terça-feira, julho 31, 2007

O Mal-me-quer

No post que aqui apareceu com Recordações sobre o Teatro tinha surgido uma foto do Raul Solnado a cantar uma cantiga com muito significado na época, mas demorou-me tempo a voltar a encontrá-la para a deixar de novo no Pópulo. Cá vem ela:







"Português, ó malmequer/
em que terra foste semeado/
Português, ó malmequer/
Cada vez andas mais desfolhado"

Esta canção como se sabe, foi censurada. Solnado conta como costumava funcionar a censura: «No ensaio geral, cinco ou seis censores viam o espectáculo. Depois diziam que era preciso tapar um umbigo, descer umas saias, coisas assim. No Carnaval só se podia dizer merda uma vez por sessão» [….] No caso do «Malmequer» - «Os censores queriam que eu cortasse a palavra "português", mas se o fizesse aquilo perdia o sentido. Continuei como se nada fosse e eles ameaçaram-me. Puseram dois censores no camarote do teatro para vigiarem se eu cumpria as ordens da censura. Mas como entretanto saiu o disco, eles desistiram.»

7 comentários:

Anónimo disse...

"Postas" a uma velocidade tal que um ser normal nem tem tempo de responder enfim ...com alguma dignidade.Já tinha prometido falar sobre a Praia das Maçãs e ainda não consegui e já cá está o "Malmequer"a pedir...Bom, a revista(a última em que o Raúl colaborou)chamava-se "Prá frente Lisboa"e é de 1972.Todo o teatro de pé, a aplaudir o monólogo, gente nas coxias,mãos no ar (ainda não tinha pegado a moda dos isqueiros)...o que é que um camarote censório podia fazer?AB

josé palmeiro disse...

Como não podia deixar de ser, dir-te-ei que é uma sorte responder depois da AB.
O teu escrito, verdadeiro, está actualissimo, para nossa desventura, não será exactamente como era naquele tempo mas não difere muito. Não terá as consequências de então. Depois, os esclarecimentos da AB, complementam, e de que maneira, o lindo escrito que nos proposeste para reflectir.

Anónimo disse...

Olha acabei de ouvir agora no rádio que morreu o Antonionni...

Anónimo disse...

O som tem de se pôr bem alto, aconselho eu, porque não se ouve tão bem como gostaríamos.
Mas foi uma excelente ideia 'cumprires a promessa' que tinhas feito de deixares aqui a música.
Comove ouvir o Solnado...
Realmente o jogo de fintar a censura era impressionante, e a satisfação quando se conseguia fazê-lo com sucesso!

Anónimo disse...

Tinha escrito o comentário que deixei por acabar porque tive de ir escrever outra coisa, e agora postei-o sem ver mais nada.
Leio pela Méri que morreu o Antonionni.
Eu não acredito!!! Que dias de sombra para o cinema!

Anónimo disse...

Que agradável ler este post e o comentário/ilustração da AB.

Que nunca se esqueça.

cereja disse...

Tens razão, Joaninha o som está um tanto ou quanto baixo. Mas como nos recordamos da canção reconstitui-se com facilidade.
AB - ainda vai haver espaço para a Praia das Maçãs! Assim tu escrevas que o Pópulo publica, já sabes.
Obrigada pelo comentário, Zé. Isto é que é uma comunidade, uns em Lisboa, outra no Porto, outro nos Açores...
:D