segunda-feira, abril 30, 2007

Fiz as pazes com a RTP

Pelo menos por enquanto.
Andei muito tempo zangada. Que as tvs privadas fossem aquilo que se sabe, aborrecia-me mas era lá com elas, eu simplesmente não as sintonizava. Pronto! Quanto à RTP tinha outras obrigações, mas não as cumpria.
Com a vinda de TVCabo e alguns canais temáticos interessantes eu para além de, de um modo geral, ver pouca televisão, o certo é que passei a raramente ligar a rtp para além do telejornal.
Mas há umas semanas tive uma boa surpresa, o programa do António Barreto. Muito bem feito, interessante, informativo, acessível a todos e (milagre!) transmitido a uma hora decente.
Bom, agora «o milagre» repete-se: uma série chamada «Conta-me como foi» que revê Portugal dos anos sessenta pelos olhos de um miúdo da época, filho mais novo de uma família de poucos recursos, vivendo numa casa com os seus pais, um irmão mais velho que estuda muito para entrar num curso superior e adiar a entrada na tropa, e uma irmã que trabalha numa cabeleireira, e uma avó. O dia a dia dessa família, no tempo onde os preços de tudo tinham menos dois zeros do que têm hoje, onde a tv era a preto e branco e em muitas casas era um luxo, onde se ia ao cinema com o pai ‘fintando’ a regra do «maiores de 12» porque o porteiro era amigo do pai e se maravilhava com Lawrence da Arábia.
Pelos olhos dessa criança passa uma época ainda tão próxima mas que para muitos é História, quase ao mesmo nível da Primeira República. E narrado ao estilo simples de uma série de tv.
Bom serviço. E a horas. E a uma hora ‘decente’, admitindo que quem a está a ver deve ir trabalhar no dia seguinte. Gostei.


Continuo de férias

O que quer dizer que todas as minhas rotinas habituais deram uma pirueta. Os temas que gosto de abordar aqui todos os dias continuam a existir e a pensar nisso, evidentemente. É claro que ontem estive atenta às eleições francesas e até… ao nosso derby futebolístico. Mas quando estou a escrever num cantinho de um café provinciano, entre conversas locais e a televisão ligada não consigo aquela concentração que dá para alinhar três ideias e dois links. Olhem, o meu «estilo habitual» ficará para mais tarde .
Porque agora nem dou porque ontem depois do jantar choveu a potes e o pobre do guarda-sol se transformou em guarda-chuva, ficando a pingar. Felizmente que em férias me sinto optimista: hoje brilha de novo o sol, o que promete um dia esplendoroso, esse sol vai secar completamente o pano do guarda-sol e a chuva de ontem evita que tenha de regar os canteiros que estão a ficar uma beleza!
É assim mesmo!

24 de Abril - Guerra

É impossível falar do “24 de Abril” sem falar na Guerra.
Guardei este ponto para o último dia talvez por ser tão grave que devia ter um lugar à parte. A guerra colonial. Foi a gota de água, o tsunami que fez finalmente cair o fascismo. Hoje em dia, em que o serviço militar nem é obrigatório - e, mesmo quando ainda o era, tratava-se de uns meses aborrecidos em que se tinha de interromper os planos de vida para frequentar um quartel e fazer uns duros exercícios físicos - não se pode imaginar o que era a angústia das famílias portuguesas que viviam o terror de perderem um filho ou de o receberem mutilado para toda a vida. E tocava a todas as famílias. Havia alguns casos, em menor número, em que os rapazes decidiam não partir. Eram os refractários (se desapareciam antes de serem chamados) ou os desertores (se desapareciam já com o treino militar recebido). Contudo, nesse caso a angústia dos pais era outra: sabiam-nos longe das balas mas muito distantes de si, nem sempre recebiam notícias sabiam apenas que estavam num país estrangeiro, vivendo sabe-se lá como… E ali não havia escapatória, mesmo quem tivesse dificuldades de saúde servia para a manutenção militar, para serviços menores, mas partia na mesma para África. Foi um terrível ceifar de vidas, sem uma saída à vista, porque Salazar dizia-se “orgulhosamente só”.
Comentário
Não esquecer também o aspecto «castigo». Havia incorporações antecipadas para os «mal comportados». A única saída era só a emigração ilegal.
FJ
Uma história verdadeira entre muitas: Um amigo meu foi incorporado. Foi para Moçambique. Odiava aquela guerra, estava contra ela, e foi por que a isso foi obrigado. Em pleno «teatro das operações» perante uma granada quase a rebentar, atira-se para cima e salva todos os camaradas. É reenviado para Portugal como heroi, e é chamado a uma cerimónia no Terreiro do Paço para receber uma comenda. Coerente com o que pensava, recusa-se e não vai receber coisa nenhuma. É então castigado, volta para a guerra despromovido, como soldado raso. Cumpre todo o tempo a que é 'condenado' depois de ter sido 'heroi'.
Voltou, vivo.
Mas por pouco tempo. Anos depois atirou-se de uma janela. Stess de guerra?
AB

Uma canção por dia

Uma canção linda para terminar a série

Canção de Madrugar

Não é?

Recordações XXX


Para terminar A IMAGEM que correu mundo!

domingo, abril 29, 2007

Sons

Apesar de gostar muito da minha cidade, quando vou para o campo o mais agradável é o desaparecimento do «ruído de fundo». Não é que por aqui se esteja em silêncio, longe disso. Ainda ontem à tarde nos rimos «Eh! Que ganda cagarim!» quando, ao mesmo tempo se ouviu um cão a ladrar a uns gatos que miavam, abafando esses sons os de uns pássaros que cantavam alto, e por sua vez abafavam uns ralos ou cigarras que tinham enchido o ar de sons até ao momento. Quando acima disso se ouviu a voz de uma mãe a chamar o filho «Oh Tééééééélmo!!!» era realmente uma barulheira.
Mas uma barulheira ‘humana’, límpida, serena afinal.
Porque todos estes sons se destacavam bem, e conseguíamos distingui-los por não existir o tal «ruído de fundo» que mesmo já sem o ‘ouvirmos’ ou identificarmos, é a marca das grandes cidades.
É que estes são ruídos humanos, no sentido de que estão próximos de nós, são provocados por seres vivos.
Dá-nos outra qualidade de vida ou pelo menos outra qualidade de descanso.


