terça-feira, novembro 18, 2008

O campo melindroso da adopção

Apesar de fazer sentido, o modo como a notícia é dada faz impressão:
Casos de pré-adopção sem sucesso
- Mais de 70 crianças devolvidas às instituições
Sabe-se que quando se pretende adoptar uma criança se devem preencher alguns importantes requisitos. Uma criança é um ser humano particularmente vulnerável, toda e qualquer criança, mas mais ainda aquelas que chegam á situação de serem passíveis de adopção. Decerto que já passaram por momentos difíceis.
Portanto os «adoptantes» são seleccionados com muito cuidado, entrevistas de técnicos diversos, visitas a casa, conhecimento o mais profundo possível do ambiente em que a criança vai viver e da personalidade dps candidatos a pais.
E depois há um período de «pré-adopção».
É normal. Faz sentido que apesar de todos os cuidados haja ainda um tempo para criança e adulto se conhecerem melhor. Contudo...
Fala-se de «crianças que foram acolhidas por uma família para adopção e foram devolvidas às instituições». Creio que é a expressão ‘devolvida’ que me choca. Nos electrodomésticos temos um prazo para a troca, não é? E mesmo assim não o devolvemos à loja, que creio que não o aceitaria de volta, assim sem mais nada...
E se ele tivesse sentimentos? Não se está a falar de torradeiras neste caso.
Como disse, eu creio que é o modo como a frase está construída que impressiona. Muito naturalmente a criança devia saber que se estava a ver como era a sua adaptação, possivelmente nalguns casos foi ela mesmo que não queria lá ficar, estaria mais à vontade na «casa» que conhecia melhor, a tal instituição de onde tinha vindo.
Mas...Mas...

8 comentários:

Anónimo disse...

Aqui nem digo nada.AB

cereja disse...

E olha que eu disse muito pouco...
É um assunto onde há muitos anos tive alguns conhecimentos mas hoje estou muito ultrapassada. Mas que a imagem que me veio foi o da bolinha de ping-pong isso foi...

Anónimo disse...

Deixa-nos aqui a pensar...
De certeza que a coisa foi equacionada. E os números (para quem foi ler tudo) mostram que como percentagem foi muito, muito pequena.
Mas de facto - «devolvidos»?????!!!!

josé palmeiro disse...

Fiquei como a AB, paralizado.
Aconteceu quando tive conhecimento da notícia e agora depois de ler o teu escrito.
Mercadorias? As crianças? Que mundo é este?

Anónimo disse...

este seminário a que a notícia se refere é importante apesar de ter ouvido por aí na radio os velhos lugares comuns do dinossauro Villas-Boas e outros que tais.
Seria altura de se ouvir outras pessoas, creio eu.
notícia tem um título parvo, na linha de algum jornalismo que quando não há «sensação» decide criá-la.
Como diz a Emiele, a gente arrepia-se com a palavra devolução, mas não é nada disso. são casos onde se concluiu que afinal aquele casal não era o correcto para aquele criança. E como se ouviu e sabemos, a maioria deseja crianças até aos 3 anos (o que é natural) mas uma que tenha 8, 9, 10, já pode ser bem difícil de integrar numa família! Nem todos são anjinhos loiros e inocentes...

Anónimo disse...

Bem, o comentário já entrou e agora relido pode levar a pensar que eu tenho uma opinião que... não tenho.
Claro que as crianças não tem culpa nenhuma. Só queria chamar a atenção que receber em casa uma rapaz ou rapariga de 10 anos por exemplo, com uma história de vida que pode roçar a delinquência, seja ou não a responsabilidade da sociedade que levou a isso, pode ser muito difícil e fazer desanimar mesmo quem tenha a melhor das intenções.

Anónimo disse...

Este assunto é muito forte, conheço-o mais ou menos bem e nem devo comentá-lo num blog.Só digo pobres crianças, na maioria dos casos...As regras de adopção têm de ser muito rigorosas e por pessoas bem qualificadas e de bom senso

cereja disse...

Olá Joaninha!
Eu sei, (adivinho por outros comentários que tens aqui deixado) que, tal como eu, tens alguns conhecimentos nesta área.
(a citação do Villas Boas não é inocente... )

Kika, as regras são claras e de uma forma geral são aplicadas por pessoas com boa formação. Mas é claro que há sempre azares... E a verdade é que se todas as leis fossem sempre cumpridas... nem eram precisas prisões, não é? A gente muitas vezes sabe o que é o bem e o mal, mas nem sempre consegue aplicar a coisa como deve ser. Há imponderáveis! E continuo a pensar que o termo é que foi muito infeliz e daí ter-me arrepiado com ele.