As generalizações são imprudentes
De vez em quando somos abalados por notícias que vêm na comunicação social, de que todos falam e, infelizmente, servem para generalizar – coisa que somos peritos em fazer, mesmo sabendo os erros que a generalização implica.
É interessante que para mim, apesar de também chocada pela linguagem grosseira com que a senhora se referiu a pormenores da relação sexual (talvez por educação raramente digo palavrões e choca-me um pouco ouvi-los sobretudo se não for em desabafo) o que mais me indignou foram frases de ameaça do tipo «É que quem faz os testes sou eu!» seguido por «olhem bem para a minha cara: quem corrige os testes sou eu!» concluindo «tu nem sabes no que te meteste; sabes porquê? porque é comigo que vais ter de te haver [...] tu agora tens a ficha feita». E também me arrepiou ouvir gritar «a mãe daquela senhora é uma mal-educada sem nível nenhum!» e depois «que escolaridade tem a sua mãe? [...] a sua mãe para ter tantos estudos como eu devia estudar mais 10 anos! [...] ao pé de mim está um metro e setenta lá em baixo»
Tudo isto aos gritos. Não sei que doença mental terá a criatura, decerto não é normal.
Mas é lamentável, muito, muito lamentável, que se recorresse à comunicação social mas, provavelmente, pelos canais hierárquicos normais entre burocracia, inquéritos, processo disciplinar, inquirição de testemunhas, análise dos factos, reuniões várias, a coisa ia-se arrastando meses e meses até a senhora ser finalmente afastada e encaminhada para a consulta de saúde mental mais próxima.
Uma das coisas que mais me impressiona, e que é vulgar hoje, é a ameaça quando algo é muito censurável e a ‘vítima’ se sente prejudicada, em vez de ameaçar «chamo a polícia», ou «levo-vos a Tribunal» ou «vou referir isto às autoridades», o que sai da boca, e é eficiente como ameaça, é «olhem que vou à televisão!». A televisão é o pelourinho. E ainda por cima é rápida, super-rápida até se cheira a escândalo. Claro que a ética jornalística obriga a que se oiça as duas partes, mas não é difícil valorizar mais o que uma das partes diz...
Nos últimos dias ficámos estarrecidos com a gravação de uma aula de uma professora, que diz coisas (‘grita’ coisas!) que custa acreditar terem sido proferidas por alguém com normal saúde mental – que essa senhora obviamente não têm. Associei quase irresistivelmente à outra cena triste do «dá-me já o telemóvel» onde a protagonista era uma aluna adolescente, filme que até no youtube andou. Para mim têm de ser casos excepcionais, quer um quer outro, mesmo que indiscutivelmente verdadeiros. Existem decerto bastantes alunos completamente indisciplinados e professores cuja avaliação de carácter nunca permitiria que exercessem a profissão. O complicado quando estas coisas aparecem em destaque na comunicação social é que de imediato se faz o clic para a generalização, do tipo «eles são assim». E não gosto disso.É interessante que para mim, apesar de também chocada pela linguagem grosseira com que a senhora se referiu a pormenores da relação sexual (talvez por educação raramente digo palavrões e choca-me um pouco ouvi-los sobretudo se não for em desabafo) o que mais me indignou foram frases de ameaça do tipo «É que quem faz os testes sou eu!» seguido por «olhem bem para a minha cara: quem corrige os testes sou eu!» concluindo «tu nem sabes no que te meteste; sabes porquê? porque é comigo que vais ter de te haver [...] tu agora tens a ficha feita». E também me arrepiou ouvir gritar «a mãe daquela senhora é uma mal-educada sem nível nenhum!» e depois «que escolaridade tem a sua mãe? [...] a sua mãe para ter tantos estudos como eu devia estudar mais 10 anos! [...] ao pé de mim está um metro e setenta lá em baixo»
Tudo isto aos gritos. Não sei que doença mental terá a criatura, decerto não é normal.
Mas é lamentável, muito, muito lamentável, que se recorresse à comunicação social mas, provavelmente, pelos canais hierárquicos normais entre burocracia, inquéritos, processo disciplinar, inquirição de testemunhas, análise dos factos, reuniões várias, a coisa ia-se arrastando meses e meses até a senhora ser finalmente afastada e encaminhada para a consulta de saúde mental mais próxima.
(Doente mental?)
11 comentários:
É uma história incrível!
