Verdade e verdades
Ou «a cada um a sua verdade», não é?
Ou de outra forma: muitas vezes diz-se aquilo que se imagina que o interlocutor deseja ouvir.
Ontem saiu para as bancas um novo jornal, chamado «i». Tinha de se lançar com temas de impacto, é claro. E é de grande impacto o título de primeira página:
Governo, patrões e sindicatos querem menos imigrantes
Desfiaram as suas razões. Tudo fundamentado. Por outro lado sendo o título do artigo correcto, uma primeira olhadela pode deixar dúvidas: ao querer ‘menos imigrantes’ isso é mandar embora os que cá estão ou não desejar receber mais? Claro que no corpo do artigo se confirma que é a segunda hipótese, mas... Além de que fala em «sindicatos» mas não os da CGTP, isso é um tanto estranho.
Por outro lado, curiosamente, nestes últimos dias/semanas tenho andado ocupada com uma tarefa que implica um levantamento de situações de descriminação e para tal tenho entrevistado exactamente, patrões, sindicatos e ong’s. E aí o que cada um me diz, é talvez aquilo que imaginam que o questionário «quer ouvir» e nem sempre coincide uma perspectiva com outra. É o politicamente correcto – as ong’s devem queixar-se ou não se justificava a sua existência, os sindicatos devem dizer que graças a si as coisas estão melhores porque têm de mostrar trabalho, e os patrões claro que cumprem as leis, não é? E, entretanto, se não se criam postos de trabalho, é certo que deve haver cuidado com a chegada de mais imigrantes candidatos a desemprego.
Tudo verdade.
Verdades.
Ou de outra forma: muitas vezes diz-se aquilo que se imagina que o interlocutor deseja ouvir.
Ontem saiu para as bancas um novo jornal, chamado «i». Tinha de se lançar com temas de impacto, é claro. E é de grande impacto o título de primeira página:
Governo, patrões e sindicatos querem menos imigrantes
Desfiaram as suas razões. Tudo fundamentado. Por outro lado sendo o título do artigo correcto, uma primeira olhadela pode deixar dúvidas: ao querer ‘menos imigrantes’ isso é mandar embora os que cá estão ou não desejar receber mais? Claro que no corpo do artigo se confirma que é a segunda hipótese, mas... Além de que fala em «sindicatos» mas não os da CGTP, isso é um tanto estranho.
Por outro lado, curiosamente, nestes últimos dias/semanas tenho andado ocupada com uma tarefa que implica um levantamento de situações de descriminação e para tal tenho entrevistado exactamente, patrões, sindicatos e ong’s. E aí o que cada um me diz, é talvez aquilo que imaginam que o questionário «quer ouvir» e nem sempre coincide uma perspectiva com outra. É o politicamente correcto – as ong’s devem queixar-se ou não se justificava a sua existência, os sindicatos devem dizer que graças a si as coisas estão melhores porque têm de mostrar trabalho, e os patrões claro que cumprem as leis, não é? E, entretanto, se não se criam postos de trabalho, é certo que deve haver cuidado com a chegada de mais imigrantes candidatos a desemprego.
Tudo verdade.
Verdades.
12 comentários:
Cada qual a(s) sua(s).
É o que eu sinto.
A «verdade» tem muitas facetas. Acredito que neste inquérito a que me refiro ninguém mentiu, só disseram verdades, mas se se realçar um aspecto ou outro perfeitamente diferente, o que resulta não é o mesmo.
:)
Gostei da imagem.Olha, cada um interpreta como quer (cá está, a «sua verdade») mas eu imaginei que a voz do dono neste caso é a das confederações patronais, e quem está a obedecer, o governo. De resto, isso dos sindicatos, deve ser visto com cautela. Se a CGTP não apoia, e lá é que estão a construção civil, a hotelaria, as limpezas, afinal é para aí que vão os imigrantes, não é?
Não acredito que o jornal vingue.
Temos diários que cheguem. Se mesmo o Público, o DN, etc, estão a despedir gente, e a perder leitores, como é que há espaço para mais um?!
Eu comprei-o, é claro, mas mão me entusiasmou. Gostei por ser pequenino, mas o formato é a coisa de menor importância. Ná...
Não cheguei a comprar até porque podemos ter acesso através da net. A edição de hoje está AQUI para quem quiser.
Vamos ver, mas jornal por jornal, compro o Público apesar de tudo.
quanto ao verdadeiro estou com miguel e emiele.Quanto ao jornal temos de saber quem o lançou, geralmente adivinha-se logo alguma coisa.
Esse estudo engloba tambem organuzações sindicais?
Todos temos a nossa...pois claro.
Uso o Público mas fiz o link que a Joaninha deixou e dei logo uma gargalhada com a noticia da criação da residência sénior gay.
Imagino como será!!!!
Hoje dormi um pouco mais e pronto, já está tudo dito, começando pelo Miguel que, com as suas parcas palavras, disse tudo.
Quanto ao jornal, tirando a dica da Joaninha, que irei ver, nada sei, mas que ao ignorar a CGTP, como é referido, já mostrou o que é, e o futuro que terá.
Quanto à ilustração, para além de gostar dela, está muito apropriada.
Boa escolha!
Uma resposta rápida ao FJ, e mais tarde venho responder aos outros: Claro que engloba organizações sindicais. Vários sindicatos mesmo. E as Confederações (CGTP e UGT) e os patrões - várias empresas e a CIP, por exemplo; e ainda ONGs. É mais ou menos 'plural'... :)
Ups!!! Já aqui tinhas referido este teu trabalho, mas não pensei que fosse coisa com dimensões tão grandes. Não é um trabalho, é um trabalhão!!! Mas deve ser bastante interessante, ver posições com certeza muito díspares.
De resto também achei graça ao boneco. A «voz do dono» é forte, isso é. E, para mim neste momento, creio que os donos são de facto os tais «empregadores» e suas organizações.
Ah, quanto ao Jornal, a parte on line até é interessante e tem imensos vídeos. Pode passar a ser o nosso jornal on line, mas não sei se isso lhe paga o ordenado!
O dito jornal ainda anda a tactear terreno.
Ontem tinha aquele artigo na capa, com o título chamativo, mas hoje tem um editorial que vai no outro sentido.
Explica até em título: Porque fazem falta os imigrantes
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