terça-feira, janeiro 06, 2009

Tinha 14 anos

Um carro roubado.
(Ou ‘supostamente furtado’ como diz cautelosamente a notícia)
A polícia identifica a matrícula e vai em sua perseguição.

Até aqui, normal, e de aplaudir. A polícia existe para identificar produtos roubados e deter os autores dos ditos roubos.
Não se sabe muito bem como foi essa perseguição mas o carro parou.
Com certeza que parou porque ...«Os três suspeitos saíram do carro» o que só pode ter acontecido com o carro já parado a pronto para ser recuperado e entregue ao seu dono.
Ora com os ladrões a pé e já cercados, [....]
«como reacção a um eventual disparo, um dos agentes da PSP puxou da sua arma de serviço e atingiu o jovem na cabeça»
Este ladrão de carros tinha 14 anos.
Morre com um tiro na cabeça.


Que preparação recebe a nossa polícia?!



14 comentários:

Anónimo disse...

Emiéle parece que não é bem assim,
o miudo de 14 anos apontou uma pistola de calibre 6 qualquer coisa e já estava referenciado como pertencente a um gang que praticava assaltos na Amadora.. Os adolescentes ,como a lei os proteje~ o que é natural devem ser usados por criminosos para cometer estes delitos, porque apontar uma arma á policia parece-me forte demais , isto foi o que eu ouvi e se é verdade muito mal vai a nossa sociedade

cereja disse...

Kika, por isso eu perguntei «que preparação recebe a nossa polícia».
Dar um tiro na cabeça é para matar.
Se cada polícia matasse quem lhe aponta uma arma a civilização seria bem diferente. Além de que não é uma 'bala perdida', eles estavam próximos, tão próximos que não se entende que, a ter de disparar, o não fizesse para a mão que empunhava a pistola.

O miúdo até podia pertencer a um gang, mas os ladrões prendem-se não se matam. Nem nos países que ainda têm pena de morte!

Anónimo disse...

Eu entendo a perspectiva da Kika, que não está sozinha nessa avaliação. Há muita gente a pensar como ela, basta leres os comentários que apareceram nos jornais. Um dos erros está em que os criminosos são presos mas não só são libertados depressa como o tempo de prisão não serve de reeducação, pelo contrário aprendem outras técnicas de roubo!
Eu fiquei chocado. foi bem pior do que na Grécia, e lá foi o que foi. Se o que dizes e os jornais não desmentem, os rapazes já tinham abandonado o carro, e o risco era de fugirem. Claro que não se deve deixar um ladrão fugir, mas daí a matá-lo vai um passo de gigante. O chui devia estar histérico e assustadíssimo.

Anónimo disse...

Esta história vai fazer correr muita tinta é evidente.
Ouvir só um lado é um erro, e o dito agente (que ia à paisana pelo que entendi) deve realmente ter tido um medo desgraçado para cometer um erro daqueles. Também é certo que hoje um miúdo de 14 anos pode parecer um adulto e portanto ser tratado como tal; ali devem ter pensado que se fosse preso apanhava uma pena diferente...dá muito a ideia de que foi duplamente 'usado'!
O que não impede que um elemento que tem nas mãos o poder legítimo de usar uma arma, a dispare de tal modo que atinge a cabeça de uma pessoa. Mais grave não pode ser!

josé palmeiro disse...

Já ontem, no Troll, respondi a este apelo.
É uma monstruosidade e o problema está no treino que as nossas polícias recebem. Há-os muito bem preparados, quer técnica quer psicologicamente, mas à maioria, esse treino, não é ministrado, até porque dispendioso.
Ontem disse que não consigo comentar semelhantes situações, porque abjectas e aconselhei a que se introduzisse na formação dos polícias, leituras várias e devidamente selecçionadas, dando o exemploda "Espiral da Violência", um pequeno opúsculo da autoria de D. Helder Câmara, ajudava certamente a entender melhor os problemas que se lhes deparam.

Anónimo disse...

Hoje o Público dá uma versão ampliada da história, mas...
Afirma o agente que foi «após esgotadas as advertências e avisos necessários à extinção do perigo iminente» que disparou. Numa história destas só com uma câmara de gravar a coisa se confirmava, trata-se da palavra dele e dos colegas, não é? E mais uma vez penso como aqui outros disseram: não havia no corpo dele outro local para disparar?! Tinha de ser na cabeça?

O Palmeiro tem toda a razão - o responder-se à violência com mais violência gera uma espiral infernal!...

Anónimo disse...

Tá tudo mal de uma ponta à outra!!!!
A Polícia anda mal armada, mal preparada, não tem treinos como deve ser (não pode andar a gastar balas que são caras...) o subsídio de riso que tem é pequeno, é tudo uma treta.
Os gatunos organizam-se em gangs, intimidam toda a gente, e são naturalmente fruto de toda uma época e sociedade que na tal espiral de que se falou, os faz crescer.
Depois os Tribunais são uma treta. Levam séculos a fazer os julgamentos, as penas são desadequadas.
E as cadeias sabe-se o que é: escolas que ensinam a ser um melhor delinquente. É certo que o falar-se em «trabalho forçado» tem um sabor medieval, mas se os presos que estão nas cadeias estivessem a fazer um trabalho socialmente útil seria bem melhor.
Tudo isto são equívocos a seguir a equívocos!!!!