24 de Abril - Filhos Ilegítimos e Enfermeiras

Como consequência da Lei da Concordata de que falei lá atrás acontecia que as pessoas se separavam e uniam-se com outros parceiros mas tinha de ser tudo na ilegalidade. Se no novo casal acontecesse nascer um bebé, a questão era gravíssima. Se era o pai que tinha tido um casamento anterior, a solução era a criança ser registada como filha de pai incógnito, ilegítima, mesmo que sempre vivesse com aquele seu pai verdadeiro e que bem gostaria de o assumir. Se era a mãe que vinha de outro casamento, o problema era ainda mais grave porque o bebé pertencia por lei ao “marido”, o tal marido legal dessa senhora. Se o pai fosse solteiro, poderia registar-se com o nome do pai e filho de mãe incógnita ( extraordinário!) Se os dois tinham sido casados a questão era quase insolúvel.
De qualquer modo para uma criança era uma nódoa social, aparecer perante os seus colegas como de pai incógnito…


Comentário

É curioso como hoje em dia isso parece uma questão sem qualquer interesse, uma bizantinice. Numa época onde qualquer criança tem o nome dos dois pais casados, solteiros, divorciados, até custa imaginar uma coisa destas. Aliás hoje com os testes de ADN nem há dúvidas sobre quem seja o verdadeiro pai de cada um (claro que quanto à mãe, isso então era delirante!) Mas a verdade é que gerou muito sofrimento no tempo da concordata, pelos motivos que aqui disseste. Porque não se tratava apenas de pessoas marginais, a existência de filhos ilegítimos, ‘bastardos’ ou naturais acontecia imenso no passado (sempre achei espantoso falar-se de filhos ‘naturais’ como se os outros fossem ‘artificiais’ !?!) Mas neste caso eram casais que viviam juntos, a vida inteira muitas vezes, até casados noutras terras mais liberais, e os filhos tinham essa «mancha» de verem averbado na Certidão de Nascimento filho de pai incógnito. Uma enorme vergonha de algo que as pobres crianças não tinham a menor culpa.

C.



Comentário
A concepção de profissão feminina era típica da ditadura. Já a concepção de feminino é espantosa, só faltou re-discutir se as mulheres tinham alma, porque personalidade não tinham. Pobres mulheres que tiveram de suportar aquilo tudo!
FJ

Uma canção por dia

Adriano e a Canção da Imigração

Recordações XXIX


sábado, abril 28, 2007

Mania de recordes

Não estou a pensar em recordes atléticos, é claro, porque isso se for ‘mania’ não é nada má. Falo daqueles que vêm no Guiness que em má hora foi inventado. Quando as pessoas lutam para fazer «o mais» ou «o menos» seja do que for e nesse «seja o que for» cabe tudo mas mesmo tudo!
Ouvi agora falar no nome mais comprido para um site.
Já imaginaram a pachorra? Com a finalização ‘eu’ que indica ser um domínio europeu, só podem ter 63 (sessenta e três!) caracteres no máximo.
Vai daí, toca a inventar:
Um alemão criou o
www.thisisthelongesteuropeandomainnameallovertheworldandnowitismine.eu
e outro, também alemão por sinal, registou:
www.aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.eu) e www.zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.eu. Que tal?
E há uma cidade galesa cujo site é:
www.llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllatysiliogogogochuchaf.eu e para além de que para quem aprecie a matemática, temos : www.141592653589793238462643383279502884197169399375105820974944592.eu

Malucos?
Nãããão!!!

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Tem mesmo de ser um vidro muuuuito resistente, oh malta!?!

24 de Abril - Direitos do marido

Eram imensos.
Sem falar no caso, já há muito fora de moda de que «a mulher, face ao Código Civil, podia ser repudiada pelo marido no caso de não ser virgem na altura do casamento», a verdade é que o ser considerado Chefe de Família era, como as palavras significam, “um chefe” com essa autoridade de chefia. Por exemplo, a mulher precisava de autorização do marido para exercer determinadas profissões. Para ser comerciante só se o marido concordasse, independentemente dos meios económicos de que ela dispusesse. As finanças do casal eram geridas por ele sem precisar de dar contas à mulher. Ele tinha o poder de decidir do futuro dos filhos. Aliás as crianças eram em grande medida ‘propriedade’ do pai.
Claro que falo do que se passava ‘legalmente’, evidentemente que no interior de cada família as coisas podiam ser, e eram na maioria dos casos, diferentes.
Mas o certo é que era legal e se um marido quisesse invocar esses direitos, a mulher teria de acatar.


Comentário
Claro que tens razão em frisar que ‘na prática’ as coisas não seriam exactamente assim, muitas mulheres poderiam tornar a vida conjugal num inferno se os maridos levassem isso à letra, mas o certo é que era a lei. Se fosse ele que quisesse tornar a vida dela nesse tal inferno tinha poder para o fazer!
Maria


Recordações XXVIII


Uma canção por dia

A canção que não podia faltar!

Venham mais cinco


Vieram mil...

sexta-feira, abril 27, 2007

Uma professora universitária de truz!

Pois então! O que é que julgam…?
Nas voltinhas que dou pela net, vou lendo umas coisas aqui e ali, mas nem sempre ‘aproveito’ para o Pópulo tudo o que leio, é evidente. Esta informação, encontrei-a eu já há alguns dias, mas tive sempre coisas bem mais importantes a falar.
Mas agora posso fazer uma pausa nas tais outras coisas que me ocuparam e pedir-vos para meditar na força do ensino universitário. Numa altura em que há tantos problemas com esse ensino, onde até se discute o valor de alguns diplomas, essa conversata toda, afinal há uma senhora que «acabou os estudos» com certeza, uma vez que até dirige uma pós-graduação na Universidade Lusófona de Lisboa!
Que matéria erudita a senhora lecciona, e quem é ela?
Ora bem, o seu mestrado, perdão, pós-graduação consta de várias cadeiras, certamente de grande dimensão e profundidade: Etiqueta, Imagem, Protocolo e Eventos Internacionais. Portanto a catedrática só pode ser… Paula Bobone!
Segue
a entrevista para quem tenha pachorra.

