sexta-feira, dezembro 28, 2007

À bomba

Ontem mataram Benazir Bhutto.
Tinha escapado ainda há pouco a outro atentado que matou 133 pessoas e feriu 400. Sabemos que era uma figura muito ‘controversa’. Conhecida como sendo a primeira mulher a dirigir um país muçulmano, o que é uma proeza, mesmo sendo filha do seu importante pai - Ali Bhutto – não era contudo flor muito perfumada: dizia-se que tinha mandado assassinar o seu próprio irmão Murtaza Bhutto, em 1996, e foi acusada de corrupção, acusação que a fez fugir do país para o Dubai de onde só regressou graças a uma amnistia, ou seja, absolvida não foi!
Mas se a sua figura tem manchas, o certo é que as eleições que se aproximavam após oito anos de ditadura militar, tudo indicava que seriam uma janela aberta naquele país para uma aproximação da democracia. Era odiada pelos islamistas? Era apoiada por Washington? O certo é que a mulher que prometia limpar o seu país de extremismos foi vítima dele. É muito difícil lutar contra as bombas, sobretudo quando ainda não se está no poder. E as «dinastias» que acontecem naquela zona do globo (Buttos, Gandhis) têm tendência a acabar violentamente mal.
E agora?
Guerra civil quase de certeza. A instabilidade vai instalar-se em definitivo naquela região. E quem lucra com tudo isto?

8 comentários:

Anónimo disse...

Corroboro tudo o que dizes do que tenho lido ao longo dos anos sobre aquela região. A luta pelo poder no Paquistão sempre foi violenta, desde que me lembro ouvir falar no país era eu puto. Brutal. Dos tempos mais recentes, o apoio aos mujahedin, a criação e suporte dos taliban e toda a porcaria a que temos assistido nos últimos anos sendo, muito provavelmente, o maior exportador e incubadora de extremistas islâmicos.

Cinicamente falando, o atentado interessa a duas partes: ao regime militar "totalitário" e aos fundamentalistas. O caso é benéfico para ambas as partes.

Anónimo disse...

Choca, é evidente.
Mas era previsível, também.
Aliás o anterior com aquelas mortes todas e ainda centenas de feridos (que se calhar já estão mortos agora, ou estropiados o que não será melhor) dera já o aviso.
Concordo 100% com o Miguel: interessou a todos este atentado, uns com um lucro imediato e directo o outro com um lucro um pouco mais distante mas não menos seguro.

Anónimo disse...

É quase inevitável que venha aí uma feia guerra civil. Mas, será que não é isso que convém ao governo? Manter uma ditadura militar com a desculpa d que o país está num caos, é oiro sobre azul.
Realmente a Benazir era uma pessoa duvidosa, mas nestas coisas a morte atenua muitos dos defeitos (crimes?) e acaba por se ver que era menos má do que se avizinha...

josé palmeiro disse...

Sobre a brutalidade, está tudo dito.
quanto à pregunta de quem ganha com isto, é vê-los aparecer nas "pantallas" a emitir comunicados de condolências e de consternação(?).

Anónimo disse...

Andei para aí a ler coisas, mas ainda estou muito baralhado!
Um facto é verdadeiro, aquilo vai ficar ainda pior!!!

Anónimo disse...

Mas os islamistas não conseguem entender que tudo isto é uma brutal anti-propaganda para si próprios???

cereja disse...

Tenho de saudar «o regresso do Miguel». Pode ser um tanto injusto em relação aos meus visitantes habituais, mas já é da Bíblia a tal coisa do filho pródigo, não é? Quando ele deixa aqui um sinal de que passou, fico sempre satisfeita.
E ainda por cima os comentários são de quem pensa bem o que diz e está informado (vocês também, vocês também!!! eu hoje estou um tanto dada a gaffes!)
Quanto a esta história, realmente não auguro nenhum final feliz.
A ver vamos.

Anónimo disse...

O que é um tanto chocante é que desde ontem todo o Mundo fala nisto. E com razão, é certo. Mas daqui a 8 dias, o «tema» vai ser outra coisa qualquer e tudo isto passa para segundo, ou terceiro plano.