domingo, janeiro 21, 2007

Prova de Português

Ontem, em sessenta escolas, muitos imigrantes foram a exame. Foram fazer uma prova de Língua Portuguesa, necessária para conseguir a nacionalidade.
Por um lado parece-me bem. Se a anterior alternativa era essa avaliação ser feita por funcionários (dizem que notários…?!) desta forma parece ser uma coisa mais justa. Porque o que se pretende não é apenas viver na nossa terra como imigrante – e seria importante que o estatuto de imigrante tivesse dignidade – mas sim passar a ser português, a ter a nossa nacionalidade. E se «a minha pátria é a língua portuguesa» então o dominar-se o idioma é um passo decisivo.
Gostaria de ter uma ideia o que foi esta prova.
A Saltapocinhas diz
tenho a certeza absoluta que se o governo retirasse a nacionalidade a todos os portugueses que não a conseguissem fazer, íamos ficar com menos população que o deserto do Sahara em tempo de rali...
Não irei tão longe, mas fiquei interessada. Quando Pessoa escreveu aquela frase que ficou tão famosa, dizia exactamente «Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente, Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse
Muito teria de odiar este homem, ou de se espantar enormemente, se fizesse uma viagem no tempo até aos nossos dias.

6 comentários:

Anónimo disse...

Mas o certo é que «o português» que se fala e escreve hoje é completamente uma outra língua, não tem a ver com a que se falava no século passado. Há expressões que desapareceram, outras que se usam agora e não existiam, muitos neologismos, palavras que se evaporaram completamente... temos de aceitar isso.

Anónimo disse...

K, bom para ele não haver ainda net nem msns. fj

cereja disse...

Se houvesse, FJ, a linguagem seria decerto outra com outras normas, mas olha que escrita abreviada sempre existiu...
A Joaninha tem razão, o «nosso português» parece uma outra língua com neologismos, expressões de base inglesa, ou brasileira, ou africana. Contudo, se lermos um escritor de há 50 ou 60 anos que nos parece tão diferente e o compararmos com outro do sec VII por exemplo, também se vê que escreviam e falavam decerto de um modo diferente.

saltapocinhas disse...

Hoje andei a vadiar (fui à festa de anos do genrinho) e só agora deu para aqui vir.
Podes "citar-me" sempre que quiseres... é uma honra!!

saltapocinhas disse...

Ah... e vou roubar esta imagem para o post que acabei de escrever!
Era mesmo do que eu precisava!

cereja disse...

Olá Saltapocinhas, parabéns ao genro!
E «ladrão que rouba a ladrão»... Para ser franca nem sei de onde veio esta imagem, mas não fui eu que a inventei! Quando tenho prersente a origem costumo deixar a indicação, mas há muitas que circulam por aí sem se saber quem foi o 'inventor'.