Vou de férias

Desta vez são mesmo como deve ser – aí uns 6 diazinhos!!!
Começo nesta sexta de manhã, e só volto a casa na quarta que vem à noitinha.
Iupi!
Espero bem que faça sol, mas se lhe der para amuar também estou preparada. Desde que não chova pode-se sempre passear, e mesmo com chuva tenho uma catrefada de livros para ler, que vou guardando para quando tiver tempo – e é agora! Seis dias!!!
De qualquer modo vou passando por aqui, não fiquem com ideias! Até ao final de Abril mantenho as «minhas rubricas» deste mês, e espero acrescentar umas coisinhas.
E mesmo em Maio espero passar por cá, não tão cedo como de costume e também não farei a minha leitura de notícias matinal, mas não abandono o Pópulo, portanto façam o favor de não fugir.
E de qualquer modo a partir de quinta volto de novo a tempo inteiro.


O Marquês e o túnel

Isto se não fosse connosco podia ter graça. Assim, não acho tanto, mas talvez os Gatos Fedorentos lhe peguem e lhe dêem uma voltinha para a gente se animar.
Então «é assim»:
O tal túnel abriu ao público no dia 25 de Abril. Quero dizer, foi inaugurado, assim é mais correcto. Depois disso fechou outra vez. Foi fazer «avaliação da realidade», «realização de testes de uso» e «eventuais possíveis correcções». OK, só lhe fica bem essas cautelas, apesar de se poder pensar que isso se devia ter feito ANTES da abertura oficial.
Agora é interessante é o responsável afirmar que vai encerrar nesses dias ( e serão apenas esses…?) por causa dos perigos do tunning, do excesso de álcool, e a entrada dos sem abrigo.
Pergunto se serão apenas os dias deste fim-de-semana, por ficar maravilhada que os malucos do tunning ou os sem-abrigo de Lisboa, além dos condutores alcoolizados, se comportem tão bem. Imagine-se que durante todos os fins-de-semana do ano, só lhes dá para embirrar com este belo túnel neste único fim-de-semana.
Gente ponderada e cordata, não é?

E ainda falamos no que se passa por cá!

E claro que temos razão, porque diz o ditado que «com o mal dos outros pode-se bem», ou seja é mais importante olhar-se para o que se passa na nossa casa.
Contudo dá para abrir a boca de espanto saber que
«94% dos médicos norte-americanos tem ligações à industria farmacêutica e um quarto admite que recebe honorários» .

A verdade é que "os estados deixaram de investir na investigação e de esta ficou nas mãos da indústria". Naturalmente que tem de ser financiada. E que melhor forma do que vender os seus medicamentos, ou seja fazer com que estes sejam receitados?...
E depois queremos acabar com a corrupção! ?!


24 de Abril - O Sufrágio

Este, como é natural, é um dos aspectos mais falados e conhecidos, mas não faz mal relembrar.
A lista dos eleitores, de quem de facto podia votar em altura de eleições, era minúscula antes de 74. Estavam dela excluídos, todos os que “não ofereciam garantias à segurança do estado” ou seja, grande parte da oposição. E, para além disso, a verdade é que para se poder ser eleitor, para além da idade – 21 anos – tinha de se saber ler e escrever, ser chefe de família ou, no caso de ser mulher, ter um curso ou bens próprios. Porque isso de se ir votar era um acto muito sério e grave e não seria qualquer ‘irresponsável analfabeto’ que o podia exercer. A não ser quando fossem acompanhados até ao local de voto por o senhor legionário ou o cacique local, que já lhes tinha explicado muito bem o que deviam fazer, e nesse caso “bem esclarecidos” e completamente industriados lá poderiam pôr a cruz onde lhe mandavam. Evidentemente que com essa selecção inicial os resultados eram esmagadores a favor do governo.


Comentário

Este é um ponto que hoje, curiosamente, quase perdeu a importância. Quando vemos os níveis de abstenção em cada acto eleitoral fica-se parvo como essa acção de meter um papelinho dobrado em quatro numa caixinha, escolhendo em plena liberdade o que lá se escrevia, podia ser tão desejado e importante. Afinal não é o acto de se eleger em liberdade quem imaginamos que nos vai governar melhor que pode resolver milagrosamente todos os problemas. E, se calhar era isso que se ‘esperava’, que bastava as eleições serem livres para tudo se resolver.
Contudo, creio bem que se de hoje para amanhã voltássemos à situação anterior, e só uma parte da população pudesse votar, de repente, os que hoje se abstêm saltariam de indignação a querer salvar o seu voto. Muitas vezes só quando se perdem os dentes se dá valor às nozes.
João F.M.

Uma canção por dia

Recordações XXVII


quinta-feira, abril 26, 2007

Ontem foi dia de Festa

Pelo menos eu fiz o possível aqui no Pópulo para dizer da minha alegria por ter vivido esse dia em que tudo parecia possível.
Contudo o tempo tem passado e temos imenso para fazer. Dizia ontem o
Farpas que «Abril constrói-se» e é essa a mensagem que devemos ter à nossa frente. Há 33 anos deu-se um grande passo, mas se não continuarmos a andar vamos perdendo terreno a olhos vistos porque a História não perdoa. E tem-se perdido muito tempo, muita energia, tem-se cometido muitos erros. Temos aceite e até pactuado com situações que não podem ser permitidas. Somos hoje um dos países europeus onde existem maiores desigualdades – ricos mais ricos e pobres mais pobres. Como é que isto é possível?
Não devemos desanimar, mas não se pode perder mais tempo.
Há que arregaçar as mangas e trabalhar a sério. Não aceitar desculpas esfarrapadas para o não cumprimento de promessas que foram feitas em período eleitoral e eliminar o vírus da corrupção que tem alastrado do modo mais descarado, contaminando muita coisa e lançando o descrédito sobre muitas instituições.
Abril, esse sonho, merece que o respeitemos, que haja firmeza e determinação para o cumprir.

Há crimes sem perdão

Para mim há crimes sem perdão e entre esses contam-se os de ditadores ou praticados em nome de ditaduras. A Argentina viveu um desses regimes bem duro e sangrento mas os seus responsáveis estão presos, julgados e condenados a prisão perpétua. Justo, uma vez que a pena de morte seja para quem for é um tratamento selvagem, mas para alguns crimes deve pedir-se a pena máxima justa e nesse caso é a perpétua.
Contudo, o anterior presidente argentino decidiu aplicar umas «leis do perdão» e indultar (?!) Videla e Massera
Agora
a Justiça argentina considerou os indultos «inconstitucionais» e tudo volta à situação anterior.
Haja Justiça!

