sábado, julho 28, 2007

Recordações à volta do «Caderno de Capa Castanha VII»

O Teatro
"Hoje vamos ao teatro".
Por vezes eu também ia mesmo à revista. E isso tinha uma razão. Os bilhetes eram oferecidos porque havia a chamada "récita de autor" e os meus pais eram amigos de um autor de revista, o Amadeu do Vale. Mas também havia camarote para o D. Maria por razões do mesmo tipo. Depois ia-se lá dentro agradecer no final. E era o deslumbramento...tanta lantejoula, tanta pluma, tanto cheiro a maquilhagem.
Um dia eu disse "quero ser como elas" (elas eram as coristas). Levei um tabefe. Há coisas nos adultos que não se percebem...
Ah! O garoto feio com calções pelo joelho e dentola de fora, ali na 1ªfila, era o Vítor Pavão dos Santos. Não sei se ele levou tabefes (duvido), mas que se apaixonou até hoje sem dúvida
.
AB


(cena de Revista, com Raúl Solnado cantando «O Malmequer»; para a semana vou deixar aqui a música dessa cantiga muito significativa; tive-a já, mas hoje não a encontrei)

Monumental
E agora, porque a ilustração é o Monumental, o Monumental já foi adolescência para no Carnaval ir ver os concursos de máscaras e baile no foyer...e um pouco mais tarde quando "porta da caixa" já era coisa do meu vocabulário comum, e por ela saía, sempre de óculos escuros e lenço, passo muito miúdo, salto muito alto a Laura Alves, que morava logo ali, mas ia cear ao Montecarlo.

AB

6 comentários:

Anónimo disse...

Outra memória excelente da AB.
Que agradável ler estes textos.

Anónimo disse...

Outro excelente post!

Anónimo disse...

Onde pára agora a Revista?
Temos o La Féria, e ... chega.

Anónimo disse...

King, o La Féria não faz revista.Fez uma antologia da revista que se chamou "Passa por mim no Rossio".Faz teatro musicado que é outra coisa.A revista tem regras e canones muito concretos.A dupla Raposo e Mªjoão tenta teimosamente fazer perdurar o género,mas creio que a época passou.De resto já antes do 25 de Abril a revista estava moribunda e assistiu-se a uma renovação em que o Zé Carlos Ary teve imensa importancia.Mas depois do 25 "partidarizou-se"e foi o fim.No Parque "reagia-se"aos ventos "ditos"revolucionários,o "Adoque" fazia radiografias do partido...E não há textos,os autores insistem num humor a traço grosso que já nem serve para o pessoal que vem na mesmas (ou identicas)camionetas que o trazem ao Altis para aplaudir outras rábulas...AB

cereja disse...

Realmente ultimamente o «Passa por mim no Rossio» relembrou os momentos melhores da revista, mas o resto é mais como diz a AB teatro musicado.
Mas eu creio que o King estava a fazer humor e a tentar dizer que o que há é apenas o «estilo» La Féria.
Quanto às memórias da AB, parece que gostaram tanto como eu...
Foi pena não conseguir a música do Malmequer mas «arrumei-a» tão bem que agora não a descobri. Mas está prometido que em breve fica aqui!

josé palmeiro disse...

Volto aqui, esta manhã, só para dizer que concordo e faço minhas as palavras de AB.
Sem mais comentários, que disso, entende ela.
Só para reafirmar que de la Féria, temos que chegue e sobre. Para quem duvide, dê um salto ao Porto e assista, indignado como eu, ao que se está a fazer no Rivoli. Uma vergonha!