sexta-feira, julho 31, 2009

Em trânsito

Hoje é um dia especial.
O-último-de-Julho, ou a-véspera-do-primeiro-de-Agosto.
O dia em que eu termino um ano de trabalho e estou à beirinha de começar as minhas férias. Ainda por cima dá-se a coincidência, este ano, de ser um final de semana de trabalho portanto amanhã começo o fim-de-semana e as férias! Dois em um!

O nosso organismo, e sobretudo a nossa cabeça, sabe que tem de mudar de actividade de vez em quando. É certo que vamos tendo fins-de-semana e, ao longo do ano de trabalho, sempre se consegue conquistar uns dias ou outros de descanso que sabem sempre bem. Mas férias, férias a sério, é outra coisa! Isto sinto eu que, mesmo quando não gozei férias um mês inteiro, tive sempre um período mais ou menos extenso onde desligava das obrigações rotineiras; conheço pessoas que preferem espalhá-las ao longo do ano, férias por períodos curtos e muitos. Cada um deve poder fazer como melhor se sente, é claro.
Mas eu gosto de férias no Verão e umas 3 ou 4 semanas. Assim é que é!
Só que as últimas semanas são sempre, ou quase sempre, as mais difíceis, e esta última desta vez foi o máximo do stress, e confusão até ao último minuto (que ainda não chegou, aliás...). Ora como estava a prever uma última semana de Julho muuuuito baralhada e complicada cometi o mais cómico dos actos falhados:
Tenho na minha secretária um daqueles blocos/calendários que mostram em cada folha os dias todos da semana. Assim que acaba a semana em que se está (estava) tira-se essa folha e aparece a semana seguinte. Sabem como é. Eu gosto desse sistema porque abranjo com um olhar o que está programado para os dias todos e no final rasga-se e surge a semana nova. Ora na segunda feira olhei para essa folha e vi-a em branco com estranheza minha, senti que algo não estava a bater certo. Vou ver a outra agenda de bolso e lá estava uma catrefada de ‘urgências’. Mas que raio…?! Até que alguém me dá a chave do problema: eu estava a ver a primeira semana de Agosto, porque tinha distraidamente deitado para o cesto dos papeis na segunda de manhã a folha desta semana toda! O gesto que costumo fazer à sexta, antecipei-o cinco dias!!! Lá fui recuperar a folha e colá-la com fita-gomada. Não é um acto falhado?!
Mas hoje é mesmo o último dia. Amanhã vou de férias e acho que podia copiar estas palavras da Didas! (pronto já copiei!)
Vou deixar daqui a pouco na coluna da direita um bonequinho indicativo que o blog fica ao ralenti, também estará de férias, embora venha cá todos os dias. Nem se vai notar grande coisa, se calhar, porque ultimamente só escrevo um post por dia e é isso que tenciono fazer estas férias.

Mas espero e desejo que quem tenha acesso a um pc, em trabalho ou em férias, continue a passar por cá.
Este é um ponto de encontro, não é?
Boas Férias para todos!!!

quinta-feira, julho 30, 2009

Nós também!

Nós também, também «Queremos uma justiça mais célere, capaz de responder em tempo aos cidadãos e às empresas. Queremos que Portugal continue a ser um país seguro e, [por isso, nos comprometemos também com ]o reforço das forças de segurança», e também se quer «transparência, responsabilidade e seriedade política» para além de uma «reforma fiscal a favor da classe média»
Nós, muitos e muitos de nós gostaríamos de ver isto na prática.
Mas agora o interessante é que quem diz que quer isto tudo é alguém que teve a faca e o queijo na mão poderia tê-lo feito mas, apesar disso, formula agora estes desejos, como se estivesse virgem de governação.
Alguém que queria e obteve uma maioria absoluta para governar sem precisar de fazer cedências a ninguém.
Alguém que teve possibilidades de cumprir o seu mandato até ao fim.
Alguém que, quando se chamava a atenção para as grandes e diversas manifestações de descontentamento, afirmava sobranceiramente que não tinham a menor importância porque o que contavam eram os votos que tinha recebido. O que fez com eles?

Se quer mais justiça, mais segurança, e já agora mais emprego, melhor educação, melhor saúde, melhores transportes, mais justiça social, é curioso que... nós também queremos!
E entretanto passaram quatro anos.
Mais tempo?
E mais do mesmo?...


quarta-feira, julho 29, 2009

Foi um excesso

... mas às vezes uns abanões podiam fazê-los pensar duas vezes.

A história passou-se lá na China onde, na segunda-feira, numa siderurgia 3.000 operários pararam a produção e deram uma enorme sova no director geral que os vinha informar de que iam ser despedidos até 30.000 trabalhadores
Parece que essa siderurgia ia ser comprada por um grupo privado - e isto na China.
A sova foi tão grande - e como enfrentaram a polícia e impediram a ambulância de passar - que o director acabou por morrer no hospital.
Foi mal. Muito mal. Uma brutalidade.
Contudo o certo é que essa venda foi suspensa.
Como eu disse assim foi demais, aquilo na China é sempre em grande e exagerado até as reacções.
Mas quando por vezes se ouvem certos senhores responsáveis (??!) referirem-se a despedimentos que vão afectar a vida de tantas famílias, de um modo tão arrogante e superior, como se os seres humanos fossem números, ou desenhos a lápis que se apagam com borracha, também se imagina que uns tabefes à moda dos que o Obelix dava aos romanos, os chamasse à realidade dos outros.


terça-feira, julho 28, 2009

Leilão

Sem pés nem cabeça!

Já me tinha chocado e pelos vistos não foi só a mim.
Tinha lido ouvido em qualquer sítio, que a PSP nas suas buscas de vez em quando apreende uma grande quantidade de armas. Vamos sabendo isso por várias notícias e, até muitas vezes, somos convidados a apreciar o estendal dessas armas apreendidas, que são tantas que implica várias fotos diferentes ou bastantes segundos da câmara de filmar a passear pelo expositor fora. Ficamos sempre devidamente impressionados – eu pelo menos fico – e respirando de alívio por saber que são umas tantas armas que ficam longe de mãos anónimas, na posse da ‘autoridade’. Que sossego.
Mas, li há pouco tempo que a dita PSP vai fazer um leilão dessas armas
?????????
As armas vão ser leiloadas?! Atenção, não estamos a falar de bens de consumo normais são «metralhadoras, pistolas, carabinas, caçadeiras, facas, sabres, punhais e espadas»
É certo, só as devem vender a quem possuir licença, não se vai ao ponto de as ceder a qualquer um, mas…
Não dizem que a polícia até tem poucas armas? Aqui estaria uma solução, estas armas ‘em segunda mão’.
Por este andar um dia destes também não se destrói a droga apreendida, pensado bem se fizerem um leilão talvez ganhem uns dinheiritos. Vendiam a compradores idóneos, é claro, por exemplo empresas farmacêuticas.
Não?
Francamente, por mais aflitos que estejam com os orçamentos, metralhadoras em leilão dá-me volta ao estômago.
Talvez eu seja de estômago delicado…




segunda-feira, julho 27, 2009

As vantagens das eleições

Nos regimes democráticos de tantos em tantos anos há eleições.
É a essência da democracia parlamentar.
E, apesar do aumento visível da abstenção, o certo é que se vai participando e ainda bem que sim. Não será a única forma, mas é ainda a forma mais directa e 'fácil' de mostrar a nossa vontade.
É claro que nos períodos pré-eleitorais, todos querem mostrar trabalho feito, até para os votantes acreditarem no que se lhes está a prometer e, de acordo com esse trabalho, decidirem o seu voto.
Depois das férias que se avizinham vamos então ter eleições legislativas como bem sabemos e as autárquicas. E é a propósito das autárquicas que hoje venho aqui conversar.

