sábado, fevereiro 02, 2008

Mulheres

Nos últimos tempos tenho tido de andar mais de táxi, e todos sabemos as histórias que uma viagem de táxi nos fornece. Guardo algumas para mais tarde…
Mas achei muita graça, uma das vezes em que o táxi tinha ligado o microfone onde a colega ia desbobinando aquela ladainha que todos conhecemos «um veículo para a rua X; o colega 123 onde está? Contacte a central; atenção a senhora que pediu um carro para a rua y ainda está à espera; precisa-se de carro para a avenida H, número tal; o colega 456 depois de deixar o cliente contacte a central; um veículo para …» etc. Tudo entremeado com aquele som de campainha que todos nós conhecemos. Tudo isto natural.
Mas é claro que era impossível não ouvir nem prestar atenção a mais nada.

A certa altura houve uma pequena pausa. Pequena mesmo, aí um minuto, mas que naquele constante falar pareceu até muito grande. Perguntei: «O que foi? Agora calou-se, foi abaixo?» «Ná!» responde o motorista «mudaram de turno» e lá me explicou que de vez em quando trocavam para descansar.
A nossa conversa prosseguiu, eu a dizer que se aquilo nos moía os ouvidos a nós para as meninas da central devia ser muito complicado mas que por um lado era agradável ouvir uma voz bem disposta naquela conversa e ele informa-me:
«Sabe? Só as mulheres é que aguentam aquilo. Já se experimentou com homens, com rapazes, mas nenhum conseguia. Ficavam roucos e desnorteavam-se…»
Sorri, e pensei que talvez tivesse a ver com aquilo que os psicólogos dizem, que as mulheres conseguem dar atenção a muitas coisas ao mesmo tempo. Aquelas senhoras tinham de atender as chamadas de quem queria o táxi, informa-se com exactidão onde era, estudar quais os carros mais perto, contactar com eles, responder à pessoa que fez o pedido dizendo o tempo que ia demorar, reorganizar todo aquele mundo em movimento.
Era muito. Não me parece que tivesse a ver com a capacidade de falar ou de falar muito depressa.
Olhem os relatos de futebol… Querem maior rapidez no modo de falar?...

Mas são coisas diferentes, não é?


9 comentários:

Anónimo disse...

Por acasdo já tenho visto reacções curiosas à "VOz da dona"-designação dada às senhoras por alguns táxistas mais diferenciados...AB

josé palmeiro disse...

Nem de propósito, ando atrás da AB e ela lembrou-se, por outro motivo, de falar na "Voz".
Adorei este teu escrito, na verdade, só mesmo mulheres para aguentar uma situação daquelas, não é por nada, só pelo estoicismo, que eu acho, as mulheres possuírem mais que os homens. Por outro lado é mais fácil, nesta sociedade, as mulheres desempenharem os papéis dos homens, que o contrário porque, "isso são coisas de meninas", começa logo de pequenino, muitas das vezes, logo com as próprias mães.

Anónimo disse...

O Palmeiro tem graça quando chama a atenção de que tem sido mais rápido as mulheres desempenharem papeis de homens do que o contrário (que também vai acontecendo)
Por acaso há uma sujeita que faz relatos de futebol...

Anónimo disse...

Já muitas vezes pensei nisso, para quem ouve é uma estafa, mas para quem está a resolver as questões deve ser um puzle complicadíssimo!
Não era emprego que me seduzisse.
Mas é interessante essa informação de que a escolha de mulheres tem essa causa.

Anónimo disse...

Olha que está bem visto.
É necessário controlar-se muitos elementos ao mesmo tempo e por outro ter alguma vocação de public relations. Devem aparecer pessoas chatas e enervadas, com certeza.

Anónimo disse...

Emiéle, Emiéle, esta aqui é sexista às avessas...

Anónimo disse...

Por acaso nunca ouvi nenhuma mulher a relatar um jogo de futebol. E bem que era preciso...os que por aí andam, mais parecem "atrasadinhos" :)))

Anónimo disse...

É na Antena 1, não sei é o nome. Aparece a relatar sobretudo os Jogos da IIª Liga.
Talvez um dia seja promovida para a iª Liga!

cereja disse...

Raphael, não é sexista, olha lá!!! Mas relatei apenas o que o homem me disse, isso é que é! E olha que realmente lá os especialistas dizem isso, que o cérebro feminino está mais preparado para prestar atenção a várias coisas, não significa que o que faz seja bem feito...