sexta-feira, agosto 15, 2008

Contrastes

Hoje parece que é feriado.
Esperem! Tenho de começar de novo.

Hoje é feriado.
E até é um feriado importante e que se leva em consideração quando se planeia as férias. Muita gente (sobretudo no tempo em que elas se contavam por meses e não por dias úteis) ou começa ou acaba hoje férias porque com este feriadinho, ganha um dia a mais. Eu fiz este truque muitas vezes, começá-las a 14 de Agosto, ou terminá-las a 16… Mas como agora estou mergulhada em plenas férias e todos os dias são feriados, nem reparava que hoje era um dia diferente se não visse as lojas fechadas!…
Assim são as coisas, é sempre preciso um contraste porque muitas vezes olha-se e não se vê.
Ontem à tarde estava preguiçosamente sentada a ler, no meu jardim quintal, quando achei que havia alguma coisa estranha na casa ao cimo da minha rua. Olhei com muita atenção, mas parecia-me que estava a ver um desenho e não uma cena real. Entre as duas janelas da casa dessa minha vizinha, estava um estendal de roupa. E seria natural que existisse roupa nesse estendal, é claro. Só que o sobrenatural, o que me fez arregalar os olhos e até pôr em pé e dar uns passos abismada, é que a roupa desse estendal parecia um desenho. Toda num tom esfumado e muito alongada. Que coisa!?! Uma «roupa fantasma»??? Juro que era essa a imagem, uma camisa, uma fronha, uns panos, um avental, mas que pareciam feitos de sombra.
Não podia ser.
Olhei fixamente mas um pouco nervosa, confesso. (devo andar a ver science fiction a mais...) E, de repente, o reflexo de um botão ou coisa assim deu-me a chave do ‘milagre’: a parede estava caiada de branco, um branco sem mácula, a roupa que aquela minha vizinha tinha a secar era também branquíssima, devia mesmo ter passado pela lixívia para ter tal aspecto, e o resultado é que branco sobre branco com o sol a bater-lhe de frente, NÃO SE VIA. Aquilo que eu notava a dançar ao vento eram as sombras dessa roupa pendurada, que tinha ficado invisível por essa magia do branco sobre branco.
OK, parece uma metáfora, mas é uma história verdadeira.
O branco sobre branco não se vê, só a sua sombra.
Um feriado no meio das férias, também não.

5 comentários:

Anónimo disse...

Pois é.
Um feriado no meio das férias não dá com nada! Também costumo sentir isso, só que agora soube-me muito bem esta PONTE!!!!

Teve piada a tua 'metáfora'?? De facto quando uma cor sobreposta faz com que o objecto «desapareça». Não me tinha lembrado, mas e mesmo!

Anónimo disse...

(Eu e Joaninha costumamos abrir aqui o pc ao mesmo tempo, pelos vistos... ) :D

Acho graça que os teus posts «de férias» tem mesmo outro formato. Parece outro blog.
Não é uma censuea, até acho piada, mas reconhece que é diferente, não é?... Vê-se que tens mais tempo para olhar à tua volta. Achei muito bem visto isso da roupa transparente.

Anónimo disse...

Tive um amigo cujo maior sonho era pintar um quadro branco sobre branco. Creio que dos variadissimos que pintou nunca nenhum foi o que ele queria.Talvez, como a metáfora que aqui deixaste, fosse a sombra que ele procurava ou melhor a "alma" do branco e portanto do quadro...AB

josé palmeiro disse...

Fiquei rendido à descrição.
Como bom alentejano, as paredes caiadas, têm outro sabor, pois a cal, para além do branco, ser branco, tem outra "patine", que as tintas, por melhores que sejam, não tem.
Gostei também, muito, das palavras da AB, pela analogia que faz, com o quadro, coisa que o Zé Pedro Gomes e o António Feio, recriaram, à pouco, numa das suas "Conversas da Treta", se a memóriame não atraiçoa.
Mas voltando à tua visão, ela é real e só a sombra sobra, para vermos.

cereja disse...

OLá!
Hoje voltei de novo aqui (fui dar uma voltinha, mas vi que a net estava livre e ainda espreitei para ver se alguèm tinha passado por aqui e para responder a quem me comnetou ontem e malcriadamente não tinha respondido)

Um quadro branco sobre branco vem mesmo ao encontro daquilo que vi... O meu pai adorava fotografia - se calhar por isso eu nunca quis competir e sou uma nódoa nessa arte - e revelava os rolos em casa e imprimia-as. Havia uma técnica que creio se chamar low kee(???) pelo menos soava assim. Havia um «aiqui» e um «lauqui» e este último era feito com muitos brancos e cinzentos. Era muito bonito, e pensando bem, talvez a imagem que vi na parede da minha vizinha.