sexta-feira, agosto 24, 2007

Caminho fechado


O medo de se ficar fechado é a famosa claustrofobia. O medo dos espaços abertos a agarofobia. Como se chamará o «medo-de-não-ter-caminho-para-voltar-para-casa»?...

Este ano parecia que os incêndios seriam apenas uma recordação de uns anteriores anos maléficos. Já estamos na recta final de Agosto e não se tinha registado nenhum fogo de maior vulto. Afinal, em pouco tempo, o pesadelo recomeçou, três zonas do país pelo menos começaram a arder!
Durante estas férias já precisei de voltar a Lisboa por algumas vezes e tive a triste pontaria de planear para ontem, quinta-feira, mais uma dessas idas. Quando cerca do meio-dia cheguei à IC19, olhei pelo retrovisor para a zona de Sintra, vi o céu com uns rolos de fumo e pensei «Até parece um incêndio!», e segui serenamente em direcção a Lisboa. Inconscientemente, considerei que eram umas nuvens esquisitas, mas isso de incêndios eram coisas distantes, de outros sítios… Já a meio da tarde, depois de ter tratado do que ia fazer, no regresso passo pela zona do Estoril por casa de uma amiga com quem tinha combinado ir jantar e oiço «Ah! O A. (o seu marido) tinha dito que de certeza não vinhas por causa do incêndio!» «Incêndio?! Qual incêndio?» «Então...Não sabes de nada?»
E não sabia mesmo!
A zona de acesso à minha casa estava bloqueada… e eu na lua. Foi só nessa altura que me assustei. O que é que vou fazer? Voltar para Lisboa a esta hora? Esperar que seja seguro passar? Escolher um caminho alternativo? Senti-me em pânico. Não que imaginasse que a minha casa corresse perigo, mas o imaginar que ela estava isolada e eu sem acesso assustou-me parvamente.
Claro que afinal tudo se recompôs, o caminho alternativo que me tinham dito estar também bloqueado estava livre, e pude dormir descansada na minha cama. Mas fiquei a pensar no meu momento de pânico ao imaginar que não podia regressar. É que quanto à velha claustrofobia, essa eu sei que tenho um pouco, mas esta fobia nova é motivo de reflexão.
Nunca devo dizer «desta água não beberei» que tudo pode acontecer!

7 comentários:

Anónimo disse...

Acho tanta graça, «estar por aqui» e de repente esta coisa tremer e záz, entrar um post!!!
Andava a ver os outros e os comentários quando entrou este.
:D
Calculo o cagaço que sentiste (espera a palavra é feia... mas olha, acho que é expressiva!) coitadita. Nunca tive um incêncio perto de casa mas acho que morria de medo!

Anónimo disse...

Gui, ela não disse exactamente «perto de casa», disse que era no caminho de... teria de passar por lá!
Mas também não sei se há um nome para esse medo, mas olha que é bem natural!
OK, tudo acabou em bem, pelo menos para ti, e tirando o grande susto, não houve perdas a não ser de bens, o que podia ser pior. Nem chegou a casas pelo que ouvi.
Um resto de boas férias
(isso de andar a interrompê-las não tem lá muita graça... férias devem ser férias!)

josé palmeiro disse...

Aqui há dois anos, publiquei um texto, num outro sítio, que dizia assim:

"O Mundo está pequeno.
Em Portugal, o país arde.
Do resto do Mundo só nos
chegam horrores
Quando o Homem for Homem,
estas coisas não serão assim.
É uma esperança.

José Manuel Palmeiro
( verão de 2005)

Fico feliz por te saber bem e com o MEDO, passado.

méri disse...

Também eu só me apercebi ao fim da tarde e lembrei-me logo de ti. Parece que tudo agora estará mais calmo

Anónimo disse...

Caminhos alternativos....o pior é qd. não há mesmo, quer para incendios quer para outras coisas...Mas acho que é por aí...procurar...AB

Anónimo disse...

Acabei de ouvir as notícias internacionais (para mim longe daí) na TV e qdo ouvi o nome aldeia medieval de Sintra pensei logo em ti e se terias escrito sobre o assunto...Ainda não tinha podido passar por aqui hoje. E acertei...alegro-me por estar tudo bem contigo e com a casa...é horrível sentir as chamas por perto...Numa ocasiào de grandes calores no Algarve, havia tanto fumo e calor do sol e chamas, que só nos sentíamos melhor na praia, junto ou dentro da água. Em determinada altura ouvimos e vimos helicópteros e avionetas amarelas. O cenário tornou-se sinistro...as pessoas na areia e os banhistas ficaram de pé para seguir as manobras de recolha de água do mar para tentar extinguir as chamas na serra, mata e moitas que estavam cheganda à via principal para a praia e aeroporto de Faro... Impressionante e assustador só o facto de sentir cair algumas "fagulhas" ou cinza em brasa no cabelho, cheirando a chamuscado e tomando consciência do horror que seria estando ainda mais perto do incêndio...O fogo consegue ultrapassar a força do homem e essa impotência faz-nos sentir bem pequeninos...Felizmente estamos todos seguros mas dá para entender e imaginar um pouco do pânico e medo que qualquer um pode sentir nestas circunstâncias...

Anónimo disse...

Como diz a AB quando há caminhos alternativos, tudo acaba em bem...
O pior é quando ficamos encurralados! Se falas em claustrofobia é mesmo isso.
Pensando bem, ... espera lá, é ao contrário!