segunda-feira, dezembro 17, 2007

O Meu Natal - A árvore

(Muitos dos meus amigos “não gostam do Natal”. Alguns dizem-me que se pudessem hibernavam, adormeciam e só despertavam aí a 5 ou 6 de Janeiro. E sei que isto é sincero. Têm as suas razões em recordações pouco agradáveis.
Eu, pelos motivos contrários, gosto do Natal, gosto desta época, e também sou muito sincera, mas o “meu Natal” não tem a ver com este, plastificado e furiosamente consumista, cheios de produtos "made in", onde tropeçamos nestes dias. Não, deste também eu não gosto, também me aborrece, enerva, enjoa pelo seu artificialismo e 'obrigatoriedade de nos mostrarmos contentes')

Árvore de Natal.
Montei, ontem no princípio do mês, a minha Árvore de Natal. É um ritual que leva tempo e feito com imenso amor. A minha árvore tem quase 100 anos. Não a “árvore” é claro. Esta é actual e viva e cheira bem.
E esse cheiro vai ao encontro a uma das minhas recordações de infância mais agradáveis ligadas ao Natal – para mim o Natal cheira a pinheiro. E, quando afirmo que esta árvore tem quase 100 anos, quero dizer que os seus enfeites passaram já por muitas gerações. Tenho ali estrelinhas, sinos, bolas, anjos, flores, que me vieram da avó, da bisavó. Arrumam-se em algodão porque se partem quase com um sopro. E já não têm muito brilho, as suas cores vão sendo mais pálidas, mas para mim são lindas! Sempre que fazemos a árvore, é uma comoção, uma enorme onda de recordações que nos inunda.
Depois, para além dessas figuras muito frágeis, há bonecos da minha infância, e quase todos os anos se junta uma coisinha ou outra. Não é mesmo nada sofisticada, não é 'árvore de adulto', como se vê em revistas de decoração - é muito vivida, são recordações cristalizadas que voltam à vida nestes dias. Mas, fica lindíssima na minha opinião! Nesta árvore “sentem-se” os anos, as raízes de uma família, e para mim é o símbolo da força dos afectos na minha casa.
A descrição que fiz pode parecer um pouco literária, à Dickens, tipo Fany e Alexandre de Bergman, mas garanto que não. Esta é nossa, da minha família. Não há, nem naturalmente poderia haver, mais nenhuma igual.
E esta é uma das razões porque eu gosto do Natal. Porque nestes dias relembro em força a minha infância. E porque sinto o passado, no que ele tem de mais belo, ainda vivo dentro de mim.

7 comentários:

Anónimo disse...

Antes que me esqueça, que linda imagem!!! Muito mais bonita do que se estivesse aqui a árvore inteira.
O teu post é romântico, sim senhora. Mas sabe bem, uns pozinhos de romantismo. E, tal como tu, o que odeio profundamente é este «Natal Comercial» dos gastos estúpidos com tudo e mais alguma coisa. Inventam-se as coisas mais estranhas e fora dos nossos usos para se comprar no Natal.
Este que referes é íntimo e pessoal.
É "outro Natal".

Anónimo disse...

Hoje estive todo dia sem poder passar por cá. Isto para o Pópulo já nem são horas!!!!
Este teu texto é como disse a Joaninha, talvez romântico mas com a emoção certa.
É que eu sou dos que gostam do Natal.
Mas como o descreves, é claro.

Anónimo disse...

Estou a «VER» essa árvore centenária...
Cá em casa não se consegue isso, mas sempre há umas luzes e tal e coisa.
Cheira a Natal, como dizes.

Anónimo disse...

Mas isto não devia estar mais perto do Era uma vez...?

josé palmeiro disse...

Uma saída inopinada, levou-me a interromper os comentários, já de si atrasados. Mas, voltemos ao NATAL e, como tu, eu gosto do Natal, desse Natal que tu, tão bem ilustras. Todas as imagens que sugeres, passam por mim, com uma alegria imensa. Lembro-me de cada casa que habitei e onde passei os natais e de como eles foram, a vinda do Menino Jesus, ainda hoje a mantenho viva que, para mim será sempre assim. O Pai Natal, é uma modernice que tenho que adoptar, devido aos netos e ao correr dos tempos, mas nada de loucuras consumistas. Depois a ceia de Natal, sabores que só nesse dia, têm aquele gosto.

josé palmeiro disse...

Estou mais contente, hoje é só retardatários.

cereja disse...

Até eu, Zé Palmeiro. Mesmo eu ontem não vim ao blog.
Acontece.
Bem, quanto a mim não havia Menino Jesus. Família 'ateia militante', o Pai Natal surgiu muito cedo na minha vida. Chamavam-lhe o «Velho do Natal» quando era pequenita. Mas a árvore, pinheiro porque só agora apareceram os abetos em Portugal, essa lembro-me desde sempre.