Abençoadas!
Mesmo que durante 4 anos as autarquias andem ao ritmo que lhes convêm, com a proximidade das eleições anda tudo num virote.
Aqui a minha rua teve um problema de que até falei aqui no blog já há anos. Parece que os últimos lotes de terreno desta rua pertenciam a uma empresa que tinha decidido construir ali um prédio enorme transformando a rua num beco, porque lhe tapava a saída que tem para uma praça. Nunca se entendeu porque é que essa empresa além dos lotes era também dona da rua, mas enfim... parece que podia ser. Isto foi ainda no tempo da coligação PSD/CDS na Câmara, mas houve muita agitação e esse projecto foi suspenso.
Mas aí há coisa de uns dois meses, vi uns cartazes que informavam que o terrível projecto tinha voltado. Assustei-me! O quê??? Para mim, não era tanto o facto da rua perder a saída para o largo que me aborrecia - se fosse preciso dava-se a volta e pronto - o grave era ficar entaipada, com isso não me podia conformar.
Ora a semana passada recebi o boletim da Junta de Freguesia. Ufff... Puxando pelos galões, ela explicava aos moradores que, graças ao seu esforço e capacidade negocial, depois de aturados esforços tinha conseguido que a Câmara anulasse o projecto do famoso prédio e, melhor ainda, nesse espaço será feito um «arranjo paisagístico»!
Ena, ena!
Esclarecem ainda que esse «arranjo» deverá arrancar ainda este Verão, claro, o timing certo.
Seja como for, ninguém me convence que se as eleições não fossem agora nós não teríamos a rua entaipada, e o jardizito na gaveta. Vivam as eleições!!!


domingo, julho 26, 2009

Uma música ao Domingo

Quando há uns 15 dias fiz um apelo, pedindo sugestões para esta rubrica, não pensei ter tantas respostas! Deixei aqui, na semana, passada uma delas, tenho guardada outra, e venho ‘iniciar’ hoje uma espécie de «sub-série» com umas ideias que uma leitora que nunca me comentou mas me costuma ler, me enviou para a caixa de correio.
Ela lembrou-se de uma série de músicas e canções muito representativas de épocas que já lá vão, mas foram bem importantes. Entre os cantores que me relembrou, está este: o Juca Chaves.
Era um rebelde. Um homem que protestava contra tudo o que achava mal, e por via disso teve de sair da sua terra, o Brasil, à época vivendo sob um regime bem autoritário, e vir para a Europa. Só que, não teve muito jeito na escolha que fez, porque vindo para cá – utilizando uma imagem também musical – virava o disco e tocava o mesmo! Se o regime dos coronéis era ditatorial, o de Salazar não o era menos. Mas nos anos 60 Juca Chaves ainda ‘partiu loiça’ e foi uma voz de oposição e de humor, ainda importante.
Mas é claro que não conseguiu ficar por cá muito tempo. Acabou por ir parar à Itália onde viveu muitos anos até regressar à sua Pátria.
Esta canção (não tem vídeo a acompanhar, infelizmente, os vídeos que encontrei não são com ele a cantar) é uma das que mais se associa a Juca Chaves: «Por quem sonha Ana Maria




(letra AQUI)

sábado, julho 25, 2009

Boas notícias

Ficamos esta semana a saber que nós [portugueses] somos muito generosos.
É bom saber que somos «o segundo país do mundo com mais doações de órgãos por milhão de habitantes». Ou seja os portugueses são bons e generosos, há dadores mas...
Depois a porca torce o rabo, ou seja o aumento da recolha de órgãos esbarra muitas vezes nas limitações a nível dos recursos humanos e físicos.
A eterna e fatal falta de meios.
Mas considero boa notícia o facto de sermos o segundo país do mundo quanto a doadores.

A outra boa notícia da semana é que ganhámos a nossa primeira medalha de prata a matemática
É curioso ter-se conquistado «os melhores resultados de sempre nas Olimpíadas Internacionais de Matemática» quando na generalidade os resultados a esta disciplina são tão maus nas escolas.
Qual a explicação para o fenómeno?!!!




( daqui)

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Quando os toques são iguais...!
(recebido por email)

sexta-feira, julho 24, 2009

De novo a Educação

De vez em quando dá-me para fazer umas arrumações. Não do que está ‘visível’ porque de uma forma geral a minha casa anda arrumada o quanto baste. Mas na zona de papéis ou dossiers já não é assim. Tenho coisas guardadas porque penso que um dia vou ter tempo para as classificar, arrumar como deve ser, utiliza-las para algum trabalho, só que as coisas vão-se acumulando e, zás, volta não volta peneiro aquela coisa, encho até acima o «papelão» mais próximo e guardo só o mais importante.
Há poucos dias, numa dessas arrumações, encontrei imensa papelada com notas que tinha tomado para umas conversas que em tempos tinha tido, exactamente sobre o tema EDUCAÇÃO. Ainda tentei scanarizar uma antiga ‘transparência’ que estava engraçada, mas (como era transparente!) não resultou, pelo que transcrevo aqui o fundamental. Falava eu de 5

Tipos de “Má” Educação

1 - Educação “Gata Borralheira”

2 - Educação “Ídolo da Família”

3 - Educação Hiperprotectora

4 - Educação Hipoprotectora

5 - Educação “Príncipe Herdeiro”