Realmente todos falam nosso, e vejo professores a defenderem a colega, quando deveriam era ter pena dela.
Por piores que os alunos sejam aquele histerismo é inaceitável!
Mas a contrapartida é a tal generalização.
E o exagero.
Quando falei no «exagero» queria dizer ao que cada um «ouviu» e depois relata. A tua imagem lá de cima é muito sugestiva - tal e qual!
«Quem conta um conto acrescenta um ponto»!
Uma tarada qualquer!!! Aparecem em todas as profissoes, mas quando se trata de educar e formar pessoas, esta gente devia ser sujeito a testes psicológicos e psicotécnicos antes de entrarem no mundo da educação. É a base de tudo na sociedade e anda tão mal tratada!!! Sinto-me triste com tudo isto..
Vou plo diagnóstico da imagem. Mas tambem me intriga a clareza da gravação, feita , em principio, dentro da mochila.
Tens aqui dois em um, como o champô. :)
Por um lado a história da doida da professora, que não tem desculpa os defensores que me perdoem - a gaja é doida e mais nada. Era mau em qualquer profissão mas nessa ainda pior.
Depois a força da comunicação social, coisa também séria. A verdade é que criaram um facto político nestes dois casos, graves sem dúvida, mas que se resolviam pelas vias oficiais. Este barulho todo não ajuda nada!
Esta é uma história complicada, mas a verdade é que indesmentível, por causa da gravação.
Com toda a franqueza estou-me nas tintas para se a prova pode ou não ser apresentada em tribunal ou lá o que ´! Quero lá saber!
Mal comparado é como certas histórias que vejo na tv onde no tribunal está tudo provadíssimo, todos sabem que o culpado o é, ele às vezes nem o desmente, mas como as provas obtidas não reúnem os requisitos disto e daquilo, eles safam-se mesmo quando todos têm a certeza da culpa!!!!
Aqui, será verdade que a aluna não devia ter gravado, isso era proibido, mas sem essa prova ninguém ia acreditar num disparate daqueles. Porque num erro médico por exemplo, pode existir uma contra-prova (nem que seja a autópsia, mas numa queixa de alunos como se sabe se estão a mentir ou não?....
Claro que o uso dos media destas histórias pode ser questionável. E é. Mas está na linha do todo o sensacionalismo que é característica da nossa informação, mesmo a que não é exactamente tabloide.
Generalizar é hábito recorrente de quem, por defeito ou feitio, não se dá ao trabalho de ponderar o que ouve e o que conclui e isso é imprudência de facto.
Agora neste momento o que ouvi sobre a notícia foi que, a sra. professora está suspensa preventivamente, a nível jurídico a gravação não tem valor de prova, a aluna poderá vir a ser punida, pelo uso ilegal de gravador na sala de aula e que não fora o registo não teria sido possível tomar conhecimento do sucedido.
Agora digo eu,se assim foi, como se diz, a professora foi muito imprudente e o caso perverso!!!
Não tenho seguido muito bem as coisas. Aliás era impossível, como todos nós só sabemos o que diz a comunicação social.
Como foi gravado, tal como disse uma das coisas de que não gostei nada, foi as ameaças da professora - com a sugestão de que podiam ser prejudicados nas notas quando se estivesse zangada havia decerto outras formas - e até do tom de voz que usou.
Mas vamos ver como isto acaba.
Acredito que 'juridicamente' aquilo não sirva de prova, mas vamos ver o que era uma "prova"?
Tudo o que eu pudesse agora aqui dizer, já foi dito. Só acrescento que este triste episódio, só reflecte o estado em que as coisas estão e, é tudo muito triste, de todas as partes, o que não quer dizer que se deva generalizar, mas sim entender que estas coisas são possíveis de acontecer.
Olha o meu fiel amigo Zé!!!!
Pensei que desta vez te «marcava falta» aqui no Pópulo. Nem me recordo de passares por aqui tão tarde!!!!!
Tens razão, o sentimento que é mais forte é de tristeza de estas coisas serem possíveis. E, sem generalizar porque eu TENHO A ABSOLUTA CERTEZA de que existem magníficos professores (eu era filha de dois) e mais ainda a maioria nunca s reveria nesta cena aqui gravada, mas é importante também pensar que podem existir outras e outros com atitudes parecidas. Talvez a publicidade dada a esta história os faça controlar.
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