domingo, fevereiro 22, 2009

As duas últimas 'verdades'

Ora muito bem, a minha ‘verdade’ número 4, é uma história complicada.
Aqui há uns anos, ia atrasada para uma reunião e como o elevador do meu serviço estava ocupado, decidi que ir pelas escadas era mais rápido. E lancei-me escadas abaixo, quase a correr. Falha-me um degrau, e rebolo pela escada de pedra, agarrada a uma pilha de dossiers... No patamar havia uma grande janela e numa fracção de segundos pensei «vou bater na janela e esmigalho-me lá em baixo na rua» de modo que ainda em queda fiz uma finta e fui bater com a cabeça num pilar.
Bom, o episódio seguinte foi na urgência de S. José onde fiquei em observação por ter desmaiado e vomitado. Com a cabeça cosida e muitas recomendações, lá me deram alta 24 horas depois. Era suposto ficar em repouso absoluto, com a recomendação do neurologista de aguardar pelo TAC (foi há tantos anos que não havia tantos exames como há hoje)
Mas, eu tinha marcado para o dia seguinte uma palestra que iria ocupar toda a manhã de um seminário, e se eu faltasse não havia substituição possível! Portanto levantei-me, arranjei-me, peguei nos meus papeis e lá fui. Usei um chapéu de feltro para tapar a ligadura, e lá fiz o meu discurso Quando finalmente fiz o TAC a hemorragia interna era de susto, e a partir daí é que fiquei quase um mês sem me mexer...
A história nº 6 também é verdadeira e até foram duas:
a) Era uma terra perto de Lisboa mas que eu conhecia mal. Ruas esquisitas e estreitas, às tantas fui dar a uma que me parecia que se a descesse iria dar à Marginal que era o que queria. Levei muito tempo a desce-la porque era comprida, mas a meio estranhei só ver carros a subir, e a rua tão estreita. Bom... No finzinho da descida estava uma bela esquadra da Polícia, onde um agente, de mãos na cintura me olhava com ar de censura. Parei e perguntei se ia bem. - «Ó minha senhora!!!! Vem em sentido proibido!» «O quê??? Nããão?!» Bem, depois de alguma conversa, expliquei que não tinha visto nenhum sinal o tipo encolheu os ombros e concedeu «Vá lá! Já agora então siga até lá abaixo...» e lá me safei.
b) De outra vez, era uma estrada onde eu virava sempre à esquerda naquele local. Era de noite e os carros nunca mais me deixavam passar. Esperei, esperei, esperei. Quando vi que era seguro, fiz a curva e segui. Uns segundos depois oiço uma sirene e um motociclista da policia a mandar parar. Não entendia nada. Tinha passado com tanta cautela! Mas afinal desde a semana passada que existia ali um sinal a proibir virar à esquerda, e com o escuro eu não tinha visto. Apanhei com um grande sermão, mas no fim deu-me uma palmadinha no ombro, disse para não ficar nervosa e fosse em paz!
Tenho sorte, não tenho?...

10 comentários:

Anónimo disse...

Eheheh!!!
Imagino que devas ter imensas histórias destas para contar.
Pelo menos a AB dá a entender isso...

Estas são impressionantes. Uma sujeita, apanha um trambolhão desses, pelo que dizes aqui com um grande derrame interno e tudo, que implicou um mês de sossego absoluto, e no dia seguinte vai toda despachada fazer uma palestra... é de ficar com a boca aberta!
Imagino que deves ter ouvido das boas, lá do teu medico!!!
Quanto aos polícias, deves ter um encanto especial. Não direi que és tu pelas fardas, mas as fardas por ti.. lol!!! Essa da palmadinha e «não fique muito nervosa» é o máximo!!

Anónimo disse...

A Emiele é um género que não consta do cardápio.Tudo o que já se ouviu e parece inverosimil é verdade.Às vezes irritantemente verdade.A gente não sabe se há-de rir ou chorar.Mas a dos policias então irrita-me particularmente.Comigo a discussão tem sempre contornos de "vais presa não tarda nada"e em resposta "atreva-se lá".Ná, há ali coisa.AB

Anónimo disse...

Mas olha que uma palestra de chapéu e ligaduras é coisa ...estranha no minimo-assim a modos que a "mulher invisivel"-a botar faladura.AB

Anónimo disse...

Ihihihihih!
Eu sou mais tipo AB, mas há quem me diga que isto é um problema que eu tenho com a «autoridade». (estou aqui a falar dos polícias) Se calhar a Emiéle lida bem com a tal autoridade. Como era o teu pai, Emiéle?

Ir falar para uma assembleia depois de uma coisa dessas, nem morta! Quero dizer, talvez morta eu fosse :)
Não aprecio especialmente falar em público, e com uma desculpa dessas, queria lá saber se havia substituição ou não!

Anónimo disse...

Eu cá não punha era chapéu nenhum!
Ostentava o mais visivelmente possível a minha situação de 'inválida' - se a coisa corresse mal, tinha a justicicação à vista de todos.
Mas, brincadeira à parte, mulher valente. Palmas, Emiéle!

Quanto aos chuis do trânsito, admiro-te. Mesmo estando em infracção não sou nada contemporizadora. sou mais do tipo «passe lá a multa e ponha-se a andar!»

Anónimo disse...

Está muito bem contado, porque o pormenor de uma pessoa a cair e a «agarrar-se aos dossiers» é completamente realista! é tal e qual. Em vez de se largar o que se tem na mão, a maioria de nós, parvamente, agarra ainda mais!
Mas foi preciso muita coragem, digo eu!

Olha, já agora podias contar mais umas dessas...
Sempre eram uns postszitos e a gente ia sabendo umas coisas dessas que 'parecem inverosímeis'.

fj disse...

Ai valha-me Deus! Diz-se que ao menino e ao borracho, mas devemos acrescentar ....«e à Emiéle». Só com a mão de Deus por baixo! então em vez de ficar em imobilidade numa cama (e devia ser de hospital, cá para mim! eles tinham era poucas camas, se calhar!) vai laurear a pluma para uma sala de conferências...?! Eu quando li nas verdades e mentiras, pensei numa coisa mais levezinha, uma fractura com muito menos importância!
:)
Os polícias, também penso que engraçam contigo. Diz como é que bem preciso!

josé palmeiro disse...

Estou no mesmo comprimento de onda da AB, quer quanto à queda, quer quanto aos polícias, pois, com esses, seria impossível o diálogo, mas isto é um trauma de pequenino.

Anónimo disse...

Mas Zorro, tens a desculpa de no tal post teres sido o primeiro a comentar e talvez não tivesses lido com muita atenção. mas como é que podia ser 'um coisa mais levezinha' quando ela diz lá «traumatismo craniano, [...] e quando fiz o TAC confirmou-se um grande derrame interno»
Tinha de ser grave.
Tão grave que imaginei que que não teria sido exactamente assim. Afinal até foi!
Livra. Tem sete vidas como os gatos.

cereja disse...

:)
Isto sou eu aqui a justificar-me por ter escolhido esta nº 4 como uma das mentiras...
Pareceu-me impossível, sou franca.