Como entendem, estão um pouco por ‘ordem temporal’, digamos assim.
A Educação Gata Borralheira, é a mais antiga, hoje está em vias de extinção. Nem precisa de explicação, uma criança é educada como Gata Borralheira quando é fortemente reprimida e obrigada a trabalhar para além do que é justo. Óbvio, e também óbvios os seus defeitos
Vem depois a Educação “Ídolo da Família” que é a que tanto tenho criticado. Uma criança é criada como se fosse o Rei, o Monarca Absoluto. Tem todos os direitos e nenhum dever. É evidentemente uma «má educação».
A Educação Hiperprotectora, é também muito nossa conhecida. Verifica-se mais com mães que já nem são galinhas são a capoeira toda, umas asas enormes que protegem o seu pintainho de tudo e mais alguma coisa, sem o deixarem crescer. Erro, reconhecido quase sempre por todos, menos pela própria.
Mas existe também, infelizmente, a Educação Hipoprotectora. Há - sim senhor, oh se há! - casos onde quem cuida da criança anda muito ocupado e a deixa entregue a si mesma antes de ter idade para isso. Ela terá de se «desenrascar» a cuidar de si própria se quiser sobreviver. São crianças que se tornam independentes cedíssimo, sabem fazer a sua higiene, vestir-se sozinhos, até arranjar as suas refeições, numa fase da vida onde os outros meninos ainda dependem dos pais. Não é bom. Tão evidente isso que dispensa mais análises.
Por último, a Educação “Príncipe Herdeiro”, actualíssima e que se encontra muito em pais, preocupados e sensíveis decerto, que consideram estar a fazer o melhor para o futuro dos seus filhos. Quero referir-me a algumas crianças que para além das suas actividades escolares ‘normais’ têm ainda aulas especiais de línguas - inglês, francês, alemão, - de informática, de piano, de desportos variados - natação, hipismo, ténis, rugby – de artes plásticas, de…de…de…
Conheci uma vez um menino que, quando a brincar lhe perguntei se encontrasse uma fada com uma varinha de condão o que é que gostava de lhe pedir, me disse muito sério «Tempo!». Comecei por não entender a resposta na boca de uma criança com menos de 10 anos mas ele foi muito claro a explicar-me que sonhava com uma tarde por semana onde pudesse brincar com o que lhe apetecesse ou até sem fazer nada, só para gozar o tempo livre.
Fiquei sem resposta. Tinha encontrado mais uma vez um menino com a Educação “Príncipe Herdeiro”. Era isso, coitadito.

quinta-feira, julho 23, 2009

A Homofobia

«Yo no creo en brujas.. ...pero que las ay, ay!» pensavam eles, e tratavam de as queimar.

Homofobia é um termo recente para uma atitude bem antiga.
Que, como outras descriminações, (pela cor da pele, pelo género, etc) vai
desaparecendo, na lei e nos costumes, parece-nos que lentamente e contudo...
O Público publicou ontem um grande e interessante artigo sobre a posição do Estado Novo quanto à homossexualidade: Dizia que não havia homossexuais, mas perseguia-os, uma posição tão sonsa e cínica com muitas outras que o velho regime foi tomando.
A completa negação de que 10% das pessoas tivesse uma orientação sexual diferente, hoje um facto aceite pela ciência e pelas sociedades mais desenvolvidas, pela Constituição, pelas normas anti-descriminação internacionais, era o que se fazia há poucas dezenas de anos, de acordo com a orientação da Igreja. Não existia, mas se existisse (?!) – esse 'vício contra a natureza' - era um crime, punido com cadeia e manicómio, que só deixou de ser crime bem depois do 25 de Abril, em 1982.
É claro que não se chamava orientação sexual como hoje se diz, era algo de perverso, um vício contra a natureza, que implicava medidas de segurança “internamento em manicómio criminal", "internamento em casa de trabalho ou colónia agrícola", "liberdade vigiada", "caução de boa conduta" e "interdição do exercício de profissão".
Já a posição era bizarra porque por um lado não existia ou não devia existir mas, paradoxalmente, também… se devia combater!
A humilhação para quem era suspeito era grande. Os palavrões pesados.
O Público chama a atenção para um ponto importante e típico do regime, a existência de ‘duas morais’ "Normalmente, as classes mais baixas - que são arrebanhadas na rua - são humilhadas nas esquadras e espancadas em público, passeadas nas ruas, postas a lavar o chão. Já para as famílias das elites há um sentimento de permissividade, de serem vistos como pessoas que não têm de partilhar da moral comum, a moral burguesa."
Neste grande artigo que vale a pena ler, relembram-se figuras muito conhecidas que viveram toda a vida escondidas e numa permanente mentira para poderem sobreviver, vivendo a sua sexualidade como uma vergonha que não se podia assumir. Porque a ser conhecidos como tal iriam sofrer muitíssimo com a sua condição, como António Botto um dos casos mais famosos e mais tristes de perseguição por esse motivo.


Não. Beijemo-nos apenas.
Nesta agonia da tarde.

Guarda
Para um momento melhor
Teu viril corpo trigueiro.

O meu desejo não arde;
E a convivência contigo
Modificou-me – sou outro...

A névoa da noite cai.

A mal distingo a cor fulva
Dos teus cabelos – És lindo!

A morte
Devia ser
Uma vaga fantasia!

Dá-me o teu braço: -não ponhas
Esse desmaio na voz.

Sim, beijemo-nos apenas!
-Que mais precisamos nós?


António Botto (Canções)

quarta-feira, julho 22, 2009

Limites, precisam-se!

Li por aí que tinha sido publicado um livro chamado 'Um Bom Pai Diz Não', de uma terapeuta que perante a sua dificuldade em dizer não às suas filhas tal como em aconselhar os seus clientes com o mesmo problema, procurou livros para a ajudar e não encontrou nada. Portanto, escreveu um!
É estranho essa justificação, porque o que há mais por aí são livros sobre o tema. Até traduzidos em português: como este ou até este de que me lembro logo, para além do que tenho citado muitas vezes no Pópulo «L’enfant, chef de la famille» de Daniel Marcelli, muito bom. Este de que falam, recém publicado em português, ainda não o comprei mas também me interessa, é claro.
Porque o tema não pode ser mais actual!
Parece ser uma onda que atravessa todo o mundo. Aqui, na nossa terra, tenho observado a relação pais/filhos, até entre várias etnias: muitas crianças não são ensinadas a controlarem as naturais frustrações, tornam-se uns pequenos tiranos para os pais e aborrecidos para todos.
Tenho agora acompanhado um caso que serve bem de exemplo a muitos outros. Um rapazinho, filho de pais separados, 11 anos acabados de fazer. É bonito. Alto e elegante para a idade, abundante cabelo louro, grandes olhos azuis e feições bem modeladas. Quando o encontrei a primeira vez seduziu-me completamente, era um amor de menino, bem-disposto, conversador, inteligente. Confesso que quando me disseram que fazia birras, imaginei uns amuos naturais numa criança de 11 anos, condizentes com a aparência angelical do J.
Mas na segunda vez que nos encontrámos fiquei estarrecida. Vinha com o pai, ouvi uns gritos ferozes antes de abrir a porta, e quando entrou foi para se atirar para o lado numa birra como se tivesse 3 anos. Pontapé aos móveis, berros lancinantes, e um choro convulsivo que não nos permitia falar. O pai tinha precisado ver-me e ele não queria porque tinha outros projectos. Foi um quarto de hora assustador. Apesar de tudo ainda pensei que fosse uma medição de forças com o pai, com a mãe com quem estava mais tempo fosse melhor. Grande engano! De terceira vez que o vi, vinha com a mãe e foi muito pior!!! Os gritos que dava deviam ouvir-se até na rua, e o motivo da cena era porque a mãe tinha recusado algo que ele queria.
Quer o pai quer a mãe acusavam-se mutuamente de a culpa ser do outro, mas reconheciam que não o conseguiam controlar. E também eu não via como iam sair dali… Segundo a mãe desabafou, ele nunca ficava contente. Mal obtinha o objecto que exigia, desinteressava-se e queria outro e isto sem parar, sem parar, sem parar (!!!) como o coelhinho da duracell. Era uma criança infeliz e que tornava quem o rodeava também infeliz.
O caso deste rapaz é já complicado pela sua idade. É em pequenina que uma criança deve aprender a reconhecer a frustração que a vai acompanhar toda a vida. Sentir que a vontade de quem cuida dela é firme e forte é até tranquilizador para ela, contra o que alguns pais pensam. Saber que quando lhe dizem Não, quer dizer que não pode, ou quando é Sim tem de o fazer, mesmo que não lhe apeteça na altura, dá-lhe segurança.
Se uma casa não é uma prisão, e as regras até podem ser levantadas de vez em quando, é importante que os filhos sintam que quem decide e manda são os pais.
Como disse esta autora com graça, uma família não é uma democracia, os 'votos' não valem o mesmo. Os pais é que sabem o dinheiro de que podem dispor, o valor dos alimentos, a importância das horas de sono. Se, por um lado, é correcto que dêem o exemplo em muitas coisas, nunca devem ser apanhados na ratoeira do «o pai ou a mãe faz, eu também posso fazer» que muitas vezes é usado. As acções dos adultos não podem ser medidas pela mesma bitola das acções das crianças porque têm de facto uma dimensão diferente.