Anónimo disse...

Eu pago impostos para ter segurança e não posso estar sempre contra as forças policiais.Quantos policias já morreram? O policia assustado ou não é um ser humano e tinha que se defender. Os ladrões prendem-se quando é possivel.. mas quando não é e está em risco a vida de quem está a ser ameaçado é para atirar.Não se pode permitir que um miudo de 14 anos ameace um policia com uma pistola desculpem lá... e as coisas nem sempre correm bem.. não sabemos as circunstâncias reais nem o estado de alma do policia por ter acontecido o que aconteceu .

Anónimo disse...

Ainda quero deixar mais um comentário .E os policias que sofrem de stress pós- traumático ? E os que se suicidam? Eles não são treinados para atirar a matar , mas em legitima defesa, por favor!!

Anónimo disse...

Kika terá razão se tudo se passou como julga. Caso contr´´ario será dificil ter razão, embora ilumine aspetos que muitos esquecemos. Julgo que no essencial o post permanece válido.

josé palmeiro disse...

Kika, não quero deitar achas para a fogueira, mas sempre lhe adiantarei que, ser polícia, é uma escolha livre de cada um. Todos sabemos os perigos que uma profissão dessas carrega e então se for operacional, só mesmo com grande espírito de sacrifício se abraça essa profissão. Depois, se tudo decorreu como o Público refere, houve mais que tempo para escolher o sítio ideal para abater a vítima, sem a matar.
É verdade essa necessidade de apoios psicológicos contínuos por causa dos ditos stress. Já lá vai o tempo, felismente, em que os jovens eram retirados ao seu meio familiar e vivencial e atirados para uma guerra, que durou tempo demais e que deixou em muitos, ainda vivos, marcas irrecuperáveis.
Os impostos que todos, e não só a Kika, pagam é para termos uma polícia como deve ser. Já anteriormente frisei que existem, temo-los e dos muito bons, só que em numero insuficiente. Não se pode matar assim, a sangue frio a não ser que tenha sido aplicado o lema: "Na cabeça, para não coxear!"

Anónimo disse...

Tudo isto começou por me parecer que a Émiele pessoa que eu considero muito ponderada ao contrário de mim , por isso gosto do blog, pois por vezes faz-me parar para pensar o que é bom para mim, estava a defender algo que ainda nenhum de nós está apto a defender .Há-de haver inquerito de averiguaçoes, para se chegar á verdade dos factos.Não é com argumentos de que só vai para policia quem quer,e misturar isto com guerra colonial que chegamos a algum lado.Eu só pergunto e se fosse o miudo que tivesse morto o policia? Provavelmente um normal cidadão , chefe de familia ,ficaria em defesa de quem?
Por acaso não tenho ninguem na familia nem policias nem ladrões,mas não gosto nada de ver a sociedade portuguesa com noticias deste calibre, onde a impunidade já é demasiada .A fogueira por mim apaga-se aqui, amanhã é outro dia

josé palmeiro disse...

Kika, numa boa.
Se estivesse em Moçambique talvez dissesse: "Tá bem, leva a ginga!". Mas não, estou em Portugal, meu país e, sobre esse tempo que tu não queres comparar, já lá vão, três décadas e meia.
A fogueira, eu gostava que estivesse apagada à muito, mas, podes crer, não fui eu que a ateie. Só acrescentar que em termos de cidadania o que morreu e o que está vivo, são ambos cidadãos e ambos têm família.

cereja disse...

Kikazinha, obrigada pelo que pensas de mim que é simpático.
Agora só peço que releias o post que escrevi.
Eu conto factos nos 4 primeiros parágrafos. Até tive o cuidado de nem escrever adjectivos como podem confirmar e foi de propósito.
No 5º parágrafo, digo 'com certeza que parou' e depois repito aquilo que a notícia diz também sem adjectivos.
Acrescento mais dois factos: tinha 14 anos, e morreu com um tiro na cabeça. Termino o post com uma pergunta «Que preparação recebe a nossa polícia?»
Onde é que se vê que eu defendo algo?... Cito factos e faço uma pergunta.
De facto pode concluir-se pela minha pergunta que a preparação da polícia não é boa. Que numa situação destas talvez uma boa e preparada polícia, com coletes à prova de balas, com aquelas armas que vemos nos filmes e dão choques, com isto e com aquilo e sobretudo com muitas horas de treino de tiro (coisa que parece que os nossos não têm) tivesse concluído a história de outro modo.
Esta é uma história muito triste.
Não quis voluntariamente fazer juízos de valor. Mas a verdade é que morreu uma pessoa. Que tinha 14 anos. Isso são factos. Se este rapaz tivesse escapado e mais tarde matasse alguém com essa arma seria também muito triste, só que isso já eram conjecturas.