domingo, agosto 19, 2007

Um Caderno de Capa Castanha XI - Férias II - A praia

Mas então, quando era pequenina não havia o costume de ir à praia?!...
«Deixa-me ver se me consigo explicar bem, Clara. A praia…. Bem, íamos «a banhos», sim, mas na costa oeste, não se tinha ainda 'descoberto o Algarve'.
Digo que se ia a banhos, não só por ser a expressão usada como também porque corresponde melhor à ideia que se tinha então de «ir para a praia». Interessava sobretudo respirar o ar do mar, com o iodo das algas, e tomar os banhos de água salgada porque fazia bem à saúde. Mas não havia o costume de tomar
banho de sol sobretudo adultos. Tenho a recordação dos meus pais e os seus amigos na praia, junto das barracas que se alugavam à época e juntas às dos amigos, mas vestidos normalmente ( e recordo algumas zangas quando eu me queria despir e ir à água!)
As praias mais frequentadas por quem vivia não só no centro do país mas também em Lisboa, para além da Figueira da Foz, era a ‘trindade’: São Martinho, Nazaré, S. Pedro de Moel.Tudo praias de ondas grandes e …água fria, para os gostos actuais. As famílias mais abastadas conseguiam ter uma segunda residência por aí, mas os meus pais alugavam uma casinha à época, por vezes a meias com outra família amiga. Ia-se à praia de manhã e, se a manhã estava muito enevoada o que naqueles locais é vulgar, tinha-se de ocupar o tempo. Lembro-me, por exemplo, de assistir mesmo na praia a espectáculos de fantoches, uma grande festa!
De tarde já era raro ir-se à praia. Almoçava-se em casa, e era um almoço completo, portanto tinha de se fazer a digestão e as crianças deviam dormir a sesta, pelo que a tarde era aproveitada para passeios. Andava-se muito a pé e, quando já éramos mais crescidos, de bicicleta porque eram zonas planas que permitiam andar a ‘pedalar’ em grupo.
São também boas recordações!»
Clara


12 comentários:

Anónimo disse...

Num post anterior comentei sobre Sines e essa história de se ir à praia para dar iodo às crianças...tudo como dizes -vestidos os adultos e meninos mais ao menos ao léu dentro dos limites da época...mas como há mar e mar como dizia o O'Neill houve outras praias ou as mesmas em tempos diferentes e atitudes completamente diferentes.Na chamada perspectiva histórica parece que as mudanças ocorreram muito rapidamente,mas na altura em que as coisas estavam a ser vividas,meu Deus como o tempo era lento...E agora que estás por aí perto imagina, que nas tardes de praia das Maçãs,já adolescentes ,ainda se podia andar de barco a remos na Varzea,vir do Vinagre buscar o correio dos namoradinhos da altura ao Correio que ainda está no mesmo sítio e dar um pé de dança na "Tia Anica",mais adiante do outro lado,tipo chá dançante com parreira a fornecer sombra...cada um tem as suas "Ninis"...AB

josé palmeiro disse...

Eu cá, depois da Costa de Caparica e da Aguda, ao pé de Espinho, onde durante três anos fui para uma colónia de férias, rumei ao Algarve e exceptuando um ano na Figueira, nunca mais deixei o Sul. Na Figueira, lembro-me de não ter ido à praia uma vez sequer. Ia todos os dias para uma piscina de um hotel na marginal, a praia ficava lá muito ao fundo e eu detesto o areal.

Anónimo disse...

Tchi... Que horas para se «vir ao Pópulo»!!! Mas hoje não deu durante o dia.
Sorry!
Realmente tenho ideia de que era exactamente como o descreves. A praia nessas épocas era apenas para os banhos de mar, a ideia de 'banhos de sol' veio mais tarde.
Sorte a do Zé Palmeiro ter «descoberto» o Algarve ainda cedo. Mas a malta da zona de Lisboa, como eu, ia realmente para essas praias do Centro.

Anónimo disse...

:D
Que maravilha de post!
Não sendo exactamente do meu tempo, devo ser um pouco posterior, é uma recordação fantástica!!!!
E além disso, as «fotos ocultas» são uma delícia!!
Maria A.

Anónimo disse...

Chamaram-me a atenção para a sequência destes posts do «Era uma vez...» mas só hoje tive oportunidade de os ler com atenção.
Parabéns Emiéle! (ou Clara, ou quem seja que regista estas recordações)
Bom trabalho.
Ficamos com vontade de te conhecer.

Anónimo disse...

Só mais uma coisa: os apontamentos da AB são excelentes. É muito mais do que se espera de um comentário. Entendo porque é que muitas vezes os passas a posts.

Anónimo disse...

Estou ainda de férias, mas passei por aqui para te deixar um abraço e desejar que continues com esta série fantástica!

Anónimo disse...

Ah, e adorei as fotos!
A menina de sobrolho carregado entre os pais completamente vestidos!!! O pai (?) tinha ali um boné? Só pode ser...
E o outro bebé, em pose, semi despido, mas naquela idade... :D

Anónimo disse...

Olha a estupidez...se não tivesse dado uma vista de olhos aos comentários não tinha visto as fotos ocultas...realmente!AB

Anónimo disse...

Ontem fiz gazeta e hoje ainda «não chegaste», mas até foi bom porque me deu para saborear esta história.
(eu ando a ler isto como uma história... sabe-me muito bem, imaginar como a pessoa que fala seria e o que sentia)
É giríssimo comparar duas experiências,esta e a actualidade.
Estou a gostar imenso, Emiéle.

Anónimo disse...

Emiéle a AB tem razão: quando o texto fica a azul - e eu entendo porque são uns textos especiais - os links desses textos deviam ser doutra cor, para se ver que são links.

Anónimo disse...

Boa tarde, que fotos amorosas. Agora fiquei confusa e curiosa, vendo as fotografias, se sou exactamente da vossa geraçào ou um pouco mais adiante. Não tenho fotografias tiradas na praia durante a minha infância para comparar. Mas tenho ainda um mini biquini a condizer com um vestidinho. Costumava ou ir passar o dia à Caparica, ou ir de férias para a praia de Faro ou Quarteira, no Algarve para visitar os meus avós e tios/primos Lisboetas, lá instalados. Eu sou de 1962...