O conhecer os limites é um passo na direcção da maturidade. Até porque são os pais que têm as responsabilidades, fardo demasiado pesado para uma criança. Portanto, assim que tenha idade, a criança deve saber o que quer dizer «responsabilidade» e que, se os pais têm mais poder, é porque têm mais responsabilidades.
Isso é fundamental. E vem trazer segurança afectiva aos filhos.



Esta noite, eclipse do Sol!

Já viram a pouca sorte?!
Por uma vez que há um grande eclipse total de sol, ele acontece quando em Portugal é
pouco depois das duas e meia da manhã ou seja... de noite!
Um eclipse de Sol à noite é formidável. Não se viu mesmo sol nenhum, só a lua.


Quem tenha interesse está na internet, num site especial.


terça-feira, julho 21, 2009

O valor e o preço

A minha F., a “fada-do-lar” que há muitos anos cuida da minha casa, gosta muito de me oferecer prendas. De vez em quando aparece com uma fruta, com um raminho de flores, ou até muitas vezes com coisas compradas mas que achou que ficavam bem ou faziam falta na minha casa. Por vezes fico embaraçada por não gostar especialmente da dita ‘prenda’, mas não a quero ofender sendo franca.
Há uns dia vi-a a usar um esfregão novo. Reparei nele, porque era de uma cor vistosa, e lá me explicou que ela é que o tinha trazido. Agradeci-lhe com qualquer comentário simpático a dizer-lhe que era diferente e devia ser bom, ao que me respondeu muito despachada «Ah, pois, este é melhor, é claro! Foi mais caro!»
A frase ficou a soar aos meus ouvidos, porque foi dito como uma evidência «o-que-é-caro-é-bom» coisa que muita gente pensa. Entre dois produtos iguais, se um é mais caro é porque é melhor. Não ocorre verificar de facto a qualidade, até pode ser que o produtor preferisse ganhar menos e vender mais, por exemplo. Até pode acontecer!
E lembrei-me de uma história de uma minha amiga. Há anos que ela vem acumulando, para além do seu trabalho oficial, o exercício de uma profissão liberal nos finais de tarde. E é uma profissional competente.
Ora acontece que esta minha amiga, é pessoa sensível e tem uma tabela de honorários baixa porque sabe que a vida está complicada (se agora ainda mais, há anos que assim é) e dizia que preferia levar menos mas ter a consciência de que as pessoas não evitariam ir consultá-la por falta de dinheiro. Faz sentido, não é?
Um dia chegou ao pé de mim com os olhos a faiscar.
- «Tu queres saber?! Hoje quando entrei no consultório estavam duas pessoas na sala de espera que não me viram passar, e ouvi uma dizer para a outra: Venho a esta especialista porque me disseram muito bem dela, mas não sei. Estive ali a ver a tabela e ela leva tão pouco que não deve ser lá grande coisa. Huummm… Não fiquei lá com grande fé! Imagina tu! Tive cá uma raiva que só me apeteceu aumentar cada consulta para o dobro. Eu com tantos escrúpulos, e afinal estás a ver?!!!»

Respondi-lhe com um sorriso triste. O que se pensa, num caso destes? Se eu fosse ela, era capaz de pensar o mesmo, afinal a cliente teve o raciocínio da minha F. sobre o esfregão novo. O bom tem de ser caro e mais nada!


segunda-feira, julho 20, 2009

Mãos lavadas


A lavagem, seja do que for, é não só um acto de higiene como também, se pensarmos um pouco, um acto simbólico. Lavar é tirar a sujidade, inocentar, purificar, enfim. O exemplo que ocorre de imediato é o da «lavagem de dinheiro». Mesmo que seja verdade a história de que a expressão teria nascido porque o Al Capone decidiu comprar uma cadeia de lavandarias para justificar a entrada de dinheiros 'pouco legais', a verdade é que essa expressão pegou por ser muito sugestiva.
Uma coisa lavada fica limpa, é claro.
Nós hoje em dia, aqui no primeiro mundo, lavamo-nos muito mais. É costume tomar um duche diário, lavamos os dentes mais de uma vez ao dia, e mesmo o cabelo também se costuma lavar pelo menos uma vez por semana. Ou seja, os costumes deixaram para trás os tempos onde - também por ausência de água canalizada, é importante isso - o banho era quando muito semanal, quando não era o caso de tomar a família toda banho na mesma água e lá ia o bebé com a água do banho...
E, devemos (ou devíamos) lavar as mãos. Afinal é a parte do nosso corpo que mais se suja, porque tocamos com elas em todo o lado.
Há uns tempo, lembro-me que o anterior Ministro da Saúde chamou a atenção para os profissionais de saúde de que, se lavassem as mãos como deviam, poderiam evitar alguns contágios. Na altura a observação caiu mal porque os tais profissionais sabiam isso, mas a verdade é que chamou a atenção para que uma coisa muito simples podia ter resultados importantes. E, este fim-de-semana um especialista em doenças infecciosas voltou a tocar a mesma tecla - lavar bem as mãos pode evitar a transmissão de várias doenças.
Claro que agora se pensa mais na gripe. Mas é certo que de um modo geral, penso que não lavamos as mãos tanto como devíamos. Claro que todos nós, ou a maioria, lava as mãos quando vai à casa de banho. Mas, para além disso, só vejo que se vá lavar as mãos quando estão obviamente sujas. É certo que alguns de nós o fazem quando vão comer, mas nem todos. Vejam nos restaurantes ou pastelarias, por exemplo, quantas pessoas das que se sentam à mesa vão antes lavar as mãos? Relembrem as filas nos balcões dos fast-food, para tudo estar certo, deveria haver uma fila igual em frente da torneira do lavatório, não é? Tanto mais que se pega directamente na comida quase sempre...
Mas estive a ler as recomendações, e reconheço que não costumo lavar as mãos depois de me pentear, por exemplo. E afinal parece que o cabelo pode ser uma fonte de contágio.
Pronto, é prudente passar a ter mais cuidado na lavagem correcta das mãos sem entrar em fobias o que não seria nada bom.
Ao menos que a famosa gripe traga alguns benefícios, como seja habituarmo-nos a esse hábito como nos habituamos ao duche diário.
Porque também temos a nossa quota parte de responsabilidade em nos manter saudáveis, e lavar as mãos (para não aceitar responsabilidades) só o Pilatos!