Guernica

Uma efeméride, tristíssima.
Foi em 26 de Abril de 1937 que os aviões nazis bombardearam a cidade de Guernica, durante a Guerra Civil espanhola. Uma ajuda de Hitler a Franco. Foi bombardeada durante quase 3 horas, numa cidade pequenina quase 40% da sua população foi atingida. Um acto de uma barbárie chocante.
Tão chocante que inspirou Picasso a pintar a sua Guernica, quadro tão famoso que hoje ao falarmos de Guernica é dele que nos lembramos.
A pintura famosa esteve em Nova Iorque, por exigência de Picasso que decidiu que só em Democracia a Espanha deveria receber a pintura. Assim foi e actualmente está em Madrid, e possivelmente lá vai continuar apesar de
os bascos a pedirem com insistência . Faria algum sentido uma vez que a terra inspiradora do quadro é a sua, mas também é certo que aquele símbolo tornou-se universal, é um grito contar a Guerra, toda e qualquer guerra.

24 de Abril - Subsídios de Férias ou Natal



Comentário
Não surgiu exactamente com o 25 de Abril, foi poucos anos antes, no tempo do Marcelo.
Até lá nada se passava em matéria de subsídios de férias ou de Natal. Era um conceito inexistente.
FJ
Como dizes para os jovens de hoje são direitos inquestionáveis, mas a própria noção de «férias» nem existia em certas profissões. Quando os imigrantes falavam em 'vacanças' era porque cá não conheciam o que fosse férias. Trabalhadores do terciário, empregadas domésticas, ou tudo o que fosse trabalho pouco qualificado não conhecia férias, e portanto muito menos imaginava um subsídio para uma coisa que não tinha!
J.L.

Uma canção por dia

A «Queda do Império» !

Recordações XXIV


quarta-feira, abril 25, 2007

Onde estavas na noite do 25 de Abril?


Chegámos à noite a casa, eu e a Marta, completamente extenuados. Cansadíssimos os dois, e ainda debaixo de choque. Ainda nos custava acreditar. Na nossa vida tinha ficado para trás muitos anos de luta activa, desde a crise académica de 62, onde nos conhecemos e começámos a namorar. Dessa época ficou a «greve de fome» feita na Cantina, a prisão em Caxias. Qualquer de nós tinha conhecido como era uma cadeia por dentro…
A nossa vida tinha sido muito difícil até então. Sempre que nos candidatávamos a um emprego, apesar de licenciados, a má informação da Pide tinha-nos bloqueado as hipóteses de um trabalho de jeito. Aquele dia foi vivido como um sonho. Voltámos a casa estoirados, cansadíssimos, e fomos enfiar a nossa filhota na cama, que também ela se sentia contagiada pelo ambiente de excitação.
Mas a porta ia ficando aberta para os muitos amigos que iam aparecendo. E foram imensos os que se juntaram na nossa casa, onde improvisámos um 'jantar' - havia pão, ovos, queijo, chouriço, vinho e cerveja, não era preciso mais! Cada qual que chega trás notícias, boatos, nem se sabe bem o que é a verdade e o que são os nossos desejos… - Eh malta!! Shee!!!!Tudo calado, vão dar as notícias na TV!!
De súbito aparecem as imagens da Junta de Salvação Nacional . Ai!O quêêê??? Desaparecem os sorrisos, passa um arrepio, um momento de susto. Spínola, Galvão de Melo, Pinheiro de Azevedo, Silvério Marques e Rosa Coutinho. Ali, até mesmo o Rosa Coutinho parecia ter má cara! Naquela sala tão animada e feliz sentimos passar uma aragem fria… Foi a primeira desilusão do dia, mas em breve ultrapassada. O Zé Pedro, optimista, acha que aquelas imagens são necessárias para tranquilizar as pessoas mais assustadiças. “Vamos animar, malta, olhem que quem controla o Movimento não são ‘estes’!” e de novo o tom das conversas sobe, planos, sonhos, enchem de entusiasmo o nosso grupo, igual a muitos outros espalhados àquela hora por todo o país.
Ninguém tinha sono, quem conseguia dormir na noite de num dia assim?...


«Portugal Ressuscitado»

Cantou-se com alegria, com força, com entusiasmo, com esperança.
Tudo parecia possível!


Onde estavas à tardinha do 25 de Abril?



Nessa altura eu tinha quase 16 anos. Já tinha experimentado as dificuldades de formar uma Associação de Estudantes no meu liceu. Tinha lido muitos livros emprestados, discutia noites inteiras com os meus amigos, era uma bomba de emoções prestes a rebentar. Sentia-me revoltadíssimo com a situação do país e assustado com a perspectiva de ir para a guerra. Aquele dia parecia um sonho para mim.
Desde manhã que andava na rua com o grupo dos meus amigos e amigas. Éramos muito novos, mas loucamente entusiasmados. Íamos encontrando outros grupos, de malta do cineclube, do club de jazz, e íamos engrossando o grupo que já era enorme. Subíamos aos Chaimites, que dantes nos metiam medo por significar guerra e morte, e agora nos traziam a paz.
Estava tudo enfeitado de cravos vermelhos, um acaso que se tornou um símbolo. Vivam os cravos! Viva o MFA! Viva a Vida! Viva a Liberdade! Gritávamos palavras de ordem que se inventavam na altura, e recuperámos «o povo unido jamais será vencido» do Chile, o pobre Chile, na altura sob a pata de Pinochet. A emoção de comprar jornais que traziam na primeira página: «Este jornal não foi visado por nenhuma comissão de censura».
Claro que não havia telemóveis portanto para falar para casa andávamos a juntar moedas para ir a uma cabine. A minha mãe queria-me em casa, mas eu desobedecia: «Oh mãe!!! Hoje, que caiu o fascismo?! Hoje não me acontece nada!» A minha namorada não conseguiu falar da cabine mas falou do telefone de uma loja, porque naquele dia todos facilitavam, todos estavam solidários. Nunca se viu coisa assim!
Finalmente ‘desmobilizámos’ para jantar, também tínhamos fome. Mas combinámos dar a volta aos pais e encontrarmo-nos depois do jantar. Havia tanto que discutir, que saber, que planear…
Sabíamos que a vida estava verdadeiramente a começar.

