A insustentável leveza do ser força do consumismo
É um facto curioso que enquanto os bens de primeira necessidade e consumo imediato vão subindo de preço a olhos vistos, pelo contrário, produtos a que nos habituámos mas não são de modo algum indispensáveis à vida, apenas ao nosso bem estar, descem de preço de ano para ano ou até quase de mês para mês.
E não é só essa questão do custo inicial ir baixando (que não é questão tão insignificante como isso…) o que é mais chocante é o incentivo que sofremos constantemente para adquirirmos modelos mais actuais.
Fala-se por aí de ‘crédito mal parado’ etc, etc, e muitos de nós facilmente criticamos quem compra montes de inutilidades a crédito, só porque não consegue resistir ao apelo dos excelentes publicitários que tratam dessas questões. Contudo, se olharmos com calma para os números, onde há maior peso do dito ‘crédito mal parado’ é afinal no crédito à habitação o que não é afinal um luxo supérfluo. E depois existem os tais extras que cada vez estão mais baratos: telemóvel (apesar de haver alguns modelos muito caros, hoje pode comprar-se um por quase nada), computador, TV, máquinas digitais, diverso equipamento doméstico.
A quem é que não aconteceu comprar uma maquineta qualquer e, poucos anos depois, ver outra muito melhor por muito menos dinheiro?…
Mas o que vinha aqui hoje lamuriar-me, é quanto aos «arranjos». Por feitio, sou mais ou menos poupada e quando uma coisa se estraga, gosto de a arranjar. Das solas dos sapatos, ao bibelot partido. Normal, não?! Huuummm…. isso era dantes!
Em pouco tempo é a terceira vez que se repete comigo a mesma cena quase sem diferenças. Um aparelho avaria-se. Foi um pequeno electrodoméstico, um PC, uma máquina fotográfica. E começa então uma saga em várias fases:
A primeira parte é descobrir onde é que aquilo se arranja. Vamos ao local da compra e lá dão-nos o endereço do representante. Liga-se para o representante (que fica sempre num local estranho) e depois de se ouvir uma mensagem de gravador e se carregar na tecla 3 por ser para arranjos, da tecla 5 se está fora da garantia, na tecla 2 se residimos em Lisboa, na tecla 7 se preferimos um atendimento directo, ficamos em espera. Quando uma menina de voz musical se identifica e pergunta em que nos pode ser útil, ficamos informados que para esse arranjo o melhor é ir à empresa XPTL que é a mais próxima da nossa casa.
Segunda parte, pegar no objecto e ir à dita empresa. Com sorte, ela está aberta (não é das que fecham às 5 da tarde, não faz um intervalo de 2 horas para o almoço, e está aberta em Agosto, aleluia!) e somos atendidos depois de tirar uma senha e esperar um bocado.
Terceira parte, quem nos atende olha de lado para o produto, abana a cabeça augurando logo o pior, e explica-nos que vai ter de ficar para fazer o orçamento. Esse famoso orçamento leva 8 dias a ser elaborado e custa uns 60 euros. Se concordarmos com ele, o arranjo levará de 3 semanas e um mês a ser efectuado. Depende de haver ou não peças.
Não estou a inventar nada! É exactamente assim!
Onde quero chegar, é que se aquilo que avariou for um pc portátil, por exemplo, o orçamento dos 60 euros, vale-me a pena. Mas se for uma máquina fotográfica digital que custou cerca do dobro, começa-se a hesitar. Ela afinal já não está nova, nem sei se vai ficar muito bem, e sempre posso comprar uma mais moderna com garantia…
É isso. Esse raciocínio enviesado, que acaba por desembocar em mais consumo porque se torna mais fácil e rápido comprar novo do que consertar o velho – o conserto dá trabalho, leva tempo e é caro.
É assim o mundo do mercado.
Não gosto. Mas submeto-me.
E não é só essa questão do custo inicial ir baixando (que não é questão tão insignificante como isso…) o que é mais chocante é o incentivo que sofremos constantemente para adquirirmos modelos mais actuais.
Fala-se por aí de ‘crédito mal parado’ etc, etc, e muitos de nós facilmente criticamos quem compra montes de inutilidades a crédito, só porque não consegue resistir ao apelo dos excelentes publicitários que tratam dessas questões. Contudo, se olharmos com calma para os números, onde há maior peso do dito ‘crédito mal parado’ é afinal no crédito à habitação o que não é afinal um luxo supérfluo. E depois existem os tais extras que cada vez estão mais baratos: telemóvel (apesar de haver alguns modelos muito caros, hoje pode comprar-se um por quase nada), computador, TV, máquinas digitais, diverso equipamento doméstico.
A quem é que não aconteceu comprar uma maquineta qualquer e, poucos anos depois, ver outra muito melhor por muito menos dinheiro?…
Mas o que vinha aqui hoje lamuriar-me, é quanto aos «arranjos». Por feitio, sou mais ou menos poupada e quando uma coisa se estraga, gosto de a arranjar. Das solas dos sapatos, ao bibelot partido. Normal, não?! Huuummm…. isso era dantes!
