sexta-feira, abril 03, 2009

Charles Alcott Dickens

Quando são «coisas que se dizem» temos a velha expressão de palavras leva-as o vento ou seja, disse-se está dito mas passou. Claro que quando é escrito é um pouco pior...
Mas existe uma situação que está a meio caminho – é ‘dito’ mas fica gravado e como é repetido várias vezes, até chama muito a atenção.
Sabemos bem que os nossos repórteres ou jornalistas se enganam. Normal. São humanos, e erram como toda a gente. Por outro lado, como estão debaixo das luzes da ribalta os seus erros são mais visíveis. Hoje, como até os telejornais se podem voltar a ver nos sites dos respectivos canais, um disparate que se diz fica ali sem poder ser desmentido.
Mas vem isto a propósito de um pequeno anúncio, ‘interno’, de um canal a propagandear o filme que vão exibir no domingo. O filme em questão «As Mulherzinhas» foi noticiado como sendo uma película baseada na célebre obra de Charles Dickens. Quando ouvi, a primeira vez, troquei um olhar com quem estava na sala comigo e perguntei «O que é que ele disse?!». Achei que devia estar distraída e tinha ouvido o início de uma coisa e o final de outra, o anúncio se calhar tinha começado com as Mulherzinhas e acabado com o Oliver Twist, ou coisa assim.
Mas não. Estes anúncios da própria estação são repetidos várias vezes e lá voltou ... « as Mulherzinhas, baseado no famoso romance de Charles Dickens» e isto dito numa voz profunda e bem colocada que não deixava dúvidas.
Eu li «As Mulhezinhas» ainda nem tinha 10 anos. Emocionou-me, lacrimejei, ri, vibrei com a vida daquelas 4 irmãs adolescentes. Reli-o depois, mais crescida, e vibrei muito menos, mas de qualquer forma para a época foi um bom romance para adolescentes. Escrito num estilo próprio por Louise May Alcott. Por essa altura também li vários dos romances de Dickens, também com um estilo pessoalíssimo. E inconfundível.
A troca de um autor por outro, só é possível por quem não conhece bem nenhum deles!
Bom, ao fim de dois dias, reparei que esse anúncio foi modificado. Como era a frase final, foi cortada e nem se nota.
Aliás depois de Domingo passa o filme e o anúncio desaparece.


9 comentários:

Anónimo disse...

Também ouvi.
Foi num canal da Cabo e tive a mesma reacção que tu: «devo ter ouvido mal»...
O estranho é que essas coisas são com certeza passadas por diversas revisões antes de passarem «ao ar». Anda tudo distraído?...
De qualquer modo, ou receberam um telefonema de alguém a chamar a atenção ou mesmo eles deram conta do disparate.

AB disse...

Tenho ouvido cada uma...AB

Joaninha disse...

Atão?

Há assim uma ideia de que eram escritores que foram contemporâneos um do outro (foi, não foi?) e até escreveram sobre adolescentes...
Tá bem.
Há coisas mais estranhas, olha lá.

kika disse...

Acho gaffes a mais as que se passam nos nossos orgãos de comunicação social Só aceito quando se trata de directos, com a pressão etc vá lá.. perdoa-se. Agora casos assim vêm provar o já por demais debatido, mas fico-me por aqui !!!

fj disse...

A Kika está cheia de razão!!!
Uma coisa é um engano (a tal coisa de que errar é humano, etc, etc) Quem o não tem? E mesmo aí, há «enganos» mais «enganos» do que outros...
Mas está a ler-se uma notícia, por exemplo, e até se corrige logo a seguir, muitas vezes.
Contudo isto era um anúncio. Eu TAMBÉM ouvi. E muita gente, com certeza.
É evidente que o que se passa é que hoje em dia esse título é associado ao filme e não ao romance. Se forem fazer uma busca ao Google, só encontram referências ao filme!!! A pobre da Louise May Alcott já «era» como hoje se diz, passou há história, como se dizia no meu tempo...
O Dickens apesar de tudo, ainda ...«é», não é dos que já «eram». Portanto a fazer-se uma referência erudita saiu Dickens!

josé palmeiro disse...

Eu, não quero ser maldizente.
Junto-me à AB e à Joaninha, de quem já tinha saudades e que já nos segue, pois nada mais há a dizer dessa ignorãncia estrutural.

Anónimo disse...

Pois, nem sei o que dizer: tantas vezes ao longo dos anos ouvi esta 'versão' que até eu pensei que fosse verdade...

Anónimo disse...

Caramba, santa ignorância... aqui o anónimo é o Miguel A. Detesto 'aninimices'...

cereja disse...

Olá Miguel A.
Nem sabia que também passavas por aqui.. Afinal há uma «comunidade com-destino» que partilha muita coisa...
Esta coisa de sair «anónimo» ás vezes irrita, até porque perdemos completamente a individualidade. Um 'anónimo é igual outro anónimo que pode dizer exactamente o contrário... Por isso os nicks que sendo também 'anónimos' nos distinguem.
Mas se quiseres deixar um nome mesmo sem sendo blogger, escreve o que desejas que se veja onde diz «nome/URL» e não ligues ao URL. Entra na mesma, só que a preto.