quinta-feira, abril 23, 2009

Tarde demais



Sem falsas modéstias, posso dizer que se há coisa que não se aplica a mim é o «Princípio de Peter». Não só tenho a convicção de que as promoções que tive na vida foram justas como, mais do que isso, por duas vezes me foi oferecido um cargo ‘importante’ que recusei porque duvidei da minha competência para o exercer como pensava que devia ser. Tenho esse sentimento um tanto orgulhoso.
Mas também me tem acontecido uma coisa que por um lado me deixa a moer por dentro, mas por outro me dá satisfação: é ser-me proposto um trabalho que eu teria desejado muito, há uns tempos, mas quando me chega já vem «fora do prazo».
Recentemente voltou a passar-se. Uma sujeita execrável, que em tempos me tratou com uma arrogância e uma má educação que nunca esqueci, contactou-me há dias a propor-me um trabalho que me teria interessado imenso... na altura em que ela foi insolente e desagradável.
Que bem que me soube agora, responder-lhe na voz mais controlada que consegui: «Ah! Precisava de mim agora? Mas que pena. Sabe, é que actualmente ando muito ocupada, estou a fazer coisas que me interessam bastante e não vou ter tempo nenhum. Será melhor procurar noutro lado»
E bati simbolicamente com a porta.
Que bom!


10 comentários:

fj disse...

Este é um post que nos deixa a pensar.

Já me aconteceu uma vez ou duas. O «vir tarde demais» como no fado. Afinal existe mesmo o «altura certa» para as coisas acontecerem. Se é muito cedo, tens o famoso 'Princípio de Peter» onde és promovido, ms para mostrar a tua incompetência. E isso é geral, não apenas em Portugal, ou o Peter não tinha pensado nosso...
Mas há o oposto como aqui dizes - quando a coisa já vem «fora do prazo». E aí temos uma certa amargura.

josé palmeiro disse...

Sabes o Peter para mim, não faz sentido.
O que aconteceu contigo, chamar-lhe-ia, "PRINCÍPIOS" e mais nada, que é o que demonstras ter sem necessitares do Peter, para nada.
Gostei do escrito!!!

AB disse...

Pois eu raramente me sinto muito confortada com os reforços tardios ao ego.Ou ,na altura, se acho que mereço uma coisa ponho a mão na anca e luto por ela ou depois ...francamente é como as honras postumas...a quem aproveitam?AB

fj disse...

BOA!

Anónimo disse...

Na minha opinião o Principio de Peter aplica-se bastante nas nossas empresas, e claro que poucos são os eleitos. Na verdade constituem as elites que desenham a nossa vida e que em Portugal são sempre os mesmos!!!

kika disse...

Isto saltou logo... o anonimo sou eu e já agora neste caso acrescento que me sentiria orgulhosa como tu, com um ego maior!!

Joaninha disse...

Por vezes, AB, quando há alguma injustiça nas promoções ou coisas dessas não se pode fazer nada, a não ser escolher o desemprego, e bater com a porta nesse momento. mas nem sempre é fácil... Entendo que a Emiéle tivesse algum gosto em «bater com a porta» agora.

O modo como contas a história faz-me lembrar algumas pessoas que conheci, que «de vara na mão» eram um verdadeiro horror, mas antes e depois disso eram de uma subserviência que só à estalada. Mete verdadeira raiva!

Claro que o Princípio de Peter a gente pensa sempre nos outros, mas podemos escorregar nisso. Eu não tive oportunidade, mas tenho colegas que até eram boas pessoas, e que depois em posições de chefia foram um verdadeiro desastre. Mas eles não sabiam... Quando aceitaram, achavam que tinham essa capacidade. Saber avaliar-se bem, é uma qualidade que nem todos têm.

Maria disse...

Bem hajas, pela tua coragem e pelos teus "PRINCÍPIOS", como disse o José Palmeiro.

PS.Nem sempre é fácil resistir à tentação.

saltapocinhas disse...

não me digas que foste convidada para ministra!!!

cereja disse...

:)))
Estás a ver, Saltapocinhas, aqui está um exemplo de uma tarefa que eu sei perfeitamente ser incapaz de fazer! Mas bastantes dos que por lá passam encaixam bem no Princípio de Peter. Alguns seriam muito competentes noutras funções...