Em pouco tempo é a terceira vez que se repete comigo a mesma cena quase sem diferenças. Um aparelho avaria-se. Foi um pequeno electrodoméstico, um PC, uma máquina fotográfica. E começa então uma saga em várias fases:
A primeira parte é descobrir onde é que aquilo se arranja. Vamos ao local da compra e lá dão-nos o endereço do representante. Liga-se para o representante (que fica sempre num local estranho) e depois de se ouvir uma mensagem de gravador e se carregar na tecla 3 por ser para arranjos, da tecla 5 se está fora da garantia, na tecla 2 se residimos em Lisboa, na tecla 7 se preferimos um atendimento directo, ficamos em espera. Quando uma menina de voz musical se identifica e pergunta em que nos pode ser útil, ficamos informados que para esse arranjo o melhor é ir à empresa XPTL que é a mais próxima da nossa casa.
Segunda parte, pegar no objecto e ir à dita empresa. Com sorte, ela está aberta (não é das que fecham às 5 da tarde, não faz um intervalo de 2 horas para o almoço, e está aberta em Agosto, aleluia!) e somos atendidos depois de tirar uma senha e esperar um bocado.
Terceira parte, quem nos atende olha de lado para o produto, abana a cabeça augurando logo o pior, e explica-nos que vai ter de ficar para fazer o orçamento. Esse famoso orçamento leva 8 dias a ser elaborado e custa uns 60 euros. Se concordarmos com ele, o arranjo levará de 3 semanas e um mês a ser efectuado. Depende de haver ou não peças.
Não estou a inventar nada! É exactamente assim!
Onde quero chegar, é que se aquilo que avariou for um pc portátil, por exemplo, o orçamento dos 60 euros, vale-me a pena. Mas se for uma máquina fotográfica digital que custou cerca do dobro, começa-se a hesitar. Ela afinal já não está nova, nem sei se vai ficar muito bem, e sempre posso comprar uma mais moderna com garantia…
É isso. Esse raciocínio enviesado, que acaba por desembocar em mais consumo porque se torna mais fácil e rápido comprar novo do que consertar o velho – o conserto dá trabalho, leva tempo e é caro.
É assim o mundo do mercado.
Não gosto. Mas submeto-me.
8 comentários:
Tem a sua piada, porque se diminuis a quantidade de posts por dia, erles vão aumentando o tamanho...
:))
Emiéle, o que te posso dizer?! é assim e a gente vai aceitando é claro.
E de um modo geral, em coisas que não são muito caras (relativamente) é bem mais em conta comprar uma nova do que mandar arrranjar.
E pronto!!!
Ah, Olha AB, eu fui das que perguntou por ti mais do que uma vez!!!
Claro que fazes falta aqui no nosso «convívio»...
Estou de passagem, muito, muito a correr, já volto logo à noite.
Claro que o que dizes é indiscutível, mas terá outras razões, que não apenas o consumismo.
Isto tudo também passa pela estratégia das empresas que há algum tempo começaram a perceber que se descontinuassem produtos com uma certa regularidade e não muito tempo depois de serem lançados não tinham de pagar a uma série de técnicos nem ter um armazém cheio de peças que nunca saberiam se iriam ser usadas. Assim não só poupam em ordenados e peças como ganham em novos produtos vendidos. Os computadores são um bom exemplo disso.
Antes de mais, uma saudação especial ao Farpas.
Agora dizer que, o que ele disse, reflete exatamente, estou a escrever, propositadamente, pelo novo acordo, os tempos atuais.
Só que tu, como eu e como alguns mais, temos a mania de esperar que apareça, ou que conheçamos, algum curioso, jeitoso, que nos conserte a dita peça avariada.
Depois, poupar, também é um exercício engraçado. Por exemplo, eu ontem, estive todo o dia, metido no bar da minha filha, armado em canalizador, e parece que, com bons resultados.
Volto a referir que hoje, a esta hora, estou no mesmo sítio de ontem à noite, com o mar ao fundo, barcos a navegar, uma manhã, lindíssima e cá em baixo, o bulício da cidade e um apelo enorme a ir tomar um cafézinho. Mais uma, estou a usufruir de uma plataforma livre,da internet, para contrastar com o excesso que tu tens que pagar, aí no teu sítio.
Apoiado.
Claro que a verdade é que os vendedores têm de vender, não é?...
E por outro lado, a verdade é que esta história de arranjar se dá trabalho a quem arranja, o certo é que a dita mão de obra é carota, nalguns sectores...
É isso mesmo. E então vamos amontoando lixo que ficará a poluir o solo por centenas de anos.
Também isso, Manga. Só defeitos!!!
(Agora com as economias da net nem te tenho visitado, mas quando voltar vai ser um regalo!)
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