quarta-feira, novembro 26, 2008

Passo de caracol


O ritmo com que se vão efectuando as obras públicas na nossa terra é uma coisa que não consigo entender.
Durante parte da minha vida imaginava que era assim porque «tinha de ser assim», uma espécie de fatalidade. Assim como uma criança leva 9 meses a ser gerada, também uma rua a ser pavimentada, umas canalizações a serem reparadas, um edifício a ser restaurado, levava meses ou anos nesses preparos porque sim. Uma espécie de «lei da natureza».

Mas deu-se o caso de ter passado alguns anos da minha vida em Macau. E, de repente, comecei a ver que não «tinha de ser assim».
Vi uma rua ser arranjada de uma semana para outra. Um prédio bem alto ser construído em poucos meses. Observei com os meus olhos obras serem iniciadas e terminadas num décimo do tempo a que estava habituada a que isso se passasse em Portugal.

Ou seja: é possível!

Li ontem que uma parte da auto-estrada Lisboa-Leiria, vai ser alargada. Óptimo. O troço entre Malveira e Loures vai passar de 2 para 3 vias. Um melhoramento que, segundo o concessionária da A8, se impunha.

Até aqui, aplausos.
Mas...
para as obras desse alargamento, 10 quilómetros entre Malveira/Loures, prevê-se um prazo de dois anos
Ou seja, quem vai conduzir por essa via, vai ter de abrandar drasticamente, durante dois anos, a distância desses 10 quilómetros.
E ainda «haverá obras nos dois sentidos "para que se faça o mais rapidamente possível"», notem bem! Se assim não fosse, se fosse um sentido de cada vez, era capaz do prazo para construir esses 10 quilómetros passar para 4 anos (?!).


Mais do que o tempo que Macau levou a construir o seu aeroporto.



9 comentários:

Anónimo disse...

È um facto,é um facto.Mas mesmo assim prefiro a ter que ver os trabalhadores a "operar" À "chinesa".Se calhar lá chegaremos...AB

cereja disse...

Evidentemente que por lá o truque é a mão de obra baratíssima. Mas nem 8 nem 80. Enquanto eu lá nunca vi um trabalhador parado a olhar, como se sabe cá vê-se muitas vezes um a trabalhar e 3 a olharem... A 'culpa' pode não ser deles, mas de quem organiza o trabalho. Assim como tanta vez que se vê as máquinas paradas, tempos sem fim. Se calhar podiam estar a ser aproveitadas noutro local.

Citei o caso de Macau por ser um extremo, nunca imaginei que se pudesse construir tão depressa, mas o nosso caso é enervante.

Anónimo disse...

Deixa ver...
Dois anos para 10 quilómetros, isso quer dizer 400 metros por mês?....
Ena, ena!

Anónimo disse...

Agora tomei o gosto às contas:
Se leva dois anos a alargar duas faixas (que a estrada já tem 4..) mais 10 quilómetros,
...se fosse construir 100 quilómetros seriam 20 anos?
e por essa medida,
....se fosse a estrada com as 4 faixas, seriam 40 anos?...
BOA!

Anónimo disse...

Já muito jovem ficava admiradissima com a rapidez com que se fazia uma autoestrada em Espanha, ia muitas vezes lá e verificava isso.Aqui é um atraso e desperdicio de dinhero.A rua onde moro boa larga com predios novos a rua tambem é relativamente nova , passam a vida a levantar passeios para introduzir infraestruturas ou arranjos , alcatruar a via o que é bom mas sera que o alcatrão é bom ou bem posto para andarem sempre nisto??As vezes parece-me outra coisa..

Anónimo disse...

Aceito que lá nos orientes seja essa mão de obra barata que faz com que as coisas andam mais depressa, mas olhem que não é só.
Voltando ao caso de Macau, tenho familiares que viveram lá, e por exemplo, dizem que aquela gente é pontualíssima. Marcam uma hora e é mesmo essa hora e mais nada1 assim à inglesa (ou como se pensa que seja à inglesa)
E isso já se associa a essa história do atraso das obras na nossa terra. Porque quando se diz «em Março» isso quer dizer «mais ou menos lá para a Primavera»...
Quem teve obras em casa sabe o que quero dizer.

Aqui a Kika cita o exemplo de Espanha e é bem citado. Se fôssemos falar da Alemanha, ou Suíça ou coisas assim dizia-se que era por serem temperamentos diferentes, mas bolas! os espanhóis são nossos 'primos', não?...

Anónimo disse...

Como chego atrás do «sem-nick» acrescento uma coisa em que já tenho pensado. Uma vez que ele fala das «obras em casa» lembro-me do «Querido, mudei a casa" e na rapidez com que aquela equipa funciona.
Ou seja é possível trabalhar-se depressa! Desde que se seja organizado, haja pessoal, e se lhes pague.

por outro lado, na questão das obras é onde n nossa terra se vê mais trabalho que foge ao fisco. se chamarem um electricista, um pintor um canalizador, quantas vezes é que recebem uma factura como deve ser...?! E eles ainda por cima aceitam 3 ou 4 obras ao mesmo tempo, começando tudo e por isso mesmo deixando as pessoas «penduradas» imenso tempo.

Há muito que dizer quanto a isto!

Anónimo disse...

Aquele caracol até se esforça, tadito...

cereja disse...

Eu tenho pouca paciência para estas molenguices.
Como lembrou a Joaninha, por exemplo, a equipa do »Querido mudei a casa» consegue em dois dias pintar, restaurar, electrificar, 'canalizar', enfim mudar de uma ponta à outra uma cozinha, uma sala, um quarto de cama.
Não venham dizer que não se pode!
Não há nem organização, nem vontade, nem hábitos de trabalho.
e as coisas deviam ser de 'empreitada': quanto mais depressa fizessem mais cedo recebiam.