Onde estavas na tarde do 25 de Abril?


A minha avó morreu há pouco, com 80 e tal anos. Tinha uns 55 anos quando foi o 25 de Abril, eu ainda não tinha nascido.
É engraçado porque ao ouvir o que ela me contava dessa época e o que contavam os meus pais, até parecia que se estava a falar de países diferentes. O meu avô, que já tinha morrido, era um legionário e a minha avó estava perfeitamente integrada na sociedade de então. Considerava que tudo estava bem, e para ela a minha mãe tinha sido ‘desviada’ do caminho certo pelo meu pai, que ela olhava como um esquerdista perigoso.
Nesse dia, só soube que havia alguma coisa de errado pela criada que lhe disse que na praça diziam que havia uma revolução. Ligou o rádio e as notícias deixaram-na assustadíssima. Telefonou a várias amigas que ainda a assustaram mais, falavam em fugir, ir para as suas casas de campo, que os revolucionários iam matar toda a gente. Rezou a Nossa Senhora, fez promessas, a meio da tarde estava aterrada sem saber o que fazer.
Foi quando chegaram os meus pais com a minha irmã pequenina, todos bem dispostos, para lhe dar um beijo. Pôs aos gritos:
“ - Que é que fazem aqui!!! Vão já para casa! E ainda por cima com a menina, desgraçados, inconscientes! Olhem que corre sangue nas ruas…
“ - Oh mãe, ponha-se calma! Quem é que lhe disse essa?!”
“ – É que vêm aí os comunistas e matam toda a gente!! É uma revolução
“ - Pois é, é uma revolução mas não morreu ninguém. Correu tudo muito bem
Começou por não acreditar. Aquilo, eram 'coisas do genro'. Contudo a calma com que ele falava, deu-lhe alguma segurança. Se calhar as coisas não estariam assim tão mal como ela receia. Desconfiada voltou a ligar a televisão depois deles saírem. Que esquisito. Está tudo a passar-se ao contrário do que pensava. E… enfim, se calhar agora o seu sobrinho já não ia para a guerra, o que a andava a ralar.
Contudo a minha avó resmungou o resto da vida, e eu gostava dela mas era um pouco irritante estar sempre ‘do contra’, sempre à procura do que estava mal. Só que naquela tarde teve de reconhecer que as coisas não foram como ela receava.



Recordações XXIII

No dia de hoje a minha rubrica de «Recordações» não podeia ser uma 'imagem parada' tinha de tr movimento!.
É ESTA a minha «RECORDAÇÃO XXIII»

Onde estavas na manhã do 25 de Abril?


Eu era miúdo. Dez anos acabados de fazer. Tinha ido como de costume para a Escola mas via-se que alguma coisa se passava, os professores estavam esquisitos só a falar uns com os outros e não vinham para as aulas. Alguém fala em Revolução e aquilo não era a brincar. Os professores discutiam, uns diziam que se devia dar as aulas como de costume, outros que deviam era mandar os alunos para casa. Eu via que havia discordância, uns com uma cara radiante, outros muito preocupados. Mas a meio da manhã foram os pais que começaram a aparecer a ‘recolher’ os filhos, havia mesmo uma Revolução! Eu nunca tinha visto tanto nervosismo. Os meus pais pareciam outros, eles que são – eram! – calmíssimos, estavam numa pilha de nervos.
Meteram-me no carro e vão a casa dos meus avós contar as notícias. Ainda têm algum receio de falar ao telefone e é mais seguro ir mesmo lá ver como estão. Na estrada, para ir para a marginal passamos por um sítio onde de avista o Forte de Caxias e o meu pai às tantas grita “Que se lixe, quero lá saber!” e buzina vigorosamente. Outros carros que passam por nós também começam a buzinar e um deles a rir buzina de um modo especial, os meus pais explicam-me que é «morse».
A minha mãe chorava de emoção e repetia-me para nunca esquecer aquele dia, o fascismo estava a cair. Sentia-me contagiado com aquela excitação, e ainda por cima não tinha tido escola!
Lembro-me que os meus avós, que tinham mais de 60 anos, não queriam acreditar. Eu sabia que eles sempre tinham sido de esquerda e combateram com todas as forças o salazarismo. O avô esteve preso muitas vezes. A conversa é entre a incredulidade e o riso, percebo que se está a viver um momento sem par.
O meu avô quer vir logo para Lisboa, propõem deixa-me ali com a avó, coisa que não me agrada, perdia a festa! Almoçamos todos parece que estamos nas nuvens. Oiço nomes Marcelo, Tomás, Spínola. Mas onde está o governo, o que é que ele faz? Prendem-no? Julgam-no? E a PIDE? Vão prender os Pides?
Vimos todos para Lisboa depois do almoço. No rádio do carro ouvimos que
o forte de Peniche foi libertado. Todos gritam: Desta vez foi! Esta é a prova!
Eu sentia-me excitadíssimo, nunca tinha imaginado nada assim.

A canção de HOJE

Onde estavas na madrugada do 25 de Abril?


Dormíamos quando o telefone tocou. Estava ainda escuro. Tínhamo-nos deitado tarde e pensávamos fazer uma pequena viagem nesse dia pelo que a primeira ideia quando ouvi a voz da minha sogra era que seria qualquer recomendação, porque ela era muito «sogra galinha» e demasiado protectora. Contudo o ‘recado’ era bem diferente: «Liguem o rádio. Depressa! Passa-se qualquer coisa de grave, tenham juízo e não se atrevam a sair de casa
Claro que ligámos de imediato o rádio que realmente dava sinal de algo estranho. Apenas música, sem qualquer intervenção do locutor habitual, e essa música era sobretudo constituída por marchas militares.
Eu tinha 25 anos, o João 26, casados há poucos meses, unidos por muito afecto e naturalmente idêntica visão do mundo e da sociedade. Olhámos um para o outro. O coração bate forte quando ouvimos «Aqui Centro de Comando das Forças Armadas». Pensámos em Kaulza… E aí seria uma viragem à extrema-direita, coisa tenebrosa de imaginar. O «golpe das Caldas» tinha falhado há pouco tempo…
Arranjámo-nos e vestimo-nos num ápice. Ficar em casa?! Nunca. É certo que era essa a recomendação do tal «posto de comando» e da nossa 'mãezinha' mas isso era completamente impossível. Tínhamos que saber o que se passava, mas tendo vivido toda a vida com as maiores cautelas não nos atrevíamos a telefonar aos nossos amigos, sabíamos que os telefones podiam estar em escuta e não era seguro.
Saímos com o nascer do sol e nervosíssimos. Adeus viagem, queremos lá saber, isto é muito mais importante. Pouca gente na rua, tudo parecia calmo. Demos uma voltinha de carro e olhámos um para o outro: Vamos à Baixa!
Chegamos ao Rossio, vemos os tanques, o coração parece um tambor a querer rebentar-me o peito. Ouve-se conversas e começamos a acreditar que aquilo não vem da direita, então…? Será? Passa-se palavra de que o Carmo está cheio de gente, querermos ir para lá e já nem conseguimos passar. Subimos a Rua Garrett
, vemos gente a rir, fala-se uns com os outros, de repente esquece-se a cautela, esquece-se a PIDE. O tempo passa, são já 9, 10, 11 da manhã, agarramos cravos vermelhos que as vendedeiras de flores do Rossio oferecem.
Vivemos um sonho, ou o acordar de um longo pesadelo!

