sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Promover a “justiça social”


Foi através do Zero de Conduta que a notícia me chegou
E eu costumo andar atenta a estas coisas, mas, enfim, algumas escapam…
Portanto fiquei a saber que a CP que tinha 3 infantários para os filhos dos seus funcionários, reflectiu e considerou que isso era uma injustiça, afinal os outros meninos, filhos de funcionários que também precisavam, não tinham esse «privilégio». E vai daí, abriu mais 10 creches para abranger os outros meninos fechou aquelas 3 porque ou há igualdade ou não come ninguém.
É claro que compete a uma boa política social e de família, dar uma resposta de apoio à família, nomeadamente a integração de uma criança num local seguro e pedagogicamente adequado no horário de trabalho dos pais. Também sabemos que Portugal anda há quase 20 anos a garantir (pelo menos lá para fora) que isso está feito ou quase feito.
E sabemos ainda que é uma grandessíssima mentira.

Os pais que tem filhos pequeninos sabem a dificuldade que é encontrar um local conveniente para o deixar. Os infantários públicos ou até IPSS, como o caso das Misericórdias, têm listas de espera enormes, e sabemos que uma criança não pode “esperar”, quando chegar a sua vez de entrar já não é preciso porque vai para a escola…

Há bastante tempo existiu essa política de algumas empresas de terem infantários para os filhos dos seus empregados. A pouco e pouco foi-se desfazendo, e hoje muito poucas o mantêm. Pelos vistos a CP, ainda tinha aqueles 3. Mas por uma questão de “justiça social” (???) achou mais correcto acabar com esse foco de despesas e distribuir um subsídio a todos os meninos que provem frequentar uma creche ou ama [*da Segurança Social].
Quanto ao subsídio, se consideram não ter possibilidades de abrir os recursos suficientes o que seria o mais justo, enfim, nada a opor - já é alguma coisa. Mas o fechar abruptamente as 3 que existem com esta justificação esfarrapada, é de pasmar.
E que tal começarem também a cortar nos subsídios e nos carros dos senhores administradores. Afinal também é uma injustiça, eles são aí 1% em relação aos outros funcionários que não têm nada disso…


*
(fiz aqui uma chamada porque nas Amas da Segurança Social, para além de não haver muitas, aquilo que os pais pagam já é segundo uma capitação, não é um valor tão alto como pagam numa ama privada)


10 comentários:

Anónimo disse...

Sériamente claro que é muito grave, o acto em si e o simbolismo.Espero contudo que de decisão em decisão, não acabem tambem com os comboios especialmente aliciante porque, com as subvenções a manterem-se, daria lucros á cp. Enfim, os gestores cumpririam os objectivos, deles e do governo,seria (será?)uma data histórica e aqueles teriam um prémio de "eficiencia".

Anónimo disse...

Um tema muito actual, ou ainda e sempre actual, infelizmente.
Realmente aqui o Pópulo tem-se farto de falar no assunto. Talvez a tal «água mole...» ainda algum dia fure a pedra dura.
Porque a PEDRA DURA é a cabeça do senhor (ou dos senhores que isto também não é obra de um só) primeiro-ministro.
A incoerência entre o que diz e aquilo que depois faz, é clara. Evidentemente que isto da CP (apesar de ser uma empresa pública, creio eu) pode ser apenas uma questão dela, mas se levarmos em conta que as tais propostas do governo incentivavam, exactamente o aumento dos infantários das empresas, alguma coisa não bate bem!
Ora não diz aqui:
As empresas que criarem creches ou jardins de infância vão ter benefícios fiscais?... Então as que fecharem creches deviam ter desbenefícios, não?...

(espero que o link que fiz abra bem...)

Anónimo disse...

;)
Abriu! Fiquei vaidosa!

Anónimo disse...

(Grande Joaninha! Já voas muita bem!)

O teu último parágrafo serve para o meu comentário:
E que tal começarem também a cortar nos subsídios e nos carros dos senhores administradores. Afinal também é uma injustiça, eles são aí 1% em relação aos outros funcionários que não têm nada disso…
E mainada!!!

Anónimo disse...

De vez em quando deixas cair umas coisas que se vê que dominas alguns aspectos que nós não.
Porque é que distingues as Amas da Segurança Social?
Explica lá isso à gente. Qual a diferença de uma Ama «normal»?

cereja disse...

Sem-nick - há diferença sim. Nas Amas da Segurança Social, elas funcionam como trabalhadoras independentes mas com ligação à Segurança Social. Ou seja, são pagas pela S.S. (a quem passam um recibo verde), devem receber apoio da S.S. se por acaso adoecem as suas crianças ou vão esses dias para um infantário ou para uma outra ama, recebem apoio técnico. E os pais pagam à S.S. de acordo com uma tabela referente ao seu IRS.
Uma Ama 'normal', é uma trabalhadora por conta própria, o contrato que faz é apenas com os pais da criança, não tem qualquer vigilância, mas se por acaso não lhe pagam, fica sem receber... e claro que pode pedir aquilo que quiser - e lhe derem...

josé palmeiro disse...

O que se passa em torno da Educação de Infância ou Pré-Escolar, é calamitoso. O Estado está a encerrar todas essas valências, dele dependentes, atirando para a valeta, milhares de almas. Os meu netos, estavam num infantário da OSMOP, pois foi-lhes dito que para o próximo ano já não funcionaria. Eu, que toda a vida, passei junto a uma trabalhadora da área, tenho acompanhado a involução que vem sendo aplicada, no sistema. Os interessados têm, duma vez por todas, de se indignar e deixar de correr atrás de uma vida de competição desenfreada, sem regras, nem consciência e lutar para que os filhos, tenham as melhores condições para que, amanhã, sejam melhores e diferentes, desta "CORJA", que nos desgoverna, governando-se.

Anónimo disse...

O infantário da foto, deve ser coisa lá do norte, países do tal primeiro mundo. Acho-lhe muito espaço para aqueles meninos, muito boa iluminação e ainda por cima o educador é um rapaz (ou parece)
Porque cá nós, mesmo naqueles onde se paga o correspondente a um SMN, as crianças estão amontoadas e têm muito menos bom ar que este.
De resto, sejam de empresa, sejam do Estado, sejam IPSS, sejam de cooperativas, seja o que for a verdade é que é um negócio muito rendável, porque estão todos cheios e os melhores com listas de espera!
Sabemos isso, a não ser que se tenha a política da avestruz. E estes meninos dos que vão fechar, já com uma relação com a educadora e com os colegas, agora vão ter que voltar à estaca zero, e recomeçar uma integração?...
Que cambada, meu Deus.

Anónimo disse...

Fala-se da China e a política do filho único. Já analisaram porque é que em Portugal sem serem obrigados os pais também optam pelo «filho único»? Pois olhem para os preços dos infantários!
:(

saltapocinhas disse...

mas isso é o que o governo tem andado a fazer com muitos "privilégios"
cortam-se e ficamos todos iguais na miséria!!