sábado, agosto 25, 2007

Ninhos

O instinto do ninho.
Chamo-lhe assim, mas acho que não existe tal. Pelo menos não existe nos manuais dos ‘psis’, mas existe na minha cabeça para classificar uma tendência tão forte que tenho que de tão forte já não considero tendência e sim instinto. E é adaptar qualquer lugar onde viva, mesmo que por pouco tempo, a mim e aos meus gostos. E quanto a chamar-lhe ‘ninho’ e não ‘toca’ por exemplo, é que sempre achei que se fosse um animal seria um pássaro – não há nada que esteja mais de acordo com a minha necessidade de liberdade do que ter asas.
Ora voltemos ao ‘ninho’ ou seja, como disse, a fortíssima tendência que me leva se passar um fim-de-semana num hotel a mudar a cadeira de sítio, pôr uma flor na jarra vazia, pendurar o meu colar no espelho, por vezes tal ‘instinto’pode ser um empecilho para mim própria. (A propósito dos arranjos que me são irresistíveis nem que seja por um simples fim-de-semana, imaginem uma vez em que tive de viver quase 10 meses num quarto de hotel!... :D )
Sou o rigoroso oposto das pessoas que mobilam e decoram a sua casa, quando terminam ela tem de estar impecável, e depois permanece assim para sempre. As «minhas casas» nunca estão acabadas. Porque estou em permanência a trazer mais uma palhinha, a deitar fora uma folha que está seca, a juntar um pouco de musgo…
Esta minha casa de férias e fins-de-semana é um exemplo. Não direi que todos os dias, mas decerto que todas as semanas ‘dou-lhe um jeito’. E fico sempre contente a pensar que «assim-ficou-melhor». Troco dois candeeiros de sítio. Arranjo mais uma almofada. Escondo uns bibelots que acho que estavam a mais. Deito fora coisas que guardava, sei lá porquê, e fico com mais espaço. E se me dá a veneta mudo mesmo a posição de alguns móveis, para ver se assim fica melhor!
Uma canseira! Mas, que querem?, a verdade é que fico consolada e a achar que esta casinha de brincar é mesmo à minha medida e não a trocava por outra.

É a minha.

À minha medida.


6 comentários:

Anónimo disse...

Deixa ver se adivinho: é o ninho do «marsupilami»???? Tinha de ser algo que não existe!
LOL

cereja disse...

Olá King!
Ainda estou por aqui (fui ver umas coisas e demorei mais, hoje...)
É realmente um «ninho» de marsupilami! Achei que vinha mesmo a propósito!!!

Anónimo disse...

Olha a Emiéle por aqui!!!!
Conforme contas, se estiveste tanto tempo num hotel (oh mulher, és a reencarnação da Somone de Beauvoir?!) imagino bem como é que aquilo ficou. Irreconhecível decerto.
Mas eu também sou um pouco assim. A minha casa nunca está «pronta», há sempre qualquer coisa a acrescentar.

Anónimo disse...

Bem, aquilo era uma graça, mas por mais nova que fosses (e por aquilo que escreves não podes ser tão nova como isso...) já cá estavas quando Ela desapareceu... mas pelo que a gente sabe ela viveu SEMPRE em hoteis, não é?...
Que raio de gosto.

josé palmeiro disse...

Gostei dessa do marsupilami do Spirou.
Quanto à casa, por cá, passa-se o mesmo.
Essa da imutabilidade das coisas, fica para a outra vida, nesta, o que vale são as mudanças e a coragem das efectuar.
Ainda bem que és assim.

Anónimo disse...

Mas as casas alguma vez ficam "prontas"?E o que é isso de "pronto"?Se se vive nelas e não se faz delas apenas um "décor"para parecer isto ou aquilo as casas vão "sendo" conosco ou estou enganada?Devo dizer que embirro um bocado com a figura do decorador como embirro com este minimalismo frio (diria mesmo minimal repetitivo)que anda por aí...E é verdade há por aí gente que decora as casas como se fossem hoteis...Quanto á Simone não viveu sempre em hoteis,não senhora, embora tenha vivido muitas vezes neles.AB