sábado, dezembro 27, 2008

A questão dos telemóveis

O facto de um telemóvel se ter tornado um instrumento de tal modo utilizado que quase causa dependência, é motivo de preocupação. O recentíssimo caso de outra filmagem numa sala de aula, com a repercussão que teve, exagerada evidentemente porque passada na net, trouxe de novo para a linha da frente as questões levantadas pelo seu uso nas escolas salas de aula .
A verdade é que me parece existirem duas (pelo menos duas) questões misturadas.
Por um lado a justificação de jovens adolescentes ou até crianças, andarem sempre com um telemóvel. Tenho ouvido que muitas vezes são os pais que insistem porque consideram que assim «sabem sempre dos filhos». É uma consideração um pouco pateta ou exageradamente inocente, porque o que sabem é aquilo que os filhos lhes querem dizer... A não ser que tivesse um gps, nada garante a esses pais que o filho está a fazer aquilo que diz. Enfim...
A verdade é que, naturalmente, o uso do telemóvel provoca distracção. Entra pelos olhos dentro que um aluno que durante uma aula envia e recebe mensagens estará com muito pouca atenção ao que lá se está a ensinar. Dizem que segundo o Estatuto do Aluno estão proibidos, mas... continuam a usar-se!
Mas a segunda questão, e mais grave, é o facto dos modelos recentes terem também máquinas fotográficas e de filmar. E o uso que se pode dar a esses aparelhos pode ser muito perverso. Não só cá. Na Itália e na Grécia foi proibido o uso de telemóveis em todas as escolas depois de terem aparecido imagens chocantes de bulling e violações. E esse ponto é muito grave.
Que se pratiquem esses actos em primeiro lugar. Isso é o pior de tudo, naturalmente. Mas além disso está também em causa (por isso eu digo que esta questão ainda se pode subdividir) e completa falta de respeito que implica publicitar-se na internet as cenas filmadas nessas condições, sem a autorização de quem foi filmado. A privacidade «do outro» é algo que devia fazer parte dos nossos sentimentos normais.
Alguma coisa anda muito mal no campo dos deveres cívicos.

9 comentários:

Anónimo disse...

Fala-se por todo o lado, como deste a entender de um modo completamente exagerado, só explicado pela existência do youtube.
Contudo isto merece uma reflexão.
Quando vamos ao cinema, aparece uma mensagem a pedir (lembrar?) que se desliguem os telemóveis. Quem lá está obedece. Quando não o faz e ele toca a meio do filme todos olham para ele de um modo crítico e ouve-se «shui!». E que eu tenha reparado ninguém paga um bilhete de cinema e depois passa a hora e meia do filme a enviar sms...
A comparação é só para realçar que a importância que se dá à escola é muito pouca. Nem devia ser preciso haver norma nenhuma que proibisse usar um tlm durante uma aula, espontaneamente um aluno deveria desligá-lo ao entrar... Se o não faz é porque algo anda mal. Como dizes por falta de respeito, por todos - colegas e professores.

Anónimo disse...

A história da Escola do Cerco não tinha tido grande importância se não fosse a net. Uma brincadeira parva, que até a própria professora desvalorizou...
Mas os factos que focas são indesmentíveis. O vício que se tornou o telemóvel (a gracinha que deixaste ali em cima é sintomática!), hoje em Portugal ricos e pobres todos têm e há quem tenha mais do que um! Entre jovens é uma epidemia, mas já se reparou a brutal publicidade que esse meio de comunicação recebe?... s iluminações de Natal em Lisboa, este ano eram 'patrocinadas' pela TMN. Da Árvore de Natal do parque, à iluminação da Praça do Comércio, tudo era publicidade! A Estátua do Cristo Rei...
E somos bombardeados na TV por anúncios e mais anúncios de todos os modelos de tlm que existem e as suas vantagens.
Depois estranha-se o vício!
É que há muito dinheiro aqui atrás.

josé palmeiro disse...

Desculpa, Sem-Nik, de discordar da tua opinião sobre o que se passou na dita escola. O que se lá passou, tem importância e muita. Com a pistola a brincar ou a sério o que stá em causa é que, antes de se saber, se é uma ou outra, só depois de disparar. Eu sei, tive filhos e agora tenho netos, que de nada vale não lhes darmos "armas brinquedos", porque eles, bombardeados que são, no dia a dia, com notícias e anúncios, tudo transformam em arma para brincar e np meu tempo, brincávamos com fisgas e fundas, que designavamos por "afundas", iguais aquela com que David matou Golias, mas se as restringirmos a mais que pudermos, nada prederemos em termos de educação anti-agressiva.
Quanto aos telemóveis, completamente de acordo com a Emiéle, não acrescento nem mais uma vírgula.

Anónimo disse...

Zé Palmeiro, digo que não teria grande importância (sobretudo a importância que a comunicação social lhe deu) porque por aquilo que se percebeu, sendo uma brincadeira parva, desde o início que se entendeu ser uma brincadeira. Não foi nada a situação que andam para aí a fazer comparações, sobre a tal história da professora que tirou o telemóvel à aluna e foi quase agredida por ela.
Que a graça foi parva, foi. Que ultrapassou os limites, também. mas o ter-se usado a dita 'pistola' fazia parte da encenação e nunca a professora acreditou que aquilo fosse mesmo uma arma a sério! Para mim a história foi muito empolada. O que não quer dizer que não se deva repensar nesse abuso do telemóvel, por um lado, e como aqui a Emiéle acentua, a falta de respeito para fotografar ou filmar seja quem for sem a sua concordância!

Anónimo disse...

Uma das coisas importantes é ver que o «fenómeno» não é português. Aqui falou-se na Itália e Grécia, mas nem acredito que seja só aí. O dito «celular» usa-se mais do que o relógio há alguns anos.

André disse...

Os professores estão de tal modo fragilizados e confinados aos seus múltiplos deveres, que se vêem compelidos a desvalorizar as situações; a violência tornou-se uma moeda de troca e quem tiver mais músculo ganha. Quanto às regras elementares de disciplina, bem... são em variadíssimos contextos assunto tabú, não vá agente confundir a mente retorcida de alguns e de algumas jovens libertárias... passe a ironia.

Anónimo disse...

Creio que a última intervenção que vi,de ZP é a que mais se aproxima.O caso nõ se resolve aula a ula, tem que haver mesmo proibição assumida pelo CE de tal meio de comunicação nas aulas.

André disse...

Não é para corrigir fj, mas eu não sou o ZP, sou um P+novo. Quanto ao que dizes, obrigado por reforçares a minha ideia. Infelizmente, sem a legislação adequada, creio não irmos mesmo a lado nenhum...

josé palmeiro disse...

Pronto FJ, o Palmeiro+novo já desfez todas as dúvidas, e bem, diga-se de passagem.
Podes vê-lo na versão original, em:
http://factor_infra.blogs.sapo.pt
Não deixes de o fazer.