O DIA INICIAL INTEIRO E LIMPO


terça-feira, abril 24, 2007

«Thinking blogger»




Recebi aquilo a que se costuma chamar agora «uma nomeação». Uma colega aqui da blogosfera, decidiu que eu fazia parte de um grupo de 5 blogs que «faziam pensar» se bem entendo a ideia do ‘prémio’.
Bom.
Primeiro, é normal que me sinta embaraçada. Eu escrevo com prazer (muito até!) e gosto de ser reconhecida, seria parva se o negasse. Mas uma coisa é visitarem-me, dizerem coisas interessantes, agradáveis, outra, esta faceta mais «pública» que nos deixa sem jeito como dizem expressivamente os brasileiros.
Segundo, fico contente. Eu tento que o Pópulo seja um pouquinho de tudo, pela crítica do dia-a-dia, por uma ou outra reflexão, por um posts brincalhões, umas imagens, umas músicas…Uma caldeirada, se calhar. Mas, se de vez em quando sai daqui alguma coisa que faz pensar, então fico verdadeiramente feliz!
O terceiro ponto é a atrapalhação de por minha vez escolher outros cinco. Não é que me lembre logo de vários, o complicado é que quando fui ver muitos destes já tinham sido nomeados anteriormente… E não vale repetir, imagino.
Portanto cá vai:

O Farpas que para além da maravilhosa boa disposição e espírito de humor, também faz pensar.

A Inês que dispensa apresentações. No jeitinho suave vai dizendo muitas coisas sérias e importantes.

Inevitavelmente, a minha alma gémea blogosférica
a Isabel .

Também a
Hipatia nos leva a pensar.

E, com os seus posts meio a brincar, meio a sério,
a Saltapocinhas também merece entrar nos blogs pensadores…

Pronto. Como disse, alguns de que me lembrei já tinham o galardão, outros são bons mas tão «distantes» que me atrapalhava enviar-lhes a ‘medalha’, e há ainda alguns como o
José Palmeiro por exemplo, que merecem por «fazer pensar», mas escrevem relativamente pouco e portanto foram ultrapassados por estes cinco aqui de cima.
E já está!

Agora a corrente continua.

Quiz do 25 de Abril, um teste pequenino

É uma brincadeira mas vem a propósito.
Claro que é uma graça, e se o forem fazer notam que tem muito poucas perguntas o que é pena.
Contudo a ideia é gira:

O que é que sabem sobre o 25 de Abril?

Já agora gostaria de ter uma ideia daquilo que os meus visitantes sabem. Digam lá!


Nota – Afinal quando deixei isto aqui não tinha confirmado todas as variantes. Fiz uma vez e pensei que era aquilo só (por isso disse que era tinha poucas perguntas) Não senhor. Se clicarmos em «jogar outra vez» a prova é diferente…

Universidades Privadas

Cá por mim, penso que a U I só tem todo este barulho à sua volta pela coincidência do Sócrates a ter frequentado. Se formos ver, a generalidade das «universidades» que nasceram que nem cogumelos em solo húmido, passaram, passam ou vão passar por processos semelhantes.
Há muito que o considero e veja-se
em quantos casos não houve uma sombra de dúvida a manchar a reputação de uma universidade privada? Da Moderna à Internacional, da Lusófona à Portucalense… e algumas existem que só ouvimos falar delas por um abalo ou económico ou de competência.
Numa altura em que anda por aí a campanha das «Novas Oportunidades» seria interessante também saber não onde estaria um senhor famoso se não tivesse tirado um curso, e sim onde andam tantos jovens que tiraram os cursos e hoje desempenham tarefas bem abaixo das suas competências

Deve ser um milagre, sim

Quanto ao título da notícia, nada de mais óbvio:
Sócrates sente-se elogiado se lhe chamarem «Blair português» pois quem pode duvidar? Esse modelo era claro há tanto tempo que só faltaria a afirmação pública. Já a continuação, quando afirma que «o seu modelo de inspiração para as reformas nacionais ‘não é tanto o Reino Unido, mas os países nórdicos, em particular a Suécia’», deixa-nos perplexos.
Ah, é?...O modelo é o dos países nórdicos? Mas que caminhos enviesados que escolhe para lá chegar! Assim, à primeira vista, nada o indicaria mas o que se passa no seu íntimo é ele quem sabe.
Agora aquilo onde tenho concordar a 100% é quando respondeu que o segredo de manter elevados índices de popularidade apesar das medidas que tem tomado «é sem dúvida um milagre».
Eu bem suspeitava.
Só pode ser…

24 de Abril - Direito de Associação

Existia, é claro.
As pessoas podiam associar-se...
aos organismos “abençoados” pelo Estado. Nalguns casos eram mesmo forçados a isso – à Mocidade Portuguesa, por exemplo, que era uma organização a que todos os jovens deviam pertencer. A Legião, também tinha as portas abertas a quem se lhe quisesse juntar. Mas já os Sindicatos, isso dependia… Havia umas Associações sindicais de “faz de conta”, que pretendiam manter os trabalhadores calminhos e obedientes. Um Sindicato a sério, que quisesse defender os direitos dos trabalhadores era um perigoso inimigo e tornava-se impossível constituir um. Também havia Associações culturais, sempre cuidadosamente vigiadas, se a Polícia Política desconfiasse que tinham ideias diferentes das oficiais eram rapidamente encerradas. Portanto, de facto pode dizer que não existia de modo nenhum o legítimo “direito de associação”. Havia o futebol, porque enquanto se pensasse na bola, não se pensava noutros temas que podiam ser perigosos.


