Todos os anos a cena se repete.
E todos os anos eu acho graça, como se fosse a primeira vez!....
O que se passa é que nos dias de Natal eu, como toda a gente aliás, decoro a mesa de um modo um pouco diferente. Costuma ser com uma toalha vermelha que aliás é usada durante o ano noutras festividades, e depois para além do «centro de mesa» e algumas velas, costumo espalhar por cima da toalha uma mão cheia de estrelinhas doiradas.
Nada de especial.
Coisa banal. Aquilo compra-se em qualquer loja de enfeites. Mas eu gosto. Fica alegre, festivo, enfim... natalício.
São estrelinhas doiradas, pequenininhas, aí uns dois milímetros talvez, que resulta por serem muitas e atiradas ao acaso, como que sopradas pelo vento.
Claro que quando levanto a mesa, deito fóra a maioria delas. Se há um montinho que esteja ainda impecável, guardo num saquinho para o ano seguinte mas tudo o que está misturado com migalhas ou mais ou menos sujo, deito fóra. Afinal já cumpriram a sua função.
O que é engraçado, e daí estar agora a escrever, é que elas teimam em não ir todas para o lixo e espalham-se que nem os papelinhos do Carnaval.
Encontro nos dias seguintes estrelinhas nas frinchas do sobrado, metidas nos tapetes, salpicando o meu roupão, dentro dos tachos da cozinha, por cima da colcha da minha cama e até dentro dela, e ainda há pouco encontrei mais uma no cabo da minha escova de dentes...
A verdade é que como são muito pequeninas têm tendência a agarrar-se à nossa roupa e, a partir daí, distribuem-se como muito bem entendem...
Apesar de saber que todos os anos ando à caça das estrelinhas nos dias seguintes ao Natal, não posso deixar de sentir como uma metáfora.
Afinal, as estrelas andam por aí.
A questão é saber vê-las.