Mas sabes, eu sou um bocado distraída e acontece-me não saber onde deixei algumas coisas. De um modo geral, com insistência, encontro-as. Acho que o meu record foi ter encontado uma lente de contacto do meu marido que lhe saltou para o chão, na serra de Sintra!!!
Mas desta vez, foi muito grave pela profundo afecto que tinha por estes objectos. Perder um deles já era uma desgraça, mas perder os 3 era mesmo uma catástrofe!

Anónimo disse...

Essa das superstições é giro porque as pessoas não o confessam mas todas têm alguma, como dizes aqui. Olha eu gosto que me digam «Boa Viagem» quando vou viajar... A sério. É uma mania.

Anónimo disse...

Belo post!
Um grande abraço Emiéle, e votos para que segundo a tua frase final «a vida te corra bem» uma vez que recuperaste os talismãs.

100nada disse...

Oh Emiele, lembraste-me agora de uma coisa que já me tinha esquecido há anos! Também fiz isso uma vez, lavada em lágrimas, adolescente muito novinha (tazaber o filme do anel dos primeiros amores) e encontrei-o.
Ainda bem que os encontraste!
um grande beijinho.

cereja disse...

'Brigada, Cat!
Mas a luta da bruxa má com a fada boa foi terrível. Assim, tipo Voldemort contra Harry Potter, porque eu tive de peneirar aquela lixarada toda, sempre com o coração apertadinho, até mesmo quase no último minuto os ter encontrado...!
É que há coisas cuja estima não pode ser avaliada por padrões normais.

Anónimo disse...

E logo hoje que estive para não vir à net é que escreves um post destes!
Gosto imenso quando escreves coisas pessoais (não é cusquice, é que escreves de um modo que se «vê» a cena toda; tens mesmo piada) e esta foi de estalo.
Não foste tu que uma vez deixaste ficar a tua mala cheia de coisas importantes no carrinho de um Suoermercado? Olha que me lembro disso...
Tens é uma sorte do caraças, que acaba sempre em bem!
:D

cereja disse...

:)))
Foi sim senhor, Raphael!
Vim-me embora com as compras e só quando fui entrar em casa reparei que não tinha a mala. Voei para o Super e fiz um reboliço tremendo mas afinal um segurança tinha guardado o raio da mala. Eu só tinha voltado normalmente porque tinha a chave do carro na mão - depois de por as compras no porta-bagagem, arrumei o carrinho com a mala pendurada... lol
Também foi um grande susto, mas este de ontem foi pior!!!

Anónimo disse...

Tenho no dedo anelar da mao direita tambem 3 aneis, dos quais nunca, mas nunca me separo... um anel que era do meu avo (o anel das bodas de ouro), um anel dado pela minha mae e um pelo meu irmao... Todos discretos!

E juro que me revi em toda a tua angustia e desespero, galguei linhas de descricao, so para me acalmar e ter a certeza que tinhas reencontrado o teu equilibrio.

Uma historia com um final feliz

cereja disse...

Olá Tuxa!
É um caso muito semelhante, este meu - também são aneis discretos, que pertenceram a pessoas que eu adorava, e que 'sinto' que estão perto de mim através deste objecto.
Ainda bem que deixaste o link para o teu blog. Visitei-o e identifiquei-me com muito do que lá dizes. Vou passar a visitá-lo!