domingo, julho 19, 2009

Uma música ao Domingo

Há oito dias fiz aqui um apelo, e tive sorte!
Vou iniciar hoje uma 'sub-rubrica' que é o-Pópulo-com-a-ajuda-dos-leitores
lol!!!
Desta vez vem a sugestão da Maria!

(e tenho mais em carteira)



sábado, julho 18, 2009

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Esta é uma rubrica que mantenho com alguma irregularidade, mas já vai em sessenta e tal posts! O exemplo de hoje é um dos de imaginação e humor:





Boas Notícias(zinhas)

O investimento em Ciência e Investigação é sempre bom.
Foi inaugurado ontem em Braga, inaugurado com pompa e circunstância (!) [meteu Presidente da República e Rei] um grande laboratório ibérico de nanotecnologia.
Será um local onde vão trabalhar 200 cientistas para além do resto de todo o pessoal técnico.
Pelo que se lê é um conjunto de respeito: «O Conselho Científico do INL tem sete cientistas, - um deles prémio Nobel da Física - dois alemães, um suíço, um espanhol e três norte-americanos».
Claro que por enquanto a chefia não é portuguesa, mas o laboratório situa-se na nossa terra. E poderá, por aquilo que li, atrair para cá bons cérebros.
Ai, bons cérebros... Que bem que nos fazia.

Não é uma boa notícia?


sexta-feira, julho 17, 2009

Rabugices...

Mais uma vez venho rabujar contra uma atitude dos meus (nossos) concidadãos. Esta diz respeito ao modo com se usa os «ecopontos», coisinha que também é tema aqui recorrente.
Desencadeia este meu desabafo - mais um sobre este tema, que nunca mais tem fim! - uma troca de impressões ocorrida ontem, à beira de um desses ecopontos, aqui do meu bairro.
Quando me aproximei do «monumento» já ao longe se via um monte enorme de sacos de lixo, que quase tapava a estrutura dos 3 contentores do «ecoponto». Até abrandei pensando que aquilo estaria completamente cheio e teria de procurar o mais próximo para depositar o material que levava num saco.
Foi quando notei um senhor que, tendo passado por cima dessa barreira de lixo, estava com calma a meter em cada contendor próprio a embalagem ou o vidro ou o papel que lhe correspondia. Cheguei-me também e confirmei que dentro dos contentores havia imenso espaço, estavam semi-vazios apesar do aspecto ali em seu redor. Tratava-se apenas de em vez de querer meter o saco inteiro, fechado, pela entrada do ecoponto (o que era quase impossível porque as entradas são relativamente pequenas) tirar as embalagens uma a uma e enfiá-las na abertura. Fácil! O que aliás é o sistema que sempre uso.
Enquanto procedíamos a essa tarefa, que demorou poucos minutos, trocámos algumas palavras:
- «Já viu que porcaria?! Até é difícil chegarmos aqui perto!»
- «É que esta gente tem a mania de tratar isto como um contentor de lixo comum»
- «Não entendo! Fazem o mais difícil que é separar o lixo, e quando chegam aqui largam tudo no meio do passeio!»
Sorrimos um para o outro e cada um foi à sua vida.
E é isso que me custa a perceber. Até entendo que por ignorância, ou preguiça, não se separe o lixo. Não é coisa que dê muito trabalho, mas enfim... Mas o interessante é que ‘eles’ fazem-no. Depois disso, ainda têm de sair de casa, descer escadas, atravessar ruas, chegar ao pé do «ecoponto». Tudo isso demora tempo e dá alguma maçada.
Mas o final, o que dá sentido a esta acção que é colocar o material a reciclar dentro do contentor, isso não. Isso não fazem.
Porquê???
Quem gastou aquele tempo, incomoda-se por mais um minuto?
A verdade é que é uma atitude profundamente anti-cívica, que torna alguns ecopontos locais mal cheirosos, que atraem animais vadios e insectos de várias espécies, e dá um ar terceiromundista e miserável a muitos pontos da cidade.
Campanhas de civismo precisam-se!

quinta-feira, julho 16, 2009

Mas que se passa com os aviões?!


Tenho a sorte de não ter medo de andar de avião.
Nunca tive. E, tudo somado já andei horas suficientes para dar várias vezes a volta ao mundo. Claro que quando o aparelho passa uma zona de turbulência sinto algum desconforto ou, quando aterro nalgum daqueles aeroportos cujas pistas parece acabarem no mar ou irem directamente à base de uma montanha, também respiro fundo quando as rodas param. Mas mais nada.
Porém, conheço pessoas, e tenho até amigas, que só ‘levantam voo’ meio drogadas para se esquecerem que vão no ar. Eu, felizmente, ou por ter feito as primeiras viagens ainda relativamente nova e com os meus pais, que se sentiam medo não o mostravam nada, ou porque sou mesmo assim, o certo é que não é um transporte que me assuste. Confesso que tenho mais medo de ir numa estrada num carro a grande velocidade conduzido por alguém que não me dê grande confiança... Aí, agarro-me bem à cadeira e dou comigo com o pé a carregar num «travão» inexistente.
Mas esta coisa dos acidentes de aviação parece, de vez em quando, entrarem numa onda de mau olhado, ou coisa assim. Este ano tem sido sinistro! Desde Janeiro até agora, a lista de acidentes já vai em 9 desastres graves, o que nos arrepia bastante. É certo que há depois (ou já houve antes) grandes períodos onde tudo está calmo e a nossa confiança se restabelece. Mas durante estas ondas maléficas, até eu sinto algum susto.
Desta vez, quinze dias depois de um que caiu no Oceano Índico, acontece novo desastre, agora no Irão.
A primeira ideia que nos ocorre é que as companhias onde estes acidentes acontecem não são lá grande coisa. Este de hoje era de uma companhia iraniana (Caspian Airlines) o que caíu no Índico era de uma companhia iemenita (Yemenia Airlines) que tinha reprovado nos testes de segurança, mas afinal o Airbus da Air France era ... da Air France! Não é uma companhiazinha de um país de 3º mundo.
Será que a crise económica faz com que se poupe nas revisões que fazem aos aviões? Que não substituam peças? Que os técnicos trabalhem tempo demais? Também me custa a crer, porque este tipo de acontecimento, para além de humanamente horrível é uma péssima propaganda para a linha onde tal se deu. Mas que este está a ser um ano muito mau para a aviação comercial, é certo.
A noticia «menos má» é que decerto nesta altura todas as grandes companhias devem estar a fazer os maiores esforços por garantir que os seus serviços são impecáveis, e esta até será uma altura segura para viajar.
O positivo do negativo...