Comentário
O que conheci melhor e sobre o que posso testemunhar foram as Associações de Estudantes, mas muitas outras não eram olhadas com bons olhos, tal como os cine-clubes por exemplo. Tal como dizes sobre os Sindicatos, naquela altura havia os «bons» e os «maus». Os estudantes universitários podiam reunir-se em associações tais como o Centro (não me lembro o nome completo!) onde militava por exemplo, no seu tempo, o Freitas do Amaral ou estudantes bem-comportados. Mas Associações plenamente livres, eram boicotadas e impedidas de se organizar. Quando falo nos cine-clubes estou a falar a sério, eram actividades culturais é claro, mas se pretendiam analisar filmes sérios, ou fazer séries que levassem em conta aspectos polémicos, já a polícia política metia a sua colherada e por vezes encerrava-os em definitivo.
J. C.



Uma canção por dia

Naturalmente que hoje a canção só podia ser esta:

Recordações XXII


segunda-feira, abril 23, 2007

Hoje deram-me um livro

Ia eu a conduzir, paro num semáforo e umas jovens com umas tee-shirts com o logótipo do Jornal o Metro, em vez de me darem o jornal como muitas vezes fazem, estenderam-me um livro.
Fiquei boquiaberta.
Olhei-as pasmada.
E era um livro a sério. Oferecido através da janela de um automóvel. Gaguejei «muito obrigada» e a menina sorriu-me «boa leitura».
Passou-se aqui, em Portugal, em Lisboa! Vim a sorrir o resto do caminho, meio aparvalhada e só comecei a entender a simpatia quando me lembrei que


Viva!

Viva!

Viva!

O que pode ser um «acidente de trabalho»

As palavras podem muito bem enganar. E engana, neste caso, por ser o seu nome um caso onde o português não é muito explícito. O certo é que o ‘DE’ leva a confusões e podemos bem pensar que se é «de trabalho» é porque é causado «pelo trabalho».
Há muitos anos, ia eu para uma reunião de um andar para outro no meu serviço e, como não conseguia apanhar o elevador e detesto atrasos, decidi ir a pé. Mas ia com os braços carregados de dossiers, falhou-me um pé na escada e rebolei por ali abaixo agarrada estupidamente aos dossiers! Resumindo - grande traumatismo craniano, hospitalização e estive em risco de vida. Mas quando me disseram que tinha tido um «acidente de trabalho» fiquei admirada porque achava que não tinha tido nada a ver com «o meu trabalho» em si mesmo, apenas tinha sido naquele local! Depois lá entendi que o ‘de’ queria dizer ‘no’.
Recentemente o Supremo Tribunal de Justiça numa sentença deixou tudo bem claro: por acidente de trabalho
"estão compreendidos os acidentes que se verifiquem no trajecto normalmente utilizado e durante o período de tempo ininterrupto gasto habitualmente pelo trabalhador entre a sua residência habitual ou ocasional desde a porta de acesso para as áreas comuns do edifício ou para a via pública, até às instalações que constituem o seu local de trabalho", ou até "entre o local de trabalho e o local da refeição", ou "entre o local onde por determinação da entidade empregadora presta qualquer serviço relacionado com o seu trabalho e as instalações que constituem o seu local de trabalho habitual".
Tenho contudo uma dúvida, voltando ao meu acidente, como eu era funcionária pública como é que o Estado segura os seus trabalhadores?

Interessante

Vamos ver: O senhor coordenador da missão encarregue de reforma dos cuidados primários de saúde, admite que os actuais vencimentos médicos são um obstáculo à criação de USF ???? (USF = Unidades de Saúde Familiar )
Diz aqui que «os profissionais gozam de uma compensação pela interioridade que os trava perante a mudança»
E um senhor dirigente sindical, diz-nos que "fazem contas à vida, é lícito", e portanto um médico a fazer horas extras pode ganhar mais «2800 euros em Vila Real, 3482 em Bragança, mais de 3000 em Castelo Branco e mais de 4000 na Guarda, onde há casos de 5500 e 7600 euros».
Podem dizer que trabalham muito, mas… mas... mas... se há outras hipóteses?...
É que «contas à vida» todos fazemos!

«Sarko/Sego»



Ontem ao saber os resultados das eleições em França, ainda deixei por aqui a minha primeira reacção.
É certo que se esperava que fossem estes os dois candidatos à segunda volta. Também é certo que não se pensava que nenhum conseguisse atingir um valor que evitasse um segundo escrutínio.
É positivo que não tivesse havido a hipótese de se levar um Le Pen a uma segunda volta como da última vez, e quem pensa que Sarkozy beneficiou com votos de «lepenistas» que preferiram jogar pelo seguro, deve ter razão.
quem compare este resultado com o conseguido por Mitterrand, que terminou numa vitória para a esquerda francesa.
Pois…
Tudo isto não impede que se esteja a observar uma França a derrapar claramente para a direita. A dúvida é quando começou essa derrapagem?

24 de Abril :Censura - Livros

Para aclarar ideias – já se sabe que a imprensa era censurada diariamente, e a desculpa podia ser que como os jornais andavam em todas as mãos poderiam influenciar pessoas mal preparadas, mas…Também o cinema e o teatro poderiam ser usados como um meio de “agitação das massas” e isso servir de justificação ( ? ) para os cortes que faziam.
Mas quanto aos livros? Já sabem certamente que não se podia comprar os livros que nos apetecesse ler. Os livreiros que se arriscavam a obter livros que vinham no índex do Estado Novo, passavam-nos por debaixo do balcão, às escondidas, já embrulhados e sob o maior segredo.
Eles arriscavam-se e muito.É que ler um livro maldito era também proibido, era um acto subversivo que ‘punha em causa a segurança do estado’. E o Estado tinha de se sentir bem seguro!
Comentário
Esta também é uma vivência que é difícil para quem nasceu anos depois «sentir» o peso que tinha para nós. Porque a sensação de ‘clandestinidade’ em algo tão teórico como era ler um livro, moía-nos muito. Porque não se estava aqui a falar de nenhum «Manual do Perfeito Terrorista», tratava-se muito simplesmente de livros ou até romances que «podiam meter ideias» na cabeça do rebanho que se pretendia bem comportado e ordeiro…
No meu tempo havia livrarias ‘famosas’, a «111» no Campo Grande, do senhor Brito, e a «Barata», na Av, de Roma do senhor Barata. Ali conseguia-se, passado por debaixo do balcão e bem embrulhadas, algumas obras excelentes. Mas obviamente que eram pessoas que estavam sinalizadas pela PIDE, qualquer destes dois de que me lembro. Correram riscos. Mas mereceram a nossa gratidão.
King

Uma canção por dia

Uma voz que faltava na «minha galeria».
E esta semana as músicas vêm com imagem, para festejar a semana de 25!


