Uma lista negra
Que a história dos apoios à terceira idade era triste, sabíamo-lo.
A semana passada, um programa da RTP orientado pela Maria Elisa fez uma mesa redonda sobre o assunto e entrevistou gente da assistência, que foi dando a sua opinião sobre o modo como tinham resolvido o problema. A 'solução' nunca agradava.
Falou-se bastante aí em «como adiar o momento em que a pessoa se sentisse dependente» e, é claro que isso é importantíssimo. Alguém que se reforma porque está na altura de descansar, mas depois se enfia na sua casa sem qualquer outra actividade, está a dar um primeiro passo para se deprimir em primeiro lugar e para perder capacidades de seguida.
Mas chega uma altura em que o seu organismo necessita de uma grande ajuda, ajuda externa e constante. É aí que nas famílias de antigamente se desencantava uma parente afastada que vinha para casa a apoiar o avozinho ou a avozinha, mas hoje ou se contrata alguém ou se opta por colocar esse familiar nos chamados «lares».
Muitas vezes com sofrimento para todas as partes: para quem vai porque se sente rejeitado e vai perder as suas referências diárias, para quem o envia porque frequentemente se sente culpado de não poder arranjar outra solução. Mas a solução do acompanhamento em casa é caríssima para a média dos nossos rendimentos.
E… essa ida para o lar é comportável, economicamente?
Começa-se uma via sacra, terrível. Porque os Lares oficiais são quase inexistentes e os particulares implicam um custo que ultrapassa o que muita gente pode.
O presidente das IPSS avança com números, que correspondem afinal à ideia que se tinha:«13 mil idosos em lista de espera para os lares apoiados pelo Estado»
Em lista de espera.
Quando a sua vida muitas vezes está quase, quase a acabar. À espera?! À espera, de um modo macabro, que morra lá alguém para se poder ocupar o seu lugar!
Esta é a «politica social» que temos.
A semana passada, um programa da RTP orientado pela Maria Elisa fez uma mesa redonda sobre o assunto e entrevistou gente da assistência, que foi dando a sua opinião sobre o modo como tinham resolvido o problema. A 'solução' nunca agradava.
Falou-se bastante aí em «como adiar o momento em que a pessoa se sentisse dependente» e, é claro que isso é importantíssimo. Alguém que se reforma porque está na altura de descansar, mas depois se enfia na sua casa sem qualquer outra actividade, está a dar um primeiro passo para se deprimir em primeiro lugar e para perder capacidades de seguida.
Mas chega uma altura em que o seu organismo necessita de uma grande ajuda, ajuda externa e constante. É aí que nas famílias de antigamente se desencantava uma parente afastada que vinha para casa a apoiar o avozinho ou a avozinha, mas hoje ou se contrata alguém ou se opta por colocar esse familiar nos chamados «lares».
Muitas vezes com sofrimento para todas as partes: para quem vai porque se sente rejeitado e vai perder as suas referências diárias, para quem o envia porque frequentemente se sente culpado de não poder arranjar outra solução. Mas a solução do acompanhamento em casa é caríssima para a média dos nossos rendimentos.
E… essa ida para o lar é comportável, economicamente?
Começa-se uma via sacra, terrível. Porque os Lares oficiais são quase inexistentes e os particulares implicam um custo que ultrapassa o que muita gente pode.
O presidente das IPSS avança com números, que correspondem afinal à ideia que se tinha:«13 mil idosos em lista de espera para os lares apoiados pelo Estado»
Em lista de espera.
Quando a sua vida muitas vezes está quase, quase a acabar. À espera?! À espera, de um modo macabro, que morra lá alguém para se poder ocupar o seu lugar!
Esta é a «politica social» que temos.
10 comentários:
Hoje não me apanhas nesta.Vou para ali para o canto cantarolar "João para onde é que eu vou?"...e a culpa é tua.E disse!AB
Ao ler, passou por mim o filme da minha mãe.
Foi terrível, a luta que travei e os entraves que encontrei. Prefiro fazer como a AB, não digo mais nada. "Dói-me o peito!"...
Lista Negra e um tema Negro para este post.
Zé, começaram pelos nossos pais, mas daqui a uns anos somos nós.
Talvez mais 'prevenidos', e talvez possamos programar qualquer coisa,
Mas aperta o coração, sim.
E já não dá para imigrar para os países onde as soluções são outras, que nesta altura da vida também não nos querem lá!
Zé Palmeiro,conheço um poema interventivo que começa assim"Doutor doi-me o peito".Foi por acaso ou é mesmo referencia?AB
AB, é mesmo referência, estava a escrever e veio-me de repente, mesmo a propósito, por isso, entre comas.
Então, Zé, vou pedir à Emiele para ela postar umas fotos que tem em poder dela, para te divertires....AB
Estou enganada ou é uma canção do Fanha?
A minha memória já era...
Não é uma canção,mas é um dos
poemas de intervenção do Fanha,sim.AB
Então não errei por muito!
Não sei porque o associava a essa frase, mas era verdade. O Palmeiro e a AB têm bastante melhor memória mas apesar de tudo a minha ainda funciona...
Combinado, AB e Zé, assim que cá chegarem escrevo um post sobre isto - sobre o poema e o seu autor com as ilustrações.
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