quarta-feira, maio 14, 2008

As ‘avaliações’ e os ‘números’

A forma de avaliação na função pública ainda vai fazer correr muita tinta!
Afinal a que mais se tem falado é a dos professores, aparecendo a desinformação de que eles não querem ser avaliados quando o que se tem passado é que primeiro avaliações já existiam e, segundo aquilo que se contesta é aquele modelo de avaliação, não a avaliação em si.

Mas tem vindo agora a lume casos de avaliações contestadas.

Não me admira nada! Porque a antiga escala de avaliação na função pública era ineficiente, mas actualmente anda-se a cair no disparate. Uma coisa que me choca é chamar-se «missão» ao trabalho. Tem para mim uma estranha conotação religioso/militar que me desagrada, mas enfim... Missão??? Bom.
Mas os superiores quando definem os objectivos são levados a quantificar. (!!!) Já há muitos anos que assim é. A ideia é ‘melhorar’ sempre. Se uma pessoa num ano viu 500 processos, a sua missão no ano seguinte tem de ser ver 550. E pronto. Não preciso chamar a atenção que a quantificação em certo tipo de trabalho é
um erro um absurdo.
E já temos alguns casos absurdos. O falado caso da ASAE com a fixação de objectivos quantificados aos inspectores (terem de passar x multas, fechar x estabelecimentos, etc) esteve na mira de muita gente.

Hoje ouvimos falar que os funcionários da Câmara Municipal do Porto que fiscalizam o trânsito na cidade têm de rebocar mensalmente 1100 viatura mal estacionadas o que também parece mais um exemplo de disparate, mas é fácil imaginar outros sectores onde essa quantificação não faz sentido.
Aliás, para ser franca, eu acho que, pelo contrário, só em poucos sectores é que se pode quantificar o trabalho. O muito é inimigo do bom.
Tem de se encontrar outros critérios!


10 comentários:

Anónimo disse...

Por acaso como na minha família há va´rias pessoas que são da FP tenho seguido esse processo. É giro porque quem está de fora não faz a menor ideia do autoritarismo e prepotência que grande parte dos chefes na fp exercem nesta questão das 'avaliações'. E, é claro, que quantificar o trabalho dá asneiras destas.

Será importante atender-se muitas pessoas ou atender-se bem???

josé palmeiro disse...

É como dizes e os exemplos vão continuar a surgir, com o passar dos tempos. Esperemos que as avaliações cheguem aos mais altos digantários da nação e que se puna exemplarmente um primeiro ministro/sinistro, que não se coíbe de fumar, onde não é permitido, isto para só me referir ao que se passou, ontem. Por outro lado, que avaliação fazer dum presidente da república que não recebe jovens de uma determinada facção política, porque esses jovens entenderam não se agrupar numa juventude qualquer, e entente que as coisas não vão bem. Sempre é mais fácil falar com os alinhados, formatados e obedientes. Que avaliação é que esse presidente, merece?

Anónimo disse...

Pelos exemplos que dás vai correr tinta e sangue . Certas quantificações prévias de certos trabalhos são absurdas ou, se não forem erro, têm muito más intenções.
Exemplos para o mais alto nível: Cavaco se promulgou este ano um tratado de lisboa e quase certo um código do trabalho, em 2009 terá de promulgar dois de cada.Está lixado, e nós tambem, aliás.

Anónimo disse...

É óptimo chegar depois do FJ!!!!
Essa da quantificação a nível do Presidente da República está formidável!!!!!!!!!

Vinha dizer mais alguma coisa, mas agora fico só a rir.
Venho depois.

Anónimo disse...

Por acaso este é um tema onde a desinformação tem feito muitos estragos. Ninguém (a não ser os próprios) faz ideia de como é feita a avaliação na FP. Como a Emiele disse eu também já ouvir falar em «missão» me faz pele de galinha! Missão?????? Não é trabalho? Por acaso são missionários?!
E depois a diferença de critérios. Os que ganham mais, e sobretudo os senhores que vêm para cá 'convidados' como acessores ou conselheiros ou qualquer conversa do tipo, estão «acima» dessa reles avaliação. O mexilhão é avaliado pelos tais critérios de produtividade (!!!!!!!!!!!!!) o que não lembra a ninguém! Como se disse no post, a maioria dos trabalhos da FP não são para produzir nada, não é o método de uma fábrica. Mas é isso que se avalia! O médico pode atender 4 doentes numa hora, se atender 8 deve ter uma nota melhor?! E se atender 16, atinge a excelência, com certeza!!
Ou uma pessoa está a dar informações. Se consegue atender e informar 10 pessoas numa hora, é bom ou mau? Será melhor se atingir o número de 20?
Daí o caricato das multas! 1.100 viaturas? Isso é pouco. Vamos ver se conseguimos rebocar 2.200. Não estão mal estacionadas? Ó mas que chatice, assim não se atinge a meta...

Susete Evaristo disse...

E se de repente todos os condutores do Porto estacionassem os carros nos locais exactos?!
Como se iriam safar os funcionários da CMP missionários fiscalizadores do transito?
Classificação de Serviço 00. E lá se vai o Excelente, ainda que só 5% e lá se vai o Muito Bom, ainda que só 20% e lá se vai o Bom e a mudança de escalão e a missão e a Câmara Municipal do Porto!

Anónimo disse...

Vim ler os comentários como é normal e o do FJ arrumou logo comigo.
Imaginar o Cavaco a ter de promulgar para o ano dois Tratados de Lisboa e dois Códigos do Trabalho, só dessa alma perversa que é o espírito do FJ! como dizes, «Esta(ria) lixado, e nós também»!!!!!!!!

Mas é o que tu insinuas e a Susete explica bem: se não houvesse prevaricações, lá se ia ao ar as classificações dos pobres dos tipos da CMP!!! Tá mal!

Anónimo disse...

O comentário da Susete vem chamar a atenção para uma coisa que algumas pessoas não sabem - é que em cada serviço só pode haver uns tantos por cento de Bons e uns tantos por cento de Muito Bom. E, se o Serviço for pequenino tirem o cavalinho da chuva quanto ao Excelente - nem pensar.

Isto é que é um estímulo, heim?!

saltapocinhas disse...

tens toda a razão, como sempre.
grande parte dos trabalhos nãopodem ser avaliados com números...
nestes casos os números são um aberração, tal como nos casos dos professores, onde se tem de quantificar, por exemplo, a "relação com os alunos"

são doidos ou quê?

cereja disse...

Ai, Saltapocinhas eu até acho que quê!! Infelizmente. Era melhor se fossem doidos.
Esta conversa toda também vai no sentido de dividir as pessoas, de por uns contra os outros. Temos é de ter a força de não escorregar para aí.