terça-feira, outubro 30, 2007

O álcool

Juro que não sou nenhuma ‘fundamentalista’ anti-alcoólica.
Aprecio um copo de bom vinho à refeição que fica até mais completa com ele. Nada contra.

Mas creio que continuamos a ser demasiado benevolentes para com o abuso do álcool que não é olhado com a desconfiança com que se olha as outras drogas. Porque o ponto de passagem de «alimento» para «droga perigosa» é delicado e ainda por cima não é igual para todos.

Não se trata da «lei seca» mas de bom senso.
O caso é que esta é uma «droga social». Aceita-se com um sorriso que se esteja com «um copo a mais». Aquilo que faz numa festa ou reunião alguém que bebeu demais para sua capacidade, começa por ser alvo de risotas, e só quando já é demais se começa a tentar reprimir.

Ainda há poucos dias foi notícia de jornal o julgamento de um rapaz que, depois de ter bebido, decidiu entrar em contra mão numa estrada e foi deliberadamente atirando o seu carro contra os que vinham contra ele. Matou umas tantas pessoas e ele próprio não morreu por um triz.
Ontem, fazia também parangonas a história de uma morte estranha numa pequena terra do centro do país. Viemos a saber hoje que quer a vítima, quer os agressores estavam completamente bêbados e aquilo era uma brincadeira.

De notar que neste último caso que parece uma cena de filme,
dois dos responsáveis pela ‘brincadeira’ eram adolescentes .
E já bêbados ao ponto de colaborarem numa cena daquelas…
Droga...? E o álcool?



Nota – Como nota, reparem que se fizerem uma busca de imagens na net sobre este tema «bêbado» em diversas línguas, a esmagadora maioria de imagens que aparecem são cómicas. São de humor. Ou seja, ‘traduzindo’ – a sociedade ainda olha para o bêbado como uma figura humorística… Mas, qual é a graça?

10 comentários:

Anónimo disse...

Este é um tema teu recorrente, e só fazes é bem.
Tenho imensa pressa hoje e nem dá para um comentário de jeito.
Mas fica prometido para mais logo.

Isabel Faria disse...

Ups....pois Émièle, quem me manda perder os bons hábitos e não passar por aqui antes???
Teria bastado um linkzito.
Olha, paciência. Nada a fazer.

(PS: até os termos e as comparações são os mesmos...amiga, não me acuses de plágio, faxavor.Pelo menos serve para mostrar que apesar de não deixar rasto...cá passo. Passo é mais tarde do que devia!!!!).

josé palmeiro disse...

A "Nota" é pertinente, o alcolismo deriva sempre e invariavelmente para o horror.
Concordo com o retorno à ideia, ao alerta permanente, sobre este flagelo.
Não pensem contudo que sou do contra não, gosto, como tu, dum bom vinho e até duma boa aguardente e/ou licor, só que como complemento ou acompanhamento e com toda a moderação.

josé palmeiro disse...

Foi bom ver-te a passear, Isabel.
Um beijinho.

Anónimo disse...

A joaninha diz que é o teu tema recorrente...também acho mas acho que desgraçadamente mesmo sem alcool alguns comportamentos de grupo podem ter resultados como o do caso que referiste(parece que estou numa cruzada pró-alcoolica porque já é o 2º post em que deito um bocadinho de água na fervura )mas realmente acho que o alcool, como outras drogas, potencia determinadas caracteristicas ou seja não as "inventa"...AB

Anónimo disse...

Nunca é demais falar-se nisto!
Claro que não é necessário diabolizar quem beba vinho. Penso que até está mais ou menos provado que um pouco faz bem à saúde. Mas, haja bom senso, como tu dizes.
Estar bêbado não é justificação para coisa nenhuma! nem desculpa nada!

Afinal a sociedade não desculpa um crime de quem se droga, encolhendo os ombros «é um drogado, coitado», pois não?

Anónimo disse...

Nunca diria que a AB está numa cruzada pró-alcoolica ! :)))
Mas afinal estamos a bater na mesma tecla, creio eu. Desde a Emiéle que começa por dizer que um copo de vinho não faz mal a ninguém e o Zé que já lhe acrescenta a sua aguadentezinha :D aqui não vejo fundamentalismos. Mas que a sociedade tem tendência a desculpar os tais comportamentos (que talvez estivessem 'latentes' como diz a AB) mesmo que graves com a justificação de que como estava bêbado... não tem muita culpa. E isso acaba por reforçar essa irresponsabilidade.
Estes casos de que falas, são uma amostra. Foram tão graves que deram que falar, mas todos os tipos que se enfrascam ritualmente e depois sovam violentamente a mulher que já nem se queixa...? Vai dizendo «ele tem mau vinho», e esconde as nódoas negras.

Anónimo disse...

OK, agora estou na hora do almoço e já tenho mais tempo...
É toda uma mentalidade. E desta vez, não podemos pensar que é por ser em Portugal. Creio até que nem «fazemos vista» no conjunto da UE, a aqui já entram os países ricos e tudo!!! As bebedeiras de fim-de-semana nos países do norte são famosas.
E como chamaste a atenção na nota final, se formos fazer uma busca na net, os bonecos em redor do tema são sempre humorísticos. Isso quer dizer alguma coisa.

A campanha anti-tabagistica está em pleno. E a anti-alcoolica?

Farpas disse...

Hummm... eu sou muito suspeito... trabalhei com vinhos, estudei vinhos... fiz vinhos... e mais uma vez mantenho a opinião que tenho há muito tempo, a solução não passa por proibir, passa por controlar e fiscalizar as leis que já existem. Não se pode vender álcool a uma pessoa alcoolizada... ainda só vi um caso de recusa por esse motivo passar-se à minha frente...

O problema é que muitas das vezes as pessoas querem é vender e querem lá saber do resto... já por acaso alguém falou do dono do café que vendeu as bebidas a essas pessoas durante toda a noite? Claro que não... então para quê criar mais leis anti-qualquer-coisa? E por outro lado sou da opinião da AB: «acho que o alcool, como outras drogas, potencia determinadas caracteristicas ou seja não as "inventa"»

cereja disse...

Nota muito correcta, Farpas. Realmente apesar de haver a norma de que não se deve servir álcool a quem já mostre sinais de embriagues, também me quer parecer que na prática não se faz nos bares ou tabernas, Eu só vi uma ou duas vezes num supermercado não venderem vinho a um sujeito, e mesmo assim via-se que a menina estava embaraçadíssima!!! E olhem que o comprador mal se tinha em pé, era um caso completamente evidente que não podia beber mais nada.
Mas em casas que servem as bebidas, de facto a norma não acredito que seja cumprida.
De resto, é claro que quando se diz «in vino veritas» é mesmo porque vem ao de cima o que estava escondido, mas ... já lá estava. Isso é verdade. Mas lá que a sociedade tem de deixar de «achar graça» isso também deve.
(se fossem todos como eu, que fico é com sono - não tenho mesmo gracinha nenhuma...)