quarta-feira, julho 15, 2009

Obras em Portugal

Dizia a canção que «o Abril em Portugal / Não é mais que uma cantiga» mas temos outras 'cantigas’ típicas da nossa terra, tal como as obras que cá se fazem vão fazendo.
Eu bem sei que é difícil de comparar, porque lá a mão de obra é muito barata e portanto seja para o que for que se decida fazer consegue-se ter muitos trabalhadores por um punhado de dinheiro, mas quando vejo a lentidão com que avançam as obras no nosso país lembro-me sempre da velocidade com que elas decorrem em Macau. Naquela terra constroem um prédio inteiro no tempo em que por cá se anda a tratar dos alicerces...
Como vos contei a semana passada, o meu prédio foi para obras. Montaram os andaimes e avisaram os inquilinos para ter cuidado com as janelas. Muito bem. Depois fiquei à espera que começassem.
Quase quinze dias passaram, e aquilo que consigo ver, é um operário (talvez dois, de vez em quando) que se passeia pelo telhado e, por aquilo que oiço, raspa umas coisas por lá. Mais nada. O resto está parado, imóvel, deserto.
Há uns anos, tive de substituir o telhado da minha casa na aldeia. A casa é pequena mas como é toda num piso, o telhado ainda é grande, quase do tamanho deste, da casa do meu senhorio. E lá, tiveram de retirar todas as telhas para poder substituir todas as vigas de sustentação, para além de pintar a casa por dentro e por fora, arranjar as janelas, verificar a instalação eléctrica, e reconstruir a cozinha. O empreiteiro que contratei levou 15 dias a fazer esse trabalho (bom, mais uns dias para a cozinha porque umas peças encomendadas não chegaram nesse prazo, mas foram só uns dias)
Eu não sei nadinha destas coisas, mas aquilo que dá a ideia é que existe uma questão complexa mas errada de gestão. Quem organiza esta coisa das obras deve ter várias em mãos ao mesmo tempo com os mesmos operários, de modo que envia um homem para tratar do telhado num sítio, unsm pedreiros para tapar as rachas noutro, e unsm pintores para terminarem a obra no terceiro. O que quer dizer que uma coisa que se faria em 15 dias vai levar um mês e meio... Não seria mais agradável para todos dedicarem-se a um prédio, todos os operários durante 15 dias, e depois passarem a outro, e por aí fóra?...
E arrelia-me um tanto ouvir com ar resignado «É sempre assim. Já sabes como é, fazem todos o mesmo» Mas porque é que tem de ser sempre assim??? Como é que em Macau constroem um aeroporto em menos tempo do que levam aqui a ligar as estações de metro Alameda / Saldanha?
Eles serão marcianos, verdes, com antenas na cabeça?...

Não entendo

Uma confusão!
Por um lado os resultados dos exames nacionais do 9.º ano devem encher o país de orgulho declarou a a Ministra.
E estamos a olhar, neste caso, apenas para o 9º ano onde
«os exames nacionais revelaram uma ligeira melhoria a Matemática e uma pequena descida a Língua Portuguesa, com a taxa de reprovação a baixar dois pontos percentuais à primeira disciplina e a subir um à segunda» que é o que justifica o tal orgulho nacional.
Porque, bem vistas as coisas, se passarmos para o 12º ano, então a Comunicação Social é que tem a culpa dos maus resultados a Matemática porque “dá ideia de que os exames eram fáceis” (e devem ter sido muito difíceis com certeza)

Do outro lado, vemos que a Associação de Professores de Matemática afinal está contente com a melhoria dos resultados no exame de Matemática do 12º apesar das provas não serem comparáveis às dos anos anteriores, portanto não revelarem necessariamente uma melhor aprendizagem. Já não entendo nada! Foram fáceis ou difíceis?!
Mas já a Associação de Professores de Português considera que os maus resultados nos exames de Português do 12º ano não foram por falta de preparação dos alunos e sim, "exclusivamente", por se tratar de uma prova "duvidosa e mal formulada".

Vamos a factos: A média de notas no exame de Português do 12º ficou abaixo dos 10 valores. Estavam bem preparados? A prova devia ser muito difícil, mesmo muito difícil. Mas quem é que a fez?...


terça-feira, julho 14, 2009

Liberdade de escolha

Testamento Vital - ainda não foi desta.
Imagino que venha haver muita discussão e muitos exageros. É fácil confundir «testamento vital» com eutanásia e sabemos o choque que estes conceitos provocam entre certas áreas da sociedade. Prevejo facilmente que, na próxima legislatura, quando vier a debate a aprovação desta lei a discussão seja acesa. E, em certa medida, compreendo que o PS não se arriscasse a aprovar a lei já na recta final da legislatura, em vésperas de eleições, poderia muito facilmente virar-se contra ele – embora por outro lado fosse até um bom trunfo.
Mas é das tais coisas que, devagarinho, mas vamos chegar lá.
Como em todas as outras áreas dos direitos individuais. Tantas coisas que eram inconcebíveis há 100 anos e hoje são quase consensuais. A orientação sexual, por exemplo, hoje até é penalizado quem pratica descriminação com base nesse dado que se considera do foro de cada um, mas implicava prisão pela antiga lei. A interrupção voluntária da gravidez, cuja despenalização é tão recente. E agora o «testamento vital» que, mais tarde ou mais cedo, virá a ser aprovado, porque é o respeito pela vontade de cada um, o direito a uma morte digna decidido em plena lucidez quando ainda se tem saúde, mas actualmente levanta tantas objecções.
Posso estar enganada, mas creio que quando uma pessoa está lúcida é ela que aceita ou recusa um tratamento. A lei permite obriga a levar-se isso em conta. Para além da muito falada recusa das transfusões por parte de algumas crenças religiosas, pode por exemplo propor-se a um doente uma operação que ele, conhecendo ou receando o risco, é livre de recusar. Sei por experiência própria, fiz há uns anos uma operação e tive de assinar um documento em como concordava com ela.
Se assim é, porque é que não se aceita que a decisão do prolongamento artificial da vida se tome com antecedência?...
Entendo bem que, antes da lei ser aprovada, se oiçam vários pareceres. Correcto. É uma decisão grave e devem ouvir-se as comissões de ética. Mas já não entendo bem, que se cite "algumas personalidades, como representantes da Igreja, [...]".
Representantes da Igreja porquê? A Igreja pode aconselhar os seus fieis a usarem ou não esse direito - tal como com o divórcio, por exemplo - e os crentes devem aceitar o que ela diz. Mas só isso. A que título é que a Igreja vai decidir sobre aquilo que posso ou não fazer?

