Olhando não apenas para trás (para o nosso passado ‘antes do 25 de Abril’) como até olhando em redor, para outros países que consideramos desenvolvidos, podemos hoje verificar que uma das grandes melhorias do sistema em que vivemos está na nossa ‘política social’.
É certo que há quem se queixe de que paga bastantes impostos. Nunca se está completamente satisfeito, é evidente, mas quando sabemos que o dinheiro que se paga de impostos vai para as nossas maiores necessidades e para que todos tenhamos uma vida melhor, por mim, penso que assim está tudo bem.
A ver bem começa ainda «antes de nascermos». As crianças que nascem são desejadas, o planeamento familiar funciona em pleno e, no caso raro de uma falha, a IVG é uma operação rápida e sem custos. Contudo, é já muito invulgar, porque o planeamento é tão completo e há tantas facilidades para criar uma criança que, nunca é por motivos económicos que não se têm os filhos que se desejam ter. A grávida trabalha a meio tempo desde que sinta que é melhor para si, é seguida sem pagar nada no Centro de Saúde que mais lhe agradar e o parto, também sem qualquer custo, pode fazer-se onde agradar mais à família. O antigo «abono de família» foi tão aumentado que nada vai faltar ao recém nascido, e a mãe tem direito a ficar em casa cuidando do filho durante o seu primeiro ano de vida. Claro que o pai também acompanha o seu bebé, um mês ou mais, podendo inclusivamente aceitar ele parte da ‘licença de maternidade’ no caso de a mãe desejar voltar mais cedo ao trabalho.
Os pais que prefiram deixar o filho, do um aos três anos numa creche, até para facilitar o convívio com outras crianças, têm toda a facilidade porque existem pequenos agrupamentos em todos os bairros, com muito boas condições quer de instalações quer de qualificações de quem lá trabalha. Ficam plenamente descansados sabendo que os seus meninos estão bem entregues.
Durante a vida activa, no caso de uma doença súbita, um acidente, algo que desequilibre a estabilidade familiar, sabemos que podemos contar com o apoio, para além dos Serviços de Saúde, com especialistas de Serviço Social e Psicologia que estão disponíveis e prontos a ajudar de uma hora para a outra, ajudando a resolver, ou minorar, situações difíceis e que ultrapassem os recursos familiares.
No final da vida, o apoio que a sociedade dá é também excelente.
De uma forma geral, mesmo quando se é muito idoso, se ainda se está independente e lúcido, cada um permanece na sua própria casa onde é acompanhado por serviços de apoio que tratam das rotinas da casa e da alimentação, lhe fazem companhia, ajudam nos transportes, os acompanham a visitar família e amigos ou nas distracções preferidas. Quando a autonomia diminui muito, há pequenas residências para onde transportam as mobílias e recordações preferidas de cada um, em ambientes muito tranquilos com um acompanhamento discreto de enfermagem quando necessário, e se mantém uma boa qualidade de vida que a sociedade pretende que seja o melhor possível até final.
Não, o Estado não «substitui» a família nem os amigos, mas garante uma rede de suporte que permite viver com boa qualidade.