sexta-feira, setembro 11, 2009

E neurónios, quantos teria? Dois?

Ia eu ontem a começar a descer as escadas do metro, quando quase choquei com um par. Um homem e uma mulher.
Já o seu aspecto era um tanto (como direi?) caricatural, talvez.
O homem era relativamente grande dando contudo um ar de atarracado. Barriga muito grande, transbordando para fora do cinto das calças. Camisa de um tom avermelhado com uns desenhos. Cabelo ensebado. Ela, miudinha, pequenita, (dava-lhe quase pela cintura), parecia toda cinzenta. A pele murcha, olhos pequenos, vestia uma espécie de bata e mostrava um ar meio admirado meio assustado.
Ele «explicava-lhe» qualquer coisa que não era fácil de entender, além do mais porque era daquelas pessoas que quando falam parece terem a boca cheia.
Abanando o indicador, muito espetado, dizia-lhe entre gafanhotos:
Vê se percebes!
É assim: há duas células a X e a Y. Todos os homens têm, mas as mulheres só têm uma, a X. É por isso que vocês são assim»

.....
E, evidentemente, que era por isso que ele era assim!
Pelo menos acredita nisso, ele era o melhor.
O segredo estava na tal célula.


18 comentários:

kika disse...

Há muita gente com um espelho daqueles (o da caricatura) na mente!
O personagem do teu post apenas não se soube expressar e utilizou o que sabia, não sei se para minizar as mulheres, ou estar-lhe-ia mesmo a explicar , porque é que ele era homem e ela mulher.
Ele possuia dois cromossomas XY
e ela XX.
Tu detes-lhe a entoação de que ele era o melhor e ela burra.
OK!!! De qq modo pela descrição era um lindo par de jarras!!!

Joaninha disse...

A minha «leitura» era de ele era mesmo burro e arrogante!
Como a Kika diz até pode ser que ele não se soubesse expressar, não conhecesse a palavra cromossoma, mas todo o conceito estava completamente baralhado. E, evidentemente, que naquela «explicação» desaparece o segundo X, ela é mais «pobrezinha» porque, coitada, ela e todas as mulheres só têm um X. :)

Mas a verdade é que sabendo muitíssimo mais, (oh quantas vezes) a antiga psicanálise quando falava na inveja do pénis, afinal estava a dizer que as mulheres sentiam a falta do tal Y...
Coitadito é dele.

Joaninha disse...

E já agora dela também, se tem a pouca sorte de estar casada com ele!

Anónimo disse...

Caríssimos, essa coisa de homem-mulher como dizem os brasileiros «já era».

Chamo a atenção para um post no Farinha Amparo, escrito pela Didas (que é mulher) a respeito da Ferreira Leite (outra mulher)
Hoje a Manuela Ferreira Leite explicou finamente no debate com Paulo Portas o que ainda nenhum dos estúpidos que somos nós tinha conseguido entender. Na Madeira não há asfixia democrática porque o presidente do governo regional tem sido sempre eleito em eleições livres nas quais o voto é secreto. Portanto, isso significa que aqui no continente é que há asfixia democrática, porque nas eleições está sempre um cabrão com um bastão de baseball em cada mesa a dar-nos no focinho se não votarmos no que ele manda. Quer dizer, eu nunca o vi. Mas provavelmente tenho tido sorte e quando lá vou o gajo foi almoçar.
Está explicado.

Como vêm, mulheres há muitas.
Como os chapéus...

E já agora homens também, esse desgraçado palerma de que fala a Emiéle pertence ao meu género, mas nada me liga a ele (graças ao divino!!!)

josé palmeiro disse...

Sim, Emiéle, há muito do que descreves, mas o inverso também existe e o que o King escreve, ou melhor transcreve, da Didas, é um grande exemplo.
Burros e burras, há-os por todo o lado e o facto de serem uma espécie em vias de extinção, há por aí muita gente a tentar preservá-los. È que cruzados com equínos, dão um híbrido, (machos e/ou mulas) que são estéreis!!!

Mary disse...

Eheheheh!!!

Ele há cada um!
E descreves muito bem a espécie....
O que mais impressão faz é o ar doutoral, dando a entender que a pessoa com quem estão a falar é atrasada mental e eles são uns génios!

Boa ideia o link para a Didas, King!

fj disse...

Post cientificamente incorrecto, embora se perceba um "feminismo radical",Conceitos a rever. Lá que há inveja há, basta ver fleite e tantas outras.100% julgo mesmo.
A rever como mandei já.

Anónimo disse...

:)
'Brigado, Mary!
Achei que vinha a propósito e aqui o FJ concordou comigo, parece-me...