Recordações XXI


Imagens reais.
Esta é a semana das imagens que não podem mentir!

domingo, abril 22, 2007

A França de risco ao meio

Tal como se previa passaram à segunda volta, Nicolas Sarkozy e Ségolène Royal . Essa parte do resultado era o que todos diziam. Contudo a diferença em favor de Sarkozy, é assustadora. Olhando para todos os totais, e somando votos que numa segunda volta se podem juntar, ficamos com a ideia de que este país está mesmo completamente dividido ao meio.
E isto com uma afluência às urnas notável, dizem que 87%! Mas afinal os «indecisos» também se dividiram na decisão.
Estive a ouvir a
TV5 mas, francamente, não fiquei esclarecida.
Vamos esperar a 2ª volta.

24 de Abril: Censura I - Lápis Azul



Comentário
(de novo a Inês / Teacher)

Uma canção por dia

Música e poesia, a receita de uma belíssima canção



ERA UM REDONDO VOCÁBULO


Cantada por uma belísima voz também, é claro...

Recordações XX

sábado, abril 21, 2007

24 de Abril - Prisão

A prisão para quem se opunha ao regime é hoje conhecida de todos. Mesmo os mais “distraídos” conhecem esse facto. Mas talvez não se avalie bem o que isso significava.Uma pessoa podia ser presa, quase sempre com bastante aparato de madrugada para ser encontrado ainda meio ensonado e pouco lúcido, * e a sua casa vasculhada de uma ponta à outra para encontrar as provas desse ‘crime’ de discordância e de quem eram os cúmplices, quem partilharia essas opiniões. Era levada sem a família a poder contactar nem poder ter o apoio de um advogado. Quanto à violência desses interrogatórios, quer física quer psicologicamente já são conhecidos, creio eu. Não era só a pancada, a violência física, mas outras violências mais subtis que deixavam menos marcas. A tortura da “estátua” por exemplo. O preso em interrogatório ficava de pé, sem se poder mexer, o tempo que os polícias entendessem. Podiam ser horas, podiam ser dias. Ou a tortura do sono. Impedir-se a pessoa de dormir dias e noites seguidas. E podia passar-se um tempo infinito até ao julgamento, quando o havia. O preso podia passar dias, semanas, meses, fechado numa cela, em isolamento, sem ver absolutamente ninguém, enlouquecendo aos poucos. Quando o seu crime era um delito de opinião.*
.......
«era de noite e levaram
quem nessa cama dormia

.............»

quem não se lembra da canção?

Fim-de-semana


Olá!

Já sei, porque muitos de vocês me têm dito, que aqui o meu Populozinho é visitado pela minha brincadeira em gostar de ler e comentar as notícias que oiço de manhãzinha. A mim diverte-me e pelo que me dizem esta «mania» também vos diverte.

Mas acontece que assim que começa a fazer melhor tempo, eu começo a fugir de Lisboa aos fins-de-semana. E, podem imaginar, que mesmo quando passo uns minutos numa espécie de cibercafé aqui na zona saloia, isto é mesmo rápido, porque o contador está a contar cada segundo e a brincadeira ficar carota... Ou seja, SE o estaminé está a berto - o que nem sempre acontece - e SE tenho tempo a perder aqui, o certo é que é uma passagem de 'entrada-por-saída', e nada de andar a espiolhar notícias e comentá-las.

Resumindo e concluindo, OLÁ E ADEUS.

Ou seja, os posts sobre Abril, isso não quero parar, é um 'ponto de honra', e ainda para mais já estão escritos! É só colocá-los on line.

Mas quanto ao resto... até segunda, meus amigos, e gozem o sol e o descanso!!!

Recordações XIX

Hoje deixo duas imagens, porque com este tema e esta canção apeteceu-me «re-editar» este desenho:


E por outro lado deixar outra imagem:



Uma canção por dia

A morte saiu à rua

...num dia assim...

sexta-feira, abril 20, 2007

Avaliação de desempenho

Só vi a notícia no Correio da Manhã, o que me levanta algumas reservas quanto ao ‘tratamento jornalístico’ do tema. Mas o que lá diz é que os cidadãos e os próprios funcionários públicos terão, a partir de 2008, uma palavra a dizer acerca do funcionamento dos serviços do Estado e, mais ainda, que trabalhadores pronunciam-se sobre dirigentes através de questionário secreto
Se corresponder a uma realidade é uma verdadeira revolução silenciosa.
Será?

A França e os indecisos

A situação do que se está a passar em França no relativo às eleições presidências é incompreensível, Foi de início incompreensível para mim, que uma figura odiada como Sarkozy se candidatasse, continuei admirada que recolhesse tantos apoios, a minha admiração aumenta ao saber que Sarky e Ségolène neste momento estão em «empate técnico»
É possível?
É.
E, quando sabemos que
um terço dos eleitores ainda está indeciso, não se fica muito esclarecido. Indecisos entre quê e quê?!
Ninguém pode ignorar como pensa como Sarkozy, o homem que imagina a criação de um Ministério da Imigração e da Identidade Nacional, que considera que há razões genéticas para a pedofilia e para o suicídio. E o interessante é que este senhor, tão «nacionalista», é ele próprio como aliás o apelido indica, filho de pai não-francês. OK, mas o que se passa com ele é uma coisa, com os outros imigrantes é completamente diferente, deve considerar.
Ainda bem, para «os outros imigrantes».
Enfim, vamos esperar aquilo que o tal terço de indecisos vai «decidir»…