Filosofices
Vi hoje cerejas à venda.
Na loja onde me abasteço de quase tudo, entre muitos caixotes de fruta, estava um, destacado, cheio de cerejas. Um letreiro dizia-nos o preço: 8 € e 98. Como eu, quase dez anos depois da entrada do euro, ainda reconverto os preços, pensei: um conto e oitocentos o quilo!
Lembrei-me de uma piada muito antiga, sobre uma senhora que tinha visto umas belas laranjas numa frutaria na Baixa, pediu que lhe pesassem uns 100$00 delas, e o empregado respondeu-lhe, atencioso: «Desculpe, minha senhora, mas não vendemos aos gomos». Transpondo para hoje, se ela pedisse 50 cêntimos levava uma cereja, e se lhe tirasse o pé e o caroço, de material comestível não ficava quase nada…
A verdade é que antigamente também ninguém se lembrava de querer cerejas em finais de Agosto, cada fruto tinha a sua época e isso parecia normal!
É curioso como aumentando o leque de ofertas aumentam também as possibilidades de frustração. Num certo aspecto a vida hoje é bem melhor do que há umas dezenas de anos - temos mais conforto, vivemos mais anos, viajamos mais, temos muitos conhecimentos, comunicamos instantaneamente com o mundo todo, os costumes são mais livres.
Por outro lado, ficamos frustrados com a impossibilidade de ter acesso a bens com que nem se sonhava nessa época
É o progresso, é o que é!
Na loja onde me abasteço de quase tudo, entre muitos caixotes de fruta, estava um, destacado, cheio de cerejas. Um letreiro dizia-nos o preço: 8 € e 98. Como eu, quase dez anos depois da entrada do euro, ainda reconverto os preços, pensei: um conto e oitocentos o quilo!
Lembrei-me de uma piada muito antiga, sobre uma senhora que tinha visto umas belas laranjas numa frutaria na Baixa, pediu que lhe pesassem uns 100$00 delas, e o empregado respondeu-lhe, atencioso: «Desculpe, minha senhora, mas não vendemos aos gomos». Transpondo para hoje, se ela pedisse 50 cêntimos levava uma cereja, e se lhe tirasse o pé e o caroço, de material comestível não ficava quase nada…
A verdade é que antigamente também ninguém se lembrava de querer cerejas em finais de Agosto, cada fruto tinha a sua época e isso parecia normal!
É curioso como aumentando o leque de ofertas aumentam também as possibilidades de frustração. Num certo aspecto a vida hoje é bem melhor do que há umas dezenas de anos - temos mais conforto, vivemos mais anos, viajamos mais, temos muitos conhecimentos, comunicamos instantaneamente com o mundo todo, os costumes são mais livres.
Por outro lado, ficamos frustrados com a impossibilidade de ter acesso a bens com que nem se sonhava nessa época
É o progresso, é o que é!
7 comentários:
Estava a ver que hoje não entrava nenhum post!
Ia reclamar...
Realmente a gente habitua-se a estas mordomias como a fruta fora da época e depois achamos tudo natural!
Mas os preços não nos deixam enganar. Livra!!!!
Pois é King. Hoje estive quase para não deixar aqui nada, o meu sítio habitual fecha à 3ª e aquele onde costumo ir em alternativa só abre à tarde e quando passei a primeira vez estava muito ocupado.
Mas ainda vom «picar o ponto» como vês!
Olá. Sempre arranjas inspiração e tempo para escrever alguma coisa, e ainda por cima com sentido, o que é tb de "venerar". Há sempre um preço para tudo...temos de tudo um pouco e fora de época mas a Natureza sofre com as nossas exigências...parece que o ditado português que minha mãe muitas vezes usa se aplica bem aqui...nunca ouvi esta sabedoria por estas terras, por isso queria acrescentá-la aos seus agradáveis e bem pensados temas: É (quase) sempre ou 8 ou 80...Conhecem ?
Só para assinalar a presença e dizer que fruta, só da época.
É um autentico despaltério os preços que, descaradamente, pedem pelas coisas e maior o despaltério é nós, irmos a trás, da fruta...
Então afinal ontem sempre «entrou» alguma coisa...
Eu vim cá de manhã e depois do almoço, ms como não havia nada, desisti.
Cheíinha de razão! Essa da laranja aos gomos tem piada, e a história passar-se com cem escudos dá a ideia do tempo. Realmente a correspondência com hoje seram os tais 50 cêntimos!
A verdade é que se vão criando necessidades que nõ existiam, e depopis temos de as satisfazer!!!!
Se fores por exemplo para a politica profissional essas frustrações com o consumo deixam de existir....AB
:)
Não me tinha ocorrido essa, AB!
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