quinta-feira, maio 14, 2009

Informação, publicidade, eleições

Não é de hoje.
Já vem de muito longe a expressão popular «todo o burro come palha... a questão é saber dar-lha»
Ontem, o jornal «i» que chegou cheio de vontade de chamar a atenção e tem sempre umas vistosas primeiras páginas, dizia que José Sócrates contrata equipa de Obama para as legislativas
Seria boa ideia, mas não é o que parece.
Não é de tomar as palavras à letra, não vamos ter em Portugal os ministros norte-americanos. Ele contratou foi (segundo o jornal...) a empresa que tratou ‘da vertente online e multimédia da campanha’ de Obama. Não deve ser barata, mas o PS deve achar que vale a pena.

De acordo, a publicidade é importante. Mesmo muito importante. Um candidato pode ter as melhores intenções, um programa de governo excelente, ideias fabulosas e concretizáveis, mas se tudo isso não chegar aos ouvidos e olhos do eleitorado, nunca vai receber nenhum voto nem poderá concretizar aquilo que até seria bom para a maioria das pessoas… Sei muito bem que essa parte do «passar a mensagem» de um modo eficiente, é importantíssimo. A chave do sucesso.
Contudo fica-se a pensar.
Há uns anos ficou célebre a frase «um bom publicitário pode vender tudo, de um sabonete a um presidente», e fosse ou não verdade (e claro que é!) a frase é importante porque nivela o dito presumível presidente ao sabonete. São valores diferentes? E depois? Interessa o resultado.

Ora o resultado é que «quem tem unhas é que toca guitarra» (hoje estou virada para as expressões populares!...) ou seja quem tem mais força, mais poder, mais dinheiro, vai obter melhores resultados, e tudo isto é um circulo vicioso que se perpetua. Já se sabe que com bons resultados eleitorais vai obter...mais força, mais poder, mais dinheiro!
Evidentemente que pode acontecer que quem tenha isso tudo (o dinheiro, a força, o poder) seja também quem melhor serve para gerir os nossos destinos. Talvez. Mas não posso deixar de sentir que algo está errado, que o jogo está ‘viciado’ à partida.
No caso português, os famosos partidos do Bloco Central serão sempre vencedores. E até podem ter, e têm muitas vezes, a 'coragem' de afirmar de forma trocista que os partidos mais pequenos - ou qualquer força fora da sua esfera de influência – podem falar de alto porque como jamais chegarão ao poder, nunca vão ser desafiados a provar se são ou não capazes de manter aquilo que propõem.

É uma falácia? Não sei. Mentira é capaz de não ser, mas é verdadeiramente um círculo vicioso.
E, sejamos realistas, Sócrates não é Obama!




18 comentários:

Joaninha disse...

Se não estou em erro essa famosa frase foi dita na campanha do Collor de Melo, lá no Brasil.
E ficou!
Como aqui chamas a atenção esta conversa é de facto uma pescadinha de rabo na boca - aparentemente quando mais poder se tem mais se consegue alcançar. Mas como se quebra o ciclo infernal?!
As tais «organizações de base» digamos assim, não conseguem fazer-se ouvir neste contexto. e o que me parece é que as pessoas cada vez se afastam mais «da política» mesmo que isso seja oferecer a vitória a quem não se gosta.
Mas vamos encolhendo o ombros...

sem-nick disse...

Olha que quando li o título. ontem, também pensei, de mim para mim, que equipe é que o gajo ia contratar?... Não os conheço, mas para serem secretários-de-estado de um país daqueles,têm de ser melhores ou mais competentes que alguns dos nossos ministros, imagino eu.

Bom, claro que quanto à publicidade (ou propaganda?) estamos conversados. Tal como aqui dizes é impossível passar sem ela, mas...
Sabemos que é uma arma de gume aguçado. Sem «mentir» consegue-se apresentar os factos de um modo que os mesmos factos transmitem sensações opostas sejam apresentados de uma forma ou de outra. E não se pode dizer que não seja verdade...

Anónimo disse...

No título deixas logo uma sugestão. Há o dever de «informar» e aí os eleitores já tem acesso aos tais programas, ideias, projectos, etc. Depois há também a «publicidade» e isso é outra vertente. O que os partidos vão dizer é que para a «informação» -segundo a sua perspectiva - chegar ao eleitor têm de recorrer ao sistema publicitário. A verdade é que se chama «campanha eleitoral» e toda a gente associa a ideia de campanha a publicidade. Não sei se estarei enganado.

raphael disse...

