Livros e bibliotecas
Por gosto, por educação, por feitio, gosto muito de livros.
Desde criança, ainda não sabia bem o que queria dizer «ler» mas encantava-me ver os mais velhos com livros na mão e sabia que aqueles sinais pequeninos eram palavra que ditas em voz alta eu podia entender. Algo de mágico. Aliás é das recordações mais fantásticas da minha vida o primeiro livro que li sozinha, ainda hoje sei de cor o primeiro parágrafo! E tenho gosto em 'sentir' um livro nas mãos. Admira-me um tanto como há quem se interrogue do interesse de publicar em papel???
É inútil dizer que tenho muitos. Fui perdendo ao longo dos anos os livros da adolescência e muitos da minha biblioteca de adulta também levaram sumiço com o tempo, mas a verdade é que hoje o meu problema maior é arranjar espaço para arrumar tudo o que tenho ido acumulando ao longo da minha vida.
Ora acontece que uma das minhas ‘fontes de abastecimento’ de vez em quando é a Amazon. E esses senhores, que sabem vender, desde a minha segunda encomenda construíram o meu perfil e volta não volta tenho no meu email um lembrete da Amazon recordando que a obra X ou Y me deve interessar. Espertos. Estou a escrever isto porque ainda ontem chegou outra dessas ‘mensagens’ sugerindo a compra de mais um ou dois livros que eles sabiam que me iam interessar.
Muito bem. E interessam. Mas…
Mas acontece que o meu ordenado está cada vez mais pequeno, enfim quero eu dizer que tudo aquilo que preciso comprar está cada vez mais caro. E, o espaço da minha casa não aguenta mais estantes uma vez que o limite é o tecto e não posso entrar pela casa do vizinho.
Tenho ouvido que noutros países há o hábito de se trazerem livros de bibliotecas para o prazer da leitura, e que existem muitas, actualizadas, de fácil acesso. De vez em quando leio uma história onde uma personagem se refere ao seu ‘cartão da biblioteca’ tal como nós falamos do cartão de multibanco. Há países assim. Mas não o nosso.
Temos bibliotecas, sim. Conheço muitas. Cada Câmara tem pelo menos uma e as das grandes cidades têm várias. E há a Nacional, é claro. E as Escolas também têm, assim como as Universidades. E as Fundações. E outros organismos privados. Mas em relação à população do nosso país que gota de água isso é! No caso que referi, o tal livro que era o isco do email da Amazon, se o quisesse ler este fim de semana, onde o ia procurar?...
Afinal, os livros de que gosto tanto, são um bem supérfluo, só pode ser. Uma espécie de jóias, quem quer luxos paga-os, não é?
Era o que faltava estar a investir em bibliotecas quando há TGVs e obras importantes à espera.
Mas que parvoíce de ideia.
Desde criança, ainda não sabia bem o que queria dizer «ler» mas encantava-me ver os mais velhos com livros na mão e sabia que aqueles sinais pequeninos eram palavra que ditas em voz alta eu podia entender. Algo de mágico. Aliás é das recordações mais fantásticas da minha vida o primeiro livro que li sozinha, ainda hoje sei de cor o primeiro parágrafo! E tenho gosto em 'sentir' um livro nas mãos. Admira-me um tanto como há quem se interrogue do interesse de publicar em papel???
É inútil dizer que tenho muitos. Fui perdendo ao longo dos anos os livros da adolescência e muitos da minha biblioteca de adulta também levaram sumiço com o tempo, mas a verdade é que hoje o meu problema maior é arranjar espaço para arrumar tudo o que tenho ido acumulando ao longo da minha vida.
Ora acontece que uma das minhas ‘fontes de abastecimento’ de vez em quando é a Amazon. E esses senhores, que sabem vender, desde a minha segunda encomenda construíram o meu perfil e volta não volta tenho no meu email um lembrete da Amazon recordando que a obra X ou Y me deve interessar. Espertos. Estou a escrever isto porque ainda ontem chegou outra dessas ‘mensagens’ sugerindo a compra de mais um ou dois livros que eles sabiam que me iam interessar.
Muito bem. E interessam. Mas…
Mas acontece que o meu ordenado está cada vez mais pequeno, enfim quero eu dizer que tudo aquilo que preciso comprar está cada vez mais caro. E, o espaço da minha casa não aguenta mais estantes uma vez que o limite é o tecto e não posso entrar pela casa do vizinho.
Tenho ouvido que noutros países há o hábito de se trazerem livros de bibliotecas para o prazer da leitura, e que existem muitas, actualizadas, de fácil acesso. De vez em quando leio uma história onde uma personagem se refere ao seu ‘cartão da biblioteca’ tal como nós falamos do cartão de multibanco. Há países assim. Mas não o nosso.
