quarta-feira, agosto 29, 2007

O Sindroma de Peter Pan

Tinha pensado lê-lo estas férias, mas se calhar fica para depois.
"Peter Pan e o feitiço vermelho" é a continuação do famoso Peter Pan, que não sendo exactamente um conto tradicional pois foi ‘inventado’ só há cerca de 100 anos, tem um imaginário que o associa aos velhos contos tradicionais. Esta «continuação» da história deixa-me contudo um tanto desconfiada, porque a verdade é que o ‘verdadeiro’ Peter Pan é o símbolo da criança que não cresce, e por aquilo que li, neste Feitiço Vermelho ele vai entrar no mundo adulto. Huuummm…. Vamos ver, mas à partida estou de pé atrás.
Mas o interessante é que isto da «criança que não quer crescer» é um problema importante. O mais comum é que as crianças, até (ou sobretudo) por imitação, querem crescer. Chegam a este mundo que é um mundo de adultos, onde o poder e a autoridade está nas mãos dos adultos, e é natural que se deseje atingir esse patamar. Imita-se o pai e a mãe, imita-se os irmãos mais velhos, depois os professores, depois figuras públicas que por algum motivo chamam a atenção – cantores de bandas, modelos, actores, etc. Ora se se quer «ser como eles» é porque se quer crescer…
Muitas vezes os pais não ajudam. Sabe-lhes bem ter um ser pequenino dependente de si e facilitam-lhes tanto a vida que eles acabam por sentir que não vale a pena crescer, afinal é mais fácil ser criança. Claro que nem todas as crianças ‘aceitam’ bem esse estatuto, mas há muitas que realmente se instalam nele e nunca mais o abandonam.
De tal forma que existe o «sindroma Peter Pan», que classifica exactamente o adulto que não cresce. Fisicamente sim, mas psicologicamente fica dependente de quem tome decisões, quem lhe resolva os problemas, quem seja responsável – coisa que ele não aprendeu a ser. O que me deixa a pensar é que assim como o Peter Pan era um menino e não uma menina, a sociedade e a invenção desta categoria de sindroma, refere-se aos rapazes/homens. Mas então não há também mulheres que ficam meninas, dependentes, menores toda a vida? Que ficam a viver com os pais e no dia em que eles desaparecem ficam completamente perdidas? Que quando (ou se) casam, transferem para o marido essa obrigação de decidirem por elas e servirem de intermediários entre si e a vida real?
Curiosamente, hoje em dia esse modelo feminino, que há 100 anos era quase geral, vai-se encontrando cada vez menos, e vê-se aumentar o correspondente masculino, daí o nascimento da classificação de «síndrome de Peter Pan». Decerto por culpa dos pais mas não só, encontramos muitos adultos irresponsáveis, que apreciam poder aproveitar das vantagens da sua idade mas não das suas obrigações. São os que fazem cabelos brancos às suas mulheres, até ao momento em que elas ‘se passem’ e lhes ponham as malas à porta.
Mas o Peter Pan, nesses casos pega na mala e vai bater a outra porta onde seja acarinhado. Ele sabe que as mulheres são muito maternais…




(nota - este post era para ontem, mas a verdade é que o «meu» cibercafé fecha às terças e desta vez não consegui substituição... Sorry..)

10 comentários:

Anónimo disse...

Estranhei que ontem não entrasse nada, mas afinal cá está a explicação. E hoje vieste mais cedo!
Não conhecia esta designação! Tem mesmo piada, e infelizmente tens razão, é mais 'chamativo' no sexo masculino.
Será que se acha normal que as meninas «não crescam» e sejam infantis?... Nhã, nhã, nhã....!!

méri disse...

Se este era o de ontem, onde está o de hoje?????

josé palmeiro disse...

Como perdi a conta dos dias, nem me aprecebi que era terça, mas, as férias têm sempre imponderáveis, de forma que entendi, por aí.
Quanto ao escrito de hoje, estou como o King, não conhecia, o sindroma. Achei bem apanhada a associação, que infelismente é verdadeira e muita. De qualquer forma, para mim o Peter Pan era hermanfrodita e hoje com a igualdade dos sexos é lógico que se ligue também às mulheres. Tal como as bruxas, "são mui raras, mas que las hai, las hai!"

Anónimo disse...

Oh Méri, acho que ela assim poupou um post! :D
Realmente ontem estranhei, mas calculei o que realmente se passou: não teve net.
Já tinha ouvido esta designação e penso, como a Emiéle que «dá» para os dois lados, homens e mulheres.~
Penso que o Zé Palmeiro tem razão, é uma figura um tanto hermafrodita.

Anónimo disse...

Tens toda a razão quanto à responsabilidade dos pais (sobretudo mães) nestes casos. O excesso de «maternalismo» faz exactamente que a criança se sinta tão bem em ser criança que nem lhe petece crescer!
Está muito bem visto.

Anónimo disse...

Pensei que o café estivesse fechado e que merecias uma "gazeta", pq realmente és muito dedicada e férias sào férias. Gostei do tema e pensei nas várias variantes do mesmo. Aqui nestas terras já mais nórdicas, nota-se que quanto mais emancipadas e mais anos de estudo têm as mulheres, mais tarde têm os seus filhos. Entre 28-30 é bem normal e mais tarde tb. Adiante...o interessante é que muitos homens se aproveitam desta emancipação e permanecem imaturos, tendo a mulher muitas vezes de insistir que é tempo de engravidar e assumir responsabilidades: comprar casa, casar e não andar só nos copos e em viagens...Este tipo de homens adoram esta vida livre e custa-lhes realmente amadurecer.

Anónimo disse...

Olha menina,não é por nada mas Peter's Pan é o que mais há...Mas não deixa de ser curioso ao passar os olhos pelos comentários de perceber que- 1-ºSe os há a culpa é das mães2º-Quando os há as mulheres que os aturem ou os guiem fazendo-lhes ver, por exemplo, que é tempo de elas engravidarem,de comprar a tal casa e por aí adiante...por outro lado, as meninas, é normal serem infatiloides...Não há santo a quem me encomende palavra de honra...AB

Anónimo disse...

Ai, AB!! Olha que não é bem isso que aqui se diz! Nem é normal que as mulheres (ou os homens ) sejam 'infantiloides', normal não é, mas a verdade é que se vê menos do que aí há uns anos se pensava.
Imaturidade aparece por tudo o que é sítio, e a 'culpa' não será dos pais mas ... lá que podem borrar a pintura, isso parce-me certo!

Anónimo disse...

A «continuação» da história foi escrita apenas por razões de dinheiro. É que a história passa para o domínio público e o Hospital que retinha os direitos de autor perde essa massa. É só isso. A história foi até «encomendada», portanto não quer dizer que ele venha a crescer de facto. :)

cereja disse...

Olá malta!!!!
Tens razão, LS, a história é essa, a basezinha é a massa...
Quanto ao sindroma, acaba por ser uma piada como outra qualquer. Alías a dependência quer dos pais, quer de companheiros que quem se vive, é um fenómeno que tem alargado, creio eu. Por aquilo que se vai sabendo da sociologia, em tempos bem mais antigos isto via-se menos. E, tenho de admitir que sendo mulher, escrevi isto com alguma ironia 'feminina', porque tal como a AB conheço n casos que se encaixam como uma luva neste sindroma...
De quem é a «culpa» já é outra conversa... Evidentemente que se as pessoas a quem os Peter-Pans se «encostam» não os deixassem fazer, se calhar a história seria outra...! E é certo que os pais terão alguma «culpa» mas reparem que muitas vezes há irmão educados de modo igual e um é Peter Pan e ooutro não!