terça-feira, fevereiro 17, 2009

Palavras em desuso

Eu tenho um costume, que pode parecer pateta, mas tem a sua razão de ser.
Quando passo algum tempo em qualquer país que não seja o meu, e vou lá a um mercado (ou supermercado), depois guardo o saco desse local como uma espécie de recordação. E quando cá chego e de vez em quando preciso de transportar alguma coisa, vou usando esse banalíssimo saco mas com os ‘dizeres’ em francês, ou dinamarquês, ou italiano, ou...., porque me faz relembrar a viagem. Claro que às tantas a coisa rompe-se mesmo e vai para o lixo, é claro. Não digo que faço colecção, é apenas uma espécie de brincadeira pessoal.

Por vezes, uso-os para guardar alguma coisa dentro de um deles e portanto podem passar-se anos e o dito saco de plástico cá permanece.

Ora ontem fui a um armário que uso pouco e re-encontrei um velho saco que ainda trouxe de Macau. Em muito bom estado que o plástico era resistente. E, relembrei que por lá muitas e muitas lojas usavam a palavra portuguesa «Quinquilharia».
A primeira vez que reparei fiquei um pouco parva. Quinquilharia?!

O dicionário diz que quinquilharias são «brinquedos de crianças; bagatelas; miudezas». E, não sei bem porquê, mas associa-se ao termo um certo tom um pouco desdenhoso. «Isso são quinquilharias!...» é uma frase que não enaltece nada o produto em questão.
Que se escrevesse no frontão das lojas, orgulhosamente, que vendiam quinquilharia, era coisa de estranhar!

Mas era assim mesmo. E aqui está a prova do que digo:



9 comentários:

fj disse...

Que giro!
E a foto, desta vez foi acabadinha de tirar, estamos a ver. Se a ampliarmos ainda se vê a tua bancada da cozinha com o cesto da fruta e tudo..
Ehehehe!!
Essa das quinquilharias é fenomenal! Nunca me lembraria de chamar isso a um comércio.
:)

Anónimo disse...

Tal e qual. Por um lado cada vez se usa menos, e por outro o termo invoca uma coisa sem qualquer valor. Na minha cabeça, é claro. Uma loja que venda quinquilharias é estranhíssimo para os nossos ouvidos. E não queria dizer «ferro velho»?

cereja disse...

Ná, Mary! Não eram os nossos «ferro velhos», isso lá chamavam «tim-tins». Quinquilharias eram lojas onde se comprava tudo (menos roupas, talvez).

Anónimo disse...

Oooh!
Tem piada encontrar a Emiéle por aqui a responder tão cedo.
E ainda bem que esclareces isto porque vinha com a mesma ideia da Mary, que fosse uma espécie de ferro-velho.
Mas olha que o saco até tem um visual bem jeitoso!!!
Não se percebe nada, é claro, mas era de esperar. Há ali uma Rua das Estalagens ou lá o que é....

Anónimo disse...

Hà aí outra palavra em desuso que não tendo saco qq. dia tem um fim desapropriado.Chama-se vinil.Diz-te alguma coisa?AB

josé palmeiro disse...

Este é um caso de: "Quem guarda, acha!"
Também podem ser: Artefactos ou obras de pequena importância, ninharias...
Outra que também vai estando em desuso, para além do vinil, que me parece renascer com o advento dos DJ, é "cutelaria".
Há que não esquecer e que as usar com a propósito, assim por exemplo; "O nosso governo, mais parece uma "quinquilharia"!

cereja disse...

....quantos aos 'vinis' já falei com ele. Até tenho de ver se o apanho por outra coisa bastante importante, mas o puto é escorregadio...!
De resto lá chamam-se «tim-tins» e não tem a ver com o Hergé, é porque eles andam pelas ruas a bater num gongo ou com uma campainha a comprar ou vender as antiguidades. Contudo também têm lojas como se calcula e são genericamente chamados de Timtins.
King, o saco é jeitoso e resistente, falo a sério. O plástico é muito forte, neste caso, mas claro que também havia sacos de supermercado muito fraquitos.

Anónimo disse...

Olha que giro! O que nos fartámos de rir, em Macau, com o que líamos em toda a parte. Desde lojas, a painéis publicitários, foi um fartote...

cereja disse...

Eu tenho uma ideia de que já uma vez deixei aqui uma colecção de fotos de letreiros divertidíssimos.
Mas devem estar tão «lá para baixo» que se calhar vou repetir ao dose...
É que nalguns casos o que sai 'traduzido' em Português é hilariante!!!!