Temos bibliotecas, sim. Conheço muitas. Cada Câmara tem pelo menos uma e as das grandes cidades têm várias. E há a Nacional, é claro. E as Escolas também têm, assim como as Universidades. E as Fundações. E outros organismos privados. Mas em relação à população do nosso país que gota de água isso é! No caso que referi, o tal livro que era o isco do email da Amazon, se o quisesse ler este fim de semana, onde o ia procurar?...
Afinal, os livros de que gosto tanto, são um bem supérfluo, só pode ser. Uma espécie de jóias, quem quer luxos paga-os, não é?
Era o que faltava estar a investir em bibliotecas quando há TGVs e obras importantes à espera.
Mas que parvoíce de ideia.
16 comentários:
Olá, bom dia!
Sabes, dei-me ao trabalho e dar uma olhadela aos teus posts de há uns meses e comparar com estes. Realmente quando disseste aqui que ias mudar para um por dia, não se imaginou que a mudança afinal pudesse ter assim. É que não foi o um-por-dia reduzindo os teus 3 ou 4 habituais para um. Passaste a escrever um só mas bem maior, como se fosse um pequenino ‘artigo de opinião’, e essa é que é a maior alteração e o que faz com que os comentários se tenham multiplicado.
Hoje, por exemplo, tinha umas coisas a dizer (concordando!) mas tenho aqui umas urgências a despachar,- por isso vim aqui tão cedo - de modo que volto cá mais para o fim do dia.
Inté!
(isto é 'contagioso; hoje também venho cedo porque tenho muito que fazer, tal como o amigo King; serás meu colega, ó camarada?!)
Não tenho tempo mas deu para fazer uma busca relâmpago em bibliotecas de Lisboa e até parece haver bastantes.
Mas sei, por experiência até, que muitas estão fechadas, ou para obras ou por falta de pessoal.
É para inglês ver...
Isto porque conheço quem trabalhe na área e esteja com os nervos em franja pela falta de meios!
ah, outra coisa:
A menina é um encanto.
Não podes ser tu, mas a gente imagina-te tal e qual assim!!!!
Tal e qual!
As duas pedras, o dinheiro para os comprar e o espaço para os arrumar...
De resto é um vício.
(há bem piores...)
:)
Hoje estamos todos madrugadores...
Sabes que há quem não sinta assim. Sempre me fez confusão quem usa o livro como um bibelot a que limpa o pó, e que escolhe conforme a capa é mais ou menos bonita! E quando se compra os livros «a metro» colecções inteiras porque 'fica bonito na sala' ...?!
POr outro lado, conforme o link que deixaste, muita gente mais jovem, hoje, acredita que podendo ler o livro na net, não precisa de encher a casa com os 'livros-de-papel'
Serei muito bota de elástico, mas não me convencem. Talvez daqui a 50 ou 100 anos, com a desculpa de que se poupam árvores (mas gasta-se energia...)
A menina é mesmo, não é?
Mary, assino por baixo.
Que dizer? Já está tudo dito!
E falam de Lisboa, (bom trabalho, Joaninha), agora calculem o que é no tal Portugal Profundo de que o King falava no outro escrito.
Pois é casas, estantes, livros e falta deles, por outro lado, livros a mais, etc. A solução de que falas é aliciante mas, a falta de "pressupuesto", é uma realidade a que não podemos fugir.
Gostei da conclusão, da analogia com os gastos em TGVs e outras, quantas bibliotecas e sua permanente actualização não se fariam... Enfim!
A foto,..., está tudo dito!
Sim, é claro, concordo que muitas das vezes as bibliotecas se encontram um pouco desactualizadas, há um quê de anacronismo em algumas, nomeadamente nas de província; acrescento, de anacronismo e de desorganização! Contudo, para mim, que não sou um comprador inveterado de livros (porque também não posso e porque muitos dos que me interessam, vou encontrando noutras plataformas), as bibliotecas são, ou devem ser, uma espécie de último reduto, arriscaria mesmo dizer, de santuário (chateiam-me um pouco as bibliotecas em festa-talvez seja um sinal dos tempos)onde possamos descomprimir do mundo exterior e reencontrar-mo-nos um pouco mais próximos do divino (seja ele o que for).
