segunda-feira, outubro 27, 2008

«Os bolos são frescos?»

É uma expressão que se costuma usar quando, de brincadeira, queremos fazer referência a uma pergunta pateta, àquelas questões que só podem ter uma resposta [‘perguntou-se-os-bolos-são-frescos’] porque é sabido que a resposta é sempre afirmativa.
Daí a minha surpresa, este fim de semana.
Ia, na sexta feira já ao fim da tarde, para a minha 'casinha refúgio' quando recapitulando mentalmente o que ia precisar quando chegasse e dei conta que não levava pão.
De um modo geral tenho reservas de quase tudo, roupas e comidas e até costumo guardar algum pão no congelador, mas desta vez recordei que não tinha ficado nenhum. Não seria muito grave mas era um pouco chato, que à hora a que ia chegar já não encontrava nada aberto, portanto ia a pensar nisso e ao passar numa povoação reparei num toldo que dizia «Padaria*****» e travei logo.
Entrei com a intenção de comprar pão, mas reparei que a loja era mais que uma padaria, era também em parte pastelaria. Uma empregada, bem disposta, já de cabelos brancos veio atender-me e pedi o pão, apontando para umas bolinhas com bom aspecto. Ela olhou-me duvidosa, e informou: «São capazes de estar já um pouco secas»! E pegando num saquinho de plástico com que segurou uma dessas bolinhas convidou-me a ver se estariam fofas para o meu gosto.
Primeira surpresa.
Não sou muito esquisita, e achei o tal pão muito razoavelmente fofo, pelo que o pão ficou aprovado. Mas, tinha reparado que lá havia também uns bolos grandes com ar caseiro e perguntei se vendiam à fatia ou apenas o bolo inteiro. «Claro que vendiam à fatia», pesava aquilo que eu desejasse, mas… - e aqui é que entra a surpresa! – este e mais aquele, já não estavam assim tão frescos, ela recomendava este ou aquele ou aquele, que tinham sido acabados de fazer.
Imagine-se! De facto a fatia que comprei vinha ainda quente!
Mas a informação, voluntária e gratuita, de que alguns não estariam assim tão frescos deixou-me freguesa da casa.
Da próxima vez nem compro o pão em Lisboa, vou parar naquela aldeia do caminho para trazer pão e umas fatias de bolo.

11 comentários:

Anónimo disse...

BOA!!!!

Realmente eu próprio uso expressão a querer dizer 'pergunta parva'.
mas ser a própria a avisar que não são frescos ( os outros também não, estavam «quentes» dizes tu) é espantoso!!
grande vendedora!

Farpas disse...

Assim é que é! É que a brincar a brincar essa senhora tão sincera é capaz de ter ganho uma cliente, da próxima vez que não tiveres pão e estiveres lá perto já sabes onde tens de ir certo? Nada melhor que bons produtos e serviço cativante!

Anónimo disse...

Olá, olá!!!
Bom dia a todos!

Aqui está um pst bem disposto e agradável. Nham, nham, até a mim me abriu o apetite essa dos bolos ainda quentes do forno.
Boa vendedora, sim senhor.

Anónimo disse...

Tal e qual.
Ganhou uma freguesa e muito bem ganha. se calhar os outros, iriam acabar em tostas ou coisa assim....

josé palmeiro disse...

Uma verdadeira comerciante, e mais não digo, pois, há tão poucos...

Alex disse...

Pois disso não abunda mas se viéres aqui ao "meu" bairro da Graça ainda encontras sem procurar muito.
Quando o meu filho tinha cerca de 2 anos, tinha mudado de casa (mas não de bairro) havia pouco tempo, fui tomar um café a seguir ao almoço ali á tasca.
O Luis "marrou" que queria uma sandes de ovo mexido das que estavam na montra do balcão... e a Dª São remata assim: essas não meu menino, estão aí desde as 8 da manhã, espera só um bocadinho. E foi lá dentro mexer um ovo, meteu-o em meia carcaça e ofereceu-lhe.
Obviamente somos amigas, ainda hoje.

Anónimo disse...

:D Um post saboroso!

Fazes bem em não dizer muito mais, onde é essa loja, ou ainda lá aparecem os inspectores da ASAE a ver se as colheres são de pau ou de plástico...

Anónimo disse...

Só o nome de «bolos caseiros» deixa-nos logo a salivar. E imagem é de bolos simples, sem cremes e coisas dessas, bolos verdadeiramente bolos!

E, pelo que contas, o pão também devia ser bem agradável, se ainda estava fofo e já era pelo final do dia...

Anónimo disse...

A história da Alex é excelente e prova (se fosse preciso provar!) aquilo que a Emiéle diz aqui muitas vezes e eu não posso concordar mais: é que Lisboa é um conjunto de bairros, tipo patchwork, cada um diferente mas quase pequenas aldeias... Cada habitante genuíno do bairro-bairro tem muito de sincero e familiar. Eu digo o mesmo!
Gostei muito da história da Alex!

saltapocinhas disse...

realmente viver na provincia tem os seus encantos!

na minha padaria também avisam quando os bolos não são frescos!

e o meu peixeiro (que pára aqui à porta!) também me abana a cabeça com ar reprovador quando o peixe não é do dia!!

cereja disse...

Olha que não é indispensável ser na província, Saltapocinhas. Como se leu pela história da Alex, ali no Bairro da Graça, bairro muito castiço de Lisboa, também isso aconteceu.
E como lembrou a Joaninha (minha companheira de sempre|! tem cá uma paciência, tadinha....) eu sempre lembrei que em Lisboa se pode «viver como na província»...
Aqui o que eu quis vincar, é que na história que contei, eu era uma perfeita estranha a entrar pela primeira (e tudo indicava que única vez) naquela loja. Não era uma freguesa, era uma estranha. E a senhora teve aquela amabilidade. Fiquei encantada e como vocês aqui reconheceram ela com aquele gesto conquistou uma cliente que podia ser eventual e única.