sábado, janeiro 20, 2007

Lisboa tinha Barcas Novas

En Lixboa, sobre lo mar
Barcas novas mandei lavrar.
Ai, mia senhor velida!

En Lixboa, sobre lo ler
Barcas novas mandei fazer.
Ai, mia senhor velida!

Barcas novas mandei lavrar
E no mar as mandei deitar.
Ai, mia senhor velida!

Barcas novas mandei fazer
E no mar as mandei meter.
Ai mia senhor velida!



Lisboa tem barcas
agora lavradas de armas

Lisboa tem barcas novas
agora lavradas de homens

Barcas novas levam guerra
As armas não lavram terra

São de guerra as barcas novas
ao mar mandadas com homens

Barcas novas são mandadas
sobre o mar

Não lavram terra com armas
os homens

Nelas mandaram meter
os homens com a sua guerra

Ao mar mandaram as barcas
novas lavradas de armas

Barcas novas são mandadas
sobre o mar

Em Lisboa sobre o mar
armas novas são mandadas

("Barcas Novas" - 1967)

3 comentários:

Anónimo disse...

Estou agora a ver como é que este post se liga ao debaixo (não tinha entendido o final do outro)
Tenho aqui «o meu neurónio» a pensar e se colocaste este poema na categoria Abril é porque tem outra leitura.
Guerra do Ultramar, será???

cereja disse...

Exactamente, Raphael.
As «Barcas» eram os navios que iam para África, e esta era uma forma de ela dizer o que pensava e todos entenderem.

Anónimo disse...

Mas foi também uma escritora teatral premiada. E, como dizes ao Raphael, comprometida, não assobiava para o lado como podia ter feito.