Musicais

Como se pode reparar pela escolha da música de hoje e os «acrescentos» que lhe deixei, esta semana fui ver o «Cabaret» ao Maria Matos.
Tinha já ouvido e lido um pouco de tudo, opiniões das mais diversas, mas a amiga com quem fui tinha recentemente ouvido diversas pessoas que elogiaram o espectáculo e decidimos ir com base nisso.
Por mim, valeu muito a pena ter ido assistir. É complicado porque tem-se na cabeça o filme, e Bob Fosse e Liza Minelli eram referências difíceis de apagar. Mas, não é justo comparar-se um filme com um espectáculo ao vivo, este tem sempre um calor especial diferente.
E, na nossa opinião, na minha e da minha amiga que até é exigente nestas coisas, o resultado foi muito bom, e só ficámos com pena de não se poder ir uma segunda vez com a Ana Lúcia Palminha na protagonista, para podermos comprar com a interpretação da Sara Campina que foi a que vimos.
De uma forma geral os actores estavam muito bem escolhidos, a Isabel Ruth não surpreende vê-la muito bem como actriz mas sim aguentar-se a cantar (a cena em que aceita o fim do noivado dado a realidade que a rodeia fez lembrar Brecht) e Henrique Feist, num excelente “mestre-de-cerimónias”, figura chave desta peça, muitíssimo bem.
À saída ouvimos uma ou outra pessoa um tanto surpreendida, dizer que pensava que ia ver outra coisa. A verdade é que quando se pensa em «musical» associamos a histórias mais leves, «Um americano em Paris», «My fair lady», «Música no Coração», ou até o «Serenata à Chuva» que Diogo Infante cita no programa. E esta é uma história ‘dura’ – Berlim dos anos 30, a ascensão do nazismo, a passagem da enorme liberdade vivida na República de Weimar à camisa de forças que os nazis vestiram àquela sociedade. A imagem final da entrada para a câmara de gás, é a que fica e nos faz sair com a boca amarga.
Ou seja, musicais é um género onde cabe muita coisa. Não é por ser cantado que se conclui que é “leve”, neste caso foi bem pesado!