Não posso deixar de associar à lei religiosa muçulmana que condena barbaramente as mulheres pelo crime de usarem uma roupa não aceite pela religião. São religiões diferentes e a outra é hoje em dia mais brutal, mas o que está na base não é tão diferente – a recusa, por motivos religiosos, de uma escolha livre.


segunda-feira, julho 13, 2009

Teatro em Almada


Que me recorde, desde que tenho um blog que tenho sempre referido o início (e muitas vezes mais do que o início) do Festival de Teatro de Almada.
Eu gosto de Teatro. Muito. Pode não parecer porque nem sempre assisto a todas as peças que são encenadas e exibidas aqui em Lisboa, que afinal é a minha zona de fácil acesso e, pensando bem, não tenho uma grande justificação para o não fazer, porque tempo para as coisas que nos interessam arranja-se sempre, e o custo não é tão elevado como isso. Mas reconheço que muitas vezes estreiam-se e saem de cartaz peças que eu teria gostado de ver mas… A desculpa mais verdadeira e sincera é que muitas vezes elas estão menos tempo em cena do que eu esperaria, e quando decido ir já a peça lá não está.
Mas voltando ao Festival de Almada:
É o nosso Grande festival. Pela quantidade e qualidade das obras que são exibidas, é sempre de não perder. E, como disse, tenho sempre chamado a atenção para o seu início, excepto este ano.
Sinto-me envergonhada porque, falando sinceramente, a verdade é que simplesmente me esqueci. Nunca tal me tinha acontecido! É certo que tenho andado preocupada com outras coisas, mas… Foi necessário, na sexta-feira, uma amiga ter falado nele para eu «acordar»!
Está já a decorrer desde o dia 4, e vai ocupar ainda toda esta semana. Em vários palcos como é costume, e dividindo-se em Almada e Lisboa. Começou com «As criadas» de Genet e vai terminar com a «Comédia Mosqueta» encenada por Mário Barradas, como seria de esperar.
Desta vez, dada esta minha distracção, sei que já só vou conseguir ir a um ou dois espectáculos, mas quando penso neste Festival recordo sempre um ano (já nem sei bem quando, mas foi há mais de 10 anos) em que, pela primeira vez, comprei a assinatura para todos os espectáculos. Tínhamos ido, eu e o meu filho, assistir ao «lançamento» do Festival e ele pediu-me para comprar também uma assinatura para ele. Não era má ideia e assim fiz. Mas acontece que tinha em mãos, nessa altura, um trabalho muito exigente e cansativo e o rapaz ‘exigiu-me’ que fôssemos a todos os que fosse possível – digo assim porque como muitas vezes havia peças que decorriam ao mesmo tempo em palcos diferentes, nesses casos era materialmente impossível!
Ou seja, mesmo para alguém que gosta muito de Teatro, a maratona de ir todos os dias da semana a correr para Almada e regressar já bem tarde para no dia seguinte começar a trabalhar de manhãzinha, foi uma estafa.
Mas certo é que recordo a temporada desse tal ano com um sorriso. Uma barrigada de Teatro que, se por um lado me deixou estafada por outro lado foi um consolo porque assisti a alguns dos melhores espectáculos de que me recordo.
E acredito que este ano também vai ser muito bom!

domingo, julho 12, 2009

Uma ajudinha, sff!


Quando estive a escolher a música de hoje, - que entrou agora mesmo - comecei a pensar cá para mim: «ao tempo que ando aqui com esta rubrica!».
Deu-me para ir procurar e lá encontrei a primeira canção que publiquei faz agora dois anos!!! O que quer dizer que já lá vão 123 músicas de Domingo.
E, como tenho repetido, apesar de gostar muito de música, os meus conhecimentos são muito fracos. Tenho deixado sobretudo muitas de recordação da minha juventude, as «músicas velhas» como diria uma criança, ou mais actuais à medida que se dão acontecimentos que me fazem evocar outras.
E já foram mais de 10 dúzias, o que é muito - para mim!
Mas, como vos estava a contar, quando estava a rever isto tudo, naquela rubrica de «música» ali à direita, e fui até ao primeiro post e vi que tinha deixado lá um desafio(?) convite(?) pedido(?) .
Está lá, na última frase: vocês participarem também, e sugerirem canções que gostassem de ouvir
Tinha sido (ou será) muito bom. Por um lado o blog fica também ao vosso gosto, que tem de ser mais variado do que o meu, e por outro dá-me ideias.
Vá lááááá.....
Aceitam-se (pedem-se!!!) sugestões.

Valeu?


Uma música ao Domingo

Cantiga de Acordar

«Há que pôr o chão nos pés»




Foi uma ilusão
Uma insensatez
Há que pôr o chão
Nos pés

Era como um trem
Que anda sem passar
Era um tempo sem
Lugar

Mas
Foi um sonho bom
De sonhar porque
Me sonhava com
Você
E então seu canto veio me acordar

Era uma ilusão
No interior
De uma outra ilusão
Maior

Mas
Você foi pro sol
Noite me envolveu
Num silêncio igual
Ao seu
E então seu canto veio me acordar

Tudo é uma ilusão
Os que estão aqui
Esses não estão
Em si
Do universo, o além
Faunos ou mortais
Vão restar mais nem
Sinais


Tudo o que se vê
É o sonho de algum
Pobre sonhador
Todas as estrelas
Todas as misérias
Todos os desejos
E a canção do meu amor
Tudo o que se viu tudo o que se foi


Última ilusão
Amanhece já
Vai-se abrir o chão
Quiçá
A ilusão se esvai
É uma cena só
E a cortina cai
Sem dó
Vai cessar o som
A sessão já foi
Despertar é bom
Mas dói



Pedras vão rolar
Choram serviçais
Vão se espatifar
Vitrais
Tomba o refletor
Ardem camarins
Cai no bastidor
A atriz
Descarrila o trem
O pilar cedeu
Vai morrer meu bem
E eu


Num jardim fugaz
De espirais sem fim
Eu corria atrás
De mim
O homem se distrai
Dorme em boa fé
Sua sombra sai
A pé


Mas
Foi uma ilusão
Uma insensatez
Há que pôr o chão
Nos pés

sábado, julho 11, 2009

Publicidade

Luta de anúncios.


Primeiro:





E resposta:


Qual será o «ponto de saturação»?