Também tenho uma relação muito física com o livro, enquanto objecto e o apelo à sua aquisição é cada vez maior e mais facilitado; a indústria livreira, ao contrário do que se poderia pensar, nunca foi tão profícua (cada vez se publicam mais livros, bons e maus) como eficaz na divulgação dos livros (canais temáticos Tv., imprensa, internet, feiras) e na sua distribuição facilitando a aquisição, muitas vezes à distância de um clique. Para quem gosta de livros, tudo isto é muito aliciante, não fora o preço e também os outros considerandos. Eu embora goste, como disse, do "objecto" , tenho feito ultimamente uma selecção na minha estante (que não é de modo nenhum uma biblioteca) com a ajuda dos meus filhos (os dois mais novos), assim, concluímos que ficaríamos: com os livros de "culto", aqueles que vamos reler, com os que ainda não lemos e os outros seriam doados à biblioteca da Escola, do meu mais novo. Tenho tido uma grande contenção (neste momento “contenção” em tudo) na aquisição de novos livros, nem entro em livrarias para não me perder, acabei com as "newsletters" das editoras, tenho livros para ler, durante mais alguns anos, assim tenha eu tempo!
(Tenho que fazer uma confissão, para perceberem melhor a minha pessoa, eu disperso-me muito nos meus interesses, para além dos livros, eu adoro revistas, pelo conteúdo e aspecto gráfico, jardinagem, arquitectura, cinema, viagens, vinhos, azeite, e por aí fora, já não falando da assinatura da revista “DECO proteste” e da “Ler”, esta última deixei de assinar recentemente, assim podem calcular melhor o meu esforço. eeheh)
Já agora e a propósito de livros, deixo uma ligação para um artigo, interessante sobre Sophia de Mello Breyner
http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=/main2.asp%3Fdt%3D20090621%26page%3D4%26c%3DC
Olá Maria!
Gostei do que disseste e é precisamente nessa onda que aqui deixo também um presente para TODOS.
O LIVRO
Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria.
Deve certamente haver outras maneiras de se salvar uma pessoa, senão estou perdido.
No entanto, as pessoas que entravam na livraria estavam todas muito bem vestidas de quem precisa salvar-se.
José de Almada-Negreiros
in: Obras Completas - vol.1
Espero que tenham gostado!!!
Pois claro que gostei, acertaste em cheio! Almada com o seu talento e sabedoria, em poucas palavras, diz tudo!
Belo post, Emiéle.
Muitos de nós sentimos isso, tal e qual. Também gosto mais de «livros em papel» (para ser franco nem consigo pensar de outra forma. Na net só artigos...
E estou um pouco como dizes, faltam estantes e falta espaço. Muitos amontoam-se um pouco por todos o lado, parece mesmo uma desorganização do caneco! Mas a casa não cresce e os livros sim!
A menina da foto é fantástica!
Bem, eu «uma biblioteca» não tenho, é claro. Mas tenho muitos. Assim numa avaliação grosseira, uns 80 a 90 por prateleira e tenho umas 30 prateleiras o que dá, mais coisa, menos coisa, uns dois mil e tal... Para ser franca há anos que não limpo o pó!!!
Mas o grave é que não consigo para de os comprar!
Já aqui contei uma vez que num sítio onde trabalhei se inventou uma mini-biblioteca comunitária. Os livros tipo best-sellers ou policiais que basta ler uma vez, depois de os termos lido deixávamos num armário onde os nossos colegas iam buscar, à vez. Assim cada livro dava para 10 ou mais pessoas, sem custar nada.
Mas não sei de outros sítios onde isso se faça. E afinal é fácil...
Como é?! Cheguei agora, li o teu comentário e estou a pensar.Dizes trinta (???) prateleiras?! Que grande casa!
Pronto, eu de manhã passei a correr e disse que voltava. Cá estou.
Sabes que conheço algumas dessas pessoas que compram livros pelo «bom aspecto» e para isso dá jeito as colecções... e depois agora os jornais também oferecem, não te esqueças.
Mas se por um lado este gosto por livros é um tanto de geração, (se os jovens de hoje compram menos, aí há 100 anos também havia poucas edições e só uma certa classe se interessava por isso) a verdade é que, como disse a Maria, hoje se publica imenso. podem não se vender assim tanto mas há editoras por aí que só visto...
(uma palavra para a tua menina, que eu também te imagino assim em criança...)
Bem, venho acabar o que estava a dizer porque não agradeci o link ao Zé Palmeiro nem respondi à Maria. Maria, tens razão, o que a gente pode fazer de melhor ainda é doar os livros às bibliotecas das escolas. Cá em casa o meu filho também fez isso com os seus, quando saiu da escola foram prateleiras inteiras...
Ah, King, não tenho nenhuma casa grande, pelo contrário. mas do chão ao tecto cabem umas 10 prateleiras, não é...? Basta 3 dessas.
:)
Mas o pior é o pó!
Ups! Troquei os agradecimentos... O link foi da Maria e o Zé deixou-nos um texto do Almada. Ando com a cabeça na lua...
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