quinta-feira, julho 12, 2007

Títulos de imprensa e modos de escrever

Parece uma embirração minha, e se calhar é.

Eu cá não sou jornalista e não domino as técnicas de comunicação social. Contudo, se não sou jornalista, sou leitora. Ou seja como consumo o produto que me oferecem tenho uma palavra a dizer sobre a apresentação desse produto…
Li ontem:
Ex-Distribuidor de pizza condenado à morte
Claro que a primeira ideia que ocorre é que isso se deve ter passado em qualquer país brutalmente fundamentalista, onde seja completamente proibido comer-se pizza, e portanto quem tenha a ousadia de ainda por cima a ‘distribuir’ deverá ter um terrível castigo. Um dealer de pizza.
Ná! Vamos lá ler notícia. Afinal refere-se a um serial-killer que assassinou 11 pessoas na Califórnia. Acontece que esse monstro, assassino e violador, tinha como ocupação remunerada a entrega de pizzas. Só que isso não tinha rigorosamente nada a ver com aquilo porque foi condenado.
Por cá também tem havido o hábito, da imprensa se referir ao pai adoptivo da menina de Torres Novas, como «o sargento». Nunca descortinei o que é que a profissão do senhor tinha a ver com as notícias. Seria chamado como «o dentista» ou «o canalizador» ou «o jornalista», se por ventura tivesse uma dessas profissões?!
Comecei por dizer que era uma embirração minha. Não é nenhum erro de português, mas considero que induz ao engano chamando a atenção para um pormenor secundário.
Não gosto. Irrita-me.


8 comentários:

Anónimo disse...

Mas por exemplo não me custa tanto ler"GNR serial killer".Porque será?AB

cereja disse...

Touchée!!!!
:))
Dou a mão à palmatória.

josé palmeiro disse...

AB, colocou a qustão bem alta, e tem razão, até faz sentido. O que me parece é que falta sensibilidade para se dizerem as coisas e no caso vertente sargento, não é soldado, nem capitão, é uma coisa conotada com....sargento.

cereja disse...

Zé, agora apareces tão cedo (aí são umas 8 horas, não é?) que ainda me apanhas aqui sentada!
A AB teve graça e razão. A verdade é que no caso do GNR, por algum motivo nas nossas cabeças, um GNR e de Santa Comba, não liga assim tão mal com a declaração de serial-killer.
Mas brincadeira à parte, o caso do homem das pizzas é típico, e o tratar o senhor que é pai adoptivo pela profissão e não pelo nome, também me parece enviusar uma questão.

Anónimo disse...

Penso que já uma vez abordaste o caso de se falar desse senhor sempre pelo «título» de O SARGENTO. Também não gosto. O Zé tem razão, ainda por cima 'sargento' não é nem soldado nem general, está numa zona cinzenta.
Mas como dizes com graça, e se a pessoa em questão fosse... jornalista? Dir-se-ia sempre, «o jornalista» foi chamado ao tribunal, ou «o jornalista» não pode ver a filha, ou «o jornalista» diz que não sabe onde está a mulher...?...

Leonidas disse...

Pois é, há profissões mais responsabilizadas do que outras, em relação a certos crimes, que é o caso do GNR (é um contracenso, a autoridade ser ao mesmo tempo o criminoso), o Pediatra que observava os meninos, no caso "Casa Pia",...os utentes partem do princípio que qualquer profissional tem formação e sensibilidade para ser coerente com o que executa! De resto parece mesmo um abuso, ou melhor, uma "parolice" à portuguesa, como o facto de se anteceder em regra o nome de qualquer licenciado por "Doutor", suponho que isto só acontece aqui em Portugal (dentro da Europa falando). Meste caso não tem qualquer relevância a profissão de estafeta de Pizzas, a não ser para suscitar medos em relação às entregas ao domicílio, de qualquer maneira, que algo fica nas nossas cabeças conotado com a profissão, fica.

cereja disse...

Leonidas, eu também interpretei como isso, o facto de um entregador de pizzas se deslocar por todo o lado e se lhe abrir a porta sem receio. Aliás nas séries vemos muitas vezes um malandro qualquer quando bate à porta dizer que vem entregar uma pizza. Mas sendo assim ainda acho pior! Acaba por transformar em 'mito urbano' um trabalho normalíssimo.

josé palmeiro disse...

Tens razão Emiéle, apareço cedo, mas há uma razão especial. Todos os dias tenho que acordar por volta das sete, oito aí, para abrir a porta aos mestres que me estão arranjando a casa, por isso aproveito parapassar por cá e deixar o meu sinal. De qualquer forma, passar por aqui, é como tomar o pequeno almoço, não passo sem ele.