Dizem que a população de Portugal inteiro cabe nos Centros Comerciais que já existem.
Mais, nesse número só entram as suas lojas, não se fala noutros espaços, nos corredores, ou parques de estacionamento!
E o senhor que é presidente da Associação Portuguesa de Centros Comerciais diz, muito animado: "Ainda não atingimos o ponto de saturação”. Pelo nome, 'aquilo' são centros para fazer comércio, mas até parece que não.
Porque... acham que se vende lá muito?
Justifica-se esta febre de construção?
Reconheço que os frequento muito pouco e posso estar enganada, mas a verdade é que quando vou a um, farto-me de ver lojas às moscas. Eles estão cheios sim, porque se tornou o «passeio dos tristes» da actualidade mas, francamente, não vejo assim um comércio por aí além.

E, pelos vistos, vão continuar a construir mais.
Cá por mim...


sexta-feira, julho 10, 2009

Nunca se está satisfeito!

O ser humano é complicado.
Ou nos aborrecemos com uma coisa ou com o seu inverso. É uma chatice!
O meu prédio que não é exactamente novo, só teve uma vez uma maquilhagem na fachada – nas traseiras está tal como quando foi construído… mais uns quarenta anos em cima.
Este mês, deu «uma coisinha boa» ao meu senhorio e decidiu-se fazer obras!
Ena!!!
(bem, creio que terá contribuído para essa decisão por um lado o facto de metade do prédio já estar com rendas actuais, de muitas centenas de euros, e por outro possivelmente quando quer alugar um andar com estas rendas chorudas alguns futuros inquilinos franzirem o nariz por a apresentação não ser a melhor)
Adiante. A verdade é que as obras se impunham e, desta vez, ele decidiu arranjar a frente e as traseiras. Palmas!
Mas…
Acontece que com andaimes por todo o lado tenho de estar de cortinas corridas para não dar de frente com a cara de um operário a observar a minha vida privada. E ainda mais, para além dos cortinados corridos – o que já não me agrada – vou ter de manter também as janelas fechadas, que o senhorio já mandou recado pela porteira para se fechar as janelas que não-se-responsabilizava-por-qualquer-coisa-que-desaparecesse-dentro-de-casa. É normal. Também acho que ele tem razão.
Mas valha-me Deus, com o calor que faz, já imaginaram o que é ter uma casa com todas as janelas fechadas à frente e atrás, sem o ar poder circular?!
Pois.
Eu andava a desejar obras, mas esta altura não pode calhar pior!...


quinta-feira, julho 09, 2009

«Ordenados»?


Há valores que me fazem alguma vertigem!
Eu achava que neste mundo se podia ter muito dinheiro ou por o herdarmos da família (ainda acontece) ou por se gerir negócios fantásticos.
Ganhar muito dinheiro como paga de trabalho que se faz, julgava eu que não acontecia.
Bem, havia o mundo do futebol. Primeiro falou-se no Mourinho, agora no Cristiano Ronaldo. Ganham muitíssimo bem. E como os dois são portugueses dá para comparar com o resto do maralhal.
Mas li por aí, que afinal o facto do CR ganhar num mês o que a maioria de nós não ganha toda a vida, não é nada.
A artista Beyoncé ganha 5 vezes mais
Mais de 5 milhões de euros por mês!!!
Deve ter muitas despesas, esta rapariga de 27 anos. Mas sobram-lhe uns tostões, com certeza.
(Dantes, aí há 40 ou 50 anos, quando se era criança desejava-se «quando for grande» ser futebolista ou cantor; depois mais crescido, ao entrar na adolescência, considerava-se a hipótese de médico ou advogado, as profissões 'ricas'. Mas hoje as profissões douradas são exactamente futebolista ou cantor!!! Todos os miúdos o querem e nem se pode achar mal...)
.................................................................

E, já agora, se calhar eu estou é a ver as coisas mal! Fui fazer um teste a ver se era optimista ou pessimista e disseram-me que :

«É uma pessoa realista. Geralmente, é melhor ser optimista do que pessimista, sempre que estivermos suficientemente conscientes da realidade da vida.»

Mas, vão confirmar, vejam vocês aqui que tipo de pessoas são e se estou a ver mal as coisas e afinal isto que me fez falar foi inveja...

quarta-feira, julho 08, 2009

Por favor, esclareçam!

....cof..cof...cof...
Tenho ouvido comentários por todo o lado.
Paragem de autocarro, fila de supermercado, salas de espera. Ontem foi no cabeleireiro de bairro. Nunca lá tinha entrado, mas tinha andado a meter a cabeça em arrecadações cheias de pó e não estava com pachorra para lavar e secar o cabelo, de modo que decidi entrar num cabeleireiro do outro lado da minha rua para me despachar com essa necessária higiene.

Como acontece neste tipo de estabelecimentos, tinha uma televisão na parede e com o som ligado. Estavam, mais uma vez, a falar na gripe suína e nos casos que têm aparecido em Portugal. As senhoras presentes, clientes e cabeleireiras, estavam muito assustadas. «Eles não dizem nada mas isto é uma pandemia, é o que é!» declarava uma das meninas para outra. Não sei se ela saberia exactamente o que queria dizer «pandemia» mas o tom em que falava era de grande convicção.
O certo é que a gripe em si mesma é muito desvalorizada. Diz-se muitas vezes «é só uma gripe» quase na linha de uma «constipação» e contudo sabemos que assim não é, que é uma doença a que se deve prestar atenção. Uma amiga minha teve a filha em coma porque um vírus da influenza se alojou no cérebro! E mesmo as «gripes normais» podem causar estragos a crianças, idosos, pessoas já fragilizadas.
De vez em quando há um vírus novo que causa alarme. Há uns anos foi o «das aves», este ano o «dos porcos». Qualquer pessoa de bom senso percebe que deve ter cuidado, evitar contágios, estar atenta aos sintomas, e não adiar a ida ao Serviço de Saúde se tiver dúvidas.
Mas também era bom acautelar alarmes. Não sei se esta política de não falar no caso será a mais indicada, porque para mim tem o efeito exactamente oposto. Se dessem ao público uma informação séria, clara, firme, esclarecedora, todos se sentia bem mais seguros e não fantasiavam riscos excessivos, nem se desmazelavam nos cuidados a tomar.
Tal como se está a fazer, sabendo os números das pessoas que adoecem mas não os das que se curaram, bloqueando informação com a justificação de não causar alarme, estou convencida de que esta é a melhor forma de provocar exactamente esse mesmo alarme e se espalhar boatos assustadores e mal fundamentados.
Nunca foi inteligente a política da ocultação.
É que se quem sabe não informa, há sempre quem se encarregue de 'informar', e mal!



(no caso da 'gripe das aves' parece que havia um qualquer negócio com as vacinas que nunca foi bem esclarecido; agora no caso 'dos porcos' estará tudo limpo e inocente?)