E então não é?
Posso ser cínico, mas é mesmo. As forças pequenas, sejam partidos, sejam movimentos, seja o que for, podem sempre criticar os outros e fazer propostas fabulosas porque não vão ser chamados a contas, não chegam lá.
O CDS quando governou juntamente com o PPD lá meteu os pés pelas mãos, e acabou por fazer e desfazer tudo o que tinha dito.

kika disse...

Por acaso, nunca tive essa dúvida quando li acerca da contratação da equipa de Obama.Bem , mas sou esperta, espertíssima...ihihih!!!
Publicidade, em mim tem um efeito contrário. A minha ideia acerca dum produto forma-se quando nos é apresentado e a partir daí quanto mais publicitado for , mais cresce em mim a vontade de nunca o adquirir.
Digo logo , não presta senão vendia-se por si só.
A partir deste pressuposto, aplico o principio a quase tudo na vida...

raphael disse...

....não me batam!

raphael disse...

Olha! entrou o comentário da Kika quase ao mesmo tempo da minha «gracinha».
Eu também entendi que o contracto seria desse tipo, acho que o sem-nick está a gozar. Assim um 'supônhamos', né?...

fj disse...

Batata não deve ser, mas barata ainda menos.Gracinha ou erro?
Em portugal julgo que não se vende assim uma campanha eleitoral. O frenesim pré eleitoral esquece(?)que as pessoas e as organizações políticas são julgadas pelo seu passado, pelo menos próximo não á mercê,de umas semanas de publicidade.Até estou a ver bem Que partido vai perder muitos votos por ter entrado neste esquema, podendo ter feito um "brilharete".

josé palmeiro disse...

A imagem final, não me sugere o circulo vicioso, mas sim, reciclagem, processo que também não daria resultado, visto que Sócrates é impossível reciclar.
Depois gastar dinheiro assim para se comparar ao Obama, acho uma perca de tempo, ainda se fosse ao Michael Jackson!!!

cereja disse...

Ai, FJ, era erro, era! E ninguém notou, ou pelo menos ninguém o disse!!!!!
Estas coisas dos correctores ortográficos, são formidáveis mas muitas vezes corrigem um erro qualquer pela palavras mais aproximada. E quem lê muitas vezes «vê» aquilo que faz o sentido e não o que lá está!
Já corrigi!

(para quem venha depois eu tinha escrito que esta campanha não devia ser batata!! Lá isso...

cereja disse...

Tens razão Zé Palmeiro, andei à procura de círculos viciosos e não gostei de nenhum dos que vi. Depois fui ver as setas e esta deu-me a ideia do andar em círculos. Contudo a imagem pode ser de reciclagem, oq ue no caso não colhe. Como dizes, não há reciclagem possível!

fj disse...

Mas o presidente não cheira bem como o sabonete e não faz bem à pele.
Eu comprava mais depressa o sabonete! Há para aí uns muito cheirosos.

shark disse...

Olha, eu sei é que era incapaz de lavar o sovaco com perfume de cavaco...

fj disse...

Peço muitas desculpas,mas como sou tão gozado pelos erros que faço, não resisti

cereja disse...

Valha-me Deus, perfume de cavaco é sinistro. Difícil imaginar semelhante pesadelo!

FJ, claro que sim. devias ter chegado cá mais cedo para eu não fazer tristes figuras!!!
:)

saltapocinhas disse...

O meu voto não leva, nem que contratasse o Obama em pessoa a fazer campanha por ele!!

cereja disse...

Saltapocinhas, mesmo sem o teu (e o meu) voto, ele anda a sonhar com outra maioria absoluta.
Eu já aceito tudo, que isto do voto é imprevisível, mas custa-me muito creditar que a obtenha. Já deu para ver o que ele faz com maiorias absolutas!... E da primeira vez vinha-se um um péssimo governo de que se queria fugir. Neste momento deu para ver que são duas faces de uma moeda.

Alex disse...

O Socrates não é o Obama... nem em sequela série B passado em sessões contínuas
Mas deixa lá, ouvi dizer - não sei...- que a Manuela Ferreira Leite contratou a equipe de propaganda da Golda Meir e os treinadores de debate político da Mossad