Meu caro, sempre na brecha! A nossa caríssima mfleite (fleite parece parente de flato, vão ver a definição) deve ter dois yy, cá para mim. Por isso tem essa pérolas a sair da boquinha.
Digo boquinha para não confundir com a outra Manuela.

Mary disse...

Cá temos o FJ!
Quando não aparece já se sente a falta...
(ele é dos tais que deve é prevenir quando fala a sério; por assim um asterisco que diga «esta é a sério»)

Anónimo disse...

Este sim um "post" de "peso-pesado":)
Não me vou estender, achei graça à tua descrição do "par" e como a Kikas disse "par de Jarras" - o King deu uma excelente achega com a ligação à Didas - estou de acordo, mulheres há muitas e infelizmente não nos podemos orgulhar, muito, do "genero" representado na vida política, digo eu.
Esse "par", para mim, é um caso sintomático do que já se tem discutido aqui, por exemplo, neste post recente - "Saber Ler" - assim à 1ª. vista (especulação-minha) e pelo retrato que fizeste, passo a explicar - é que enquanto homens e mulheres, não soubermos interpretar a nossas diferenças e ver nisso uma coisa positiva (para não usar mais valia, por ser um termo mercantil eheh) e não desvantagem, isto é que nos completamos, será romântico demais?
Não sei se me fiz explicar mas, assim vai, estou com dificuldade em aceder à "net" no meu "refugio" volta e meia vai-se abaixo a ligação, vou aproveitar esta aberta.
Um bom fim-de-semana para ti, Emiéle, vejo que estás a precisar, tens tido muito trabalho...e para todos!

cereja disse...

Pois é Maria, esta semana foi realmente muito cansativa (nem exactamente por trabalho, mais por questões particulares) e até venho confidenciar que tenho os posts de amanhã e Domingo escritos, mas vou fugir ainda hoje para o meu refúgio sossegadinho, onde durmo lindamente. A ver se recupero porque estou muito cansada.
Pena onde estrares teres dificuldade de acesso à net. A gente habitua-se tanto a isto que depois já se sente a falta.

Caro que este é outro post levezinho. Agora ando numa de desanuviar.
E também é claro que embirrei um tanto com o homem e a sua postura de arrogância quando afinal os seus conhecimentos de que parecia tão orgulhoso eram bem pobrezinhos...

Anónimo disse...

Isso lembrou-me meu avô. Ele beirava a arrogância quando estava nervoso e acabava por tratar mal a minha avó. Então, certa vez, perguntamos a ela porque nunca respondia. E ela: o que? eu sou surda!
Ela realmente era surda. :) Dizia que uma das vantagens é não escutar asneiras.

Depois praticamente vi a mesma cena acontecer, mas ao inverso, com meu pai e madrasta. E quando ela chegava no estágio "arrogante" ele tirava o aparelho do ouvido e sorria para ela: não estou ouvindo nada...

Acho que as pessoas "cinzentas" ouvem... E as pessoas "infladas" sabem disso e se aproveitam - é o momento de serem ouvidas. Talvez o único.

Bom fim de semana - aproveite!

josé palmeiro disse...

Volto à carga, não pelas diferênças de género, mas pelo fim de semana que se avizinha.
Dizes que vais e eu volto a lembrar-te, e aos demais, que no próximo dia 13, Domingo, às 22h40, na RTP2, passa o filme: Anthero - O Palácio da Ventura.

Anónimo disse...

É verdade, Zé, já vi no "Estou na Sesta", não consegui comentar, isto da "net" móvel tem muito que se lhe diga:))
Ochalá eu consiga ver, aqui, não tenho televisão, "vou à da vizinha":))
Desculpem, Emiéle e Zé, responder aqui, lá não consegui, há cada uma...
Ah e hoje 11 de setembro faz anos que Antero se suicidou- 11/9/1891 e
de outras efemérides também bem pesadas, o assasinato de Salvador Allende, o 11 de setembro nos USA...
Emiéle vou mesmo abusar, depois dirás e eu não repito.
Deixo um soneto de Antero,em sua homenagem e à "liberdade" no sentido mais amplo do termo portanto à "Utopia"

Evolução

Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...

Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...

Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...

Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.

Antero de Quental, in "Sonetos"

Didas disse...

Era um verdadeiro intelectual. Pena é que ninguém lhe dê o devido valor.

fj disse...

King srá fleyyte? Não é mal visto.
Mary tens razão, é muito raro falar a sério, ou completamente a sério.Neste caso vou passar a assinalar,

saltapocinhas disse...

Não, 2 não...
Ele não tem mas é nenhum!
grunho!

Joaninha disse...

Isso mesmo, Saltapocinhas.
GRUNHO!!!!
A palavra bem escolhida!